Ice Cream escrita por IsaChan


Capítulo 11
Desculpe, não consigo me lembrar.


Notas iniciais do capítulo

Enjoy u3u

E por favor, não me matem -q .



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Acordei com uma forte luz branca interrompendo minhas córneas. Levantei-me de uma espécie de cama, e vesti um calçado claro que estava depositado logo abaixo de meus pés. Caminhei um pouco. Aquele lugar era totalmente estranho para mim.

–Onde estou? - Perguntei para o além. Que era meu único amigo. -Onde estou? -Repeti.

–Vejo que você acordou....Ou melhor, despertou. -Disse uma voz rouca, porém firme, pelas minhas costas.

–Ér, quem seria você? -A estranha criatura que estava me dirigindo tais palavras era mediano, com uma barba rala cinza. -Eu sequer te conheço?

–Mais respeito com os mais velhos, mocinha. -Disse o senhor forçando um pequeno fio de riso.

–Com licença. Mas o senhor poderia por favor me dizer quem é. E onde estou.

O homem por vez se aproximou de mim, me analisando por inteiro.

–Hm... -Resmungou - Sou seu guia à partir de agora. Meu nome é...Pedro. Gosto dele. -Respondeu o velho.

"Nome clichê" Pensei comigo,enquanto continuava minha caminhada.

–E bem, você está....Como vamos dizer? ...Numa espécie de paraíso. -Continuou.

Meu corpo avidamente se contorceu para trás.

–Ha? Corta essa, cara.

O velhote então soltou uma pequena faísca de gargalhada.

–Não acredita?

–Nem a pau! Que coisa idiota. Estamos aonde? Em um estúdio? Ou vocês estão fazendo algum tipo de piada comigo? Se sim, quero que parem agora, ou procurarei meus direitos. -Eu disse atropelando as palavras, enquanto observava o local procurando algum sinal de câmeras ou coisa do tipo.

–Venha comigo. -Disse o homem me chamando com o dedo indicador.

Eu então o fiz. O cara me levou até um lugar bem claro, quase que dava pra ouvir músicas de ninar ao fundo.

–Cara, essa claridade ta acabando comigo. -Resmunguei.

–Observe- Interrompeu ele.

O tal Pedro me lançou um tipo de um telão. Aquilo me deixou completamente chocada. Bem, ele me mostrara uma cena totalmente dramatizada.

Me mostrou o grito de desespero de uma pequena garota , junto de lágrimas escorrendo por todo seu rosto. Segurando junto de seus macios braços meu imóvel corpo. Carlos também estava lá. Voltava seu capuz para si, com um olhar de culpa e orgulho. Um carro branco repousava ali também. Meu corpo sangrava.

Minhas pernas estremeceram.

Minha voz falhou.

–Ha, ha ha . O-o- que significa isso? - Gaguejei. Meu coração saltitava. Por mais que ainda achasse que aquilo era uma espécie de brincadeira, era realístico demais. Não podia ser o que estava passando por minha mente. Eu não lembrava de ter ingerido drogas ou coisa do tipo para ter um fim tão trágico.

–Você ainda não entendeu? Bem, garotinha, você está morta agora...E é, tão jovem... - Disse o cara ainda fitando o telão, com as cenas se repetindo.

–Olha aqui, cara, para de brincadeira, entendeu? -Me vi com minhas mãos coladas em seu colarinho, poucos centímetros acima do chão. -M-me desculpe. -O desci novamente.

–Sente-se. -Ele apontou para um banco. -Deixe-me te explicar melhor ... -Continuou. -Quando morremos, ou sofremos algum tipo de pausa de espírito, viemos parar aqui. Não vá pensando que eu sou um tipo de deus ou anjo. Não, seria tolice demais de sua parte. Sou apenas um subordinado. Faço o que me instruem aqui . E me disseram para te guiar.

–Me guiar até onde?

–Até sua cova.

–Ora, ora. -Interrompeu uma terceira voz, com um tom totalmente sarcástico. -Assustando os novatos de novo? Você não se cansa disso, não é, Sr. Pedro.

O outro cara era alto, e sua roupa era toda azul. Seus cabelos eram lambidos e totalmente negros. E sua pele era clara e macia.

–Menina, você não morreu. Venha. -Disse ele prendendo-se em meu braço. - Da próxima vez que fizer isso de novo, te arrebento a cara, mané! -Disse o homem mais novo ao velhote. O mesmo arqueou a testa.

–Que seja, que seja! - Disse ele se afastando.

–Vá. Viva, ainda não chegou sua hora. -O cara sorriu pra mim, me empurrando para trás. Minhas costas foram repentinamente tocadas numa roleta, que me fez ser jogada fortemente para fora.

Num despertar abri meus olhos. Eles ainda estavam embaçados. Arqueei um pouco a testa. Pude observar várias flores numa pequena mesa. Meus braços enfaixados. Uma sala azul e escura. E uma garota miúda adormecida aos meus braços. Segurando uma flor amarela. Havia uma tatuagem em seus dedos. "Lesly" estava gravado em sua pele.

Observei mais um pouco, não pude evitar o estranhamento. Minha cabeça girava. O que demônios acabara de acontecer? Quem demônios era aquela garota? E onde demônios eu estava?

Levantei um pouco meu tronco. Fiz com que a menina adormecida a mim acordasse. Ela me soltou um olhar espantando e brilhoso. Pude perceber que ela engoliu a seco sua saliva. Ela rapidamente se levantou e saiu gritando pelos corredores.

–Ela acordou, ela acordou!!!! Vamos, cambada, ela acordou!!!

Seria ela uma enfermeira? Maneei minha cabeça e pude ver o relógio digital marcando 03:54 em seus números vermelhos.

