More Than This escrita por Ana Clara


Capítulo 18
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

(narrado por America)



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Até que foi um passeio divertido. Eu e minha mãe fomos até o centro comercial de Los Angeles e ela não mediu esforços para encontrar o melhor e mais caro vestido pra mim. Depois de horas e horas rodando por diversas lojas, achamos um que era perfeito. Um tubinho justo acima do joelho. Tinha mangas compridas e gola V e era preto reluzente, com tons de dourado.

Fiquei bem empolgada quando o experimentei (me iludindo ao agir como se a formatura fosse minha). Aproveitamos também para comprar os sapatos e materiais escolares para o próximo período, que se aproximava.

O tempo passava depressa. O dia de Ação de Graças foi com a minha família, jantar simples seguido por um jogo de futebol.

Comecei a passar bastante tempo com Sammy, que adorava jogar jogos de tabuleiro comigo e me ouvir lendo livros dos quais ele não entendia absolutamente nada. Um dia, Caleb ligou pra mim e Sammy atendeu.

– Alô?

– Ei Sammuel. – ele reconheceu. – posso falar com sua irmã um instante, por favor?

– Meri! – ele gritou. – Meri! É seu namorado!

– Shh. – repreendi, abafando a extremidade do telefone no meu colo. – ele não é meu namorado, Sammy.

– Mas você gosta dele. – ele afirmou, confuso.

– É verdade.

– Então por que vocês não são namorados?

– É complicado. – disse, e ele logo estava distraído com algum desenho da tevê.

Ficamos um tempo no telefone, jogando conversa fora. Ele falou que talvez se mudasse para São Francisco nos três anos posteriores, se conseguisse emprego na Instituição Especializada em Pesquisas de Câncer (IEPC), o que era seu sonho. Conversamos também sobre o baile de formatura e ele ficou de me buscar às 20h do dia seguinte.

O sábado foi inteiramente ocupado com salão de beleza e com os preparativos. Minha mãe insistia e teimava comigo quando eu dizia que aquilo tudo não era preciso. Eu não gostava de ser o centro das atenções, tampouco de usar maquiagem ou pintar as unhas.

– Isso não combina comigo, mãe. – eu falava, em vão.

Aquilo me incomodava um pouco, porque me lembrava de quando eu estive na casa de Soraya (e me lembrava também do meu primeiro encontro com Evan). Mas eu sabia que minha mãe nunca tinha tido algo assim, então eu fui tolerante e permiti que ela vivesse o sonho dela através de mim. E, devo admitir, ao final do dia minha aparência estava deslumbrante.

Meu fora cacheado pela baby-liss (“pra variar um pouco”, minha mãe disse), as unhas pintadas no mesmo tom de dourado do vestido e do sapato. A maquiagem não foi tão forte (devido às minhas súplicas, é claro). Meus olhos foram pintados de prateado claro, e contornados por delineador. Os lábios ficaram num tom de vermelho médio, nem tão claro e nem tão escuro. Minha mãe me emprestou seu colar de cristal, que usara em seu casamento.

– Mas mãe. – protestei. – nem é uma ocasião especial.

– Talvez seja. – ela disse. – como você sabe?

Combinamos que, assim que o baile terminasse, eu pegaria um táxi até meu apartamento, porque minha família viajaria para Nova York na mesma noite. Enquanto eu ajudava minha mãe (já devidamente vestida) a organizar a mala, a campainha tocou.

Eu mesma atendi, já que todos estavam ocupados com alguma coisa. Caleb apareceu com um buquê de begônias, e eu me peguei pensando se alguma vez eu comentei aquilo com ele, já que era uma das minhas preferidas. Seu sorriso se iluminou quando me viu. Ou foi impressão minha (não sei dizer).

– America, você está linda!

– Você também não está tão mal. – só para não dizer que ele estava perfeito. O caimento do smoking estava impecável. Os sapatos engraxados brilhavam, mas não mais que seus olhos. O cabelo estava molhado e caído para o lado. Ele tinha furado a orelha direita no feriado, e um alargador reluzia. As covinhas estavam acentuadas, os bíceps saltavam por baixo da blusa. Seu perfume era avassalador.

