–Vamos comer, mi hijos. –Mãe Sant disse usando aquele sotaque latino estranho que ninguém entendia.

Todos nos sentamos, mãe Sant na ponta da mesa como sempre, eu e Barbra a sua direita e mãe Britt a sua esquerda. Era tão estranho isso, fazia muito tempo que não almoçávamos todos juntos, e quando almoçamos quase não nos comunicamos, apenas trocamos alguns olhares. Mãe Sant disse que é feio falar enquanto comemos, por isso era quase inexistente o som naquela hora. Só falávamos as coisas necessárias como "Passe o sal" ou "Isto está muito bom".

Após a refeição fomos todos direto para sala, assim então podíamos contar as novidades. Olhei a cozinha por um momento e vi a Rosa, nossa empregada, conversando no telefone. Aquela lá nunca faz nada, e quando faz, reclama, vai entender. –Ri com meus pensamentos e todos olharam para mim no mesmo instante.

–O que você tá rindo ai moleque? –Mãe Sant perguntou não entendo nada.

–Esse ai tá doido mãe, é falta de sexo. –Barbra falou séria me encarando, mas logo não aguentou e começou a rir. Claro que mãe Britt e Sant a acompanharam.

–Então, quais as novidades, Dona Santana Lopez? –Perguntei olhando a mãe Britt brincar com seu cabelo.

–Dona é a Vó moleque cabeçudo. –Sant riu fazendo careta pra mim.

–Isso é bullying, e você, senhora minha mãe, tinha que dizer que eu sou um moço muito bonito. –Falei todo paciente.

–O que eu ganho mentindo? –Ela disse ainda rindo, mas parou logo quando a mãe Britt deu um tapa em seu ombro.

–Sant! –Britt olhou indignada a mulher.

–O que? Af só estou brincando com o meu pequeno hijo.. Que chatos vocês. –Sant cruzou os braços fazendo beicinho, deixando a mãe Britt toda mole.

–Conte logo as novidades para os nossos pequenos bebês. –Britt disse sorridente.

Eu e Barbra encaramos as duas por um tempinho. Foi então que ela se pronunciou.

–Bebês, sério? –Barbra perguntou olhando a mãe Sant e depois a Britt.

–Sim, vocês serão sempre meus eternos bebês! –Respondeu mãe Britt com os olhinhos brilhando.

Aqueles olhinhos dela, conseguiam deixar até a pessoa mais turrona do mundo, mole feito geléia. Mãe Sant tomou a palavra e começou a contar as novidades.

–Então.. –Sant puxou a Britt pro colo dela, colocou uma de suas mãos na barriga da mesma e continuou. –Vocês vão ganhar um irmãozinho! –Ela sorriu feito boba e deu um selinho em mãe Britt.

–Ou irmãzinha!! –Britt disse mais feliz que nunca.

Olhei a Barbra que estava mais abobada que eu, fiquei em choque por alguns minutos, então me levantei e abracei as duas o mais forte que pude.

–Tomara que seja um irmão, pra dai eu ensinar tudo sobre como conquistar as gurias pra ele. –Soltei as duas, me sentei na mesinha que havia no centro da sala, e as olhei. –E também pra dividir meus carrinhos e pra ver desenho com ele, vai ser legal um companheiro já que mãe Britt me deixou. –Olhei triste pra baixo terminando de falar.

Babra ainda estava paralisada, não disse nada, não fez nenhum gesto, ficou imóvel assim que Sant disse que ela ganharia um irmão ou irmã. Foi então que por um milagre divino ela se levantou, abraçou as duas e subiu pro seu quarto.

–Filho, hoje você tem a casa só pra você, Barbra vai sair com o Zac namorado dela, e eu e a Britt vamos comemorar! –Ela disse toda animada tomando os lábios de Britt em um beijo.

Olhei com um pouco de nojo aquela cena. Ok são minhas mães, mas na minha frente não poxa, ninguém merece ver os pais ou no caso as mães se pegando. Me levantei e segui pro meu quarto deixando a sala livre para as duas.

–Tchau filho, vamos sair.. –Britt gritou alguns minutos depois que eu cheguei no quarto.

–Ta bom, mãe. –Falei quase morrendo, estava jogando no celular um jogo de carros, era bem legal e aquela fase estava difícil, quase nem dei atenção ao que elas falaram assim que respondi, só entendi que a Barbra tinha ido junto.

Decidi parar de jogar, fiquei olhando a tela do celular apagada, comecei a me lembrar do dia de hoje, tanta coisa aconteceu, eu conheci a garota dos meus sonhos, fiquei com Bree, terminei com ela, Els disse que queria conversar comigo. –Els! –Disse voltando do transe de meus pensamentos, liguei meu celular e então mandei uma mensagem para ela.

"Baixinha, onde você tá? -J "

"Estou chegando na sua casa, abre a porta. -E "

Els nunca tinha colocado ponto na mensagem e escrito daquele jeito, assumo que fiquei meio assustado ao ler aquilo, primeiro "Precisamos conversar" e agora isso? Els queria me matar do coração, só pode. Fui descendo as escadas o mais rápido que pude, quando abri a porta, Els estava prestes a bater.

–Precisamos conversar. –Ela disse em um tom sério, olhando brava para mim.

–Oi pra você também.

–Sem gracinha, Jake, isso é sério, precisamos mesmo conversar. –Els foi entrando em casa enquanto falava, fechei a porta então a puxei pro sofá comigo.

Ela se sentou ao meu lado, segurou minha mão, deu uma boa olhada em mim para se certificar de que estava tudo bem e eu não havia sido abduzido por Et's.

–O que está acontecendo? –ela me olhou meio confusa, com um toque de curiosidade no olhar.

–Não é nada.. –abaixei minha cabeça.

–Ficou estranho a partir do momento que apresentei Marley, por que hein? –Disse ela em um tom bem suave levantando minha cabeça com cuidado para que eu pudesse olhar pra ela.

–Não é nada mesmo caramba. –Soltei minha mão, levantei do sofá e comecei a andar de um lado pro outro na sala.

Els levantou logo em seguida, parou na minha frente e me abraçou bem forte apoiando sua cabeça em meu peito.

–Tudo bem.. Mas se quiser contar algo ou desabafar, saiba que estou sempre aqui pra te ouvir moreno. -Els disse quase sussurrando.

–Eu sei pequena. –Sorri retribuindo o abraço a garota.