Vínculo de Sangue escrita por Jacqueline Sampaio


Capítulo 3
Capítulo 3




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Sentia-se bem melhor, algo ou alguém possibilitou sua melhora com uma simples visita na noite anterior. Edward desconfiava ser Bella, mas não tinha certeza. Foi ao supermercado comprando alimentos mais saudáveis do que o habitual. E estranhamente a manhã parecia mais agradável aos seus olhos. Tocou o pescoço. Por que tudo parecia melhor? Teria recebido a visita de Bella e ganhado a imortalidade através de uma mordida. Edward sabia que não, não havia marca alguma em seu pescoço.

 

=^=^=

 

Mais três humanos foram mortos pelos caninos de Isabella Swan. Pretendia permanecer no alto de uma edificação até o amanhecer, mas acabou por seguir um outro rumo, devia uma visita a alguém.

 

-Não significa que ele é importante, é apenas uma visita. –Quis se convencer até sair.

 

=^=^=

 

A olhou aturdido. Afinal o que vampiros comiam além de sangue humano?

 

-Tem alguma preferência quando a sua refeição, Bella?

 

-Prepare o que você quiser. Não tenho um paladar exigente. E... Se a comida não me satisfizer... Provarei do seu sangue. –Falou com um ar de divertimento, estava sentada na mesa da cozinha, os braços apoiando a cabeça.

 

-Então vou fazer um sushi. –Concluiu Edward pegando nos armários tudo o que pudesse ajudá-lo no preparamento da refeição. E Bella olhava atentamente a casa.

 

-Mora sozinho?

 

-Sim.

 

-Não tem uma esposa?

 

-Eu lhe falei Bella. Afastei meus amigos, sendo assim afastaria até mesmo uma mulher. Queria ficar completamente só. –A vampira não pode olhar a expressão facial do jovem já que este estava de costas ocupado em preparar a comida ofertada.

 

-Você pode até ter conseguido afugentar as mulheres... Mas e sua família? Certamente não conseguiu mante-los afastados.

 

-Meus pais morreram e tenho um primo com quem não falo. Nem sei onde ele está. Sendo assim estou sozinho no mundo, Bella.

 

-Então somos dois. –Edward virou-se na tentativa de ver a face feminina, mas Bella subitamente levantou-se ficando em pé ao lado dele. –Quer ajuda? –Perguntou já se intrometendo nos afazeres do rapaz. Este a olhou com um meio sorriso, aceitou a ajuda ofertada. E não demorou ao prato ser feito. Edward verdadeiramente não sentia fome, os remédios inibiam um pouco o apetite, mas comeu com gosto. E Bella mantinha seus orbes fixos em Edward enquanto mastigava suavemente o alimento. Ao termino da refeição, Edward recolheu a louça indo até a pia para lavar a mesma enquanto Bella caminhava de um lado para o outro na sala olhando atentamente as poucas fotografias do local. Sentiu um cheiro de sangue passando a caminhar em direção à cozinha, viu Edward retirando um caco de vidro da palma da mão, acidentalmente o prato quebrou na mão do mesmo ao tentar lava-lo. Edward viu a figura de Bella com uma expressão aturdida, os olhos rubros e focados no ferimento. Aproximou-se com cautela, como um lince prestes a atacar uma lebre. Segurou firmemente a mão onde continha o ferimento, parecia alheia a tudo a que ocorria a sua volta. Edward estremeceu. Poderia Bella atacá-lo naquele momento? O mais atordoante não era se ela iria atacá-lo ou não, mas sim se ele permitiria ou não. Sentia-se curioso quanto à sensação de ter aqueles caninos em sua pele, mas Bella tomou uma decisão que nem mesmo ela esperava. Largou o braço de Edward e saiu às pressas. Edward nem conseguiu dizer algo para evitar sua saída.

 

=^=^=

 

Rosalie assustou-se ao ver novos corpos estraçalhados nos aposentos de Bella, esta deitada na cama, mas com os olhos abertos.

 

-Que carnificina! Você anda muito faminta, Bella.

 

-O que quer? –Mostrou-se impaciente.

 

-Você tem faltado às reuniões vampirescas. Não deveria fazer isso. Logo você que é membro do clã Swan, o clã mais poderoso dos vampiros.

 

-Não tenho interesse nesse tipo de coisa. Vá embora Rosalie, quero descansar.

 

-Até quando agirá dessa forma, Bella? Não é a primeira vez que você se aproxima de um humano e ele morre. Já deveria estar acostumada com isso. Se o seu brinquedinho de nome Jacob se quebrou, arranje outro! –As mãos de Bella agarraram o pescoço de Rosalie em um poderoso aperto, a muito custo Rosalie se desvencilhou do ataque promovido pela vampira. Bella manteve-se com a expressão nula mesmo depois de quase ter ferido gravemente a companheira.

 

-Só perdôo você por que está ferida pela morte do humano, mas da próxima vez que agir assim eu acabarei com você Bella!

 

-Vá logo embora antes que eu te mate! –Rosalie saiu. Bella vislumbrou os corpos retalhados no quarto, sentiu nojo.

 

=^=^=

 

Mais comprimidos! Calisle, na sua opinião, queria matá-lo. Edward sentia a aposentadoria que ganhava por invalidez ir cada vez mais aos medicamentos, coisa que não o agradava.

 

-Daqui a pouco vou me alimentar de comprimidos. –Falou sarcástico. Antes de voltar para casa passou no shopping, precisava de roupas novas.

