A aula foi um tanto normal, mas ao mesmo tempo estranha, pois quando li minha redação sobre doenças que são praticamente incuráveis nos dias de hoje, e escolhi sobre Câncer, uma doença que chama a minha atenção, as minhas amigas e Finnick bateram palmas alegremente, a professora chorou, ela é um tanto quanto emotiva, o resto da sala me vaiou, até ai estava tudo normal, mas o estranho foi que Peeta, ao invés de me vaiar, ele me olhou fixamente, não consegui decifrar o que o seu olhar significava, pois quando estava quase lá, Effie veio atrás de mim e disse-me que eu tirei a nota máxima; não fiquei tão surpresa, eu sempre “ganhava a nota máxima” em redação, não sei se era porque Effie gostava de mim, ou ela realmente me via como uma futura escritora.

– Como eu tenho orgulho de você Katniss!!- Clove falou me olhando com o maior sorriso, quando saímos da aula.

– Por que??- Perguntei, ainda confusa.

– Dããh!! Por causa da sua redação maravilhosamente perfeita sobre CÂNCER. Como uma doença tão horripilante e implausível pode ser a inspiração para uma redação como essas!?- perguntou, a baixinha, com indignação.

– Clove, qualquer coisa pode ser uma inspiração nas mãos de uma escritora como a Katniss.- Finnick falou, com Annie, Johanna e Madge vindo logo atrás dele. Dei um leve sorriso só com a idéia de que eu “sou” uma escritora.

– Como se eu fosse uma escritora!- Falei, rindo sarcasticamente.

– Não é, agora, mas tenho certeza que será no futuro.

– Annie, por algum acaso você vê o futuro?

– Não, mas eu te conheço, e quando você quer uma coisa você corre atrás, e você já tem esse talento, porque negar o inevitável?- Dei uma risada, ainda não crendo no que Annie disse, mas feliz só com essa ideia para meu futuro. Quando olhei para o céu, ele estava começando a escurecer, mas não normalmente como todo final de tarde, ia chover.

– Meu Deus!!!!

– O que foi Katniss!!??- Johanna perguntou espantada.

– Eu preciso ir urgentemente, vai chover!

– Tá bom, vai lá, mas não chega atrasada amanhã, a primeira aula é do Cinna, e você sabe como ele é.- Ela disse, preocupada comigo, pois ela sabe que sou meio lerda para chegar no colégio e eu sei que Cinna não tolera atrasos.

– Tá, vou tentar ser rápida. Tchau gente!

– Tchau!- todos falaram em uníssono

Vou andando para casa, não sou como Johanna, Annie, Clove, Madge ou Finnick que vão de carro para suas casas, pois apesar delas serem um pouco longes, eles não têm uma mãe que sempre reclama que, quando cheguei na puberdade eu fiquei totalmente preguiçosa, e mesmo que ela mande eu fazer alguma coisa em casa, eu não faço, porque não me favorece em nada, pois são tarefas dela, então ela fez eu andar do colégio até em casa, porque isso, pelo menos me favorece, e é praticamente uma obrigação; por causa disso vou do colégio até em casa andando desde meus 14 anos, e para falar a verdade, até que perdi algum peso com isso.

Olhei para o meu lado esquerdo, do outro lado da rua, estava a última pessoa com quem eu queria me encontrar, Peeta Mellark. Deduzi que era, porque sua casa era em frente a minha; morava em Los Angeles já havia um tempo, desde que meu pai morreu, ou seja, quando eu tinha 12 anos, logo entrei na Panem High School, onde estou até hoje.

Quando Peeta percebeu que eu estava exatamente do outro lado da rua, que para ele era uma novidade, pois geralmente esperava ele sair, para evitar exatamente o que está acontecendo agora, bom....ele, primeiramente, riu debochadamente de mim, mas, depois de um tempo, de um caminhando de um lado da rua e outro do outro, sem dizer absolutamente nada, ele começou a me olhar do mesmo jeito que me olhava , no dia em que nos conhecemos, como se estivesse me conhecendo novamente.

– O que foi?- Eu disse, com a esperança de que ele me explicasse isso.

– Nada ué?! Não posso mais olhar para você!?

Não disse nada, apenas revirei os olhos. Depois de um tempo, em um silêncio, que chegou a ser constrangedor, ele falou:

– Você mudou.- Eu queria falar o porquê, eu queria falar que estava com saudades do antigo Peeta, estava com saudade de seus olhos, e de seus braços me envolvendo todo dia e me dando um beijinho na bochecha de tchau, de sua mão entrelaçando a minha quando ficava nervosa ou com medo, de como eu ficava segura quando eu olhava seu pequeno céu e me perdia em um paraíso perfeito e de como ele era cavalheiro para mim, de quando ele dizia que estava linda até quando estava horrível. Mas eu não podia, tinha que ser forte. – Fala alguma coisa.- Fiquei em silêncio por algum tempo, o suficiente para que ele desistisse de que eu respondesse, até que não aguentei mais e soltei:

– Mudei, porque você mudou primeiro.- Ele abriu a boca, provavelmente para se defender, mas percebeu que eu estava certa e desistiu. Ficamos em silêncio até chegarmos em casa; ele se virou quando estava abrindo a porta.

– Tchau Katniss.- Falou com uma expressão triste. Ficou esperando que eu dissesse algo, mas nem sequer me virei para vê-lo, e entrei em casa.

Fui ao meu quarto chorar, lembrando do porquê que estava brava com ele, lembrei-me de tudo, então, comecei a chorar desesperadamente, sentada em um dos cantos de meu quarto, com os joelhos encontrando minha testa, e minhas mãos em minha cabeça. Fui tomar banho, com a esperança de que a água levasse tudo o que estava sentindo. Fui ler um livro, para esquecer completamente de minha vida, por incrível que pareça, ler é a ÚNICA coisa nesse Mundo que me faz esquecer completamente até de quem eu sou.