O Segredo dos Códigos escrita por Luna Sapphire Calhoun


Capítulo 2
Rubi




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Querido Diário...

Me sinto uma idiota dizendo isso, mas a Sargento disse que, se eu não confio tanto nas pessoas, talvez um diário pudesse me ajudar, e se vou fazer isso, quero que seja do jeito certo.

Meu nome é Rubi, mas muitos aqui me chamam de Red. Se isso faz algum sentido? Não, não faz. Tenho cabelos loiros e olhos azuis. A única coisa vermelha em mim, é a pedra em minha pulseira, que uso o tempo todo, não importa o que. Por que esee estúpido costume? Não sei. Essa pulseira me faz lembrar de algo, algo perdido a muito tempo, algo que não tenho nem ideia do que seja, mas essa lembrança me dá forças pra continuar.

Vou te contar, minha vida não tem sido fácil. Tudo bem, Hero's Duty não é um jogo fácil, mas minha vida tem sido difícil fora das horas de jogo também. Pra começar, não sei nada sobre mim. Os outros personagens tem suas histórias, memórias, sonhos, propósitos, eu não passo de uma sombra. Um peão extra no tabuleiro. Não sei por que milagre ainda me lembro do meu nome, mas não sei de onde vim, porque vim parar aqui tão jovem, ou quem eu era antes de tudo isso... Não sei porque não tenho um código no jogo como todo mundo...

O que essa pulseira representa, ou porque todo ano no meu aniversário, que por acaso é hoje, eu começo a sentir falta de alguma coisa que não sei o que é, mas que sei, deveria estar comigo.

Às vezes, quando fecho meus olhos e esvazio a mente, ouço coisas. Uma delas é a vz de uma garota que grita meu nome, não consigo vê-la, não sei quem é... Ou às vezes eu sinto coisas, como um abraço quente e suave... Mas normalmente só vejo sombras indefinidas que se distanciam e deixam um vazio...

Devo dizer também que meu temperamento não ajuda. Sou uma menina muito boazinha, até de mais para alguém que vive num lugar como esse, mas certas pessoas tem uma tendência a forçar minha paciência além do limite, e quando passo do limite não sou do tipo que mede palavras ou ações e quando isso soma aos estranhos poderes, que não tenho ideia de onde vem, mas não contolo direito... Digamos que eu tenho uma tendência a causar confusão... E somando ao fato de eu ser a protegida da Sargento Calhoun... Só digamos que eu não sou a personagem mais popular desse jogo.

Mas acredito que isso tudo está prestes a mudar. Acho que devo começar com o incidente, dois dias atrás. Esqueci de contar que estou confinada aqui. Ouvi dizer que há muitos outros jogos fora daqui, o que faz sentido, já que estamos em um Arcade, mas estamos todos proibidos de sair do jogo. A polícia, mais comumente conhecidos como Caçadores de Vírus, bloqueia nosso acesso ao mundo lá fora, dizem que é perigoso, que vírus andam soltos por lá e eles são a única razão dos jogos serem seguros.

Tudo começou não muito depois que o Arcade fechou, aparentemente dois um vírus tinha escapado dos limites de segurança da polícia e podia entrar em algum jogo se não fosse capturado logo. Isso pôs todos em alerta, menos eu, é claro. Dizem que sou um pouco confiante e descuidada de mais para uma soldado, devo admitir que é verdade. Não posso evitar, faz parte da minha natureza.

Os outros dizem que isso é uma falha, a Sargento diz que isso é um dom. Ela diz que eu sou o que ela nunca foi. Tendo vindo parar aqui mais ou menos com a mesma idade que eu... Bem, não exatamente aqui, ela já era adulta quando aconteceu o desastre do projeto Cy-Bug, mas aqui, no exército... Ela diz que isso, somado a razão dela ter vindo parar aqui, não fez bem a ela, mas que eu sou diferente, diz que sou especial... É a única pessoa que confia e acredita em mim de verdade.

Mas, voltando ao assunto, vamos pular para uma meia hora depois do aviso, quando ele chegou.

Quem é ele? Ainda não tenho certeza, seu nome é Malcom e ele tem dezoito, três anos mais velho que eu. Não que isso importe, mas tenho essa mania de registrar esses tipos de detalhes sobre as pessoas, até mesmo antes dos rostos. Na verdade, a única coisa que realmente notei no rosto dele foram os olhos e isso porque eles tem um incomum brilho verde-neon.

Ele estava machucado, disse que seu jogo fora invadido e que ele conseguira fugir do vírus que causara tudo aquilo. A Sargento deixou ele ficar até se recuperar, mas no dia seguinte o mandou embora. Mas eu não podia simplesmente deixá-lo voltar para o perigo, não depois de ver o estado em que ele chegara.

Uma coisa de que me orgulho é que conheço esse jogo melhor do que ninguém. Cada detalhe, lugares e passagens que ninguém mais conhece, isso em quatro anos.

Então eu o deixei ficar, espero que essa seja a minha chance de sair da rotina, mudar a minha vida.

