"Aventuras de uma semideusa" escrita por Rafaela Chase Pichelli


Capítulo 2
Capítulo 2- Eu me escondo muito mal




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Mais um baile de outono... Mais um baile em que fico desacompanhada, sem ninguém para dançar e conversar... Mas sabe? Eu nem ligo. É só um baile idiota, com pessoas idiotas, dançando músicas idiotas (Iron Maiden que é bom, nada) e com roupas formais idiotas. Mas, acho que tudo o que eu queria mesmo era dançar com um idiota. A quem quero enganar? São idiotas, mas acho que minha vida com idiotas seria menos solitária.

Bom, não tinha vestidos e, para parecer pelo menos um pouco decente, "nos trinques", peguei minha blusa com uma caveira prateada, jaqueta de couro, minhas calças jeans pretas, meio rasgadas por causa de um monstro danadinho e meus tênis All Star. No mesmo lugar, meu anel negro, único registro de meu pai.

Bom, o baile continuava o mesmo. Pessoas dançando me fulminando com o olhar. Eu nem ligava muito para elas, mas sim para ilustres jovens que estavam vestidos normalmente, assim como eu. Eram dois garotos (um tinha cabelos escuros curtos, com olhos verde-mar e o outro, olhos castanhos, cabelo encaracolado e uma barba rala) e uma garota (tinha cabelo dourado encaracolado e olhos cinzentos).

Eles me observavam de um jeito como se estivesse com uma melancia na cabeça gritando: "Ei, olhem pra mim, bobocas!'' ,mas eu não os surpreendia pelo fato de usar roupas horríveis e estar desacompanhada, tomando goles, e mais goles de refrigerante. Eu os surpreendia de um modo estranho. Como se estivessem me procurando para fazer algo...

Mas e se fossem monstros? Talvez me procurassem pro jantar. Desde meus 12 anos sou desconfiada dessas pestes... Não sei, mas fiquei tão assustada de ter alguém me procurando que a única coisa que pensei foi correr.

Automaticamente acionei minha espada e saí em disparada pelo quartinho de limpeza. Eles saíram correndo do outro lado, e então pensei: "Estou frita!"

Entrei no quartinho e fiquei lá, entre as vassouras tremendo de medo. Bom, você já deve estar pensando: "Nossa, Mary! Matou tantos monstros e está se escondendo de alguns? Você tem espada! Mate-os!" mas se eu atacar aqueles jovens vou causar mais más impressões às pessoas do baile. Não sei se viriam o que eu geralmente vejo. Eu estarei atacando monstros disfarçados de adolescentes com uma espada, mas talvez as pessoas me vissem com um porrete atacando gente inocente.

Sentia que era diferente. Pensando aquilo, dava a impressão que era uma louca que achava que lutava com monstros, estava imaginando coisas... Mas eu não entendo! Os monstros, os pesadelos, são tão reais! Não parecem ficção. O meu anel realmente virava uma espada, eu realmente usava uma calça rasgada por um dragão... Era deprimente! Eu achava que estava ficando louca! Mas realmente estava?

Enquanto refletia tudo aquilo, com as mãos agarradas à espada e os olhos cheios de lágrimas, ouvi algumas vozes, que diziam:

–Será que ela está aqui, Grover? Se não acharmos ela logo, ela será comida por monstros logo!

–Bom, eu acho que ela está aqui. Sinto o seu cheiro!

–Então, vamos abrir essa porta e voltar pro Acampamento!

No mesmo momento que abriram a porta, saltei das vassouras, estendi a espada e gritei:

–Para trás! Se chegarem mais perto, mato vocês, monstros infernais!

Quando percebi, eram aqueles jovens. Eles riam de mim e na mesma hora vi que não eram monstros. E se fossem estudantes? Ai meu Deus, que vergonha!

–Hã, vocês não são monstros, ou quaisquer outras coisas que pretendem me comer, não é? Disse, constrangida.

–Não, não somos monstros e não vamos te comer -Disse a menina de olhos cinzentos- Ei, adorei a sua espada. Você já deve ter matado um monte de criaturas horrendas, não é mesmo?

–Hã, sim. Como sabe? Disse. Estava perplexa. A garota me olhava como se conhecesse toda a minha história, tudo o que passei. Sentia uma presença de algo, calmo, mas poderoso. Aqueles jovens seriam diferentes como eu? Se fossem, o que seriam, exatamente?

–Bom, esses monstros que você mata, bom, eles sentem o seu cheiro- disse o menino de cabelos encaracolados- porque você, han... Você é uma meio-sangue. Ou seja, meio humano, meio deus.

–Então... Um dos meus pais é um deus? Cara, isso deve ser interessante.

–Mais ou menos. Há vários monstros que tentam nos comer, como os que você matou. Mas há um lugar livre desses monstros onde nos hospedamos e treinamos para possíveis missões que nossos pais olimpianos nos convocam- disse o garoto de olhos verdes.

–Bom,- parecia entender, mas haviam muitas dúvidas ainda- mas achei que esses deuses haviam deixado de existir faz muitos anos, e que eles eram apenas elementos de mitologia grega.

–Bom, eles são elementos menores. Entende? Eles deixaram, sim de existir faz muito tempo, mas querem reconstruir seu império aqui. Disse a menina.

–Agora eu entendi. Bom,- me virei para o garoto de olhos verde-mar- você me falou que há um lugar onde semideuses ficam hospedados e protegidos de monstros. Vocês pretendem me levar lá?

–Sim. Gostaria de ir conosco? Respondeu o garoto.

–E por que não? Imagine um lugar onde não há monstros e onde há pessoas como eu? Claro que sim!

Fiquei feliz de receber essa notícia. Quase pulei de alegria, apenas. Um lugar isolado daquelas criaturas e com pessoas iguais a mim? Claro que aceitei. E sempre carregava comigo uma mochila com algumas roupas. Por que? Porque se eu fosse fugir, já teria roupas e comida para levar.

–Mas e ai? Vocês me contaram toda essa história de deuses gregos, monstros e tal, mas vocês não se apresentaram! Eu falei.

–Eu sou Percy, filho de Poseidon- disse o garoto com aqueles olhos, que davam a impressão de olhar para um oceano.

–Eu sou Annabeth, filha de Atena- disse a garota.

–E você? Filho de quem? Perguntei ao garoto de cabelos encaracolados.

–Eu não sou um semideus, e sim um sátiro, metade homem e metade bode. Eu que faço a busca de novos meio-sangue, como você.

–Tudo bem. Agora podemos ir? Esta é a primeira vez que tenho liberdade. Quero ver esse acampamento. Disse ansiosa.

–Haha, está bem. Percy, você dirige até o Acampamento Meio- Sangue?

–Com certeza!

E então, antes de partir, transformei minha espada em anel e o coloquei no dedo. Fomos num carro meio velho, e Percy dirigiu até o tal acampamento. O que será que me esperava lá?


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