Are you mine? escrita por Becca Malfoy


Capítulo 5
Redenção.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :]



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"Can you forgive me again? I don't know what I said, but I didn't mean to hurt you" Forgive Me, Evanescence.

P.O.V – Luna Lovegood.

Acordei ansiosa e passei o resto da manhã assim. Tentei ocupar minha cabeça com o estado grave do meu pai (que foi mandado para a ala psiquiátrica do St Mungus, alegando ver vultos encapuzados no quarto no meio da madrugada), mas não dava. Minha mente era um misto de preocupação e medo, alegria e carinho. Eu não conseguia passar um minuto sem pensar naqueles olhos cinzentos, antes tão infantis, hoje tão adultos. Os vi ontem e já sinto falta.

Draco disse algo referindo a se redimir: imediatamente soube que iria à Hogwarts conversar com Harry, os Weasley, Hermione, Neville... Ah, Neville. A conversa que tivemos umas duas semanas após a Guerra vivia na minha mente; agora, já foi substituída por tudo que se refere ao Malfoy.

[FLASHBACK ON]

– Olhe o Profeta, Luna! – disse, dando uma gostosa gargalhada enquanto tomava mais um gole de cerveja amanteigada. Após a Guerra, o álcool virou mais uma fraqueza de Neville – Aparentemente, os covardes dos Malfoy foram vistos na Holanda e continuam sendo caçados. ‘Tô torcendo para que sejam pegos e tenham o que mereçam. – um lampejo maldoso passou por seus olhos, e eu não gostei do que vi. Continuei em silêncio, olhando pra baixo. No dia final da Guerra, ele tinha dito que me amava. Mas nunca foi recíproco, sempre o vi como um melhor amigo. Ele era o único que não notava isso – O que houve? – Perguntou, interpretando meu silêncio como se houvesse algo errado. E tinha.

A partir do momento que eu soube da fuga de Lucius e Narcisa, me peguei pensando como devia estar Draco numa hora dessas. Sempre o vi como alguém fraco e que precisava de ajuda, apesar da postura arrogante. Independente de todas as ofensas dirigidas a mim, eu via um medo presente em seu olhar, como se fizesse tudo de ruim por obrigação, por ascensão. Não porque queria.

– Acho injusta essa pressão toda em cima dos Malfoy. Só isso. – Ele riu.

– Ah, claro.

– Inclusive – continuei apesar do olhar sarcástico que Neville me deu. – pensei em ir à Mansão ajudar Draco. Todos estão caindo em cima da família dele... Ele deve estar arrasado. – disse simplesmente. Ele passou uns bons segundos olhando pro meu rosto, sem falar nada. Quando abriu a boca, seu tom descontraído tinha sumido; estava irritado.

– Você só pode estar brincando. Será que aquele merdinha faria isso por você? Eu duvido muito! – sua face redonda estava vermelha. Desvencilhei-me de seus braços, assustada.

– Neville. Eu não faço as coisas esperando algo em troca, você sabe muito bem disso. Tomei essa decisão de ajuda-lo, e pronto...

– Não, Luna, você não vai! Eu te proíbo! – sua voz foi ficando mais alta; ele nunca tinha gritado comigo.

– Ah, jura? – desdenhei. – e quem você pensa que é pra falar comigo desse jeito, Longbottom? A decisão já foi tomada, fim da história. Essa discussão é desnecessária, eu faço o que eu quero e ponto final.

– É. – levantou-se, colocando o dedo no meu rosto. – você gosta dele, Luna. Acha que eu não sei? Sempre gostou. Corre atrás dele então, ele é sangue p-puro e tem dinheiro... Um ótimo partido! – coloquei a mão na boca, ofendida. Neville soltou uma gargalhada demente, aparentemente se divertindo com meu choque. – Você é uma piranha, Luna. Eu digo que te amo, e você corre pro Malfoy – cuspiu. – Você me dá nojo. – e foi embora, batendo a porta com extrema força, me deixando sozinha com minhas lágrimas.

