More Than This escrita por Ana Clara


Capítulo 9
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

(narrado por Caleb)



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America respondeu minha mensagem no mesmo minuto. Até me surpreendi (ela era muito desligada com essas coisas. Pra fazê-la esquecer da vida, bastava que você desse um livro a ela). Apareceu cinco minutos depois, com os cadernos no antebraço e a mão na clavícula.

Acenou pra mim e trocou o peso de uma perna para a outra, constrangida.

– Meri! Esses são Joshua e Collin.

Eles sorriram e olharam pra mim, e pude ler a expressão uníssona dos dois.

“Cara, você esqueceu de contar que ela é uma tremenda gata”.

Revirei os olhos, sabendo o que vinha a seguir. Meus amigos eram uns babacas.

Collin, alto e magricelo, metido a intelectual (do tipo que usa óculos da Ray Ban de lentes grossas e suéter feito por ninguém menos, ninguém mais que sua avó) levantou-se e fez uma mesura dramática.

– Mademoiselle, creio que ainda não fomos devidamente apresentados. – beijou as costas de sua mão, fazendo Meri rir. – Meu nome é Collin Phillips terceiro – (eu não to zoando, ele realmente falou isso).

Joshua levantou e empurrou Collin pra um canto, puxando a cintura da Meri e fazendo ela sentar à força.

– Não liga pra esse otário. – comentou. – pode me chamar de Josh. Estarei a seu dispor para saciar quaisquer desejos.

Ela gargalhou, e eu também. O Josh, cara, é o Josh. Musculoso, alto, atlético. Sempre chama atenção, e tem aquele jeito que faz as mulheres se derreterem.

Mas eu não esquento, porque, hm, digamos que ele joga no time oposto.

– Eu sou a Meri. – ela falou, meio sem graça.

– Você é a Meri. – concluí, só pra quebrar o gelo.

Josh me olhou como se quisesse dizer: “cara, você é retardado?”. Depois disse:

– Então... você ta no primeiro ano, né? Qual a sensação de ser uma caloura?

– Hm. – balbuciou. – não tem sido muito empolgante.

– Você faz o que?

– Pedagogia.

– É um curso bacana.

– É sim.

– Curte pirralhos? – perguntou o Collin.

– Claro que curte, idiota. – o Josh virou para ele. – não ta vendo que ela é amiga do Caleb?

A Meri riu, mas riu de verdade. E ela tava tão linda, o cabelo jogado no ombro, o cheiro de camomila, aquela manchinha de nascença no pescoço. Eu nunca a amei tanto quanto naquele momento.

Quase sem perceber, eu deslizei minha mão por debaixo da mesa e a encostei no banco. Ela tava tão perto de mim, sentada do meu lado, com as pernas cruzadas E, MEU SANTO DEUS, AQUELAS PERNAS, com a cabeça apoiada na mão, sorrindo descaradamente, como se já conhecesse meus amigos há vidas, e como se eles também fossem amigos há séculos. Ela tava sexy, admito, mas de um jeitinho meigo que é só dela. Eu nem sabia que isso era possível.

Eu girei meu pulso, de modo que as costas da minha mão direita encostaram na perna esquerda dela. Foi tão (quase) imperceptível, que pensei que ela não fosse notar. Meu coração se acelerou só com aquele toque, enviando impulsos elétricos por todo o meu corpo.

– Eu curto pirralhos, mas esse aqui dá muito trabalho. – ela falou, e colocou a mão no meu joelho. Apesar de ser um momento de descontração, eu fiquei meio desnorteado. Aquilo foi por impulso ou ela estava retribuindo o toque? Tinha minhas dúvidas. A mão dela continuava ali.

– Nem me fale. – comentou Josh. – esse cara aí, na semana passada, desenhou um urso no enunciado da prova, e escreveu “desculpe, mas não da para ler”.

Meri gargalhou e apertou meu joelho. Ai meu Deus.

– Não duvido. Na quinta série, ele colocou uma barata numa caixinha de fósforo e deu de presente pra professora de história. Deu pra ouvir o grito do segundo andar.