 

=^=^=

 

Duas semanas sem vê-lo, não entendia o porquê daquela impaciência e nem mesmo sorver sangue aplacava a tensão que sentia. Por que o nome Edward Cullen não saia de sua cabeça? Frustrada pelas incógnitas que se formava em sua mente sem solução rumou para a casa do rapaz.

 

=^=^=

 

Respirava com dificuldade, o medicamento o deixava sonolento o dia inteiro e ter ficado uma semana naquele maldito hospital o estava consumindo, mas nada poderia fazer. Ao menos queria ver a figura pálida de sorriso sarcástico que conhecera, quem sabe para despedir-se dela, sentia a vida escapar por entre os dedos a cada dia. Manteve os olhos fechados, a brisa da noite fria bagunçando levemente seus cabelos. Mas a janela estava fechada? Quem poderia ter aberto? Não sabia. Mas do jeito que estava não se daria ao trabalho de abrir os olhos para constatar que a janela realmente estava aberta tampouco levantaria para fechá-la. Preferiria se entregar logo ao sono e acordar apenas quando o efeito do remédio passasse.

 

-Edward... –Ouviu alguém sussurrar seu nome.

 

“-Será que... Bella?” - O quarto escuro, não pode saber quem se aproximava e sentava ao seu lado na cama. E quem agora afagava seu rosto e cabelos suavemente.

 

-Bella... –Murmurou sem obter resposta. Enquanto Edward tentava manter-se suficientemente acordado para constatar se era ela ou não, Bella estava diante do humano fraco, sofrida. Por que sofria? Ela não sabia. Como se pudesse sentir o sofrimento do humano. Depois de um tremendo esforço, Edward pôde focar o rosto pálido de Bella que o olhava. De imediato, Bella cessou as carícias antes depositadas no rosto masculino. Lutando contra o corpo, Edward despertou e sorriu ao ver Bella olhando-o sentada na cama.

 

-Fui até a sua casa, mas você não estava lá. Então pensei: para não estar hora dessas em casa ou está desmaiado em algum lugar ou no hospital.

 

-Sua intuição é sensacio... –Parou. Falar o estava cansando.

 

-Melhor poupar energia. Está tão fraco, parou de tomar aqueles remédios ou o que?

 

-Meu corpo... Está rejeitando os remédios. –Olhou para o lado, não queria ver aquele olhar de Bella em que parecia chamá-lo de fraco.

 

-Quanto tempo?

 

-O que?

 

-Quanto tempo de vida você tem, Edward?

 

-Menos de seis meses. Talvez dure um ano no máximo. Não sei.

 

-É... Vidinha limitada a sua! E nem ao menos pode aproveitar seus últimos momentos. Vai acabar passando sua vida aqui nesse hospital por ser fraco. –Bella viu Edward sorrir.

 

-É por isso que acho você interessante. Dizendo coisas que nenhuma outra pessoa diria a mim.

 

-Não é do meu feitio mentir para moribundos dizendo que sobreviverão. –Levanta-se, mas sua mão é retida pelas mãos de Edward.

 

-Por favor, fica um pouco mais. –Os olhos suplicantes fizeram Bella sentar-se.

 

-Não posso me demorar se não terei problemas quando o amanhecer chegar.

 

-Por um acabo você morrerá se ficar exposta à luz do dia?

 

-Não é isso. Acho que anda lendo muitos contos por ai sobre os de minha raça. Não morremos se expostos à luz, mas os raios solares são muito incômodos. Somos como animais noturnos, não andamos durante o dia.

 

-E tem algo mais que deve ser desmistificado a respeito dos vampiros, Bella?

 

-Não temos aversão a artefatos religiosos, prata ou alho.

 

-Então são mais fortes do que os vampiros da literatura.

 

-Mas podemos ser mortos Edward.

 

-Podem?

 

-Há humanos que sabem de nossa existência e nos caçam implacavelmente. Eles desenvolveram uma arte capaz de nos eliminar. Não sabemos o que compõem suas armas, mas um tiro em algum ponto vital é letal.

 

-Caçadores... De vampiros você diz?

 

-Sim. Eles sim existem. Agora você sabe que não somos estes seres dotados de imortalidade. Ouso afirmar que nunca aparecerá tal ser.

 

-Mas ainda sim possuem uma expectativa de vida inimaginável, não adoecem ou se machucam facilmente. Isso é louvável. Eu... Eu queria ter este dom. - E na mente de Bella o acontecimento que quase fez Edward tornar-se um vampiro pelas suas mãos passou pela sua mente. Seria fácil transforma-lo em um vampiro, mas não poderia fazê-lo sem que Edward visse também os pontos negativos de ser um sugador de sangue.

 

-Vocês humanos apenas vêem um vampiro como um ser poderoso. Não sabem o que é viver pela eternidade vendo pessoas queridas perecerem enquanto você continua aqui. É uma vida incrivelmente... Solitária. –E olhou para a janela enquanto Edward a mirava.

 

-Eu não imaginava, mas a solidão não é algo característico de seres eternos. Eu tenho meus dias contados e passo por isso.

 

-Mas seus sofrimentos um dia acabarão Edward, mas...

 

-É difícil acreditar que um ser cheio de vida e beleza como você sofra. –E toda aquela proximidade estava deixando os nervos de Bella aflorados. Era como testemunhar a repetição do mesmo acontecimento envolvendo Jacob e outros mais que Bella se apegou.

 

-Melhor eu ir. Cuide-se Edward. –Saiu às pressas, mas pode ouvir um sonoro “obrigado” por parte do rapaz.

 

=^=^=


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