– Está pronta? – ele perguntou, depois de ficarmos um tempo em silêncio.

– Vou só pegar minha bolsa. – voltei e me despedi da minha mãe e de Sammy. Meu pai foi até a porta cumprimentar Caleb, e os dois trocaram breves palavras sobre a Universidade e as propostas de emprego. Depois de alguns minutos, ele abriu a porta do carro para que eu entrasse e partimos em direção ao centro da cidade.

Durante o trajeto, não falamos muito. Ficamos apenas olhando os prédios e ruas em volta, mas não era um silêncio constrangedor. Era reconfortante, na verdade. Às vezes, quando parávamos no sinal, ele olhava pra mim, sorrindo. Eu devolvia o sorriso, meio com vergonha, meio afoita. E me sentia tão protegida.

Chegamos em quarenta minutos. O espaço alugado era muito sofisticado. Dezenas de mesas cobriam o salão e uma extensa pista de dança ziguezagueava. A iluminação deve ter sido o aspecto mais caro, presumi, já que era super profissional. Uma mesa com equipamento de DJ (e o próprio) se localizava no fundo, e vários garçons transitavam pelo ambiente, servindo taças de champanhe, vodka e diversos coquetéis, que espumavam gelo seco.

Caleb me conduziu pelo lugar, sua mão quente nas minhas costas nuas. Seu tronco e suas pernas encostavam nas minhas, e eu me peguei desejando que ele não se distanciasse. Caleb cumprimentou alguns amigos e me apresentou a eles. Logo avistou Joshua e Collin, sentados juntos numa mesa do fundo. Fomos até lá, e os dois trocaram olhares cúmplices.

Collin se levantou e me deu beijinhos no rosto.

– Meri, você está extasiante! – ele disse, exageradamente. Cara, eu adorava o Collin.

Caleb puxou a cadeira para que eu me sentasse, e ficou ao meu lado. Joshua nos olhou e riu.

– Que foi, cara? – perguntou, meio sem graça.

– Nada. – ele abafou o riso e acabou engasgando.

– Não ligue para esse babaca. – disse Collin, levantando-se e me oferecendo a mão. – quer dançar, mademoiselle?

– Depois eu sou o babaca. – murmurou Joshua.

– Shh. – repreendeu o magrelo. – Meri, você me concede esta dança?

– Não, otário. – interrompeu Josh de novo. – quem tem que conceder a dança é o Caleb, aliás, a acompanhante é dele.

Olhei para ele, rindo.

– Não, não concedo. – ele empurrou Collin para o lado. – vai caçar a sua.

Josh caiu na gargalhada, enquanto Caleb me puxava pela cintura até a pista, que ficava do lado direito da mesa. Começamos a dançar em meio a todas aquelas pessoas durante uns dez minutos, até que começou a lotar e a não ter espaço {nem ar} suficiente. Percebi o quanto Caleb estava tenso, olhando para todos os lados como se procurasse alguém.

– Ca. – gritei mais alto que a música. – Tá tudo bem?

– Oi? – ele perguntou, distraído.

– Você não está procurando pelo Evan, está?

– O que? Não, claro que não.

– É a sua formatura! – gritei. – vai se divertir. Pega alguém, sei lá.

– Acha que eu devo pegar alguém? – ele usou seu melhor sorriso. Não era preciso dizer que eu me derreti completamente.

Não respondi, então ele chegou perto do meu ouvido e disse:

– Meri, eu tô me sentindo meio claustrofóbico aqui. Quer ir lá pra fora comigo?

Fiquei pensando no que aconteceria se eu fosse com ele. Ainda estava assustada pelo que aconteceu com Evan, assustada porque eu não tive coragem de contar para os meus pais. Eu não tinha certeza se ele estava insinuando alguma coisa, já que eu tinha acabado de sugerir que ele “pegasse alguém”. Meu Deus, por que eu falei aquilo?

– Quero. – disse, e fomos.


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