Uma Mentira Virtual escrita por sasaricando, Ana Luiza


Capítulo 4
02/07/2001




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Uma segunda-feira com todas as chatices e compromissos que ela pode guardar. Após todos os compromissos do dia cumpridos olhou um ônibus passar e a vontade de entrar nele era quase uma necessidade. Pediu para o motorista a deixar na Seperntine Gallery, iria fazer um trabalho escolar.

 

Algumas pessoas faziam pic nic no Hyde Park, por hora jogavam vôlei e frisbee. Antes de procurar um ônibus resolveu visitar a estátua do Peter Pan no Kesington Gardens. Não a visitava desde a sua infância. Talvez estivesse compromissada demais para lembrar das pequenas coisas mágicas que já tinha vivido. Do passeio com seu pai em que gritava "I do believe in fairies" e corria com pequenas asas rosas penduradas em suas costas. Dizia que seria uma eterna criança ou se tornaria uma fada igual a Sininho. Sonhos infantis para alguém que já estava tão desgastada em poucos anos de vida.

 

Decidiu voltar para casa, aquilo já não fazia mais parte de sua vida. 

 

Entrando, no apartamento, ouviu algumas vozes que pareciam vir da sala de jantar. Guardou a bolsa em seu quarto e foi ver quem estava em casa. Poderia ser sua mãe com um novo namorado, talvez. Era estranho ver sua mãe tão cedo em casa.

 

- Já jantou? - Um ato materno comum, mas vindo dela era uma falsa preocupação.

- Não. - Olhou para o homem que jantava ao lado de sua mãe, bonito. - Acho que vou jantar.

Sua mãe pediu para que a empregada trouxesse mais um prato.

- Por que não foi a agência hoje? - Apoiou os braços ao lado do prato com um tom suave de voz.

- Esqueci. - Jogou a pequena ervilha para o outro lado do prato, já devia ser a vigésima vez que fazia aquele movimento.

- Alfredd disse que a levou até a agência. Em que lugar você foi? - Ainda se controlando para não causar má impressão ao seu novo namorado.

- Saí para caminhar. - Encarou o namorado da mãe. Não devia ter muita diferença de idade entre os dois, pensou.

- Acha que os fotógrafos são palhaços? Que a minha agência aceitaria isso de alguma modelo? - Não pode se controlar, já estava em pé esperando uma reação da filha.

 

Lentamente Anna saiu sem nem olhar para a mãe que estava em pé. Deixou um prato com vários vegetais que haviam sido remexidas naquele prato incontáveis vezes. Em vez de entrar no quarto foi para fora do apartamento.

 

Sentou na escada, ali podia chorar. Tentava evitar que lágrimas caíssem por aquela que não as merecia. Pensava em ser tudo aquilo que a mãe tão desejava, mas não podia.

 

Já se passara meia hora que estava pensando no que devia fazer ou não. O mesmo homem que estava com a sua mãe saiu. Não tinha sido acompanhado até a porta, sinal que ocorrera algo em sua ausência.

 

Ao ver a garota chorando ele se aproximou.

 

- Ela é uma idiota. Mesmo sendo sua mãe. - Sentou ao seu lado.

- Vocês brigaram? - Achou estranha a aproximação do desconhecido falando mal da mulher que acompanhava a poucos minutos.

- Perguntei por que tinha feito aquilo com você e ela, preferiu mudar de assunto. - Sorriu.

- Qual o seu nome? - O namorado de sua mãe. Seria uma boa forma de irritá-la pegando um de seus gogo boys.

- Dean. O seu? - Parecia estar realmente interessado na garota. - Me chame de Deanno.

- Sou Anna, Deanno. - Gostou do cabelo raspado e da barba mal feita. - Vamos sair?

- A que lugar? - Levantou e ofereceu a mão para que ela se erguesse.

- Em algum PUB. - Aceitou a ajuda.

- Yates\'s em Leicester Sqr, Sport Cafe, Tiger a Tiger, WalkAbout em Sheperds bush ou Heaven?

- Só preciso beber.

 

Saíram juntos. Ele tinha vinte e quatro e ela dezessete anos. Deanno era engraçado, a levou para um PUB em que ela nunca tinha ido. Anna não costumava sair muitas vezes, suas olheiras aumentariam ainda mais. Os dois não pareciam ter se conhecido numa escada há poucas horas antes. Anna era de câncer e ele de libra.

 

Eram quase duas horas da manhã quando ele a trouxe para casa. Chegando à porta após horas de risadas ela pensou na bela oportunidade de irritar a mãe se estivesse sendo vista. Quando Deanno já se afastava segurou seu braço, o qual acompanhou o resto do corpo a se virar defronte a ela. Enlaçou suas mãos em volta do pescoço de sua mais nova arma, se equilibrou nas pontas dos pés e selou sua boca a dele. Segurou a magra cintura da garotinha que se esticava até sua boca. Um metro e noventa contra dez centímetros a menos. As duas línguas se encontravam. Deanno perguntou quando a veria novamente, gostou da menina atiradinha. Sua resposta foi um "me ligue" acompanhado pela entrada dela no apartamento sem nenhuma despedida e sem o telefone para que ele ligasse.

 

Anna não sabia se queria encontrar a mãe e saber que ela tinha sentido como ela era melhor ou ter que ouvir sua mãe aos berros. As luzes estavam apagadas o que lhe indicou ausência de prováveis discussões.

 

Entrando no seu quarto a primeira coisa que fez foi ligar o computador. Acabara de trair que, mais amava, por mais que o não o conhecesse, era o homem de sua vida.

 

B!: Pensei que não fosse entrar hoje!

Anna: Estava falando com a minha mãe

B!: Lembra que eu te falei que iria para londres?

Anna diz: Vai vir mesmooo? =x

B! diz: to saindo de casa agora, chego amanhã

Anna diz: Vamos nos ver onde?

B! diz: que lugar quer ir?

Anna diz: hoje fui ao Hyde Park, mas não é como antes

B! diz: vamos no james\'s então

Anna diz: pode ser

Anna diz: Vou te conhecer (L)

B! diz: (L)

Anna diz: Mooor tô saindo, quando chegar me avisa, vou as 4

B! diz: Ta mor ;@

Anna diz: ;@

 

A garota não sabia o que fazer. Tanto tempo esperando por uma verdadeira chance de conhecê-lo e estava com medo. Insegura com a reação dele conhecendo ela pessoalmente, acharia ela horrível talvez.

Sua barriga estava doendo, não tinha comido nada o dia inteiro. Se comesse iria vomitar, ela não queria isso.


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