–ANNA! - corri até onde o gelo no lago havia se formado - ANNA VOCÊ ESTÁ AI? - disse enquanto batia forte no gelo sólido, lá embaixo do lago congelado nada se via.

Eu havia perdido minha irmã.

Procurei entre as árvores, talvez ela tivesse corrido quando o gelo quebrou, ou conseguiu escapar de cair sei lá, patinando? A quem estou querendo enganar? Minha irmã se fora, tenho que voltar para Arendelle, tenho que contar pros meus pais, quem sabe eles não me ajudam.

Isso tudo foi culpa minha! Eu devia ter sido mais rápida com o gelo, mas que coisa Elsa.

Senti lágrimas rolando em meu rosto, e o tempo mudando, nevando forte, conforme minhas emoções, uma neve triste, não aquela que você brinca de guerra, neve triste, neve chorosa, perigosa. Quando cheguei perto do castelo não aguentava mais de tanto chorar, entrei e corri para os aposentos de meus pais.

–PAI, MÃE, A ANNA, O GELO, MÃE ME AJUDA! - entrei gritando desesperada e abraçando minha mãe que estava sentada em uma poltrona lendo um livro.

–Calma Elsa, me diga o que está acontecendo, devagar... Onde está a Anna? - Chorei mais ainda.

–Mãe... - comecei, tentando não engolir as palavras, ou acabar me sufocando com elas - a Anna... Anna caiu no gelo, dentro de um lago congelado, o lago estava com gelo fino, eu não consegui fazer gelo a tempo porque estava desesperada eu...

Expliquei tudo aos meus pais, mesmo soluçando por entre minhas palavras.

–ELSA, CHEGA! - meu pai gritou, era raro vê-lo gritando, mas a situação era grave, muito grave. - você está ficando perigosa minha filha, poucos sabem do seu dom, e muitos podem querer te matar, além de você poder machucar as pessoas. - disse e virou para minha mãe, a rainha. - Querida, ela não pode mais sair do castelo assim.

–Mas meu amor ela perderá a infância dela.

–Ou ela perde a infância, ou ela pode destruir o reino.

– Eu nunca faria isso pai.

– Filha seus poderes são perigosos, são difíceis de controlar, você viu o que aconteceu com sua irmã hoje. - ele disse e começou a chorar muito.

Ele e minha mãe se abraçaram e decidiram que eu deveria permanecer no castelo trancada, reduziram o número de funcionários, quanto menos pessoas melhor, passei a usar luvas que acabavam por controlar meu gelo, me impedindo de congelar por onde pisasse.

Ou quase.

Me tranquei no quarto.

Dias depois meus pais aparecem e dizem que o corpo de Anna não foi encontrado, choramos abraçados, mas logo fomos separados porque uma fina camada de neve já se formava no cabelo da minha mãe.

8 anos depois, minha mãe me avisa que irão até um reino distante em um navio para fazerem negócios com o fornecimento de lá.

–Mãe, vocês precisam ir? Eu não estou gostando da ideia...

–Filha, seu pai e eu somos rei e rainha, precisamos governar e mostrar autoridade, para isso precisamos ir, num dia próximo você será a rainha e vai saber.

–E se eu não quiser ser a rainha mãe? Sabe que sou um monstro, e se eu quiser levar só uma vida normal? - falei.

–Filha, por favor agora não, preciso ir, os fornecedores me esperam - ela se agachou e deu um beijo estalado em minha bochecha fria - prometo que quando voltarmos amanhã a noite podemos até tentar brincar de bola de neve aqui no seu quarto, ainda sabe fazer nevar não é mesmo? - disse abrindo a porta pra sair do quarto.

–Promete mãe? - eu disse rindo - mãe! Não tenho mais idade!

–Prometo filha. - disse debochando da minha cara e ignorando o que eu tinha dito sobre a idade.

Saiu e fechou a porta.

Eles não voltaram na outra noite, e aquela porta só tornou-se a abrir por criados, generais.

E eu teria de me tornar a nova rainha.

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