More Than This escrita por Ana Clara
Notas iniciais do capítulo
(narrado por Soraya)
A lorinha apareceu na minha casa por volta das sete. Eu já esperava, para falar a verdade. As coisas saíram do controle, a faculdade inteira já estava sabendo (bem, pensava que sabia).
Aquilo nunca havia acontecido. As ovelhinhas sempre se derretiam e se entregavam, e a maioria nem ficava sabendo do verdadeiro objetivo. Veteranos sabiam, mas ninguém alertava as próximas vítimas. Abri a porta eu mesma, com a minha melhor cara de desentendida. Meus pais estavam viajando a trabalho, e eu tinha convidado uns amigos (Evan, inclusive) para dormir lá em casa.
– Meri!
– Oi. Será que eu podia entrar?
Ela usava um moletom horrível e seu cabelo estava preso num rabo de cavalo. Pensei no quanto ela era sem classe.
– Claro. Entra aí. A gente ta lá em cima se divertindo.
–A gente?
– É. Eu, Evan, a galera do terceiro.
– Talvez seja melhor eu voltar depois.
– Ah, deixa de frescura. Já experimentou?
– Ahn?
– Sabe, erva.
Ela ficou branca. Careta.
– Não vim por causa disso. Eu queria te perguntar uma coisa.
– Pergunte, querida.
Se desconsertou, trocou o peso das pernas.
– Você... andou falando alguma coisa de mim pra outra pessoa?
– Claro! Falei de você pras meninas e tal.
– Não foi isso que quis dizer.
Evan desceu as escadas no exato momento. Salva pelo gongo.
– Loirinha...
– Eu já estava de saída. – virou-se, mas ele a agarrou pelo pulso.
– Mas já? A gente nem conversou.
– Eu vou deixar vocês sozinhos. - avisei, já voltando para o quarto. Alertei o pessoal e todo mundo começou a espiar da porta do banheiro (cômodo bem localizado. Nós os víamos, mas eles não nos viam).
– Não tenho nada a conversar com você – ela tentava se desvencilhar, em tom defensivo.
– Ah, mas por que isso? – Evan sorria, ainda a segurando.
– Preciso ir embora. – murmurou, irritada. Era engraçado assistir, porque ela era tão vulnerável e inofensiva. Dava até dó. *risos*.
– Ótimo, eu também estava saindo. – riu. – Soraya, eu tô saindo. – gritou, e depois começou a conduzir a ovelhinha pela saída. – vem, vou te dar carona.
– Não precisa.
– Claro que precisa.
– Não quero nada que venha de você.
– Nossa. – ele riu, se divertindo. – vamos, está tarde. Nenhum táxi costuma passar por aqui uma hora dessas. Você veio de carro, por acaso?
Ela hesitou, olhando pro chão.
– Não importa, eu vou a pé.
– E não tem medo de ser abordada ou algo do tipo?
Era irônico, já que Evan não era coisa melhor que qualquer estuprador barato. (Mas, convenhamos, um estuprador muito, muito gato).
– Prometo que te levo pra casa e te deixo em paz. – ele levantou as mãos, em sinal de rendição. – palavra de escoteiro.
Pronto, ele a tinha convencido.
– Tá, vamos logo.
Antes de ir embora, Evan virou-se pra mim e piscou. Agora sim, ela estava encurralada.
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depois de um tempo fora, voltei a todo vapor C: comentários são sempre bem-vindos!