Então ela parou e olhou em volta. Tinha ouvido algo. Fechou seu diário e o pôs de volta na bolsa que carregava. Pegou sua arma, que estava caída ao seu lado e se levantou.

"É provavelmente alguém tentando te assustar." Ela disse a si mesma, tentando soar tranquilizadora. "Não que eles façam isso com frequência agora."

Ela estava tão tensa que sua caminhada a levou um pouco além de seu objetivo, diretamente para uma área quase inutilizada no subsolo.

Rubi estava subindo novamente quando ouviu o barulho de novo e vinha de perto. Sem pensar duas vezes ela correu para a o ponto mais perto que ela conhecia, a sala do código.

Ela derrapou para parar diante da porta aberta. Por que estava aberta? Algo estava errado muito ali.

"Sargento!" Ela chamou incerta, mas era a única pessoa que conhecia o código para abrir aquela porta.

Sem resposta, a jovem carregou sua arma e se aproximou mais da porta. Uma luz vermelha vinha de algum lugar ao fundo, mas ela não podia ver sua origem.

"Quem quer que seja, venha para onde eu possa te ver!" Ela ordenou com firmeza.

Novamente sem resposta, mas a luz se apagou. Ela ouviu o barulho novamente, dessa vez vindo de tras, virou-se, mas não tinha nada lá, foi quando sentiu uma mão em seu ombro, reagiu rápido, prendendo quem quer que a tivesse surpreendido entre sua arma e a parede.

Sua arma estava agora apontada para o peito de um rapaz, com o cabelo vermelho-sangue e os olhos cor de breu, vestido em calça jeans preta, camiseta vermelho-fogo e tênis preto e vermelho, Malcom.

"Malcom, você me assustou."Rubi protestou.

"Desculpe, eu não queria. Acabei de ouvir algo e vim para investigar. Porque você na sala do código e como você entrou lá?"

"Eu não entrei. Alguém fez. Acabei de ter uma estranha sensação de que alguém mais estava aqui e vim para investigar também."

Ela deva ter imaginado que ele viria. Era ali que ele tinha estado escondido. Mesmo ela não podia acreditar como ela era tão gentil às vezes, e poia quebrar as regras para ajudar alguém, se isso não fizesse mal a mais ninguém.

"O que você está fazendo por aqui?" Perguntou Malcom. "Veio aqui para me ver?" Ele sorriu brincalhão.

"Não. Na verdade, eu só queria ficar sozinha."

"Eu acho que ter a companhia de um grupo de Cy-Bugs inativos não é exatamente ficar sozinha." Malcom riu.

"Mas eu acho que sim." Rubi cruzou os braços, não achando graça na brincadeira.

"Desculpe. Mas tudo parece normal agora, então por que nós não vamos para casa e esquecemos isso? Se algo acontecer contamos a alguém." Malcom sugeriu.

"Não. É o meu trabalho me certificar de que tudo está funcionando bem neste jogo. Vou contar agora, e se eu te ver de novo por essa área você vai se arrepender. Entendeu?"

"Certo, certo. Você não precisa ficar tão irritad. Eu só queria ajudar."

"Eu não preciso de sua ajuda. Você nem deveria estar aqui."

Com essa última frase, ela se virou para ir embora quando ele falou de novo.

"E você também não."

"O que você está dizendo" Ela virou-se para ele.

"Você é um bug. Você nem deveria existir, mas você está aqui, e você é perigosa, para si mesmo e para este jogo. Talvez seja até você que trouxe o vírus para o jogo. Talvez..."

"Espere um pouco. Quem te disse que tem um vírus nesse jogo?" Rubi apontou a arma de volta para o menino."Você estava na sala de código. Você não estava correndo do vírus, você é o vírus, se escondendo da polícia aqui. Você sabia que eu nunca iria suspeitar de um menino."

"Boa dedução Red, mas um pouco tarde demais."

"Não me chame de Red. O que você fez?" Rubi avançou na direção dele, ameaçadora.

"Você realmente acha que eu vou te dizer, Red." Ele disse que a última palavra apenas para provocá-la. "Você tem um espírito guerreiro, mas nem tanto. Você nunca teria coragem de atirar em um humano." Ele sorriu.

"Um humano, talvez, mas você não é um." Ela deu um passo para a frente, mais uma vez, mas Malcom ficou firme onde estava, deixando ela chegar mais perto.

"Eu não sou? Então, eu te desafio a atirar. Prove que você está certa. Prove que você é um deles." Ela apontou. "Fria, sem coração..."

"Pare com isso!" Ela gritou, atirando para o teto, ela abaixou a arma e empurrou-o contra a parede. "Você não me conhece, muito menos tem o direito de me acusar de alguma coisa. Você..."

"Você está certa." Ele interrompeu. "Um monstro não tem o direto de dizer algo sobre o outro."

Em uma coisa ele estava certo, Rubi nunca iria atirar, mas isso não a impediu de acertá-lo com um soco antes de correr para fora. Ela tinha que avisar alguém antes que fosse tarde demais.


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