[FLASHBACK OFF]

Abanei a cabeça com as mãos, a fim de espantar toda a negatividade para longe de mim. Tomei banho e, pela primeira vez na vida, fiquei nervosa em relação a roupas e maquiagem. Uma atitude idiota, mas... Sabia que Draco tinha um gosto diferente do meu, e isso nunca foi problema pra mim, porém senti uma vontade enorme de agradá-lo. Da mesma maneira, sabia que ele não gostava de barba, mas reparei que não a tinha feito. Sorri com o pensamento reconfortante, e, por gratidão, coloquei uma saia cintura alta amarela de tecido leve e um top de flores roxas. Nos pés, umas botas marrons cano curto. Por fim, delineei os olhos, e deixei o cabelo trançado, com girassóis por todo seu comprimento. Me senti arrumada demais, porém confortável. E bonita. A última vez que me senti genuinamente bela foi no baile de natal do Slughorn, e parecia há décadas atrás.

Dei mais uma olhada no espelho, respirei fundo, saí de casa e aparatei. A dor da ansiedade de encontra-lo era, de longe, mais incômoda do que o ato de aparatar.

P.O.V – Draco Malfoy.

Apesar das dores, que já tinham diminuído bastante em comparação a ontem, estava absurdamente disposto e animado. Sabia que tudo podia dar errado e eu poderia não ser perdoado, que Potter e os outros fariam o mesmo que as pessoas fizeram no Beco diagonal. Mas simplesmente não me importava: faria de tudo pra mostrar que mudei, se eles aceitarem ou não, o problema sai de minhas mãos.

E tem o fator Luna, que deixa tudo mais bonito...

Pelas calças de Merlin, o que é que estava acontecendo comigo? Bufei, e comecei a me arrumar. Mantendo a barba loira, que já estava consideravelmente grande. Mas não me incomodei, pela primeira vez. Essa era uma semana de primeiras vezes, pelo visto.

Já estava pronto, de calças e botas pretas, e uma blusa roxa escura. Não quis me arrumar demais, até porque era com a Luna que eu estava saindo, então provavelmente ela surgiria com uma blusa do Pasquim, antiga revista de seu pai, e calças desbotadas.

A campainha tocou.

– Josephine! Não precisa atender! Eu sei que é pra mim. – Gritei rispidamente; queria ser eu mesmo a receber minha querida amiga, não a empregada. Tão logo abri a porta, fiquei chocado por alguns segundos. Deve ter ficado muito notório, levando em conta as risadas de Luna. Ela girou e fez uma pose.

– Como estou? – incapaz de formular uma frase que prestasse, ela me puxou pela mão e deu um beijo estalado na minha bochecha. – Você também está lindo, Draco. Agora vamos logo pra Hogwarts.

– Você está mais do que linda, Luna. E eu sou lindo sempre – eu falei, erguendo a sobrancelha. Ela riu mais ainda. Foi aí que eu percebi. – Não me recordo de ter dito o nosso destino ontem.

– Eu sou uma Ravenclaw não é à toa, oras! Vamos. – ela riu novamente, me deixando atordoado. Alguns minutos depois, estávamos em Hogsmead.

No caminho a pé para Hogwarts, conversamos sobre a escola, meu secreto desejo de entrar para a Armada de Dumbledore no 5º ano, ela contou suas preocupações sobre seu pai – que agora estava no St. Mungus – e eu despejei todas as inseguranças que tinha dentro de mim em poucos minutos. Era fácil falar coisas que ninguém sabia com a Luna. Ela me entendia. Ela apenas observava, com aqueles olhos enormes e inteligentes, analisando cada frase. Estávamos já no Portão Principal, quando ela disse, após meu monólogo:

– Você é um grande homem, Draco. Mesmo longe, eu aposto que seus pais morrem de orgulho de você. – É incrível a capacidade que ela tem de ser tão incomodamente verdadeira. – Vamos entrar. Você ‘tá pronto?

Entrelacei seus dedos nos meus.

– Agora eu estou.

[...]

Hogwarts estava a mesma de outros anos: Passou por 1 mês de reforma, e já estava apinhada de alunos. Provavelmente, os pais se sentiam seguros, agora que os bruxos das trevas foram derrotados. A única diferença era uma espécie de cemitério logo na entrada, com as sepulturas de todos aqueles que morreram e que estudavam ou trabalhavam lá.

Um pouco distante de todas, havia uma sepultura negra. Draco aproximou-se desta em especial e viu os dizeres na lápide: “Tom Marvolo Riddle” e mais nada. Sem data de nascimento ou morte, nem qualquer frase. Talvez fosse melhor assim, afinal.

