More Than This escrita por Ana Clara


Capítulo 24
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

(narrado por Caleb)



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Terminei de comer e coloquei a louça dentro da pia. Apanhei um short na secadora e me vesti no banheiro ao lado da área de serviço, com preguiça de subir as escadas para procurar qualquer camisa. Depois voltei à cozinha e limpei tudo.

Após alguns minutos, percebi o quão a casa ficou silenciosa, e estranhei. America nunca ficava calada por um longo período de tempo.

– America? – gritei.

Não houve resposta.

Larguei o que eu fazia e fui ver se estava tudo bem. Quando cheguei à porta da sala, pude vê-la sentada mirando fixamente o notebook. Ela estava imóvel, seus olhos silenciosos e o rosto inexpressivo.

– Meri? – chamei. Ela nem ao menos olhou pra mim. Se estava me ouvindo, não deu sinal algum. – Meri? – chamei novamente. – O que houve? Tá tudo bem?

Finalmente, levantou os olhos para me encarar. Sua pele estava pálida como papel.

Caminhei a passos rápidos até ela e tomei o computador de suas mãos. Girei-o para mim e olhei para a tela.

“Ah, não”.

– O que é isso? – ela perguntou, a voz saindo estrangulada e ameaçando choro.

– Eu não queria que você visse isso.

– Foi você que escreveu isso? – sua boca se contorceu numa expressão horrorizada.

Confesso que fiquei ofendido.

– É claro que não.

– Então... – eu podia sentir suas engrenagens girando, podia ver que America juntava todas as peças de um quebra-cabeça confuso e extenso. – Então foi o Evan. Mas por que você estava lendo isso?

– Meri... – tentei explicar, estendendo as mãos para tocá-la. America não permitiu.

– Por que você não me contou sobre isso antes? – seu tom de voz aumentava gradativamente, até gritar. – Por que não avisou antes? Por que me deixou fazendo papel de boba?

– America, eu não soube como falar! – rebati. – como eu conversaria com você sobre o cara que te roubou a virgindade?

– Peraí. – ela olhou pra mim com olhos de fúria. – Você acha mesmo que é verdade?

– Isso. – apontei para o notebook. – e o colar, e tudo o que...

– Mas que droga, Caleb! – ela gritou, me empurrando. – Eu não transei com aquele cretino! Por que eu transaria com ele? Você é idiota?

– Mas... – comecei, e fui novamente cortado.

– Você achou mesmo? Acredita em mim ou nas palavras de um desgraçado sem palavra?

– Você não transou com ele? – perguntei com olhos arregalados. Aquilo mudava muita coisa.

– É CLARO QUE NÃO.

– Eu estou indo esmurrar ele agora. – me levantei, mas Meri me puxou e fez com que eu caísse com força no chão.

– Pra que? Você foi tão cruel quanto ele. – vociferou. – não acredito que pensou isso de mim. Não acredito que não conversou comigo ou me alertou sobre essa droga. Eu não esperava isso de você, Caleb. – seu ódio se transformou em mágoa, que escorregou pelos olhos e transbordou na voz embargada.

– Meri, me perdoa. – quase implorei, a voz tendo dificuldade pra sair. – Eu não queria magoar você, mas sei que fiz errado e acabei te machucando mais. Só não queria que você passasse pelo que está passando agora. Queria poder só proteger você.

Pensei que ela fosse brigar comigo. Me esbofetear, me xingar, me arranhar, me chutar. Pensei que ela fosse dar meia volta e pisotear o chão, juntar todas as suas coisas e ir embora, me deixando sozinho e à deriva. Pensei que ela fosse ignorar a minha existência para sempre e nunca mais dirigir sequer uma palavra a mim. Pensei que fosse chorar e me culpar por ser tão imbecil, inseguro e covarde. Pensei que ela fosse dizer que não queria mais me ver, e então nós ficaríamos sem conversar por longos meses ou anos, até que alguma reviravolta dramática e banal do destino faria com que nós ficássemos juntos novamente, como naquelas novelas mexicanas.

Mas não. America me beijou.

E aquilo me deixou tão afoito e desesperado que eu perdi o fôlego só de ter seus lábios pressionando os meus. Ela segurava meu pescoço com força e me beijava com urgência, e eu só pude retribuir e a abraçar, até que ficamos emaranhados no sofá, num mar de pretensões e almofadas. Meu peito arfava incapaz de abrigar os batimentos cardíacos acelerados.

– Que droga, Caleb. – ela reclamou. Afastei seu cabelo dos olhos.

– O que foi? – indaguei, respirando com dificuldade.

– Eu te amo mesmo quando odeio você.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que estão achando?