A garotinha voltou para mim, e me encarou durante uns três minutos. Até que eu quebrei o silêncio:

–Hm...Onde estou?

–No hospital.

–Por que?

–Você não se lembra? -Disse a menina se aproximando. Ela me fitava intensamente, com os olhos forçados e marcados pelo choro.

–Hm, não...

–Você foi atropelada. -Continuou ela, enchendo seu olhar de lágrimas. -Você me assustou. Achei que eu fosse te perder de novo. Por favor, não faça mais isso. Nunca mais. -A garota continuou a chorar. Ela me abraçou. Com seus longos fios de cabelo grudando em meu corpo suado.

Ela era baixa, tinha cabelos cumpridos e negros. Seus olhos destacavam um céu estrelado.

–6 meses Lesly...Você me deixou agonizada por 6 longos meses. -Choramingou ela ainda presa a mim.

O problema é: Eu não fazia a mínima ideia de quem era ela.

Antes de abrir minha boca minha mãe entra na sala. De hospital, como me fora informado. Calei-me imediatamente.

Ela correu para meus braços, agarrando meu pescoço.

–M-mãe, isso dói. -Reclamei, enquanto acariciava seus sedosos cabelos.

Aquela garota ainda me fitava com intenso brilhos nos olhos.

–Bem, dona... -Forcei a visão e pude enxergar o nome daquela garota ."Jaqueline" estava escrito no papel colado ao casaco da garota. -Jaqueline! Isso, Jaqueline. Você poderia me deixar um pouco a sós com minha mãe?

Ela assentiu.

Assim que ouvi o som da porta se fechando, é que pude finalmente sentir liberdade.

–Mãe!! -Sorri. Estendendo meu braço todo enfaixado. -Mãe, me explica o que acontece. Por favor, mãe. Me diz quem é a garota que estava aqui.

Minha mãe ficou pasma.

–Filha, sem brincadeira. Ha ha. Não é hora pra isso, meu amor.

Fiquei sem entender.

–Mãe, onde está Carlos? Quero vê-lo.

–Filha...- Disse ela soltando um breve suspiro e se sentando à cadeira que ficava pela lateral da maca. -Carlos é a última pessoa a quem você verá agora, meu amor.

–Mãe? Por quê? Ele é meu namorado, mãe.

–Lesly. Não esconda, filha. Não precisa mais esconder. Jaqueline já me contou tudo... Eu...Filha, eu apoio vocês. Seu pai apoia vocês. Filha, eu já vivi um amor com uma garota. Olhe. -Disse ela me mostrando uma fotografia que havia retirado de sua bolsa. Nela estavam duas garotas, que uma delas era minha mãe, com as mãos entrelaçadas e com largos sorrisos. - Ela era minha namorada. Ela salvou minha vida. Bem, logo após veio seu pai. Após a morte dela seu pai me deu um apoio,me impediu que eu fizesse alguma besteira. E eu sei o que vocês sentem , meu amor... -Disse ela segurando minhas mãos.

–Mãe, o que você está tentando dizer?

–Eu já sei que você e Jaqueline namoram, amor.

Aquelas palavras me atingiram como pedras de gelo. Direto no peito.

–Ha ha ha. Mãe, muito engraçado. -Minha barriga roncou. -Estou fome. -Então me levantei. Minha mãe logo impediu.

–Nem pense! Sente-se aí e me explique.

–Mãe, sinto fo-

–Sente-se!!

Eu então me sentei.

–Agora me fala...Tudo o que você se lembra...

Forcei minha memória, puxando todos os fatos que as atingiam lentamente.

–Bem, lembro de Carlos...Lembro de nossa família fazendo as malas pra morar no interior. Coisa que eu ainda acho bobagem. Isso! Lembro-me que íamos morar numa pequena cidadezinha. Não vamos mais, não é?

–Lesly. Você ta brincando?

–Nunca falei tão sério em toda minha vida. Mãe, eu estou confusa. Como vim parar aqui?

Minha mãe se levantou, cambaleando. Não houve resposta. Ela apenas disse fracamente um "Não saía daí" enquanto caminhava com seus lentos passos até a porta.

Alguns minutos após vi um médico e duas enfermeiras entrarem. Uma delas traziam uma bandeja, cheia de frutas e um copo de suco.

–Oba, já estava mais que na hora. -Disse esfregando minhas mãos, satisfeita.

O médico então me deu um tempo para comer. Ele me fez várias perguntas. Tudo durou no mínimo umas duas horas. Eu já estava cansada.

–Muito bem! -Disse o moço de roupa branca ao terminar sua tediosa entrevista. -Vamos ver o que faremos por você.

Pude enxergar o Doutor falando com minha mãe por trás da porta. Ela rapidamente começou a chorar.

Surgiu então novamente aquela garota. Por notar bem, ela era bonitinha. Mas minha mãe exagerou em dizer que eu namorava ela. Nunca senti atração por meninas. Nem mesmo nas festas de pijama, quando se juntavam as mais lindas garotas de meu colégio.

–Viu só,deixei meu cabelo crescer. Gostou? -Perguntou ela, direcionando seu largo sofrido sorriso a mim.

–Você é bonita.

–E você é linda. - A garota se aproximou ainda mais, me deu um carinhoso beijo na bochecha. E voltou a se sentar. -Olha só - Continuou ela, mostrando-me seus dedos. -Tatuei seu nome em meus dedos.

–Muito gentil da sua parte. -Respondi, tateando meus braços.

–Não é? - Indagou ela enquanto soltava uma forçada gargalhada. -Fico feliz em estar com você agora. -Ela depositou sua cabeça em meus joelhos. Os cariciando.

–Ta, mas quem é você?


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Notas finais do capítulo

Não matei ela, me amem u3u -qq *corre*



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