More Than This escrita por Ana Clara
Notas iniciais do capítulo
(narrado por America)
Acordei tarde, lá pelas 11 horas da manhã. Caleb me abraçou por trás e beijou meu pescoço, as pontinhas da barba roçando e me fazendo cócegas.
– Bom dia. – sussurrou, a voz embriagada e rouca de sono. As mãos frias segurando minha cintura causavam um arrepio gostoso. Um rápido flash de lembranças da noite anterior passou pela minha cabeça, me fazendo sorrir.
– Bom dia. – respondi, me virando para olhá-lo. O cabelo escuro estava desgrenhado e o rosto marcado pela dobra do travesseiro. A expressão se abriu com um sorriso torto, fazendo os olhos diminuírem e as covinhas aparecerem.
– Meu Deus. – Caleb murmurou, a cabeça escondida um pouco abaixo do meu pescoço. O som foi abafado pelo edredom. – você é linda até quando acorda.
– Você está sendo educado. – eu disse, passando a mão pelo seu cabelo. Ele começou a me beijar, descendo gradativamente. A barba fez mais cócegas do que eu pude aguentar e explodi em gargalhadas. Ele parou assim que chegou abaixo do umbigo, e emergiu das cobertas de novo. – preciso de roupas. – comentei, escorregando os dedos pela tatuagem em seu antebraço, que eu nunca parara pra prestar atenção.
– Certeza? – Caleb virou a cabeça como um cachorrinho sendo repreendido.
– Absoluta. – revirei os olhos.
– Discordo, mas tudo bem. – ele levantou e andou até o guarda-roupa, procurando por algo que me servisse.
– Que eu me lembre, você estava de calça ontem.
– Fiquei com calor. – ele deu de ombros, sem se virar.
– Aham. – eu ri. Caleb jogou uma camiseta rosa bebê e um short justo branco, e eu tinha certeza de que aquilo não era dele. – eram da Caroline? – soltei, querendo pegar as palavras no ar e enfiá-las de novo na boca.
– As roupas? Não. – ele se encostou à porta de madeira, me encarando. – eu não te daria roupas dela... – e riu. – Até porque ela nunca chegou a dormir aqui.
– Então eu sou a primeira? – supus.
– É.
– Estou me sentindo lisonjeada.
Não quer dizer que ele seja virgem, pensei. Não quer dizer mesmo, mas não ousei perguntar.
– Vou tomar um banho. – avisou, andando em minha direção e sentando na cama – mas vou deixar a porta aberta, caso você queira entrar. – e sorriu aquele sorriso treinado de cafajeste.
Joguei um travesseiro em sua cabeça com força e ele caiu no chão, rindo.
– Tudo bem, já entendi o recado. Volto em um minuto. – foi para o banheiro. E fechou a porta.
Vesti a roupa e desci as escadas até o banheiro do andar debaixo, ao lado do jardim. Lavei o rosto e escovei os dentes (achei uma escova lacrada, palmas pra mim) e penteei o cabelo. Como Caleb demorava a sair, resolvi telefonar para os meus pais e avisar que eu estava bem.
Josh tinha ligado mais cedo e deixado um recado na secretária eletrônica dizendo que tinha ficado com o meu celular na noite anterior e que iria me devolvê-lo na segunda-feira de manhã, então usei o telefone fixo. (Mas antes, cofigurei o aparelho para que o número não aparecesse no identificador de chamadas da minha mãe). Ela atendeu no terceiro toque.
– Alô?
– Mãe, oi. É a Meri.
– Meri! – ela exclamou exaltada. – Graças a Deus. Por que não atende o celular? Eu fiquei preocupadíssima!
– Desculpa, mãe. Esqueci-o com o Josh. – expliquei, diminuindo a história.
– Josh? – desconfiou. – quem é Josh?
– É um amigo meu.
– Assim como Caleb é um “amigo” seu?
– Mãe, o Josh é gay.
– Ah. – ela riu, sem graça. – então deixa pra lá. Como você está? Tá tudo bem? A festa foi legal? E o Caleb?
“Pronto. Começou o bombardeio de perguntas “.
– Tudo bem, mãe. A festa foi ótima. Depois eu falo com você. – percebi que Caleb tinha desligado o chuveiro. – tenho que estudar para as provas de segunda. E a viagem de vocês? Correu tudo bem?
– Sim! – respondeu. – Sammy está muito animado. E com saudades de você também.
– Mande um beijo pra ele por mim.
– E você dê lembranças à Caleb. – e desligou.
Encaixei o aparelho no gancho e fui para a cozinha. Despejei água numa bacia de metal e coloquei para esquentar. Distraída, fui passar o café, quando Caleb chegou por trás e me abraçou, apoiando o queixo no meu ombro. Seu cabelo molhado encostava na lateral do meu rosto.
– Você me assustou. – falei, colocando a mão no peito.
– Seu coração tá acelerado? – ele perguntou, colocando uma mão sobre a minha. – É porque eu sou irresistível.
Forcei uma risada.
– Não chega a tanto, meu bem.
Terminei de fazer o café e ofereci a Caleb, que fez careta.
– Odeio café.
Dei de ombros, rindo e bebericando a xícara.
– Sobra mais pra mim.
Caleb sentou-se na cadeira ao meu lado e apoiou os cotovelos na bancada, me observando. Ele cheirava a hortelã e colônia masculina.
– O que custava colocar uma camisa? – questionei, observando seu abdômen mal enxugado e a toalha amarrada na cintura. – e uma calça também?
– Tá incomodada? – ele arqueou as sobrancelhas.
– Bastante.
– Hm. – ele sorriu, os olhos se fechando como um japonês. – então talvez eu devesse tirar a toalha...
– Não! – gritei, rindo. – deixa assim mesmo.
Caleb abriu a geladeira e os armários e eu o ajudei a arrumar a mesa. Enquanto ele comia waffles com chocolate (“isso não é nada saudável”, impliquei. Mas acabei comendo junto com ele), me surpreendi ao olhar para o relógio, apoiado no parapeito da janela.
– Meu Deus, está tarde. – exclamei. – tenho prova amanhã.
– Não me diga que você vai me largar pra estudar.
– É claro que eu vou estudar. Ainda não tenho diploma como uns e outros.
– Deus. – ele sorriu. – É verdade. Eu sou formado. Até tinha me esquecido.
– Cala a boca. – brinquei. – preciso terminar de digitar o trabalho.
– Ah. Meu notebook está em cima do sofá, pode pegar.
– Tudo bem. – beijei sua bochecha e andei até a sala. Assentei e coloquei o notebook no colo para acessar meu e-mail. Assim que abri a guia do Chrome, o ícone de “restaurar” as últimas guias apareceu, informando que o computador não foi adequadamente desligado. Cliquei por curiosidade e uma janela apareceu.
Era um site com vários arquivos. Não consegui identificar o que eram exatamente. Cliquei no primeiro e não acreditei no que vi.
Eram diversas fichas de meninas da faculdade. Todas escritas e postadas por homens, dando detalhes nítidos sobre como foi o sexo com a respectiva garota. Deslizei a página para baixo.
– Não pode ser... – murmurei sozinha. Cliquei na próxima, pasma e assustada.
E vi que era minha.
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