Eles entraram, sendo alvo de vários alunos uniformizados. Uns falavam com Luna, alguns conheciam Draco por ser da Sonserina, mas se sentiam com medo de dizer algo. Era compreensível. Percorreram a escola até as gárgulas. Luna disse a senha, que era “Recomeço”. E assim, ambos subiram. Sem nunca soltarem as mãos.

Na sala da diretora Minerva, além da própria, estava Harry Potter e Gina Weasley num canto, Rony Weasley e Hermione Granger no outro e Neville Longbottom afastado. Assim que entraram, este bufou, demonstrando desagrado. As conversas cessaram.

– Olha só... Aparentemente interromperam minha aula pra essa babaquice. Harry e Rony são aurores, Malfoy. Eles podem te prender a qualquer momento, seu lixo! – Luna abriu a boca para responder, mas Minerva adiantou-se.

– Chega. Boa tarde, srta. Lovegood e sr. Malfoy. Sentem-se todos, por favor. Não admito grosserias em minha sala, então, quem quiser se retirar, faça-nos o favor. – disse a diretora, encarando Neville, sempre seca. – Pois bem. Pode-me dizer o motivo da reunião, srta. Lovegood? Recebi sua carta hoje, e, como a própria pediu, convoquei os jovens aqui presentes. Agora é sua vez.

Draco lançou um olhar para Luna, admirado. Como ela sabia que era exatamente isso que ele quis fazer? “Essa garota é um gênio”, pensou.

– Na verdade diretora, a palavra é com ele, como eu disse na carta. – McGonnagol assentiu, e olhou para Draco, assim como todos os presentes. Ele respirou fundo, levantou-se, e começou.

– Bem. Eu vim pedir minhas sinceras desculpas por ter sido um filho da...

– Malfoy! Sem palavrões na minha sala, por favor! – Draco se desculpou pra Minerva, olhando de relance para o quadro de Dumbledore. Este sorria para o jovem. Malfoy sentiu-se mais confiante e sorriu de volta.

– Ahn, desculpe diretora. A realidade é que eu fui covarde minha vida inteira. Peço perdão primeiramente para o nosso antigo diretor. – voltou a olhar para Dumbledore. - O senhor estava certo. Eu nunca tive a intenção de mata-lo, e certamente jamais conseguiria. Também estava certo ao dizer que eu tinha escolha, infelizmente demorou para que eu fosse capaz de enxerga-la, mas aqui estou, escolhendo o lado correto. O lado bom. – fez uma pausa. Olhou para os antigos “colegas”. – peço desculpas a todos vocês por ter sido um imbecil...

– Idiota, preconceituoso, canalha, escroto, arrogante e prepotente, ok, aceitamos. – Rony Weasley resmungou, porém, com um sorriso no rosto. Draco riu também.

– Exato, obrigado Ronald. E Potter... – engoliu em seco. – você salvou minha vida, naquela Sala Precisa. Não me esqueci. Obrigado, de verdade.

– Eu tenho complexo de herói, colega. – todos, exceto Neville, riram. – Não fica se sentindo. – brincou.

– Enfim. Eu sei que não dá para desfazer os erros que cometi ao longo da minha vida, mas busco pela minha redenção. Espero de verdade que todos aqui me perdoem. – todos se entreolharam, sorrindo, e assentiram para Draco. Novamente, exceto Neville. – E, obrigada a você – agora virando para Luna – que foi capaz de ver o que eu tinha de melhor, e trazer isso a tona. Você, Luna Lovegood – finalmente soltou sua mão e acarinhou seu rosto. Ela estava radiante. – foi a melhor coisa que me aconteceu em muito tempo. Obrigado por me dar a honra de ser seu amig...

– Mentiroso! – gritou Neville, interrompendo-o. – Não caia nesse papinho, Luna! Quando você menos esperar, ele vai acabar contigo, ah se vai! E não, seu merda, não te perdoo. Por mim você cairia morto agora!

– Neville! – chamou Hermione, mas o homem não dava atenção. Minerva, por precaução, lançou um feitiço “protego!” entre os dois loiros e Longbottom.

– Não me esqueci do que sua amada titia fez com meus pais! Vocês são todos farinha do mesmo saco! Pra mim chega dessa hipocrisia, não sou obrigado a ver isso aqui. – e virou-se para Luna. – E você... Você vai se arrepender da escolha que está tomando, ouviu? Isso não vai ficar assim! – E saiu da sala, deixando todos em choque e uma Luna Lovegood chorosa.


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Notas finais do capítulo

reviews? haha



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