Collin engasgou de tanto rir. Foi uma cena engraçada.

O mais cômico é que eu não estava me importando com aquele assunto constrangedor. O importante é que a mão dela tava na minha perna, o cotovelo dela roçando no meu, o cheiro dela a poucos centímetros de mim.

Resolvi entrar no jogo.

– É? Escutem essa. Uma loirinha de cinco anos no balanço. Um erro de cálculo e ela foi parar com a cara na areia.

– Deixando bem claro que o peste que estava me empurrando era você.

– Você provocou. – falei, e no instante seguinte, minha mão estava no joelho dela. Como ela foi parar lá?

America olhou pra mim pelo canto do olho. Acho que ela ficou meio sem graça. Tirou a mão do meu joelho e a descansou no banco. Fiz o mesmo com a minha, e elas se encostaram. Enlacei o meu dedinho com o dela, ela não falou nada. Peguei sua mão, e ela deixou. Sorriu sozinha, e eu fiz o mesmo.

– Vocês são amigos há muito tempo? Como você nunca falou dela pra mim, cara? – Josh exclamou.

– Desde que eu me conheço por gente, acho.

– É. – Meri concordou, soltando minha mão e descruzando as pernas. Se debruçou na bancada, respirou fundo e beliscou a batata-frita – desde sempre.

– E vocês nunca se pegaram? Duvido. – Collin provocou, erguendo aquela maldita sobrancelha.

– Não. – disse ela, pura e simplesmente. Mas cara, eu juro que ela empurrou minha perna com a dela.

– Ainda não. – acrescentei, e tentei segurar sua mão de novo, mas não tive coragem.

O celular de America começou a apitar insistentemente. Perguntei a ela se não queria sair pra atender.

– É despertador.

– Despertador?

– Pra me lembrar de chegar ao campus sempre quinze minutos antes da aula.

– Nossa. – exclamou Josh. – quanta pontualidade.

– Eu tento.

– Bom, Srta. Pontual, foi um prazer desmesurado conhecê-la. – Fala do Collin, obviamente.

– O mesmo. – ela se levantou.

– Até mais! – cumprimentou Josh.

– Eu te levo lá. – me apressei, jogando o guardanapo na mesa.

– Precisa não, Ca, eu to bem.

Aquele apelido me fez lembrar de Caroline. Fraquejei.

– Eu insisto. Aliás, não aguento mais esses idiotas.

– Também te amamos! – gritaram.

Meri riu e concordou.

Fomos caminhando em direção ao prédio principal.

– Seus amigos são legais.

– Ah, por favor.

– To falando a verdade. – ela riu. – hm. Posso fazer uma pergunta?

– Claro.

(expectativas lá no alto)

– O Joshua é...

(af, tchau expectativas).

– Ah. É, ele é.

Chegamos perto do portão, e ela parou de andar. Deu um passo pra trás e encostou-se à parede. Cara, ela se encostou na parede. Não que estivesse insinuando algo, propositalmente. Mas, com certeza, eu considerava a possibilidade de beijá-la ali mesmo.

Cheguei mais perto, e ela olhou pra cima. Falei que ela estava linda, ela murmurou um “obrigada” quase inaudível. Coloquei minha mão esquerda na cintura dela e ela disse, meio assustada:

– Sua mão está na minha cintura.

E eu:

– É mesmo. Como ela foi parar aí? – tentei parecer confiante, mas tinha medo que ela percebesse o quanto meu coração estava acelerado.

Fechei os olhos e deslizei a mão direita até sua nuca. Meus lábios encostaram no canto da boca dela quando eu senti um cordão no seu pescoço. A Meri nunca usava colar. Não sei se foi a curiosidade, ou um mecanismo chamado “intuição”, mas eu, instintivamente, abri os olhos e puxei o pingente pra fora da blusa.

Ah, não.

– Meri...


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Notas finais do capítulo

Heeey

Sei que andei sumida (aulas, provas, falta de tempo), mas agora voltei pra valer!
beijos beijos, e boa leitura ;)



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