–Majestade - falou um dos criados batendo na porta- já acha que está na hora de se arrumar para a coroação vossa majestade? Teremos que abrir os portões, acha que está pronta? - John era um dos criados mais velhos, reconhecia sua voz em qualquer lugar, foi ele quem mais cuidou de mim e da A... Senti que ia chorar mas consegui me conter.

– Eu, hã, sim! Claro que sim! - tomei minha postura - Preparem um banho logo.

–Sim, vossa majestade.

– Ei! E...obrigada por tudo. - ele sorriu (eu acho) e se foi.

Não é nada demais, é só uma coroação, você fica com as luvas e tenta não congelar nada nem ninguém, fácil. Se ao menos a Anna tivesse aqui, ela sempre animou a casa...ai Elsa para de pensar nisso, já faz tempo, você tem que esquecer. Eu nunca vou esquecer. Pensar nisso já fez todo o meu quarto nevar.

~•~

Tocaram-se as trombetas, eu podia sentir o tumulto lá fora, não abrimos os portões há 9 anos, claro que foi por um bom motivo.

Abrem-se os portões e escuto pessoas entrando, cerimônia acontecendo, tudo num piscar de olhos. Eu não sou daqui, eu sinto que deveria estar em outro lugar, o medo me consome quando vou pegar a coroa e o cetro.

–Vossa majestade, terá que retirar as luvas. - falou um dos criados.

–Ah, sim, claro. - falei tirando devagar as luvas, primeiro uma e depois a outra.

Peguei o cetro e a coroa e o criado começou a falar.

Senti minha mão gelando, e gelo se formando nos objetos, ainda bem que na hora que já não estava aguentando mais ele parou de falar e eu rapidamente coloquei os objetos na "almofada" e coloquei minha luvas.

–Que comece o baile - anunciei, claramente aliviada.

Toda a multidão se dirigiu ao salão, aquele mesmo salão que nunca tinha tido um baile, e aquele mesmo salão que eu fazia nevar para brincar com a Anna, como ela gostava de fazer bonecos de neve, de brincar de escorrego, mas eu tinha que ter saído do salão pra brincar na neve lá fora, não é mesmo? Mas que coisa, eu não deveria ter saído do salão naquele dia, não deveria.

Então era assim que era um baile?

–Majestade? - um rapaz, mais ou menos da minha idade, interrompeu meus pensamentos e fez uma reverência. - gostaria de me conceder uma dança? Não me chamam de pé de valsa à toa, sou Hans, príncipe de um reino distante - ele disse.

– Eu acho que sim, eu só nunca dancei então... Melhor não, melhor não - eu disse fazendo movimentos negativos com as mãos.

– Eu não ligo para isso minha Rainha, vamos, é só uma dança.

–Está bem, apenas uma dança. - falei, com um olhar de nervosismo.

Fomos para o meio do salão, todos olhavam, mas logo direcionaram os olhares para outros lugares sem ser a gente.

– Eu realmente não sei se é uma boa ideia eu estar dançando, como é mesmo, Hans? Isso, Hans, acho que é melhor não dançarmos juntos.

– Rainha, eu só...

–Elsa, ainda não me acostumei com a palavra "rainha" pode me chamar de Elsa por enquanto.

–Tudo bem, Elsa, apenas deixe que eu guiarei a dança, não se preocupe.

Começamos a dançar e a medida que dançávamos ele se aproximava mais de mim, sua mão em minha cintura também não ajudava em nada, mas não iria me deixar levar por ele.

Enquanto dançávamos conversamos. Mas depois de um tempo ele fez uma pergunta que me assustou.

–Então, sabe porque o portão nunca tinha sido aberto a anos? Só uma pergunta normal.

Senti o ar ficar mais frio.

–Prefiro não falar sobre isso.

–Pode confiar Elsa, eu apenas sou curioso.

–Sério Hans eu não posso falar, e aliás mal nos conhecemos, melhor eu parar de dançar, já dançamos uma dança.

–Eu só quero saber. A propósito, meus pais são um dos maiores fornecedores que Arendelle tem, não acha que mereço saber?

–Hans chega, eu não vou contar e também não vou mais dançar, adeus.

–Elsa não! por favor eu só...

–É Rainha pra você.

–Elsa espere - disse e puxou minha cintura.

Não faço a mínima ideia do que ele tinha em mente, se acha que é só porquê é um príncipe mimado que pode ter tudo o que quer, ele está muito enganado. Mas mesmo assim ele não me largava, me puxou e eu me debatia e antes que os guardas pudessem sequer chegar, ele tentou me beijar. Dei um empurrão com força nele escapando antes que o beijo acontecesse, e cheguei aos portões, todos olhavam para mim, e Hans já estava chegando perto de novo quando senti o teto gelar, se começasse a nevar todos saberiam.

–Conceal, don't feel, don't let them know... - falei para mim mesma, isso me controlava as vezes. Claro que não me controlou aquela hora, olhei para minhas mãos e o que vi me desesperou, ele havia arrancado uma das luvas quando corri dele, agora realmente não tinha muito do controle que eu tinha antes. Cruzei os braços numa tentativa falha de esconder a mão sem luva pra que eu não fizesse besteira.

–Elsa, quer dizer, Rainha, me desculpe, eu só...

–NÃO VÊ QUE NÃO VOU FALAR? - começou a cair neve do teto e todos olharam para cima e para mim, procurando uma resposta.

E muitos comentários começaram a se formar.

"Neve?" "Olhem flocos de neve!" "Como vieram do teto?" " Em pleno verão, nevando?"

–SAIAM DAQUI! TODOS VOCÊS! - dessa vez sem pensar fiz um gesto em falso com a mão e o gelo se formou fazendo uma barreira pontuda entre mim e todos do baile.