Uma Mentira Virtual escrita por sasaricando, Ana Luiza


Capítulo 5
03/07/2001




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O dia tão esperado chegou e Anna acordou tonta. Sabia que precisava comer algo.

 

Interfonou para a cozinha e pediu para que sua empregada trouxesse uma fruta para que comesse e uma xícara com chá.

 

Estava enjoada demais, foi se vestir. Suas roupas estavam enormes, mas se sentia uma garota gorda. Ao escovar seu cabelo muitos fios caíram, era o seu corpo fraco.

 

- Anna? - A empregada entrou em seu quarto.

- Estou aqui. – A voz soou fraquinha, vinda do closet de Anna.

- O que aconteceu meu amor? - A latina se abaixou olhando a garota encolhida com lágrimas nos olhos.

- Eu estou horrível. - Abraçou-a.

- Não meu amor. - Um olhar terno repousou sobre a menina fraca em seus braços. - O que aconteceu?

- Sinto muitas dores. - Mostrou a barriga em que se podiam ver a falta de gordura.

- Calma. - A chamou para ir até a cama. - Sua mãe também era assim.

- Minha mãe? - Sua mãe não parecia ter perfil de modelo.

- Quando tinha a sua idade. Ela fazia de tudo para ser magra, até entrar no hospital.

- Sério?

- Foi quando ela conheceu seu pai.

- O que aconteceu com o meu pai? - Não sabia nada sobre seu pai. Desde seus cinco anos não o via.

- Não devo falar. - Abaixou o olhar.

- Ele é meu pai. - Segurou suas mãos.

- Você não conta nada para a sua mãe?

- Como se eu falasse com ela.

- Anna. - Reprovou com o olhar. - Ele morreu.

- Como assim? - Uma expressão de desespero a contagiou. - Ninguém me contou. Por quê?

- Você era nova demais.

- E não podia saber que meu pai morreu?

- Sua mãe achou melhor assim. - Fez carinho na cabeça da garota.

- Melhor me esconder a verdade?

- Ela disse que ele morreu, mas não vi o cadáver.

- Não foi enterrado?

- Eles brigaram numa tarde e depois nunca mais o vi, ela disse depois de dois dias que ele tinha morrido.

- Que história absurda!

- Eu tento, mas veja, é difícil explicar.

- Vou tirar essa história a limpo com a minha mãe!

- Não! Você me prometeu que não contaria. - Pegou a bandeja que havia trazido antes. - Coma esta cereja.

- Mas como não vou falar com ela! Deve ter matado ele.

- Pelo amor de Deus, não fale isso! Ela é louca, mas não para tanto.

- O que eu faço então?

- Eu suspeito que ele tenha ido morar em outro lugar.

- Não gostava de mim?

- Lógico. Mas de sua mãe.

- Eu o amava.

- Preciso iniciar o almoço.

 

Sua quase mãe se foi. Uma senhora que morava a décadas no Reino Unido e ainda tinha um sotaque latino que não negava sua origem. Havia cuidado de sua mãe, e agora dela, já fazia parte da família. Quando era criança era ela que a levava para o parque, que acompanhava nas festas infantis.

 

Não sabia se perguntava sobre o paradeiro de seu pai ou tentava descobrir sozinha.

 

Comeu a cereja e tomou o chá. Estava ansiosa, nervosa. Precisou de sua caixa de doces. Os abriu com voracidade, praticamente os engoliu. O prazer foi imediato, mas a glicose se tornou um veneno aumentando sua dor após chegar no estômago vazio.

 

Uma dor forte em seu peito. Sabia que estava usando a sua forte dor como desculpa. Não se controlou. Tirou seu laxante que estava escondido entre suas bonecas no closet. O tomou, com um pouco de água da torneira, do banheiro.

 

Sentiu-se melhor e saiu de casa. Não estava bem para ir ao colégio. Precisava de ajuda, de alguém para conversar. Ligou para quem a sempre ouviu, "preciso falar com você". Não sabia o que falar, só sabia que precisava dele. "Já estou chegando, eu quero te conhecer”. "Nós vamos quando você quiser", sorriu por saber que finalmente iria poder dizer quanto ele fazia bem pra ela, "Agora?"

 

Foi até Fonder Arms e depois andou na beira do Tames. Escreveu uma carta para a mãe dizendo que estava sofrendo por passar anos tentando agradá-la, que estava muito fraca. Disse que amava morar no Brixton, mas às vezes preferia morar no Corra de Chelsea. Lá as pessoas deviam ser mais felizes, não deviam se preocupar tanto com os outros. Não sabia o que tinha acontecido com o pai, mas tinha certeza que ela era culpada. Avisou que estaria partindo e não voltaria para casa.

 

Mandou seu motorista entregar a carta para a mãe à noite.


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