Já era a bendita sexta-feira da viagem, e eu arrumava minha mala. Depois de mil e uma desculpas para não ir, tive que ceder... Lola era boa em convencer as pessoas. E por incrível que pareça, Jean também. Tenho absoluta certeza que os dois armaram um complô para me enfiar nesta casa, sem ao menos saber na enrascada que poderíamos estar entrando.

Tive que admitir para mim mesma, que eu e David tínhamos uma espécie de ligação, de alguma maneira. Mesmo que seja apenas sexo. Não havíamos “cortado o mal pela raiz”, pois sempre nos olhávamos de uma maneira... Pergunto-me se acontece com ele, esta coisa que me dá vontade de agarrá-lo e voltar para o meu quarto em seus braços. Já Jean... É aquela coisa delicada, fofa e bonitinha, como eu sempre imaginei. Eu ainda não havia ficado totalmente a sós com ele, desde o dia que Jean me pediu em namoro. Passamos a semana inteira nos encontrando no colégio, e ele me ligava pela noite e ficávamos conversando uma boa parte do tempo. Estávamos decidindo quando ele iria se apresentar formalmente ao meu pai e quando eu iria me apresentar a sua família... O que estava me deixando um pouco nervosa.

– Cher! – Meu pai gritou da sala. – Lola chegou...

Ok, é nesse momento que eu finjo ter uma dor de barriga e acabo com tudo... Mas... Não era certo fazer isso. E eu teria que enfrentar isso de algum jeito.

Desci as escadas decidida, nem tanto, porém, teria que estar. Lola estava na soleira da porta, com uma calça jeans e um suéter preto. O frio lá fora estava desagradável, coloquei meu casaco e sorri meio desanimada para ela, que retribuiu com uma piscadela.

– Divirtam-se! – Papai sorriu ao me dar um beijo estralado na testa.

Caminhamos quietas até o carro de Lola.

– Onde estão os meninos? – Perguntei ao entrar no banco de passageiro.

– Na casa de Jean. – L sorriu ligando o carro. – Preparada?

– Não. – Admiti, mesmo sem saber ao certo o que ela quis dizer.

– Ora, por quê? – Ela olhou rapidamente para mim e depois voltou sua atenção para a pista.

– O que você quis dizer com preparada? – Perguntei.

– Você sabe... – Mordeu o lábio. – Perder a virgindade com Jean...

– Ah, disso... – Ri. – Devo estar pronta para isso?

– Claro. – Ela também riu. – Eu não estava pronta. Mas agora sinto que David é a pessoa certa...

– Você tem certeza, L? – Disse. – Sabe, às vezes você pode está enganada.

– Acho que não estou, Cher. De verdade. – Lola olhou rapidamente para mim. – Se vocês dois parassem de birra... Você iria perceber como ele é uma pessoa boa.

– O importante é que ele seja bom com você. – Pigarrei.

Essa conversa me incomodava. Eu nunca fui muito de mentir, e omitir algo da minha melhor amiga estava sendo ruim... Mas algo me dizia que, por circunstancias alguma, eu deveria compartilhar isso com ela.

No fundo, sabia como David era bondoso, cuidadoso e prestativo... E bom de cama. Lola não iria se arrepender de ter sua primeira noite com ele. Confesso que isso me deixou um pouco enciumada, mas o que eu deveria fazer? Eu na verdade era namorada de Jean. David namorado de Lola. Os papéis não deveriam inverter.

– Olá! – Jean virou-se para mim esboçando um sorriso lindo, após colocar suas coisas na mala.

Ele me puxou para mais perto para um beijo rápido. Jean estava cheiroso e lindo como sempre. Usava uma jaqueta do time do colégio.

– Pronta para um fim de semana romântico? – Riu ao sussurrar isto em meu ouvido.

– Romântico? – Mordi o lábio. – Não foi o que eu pensei. – Pisquei, depositando selinhos em seus lábios.

– Os pombinhos poderiam se amar dentro do carro, por favor? – David pigarreou, quando virei-me... Seus olhos queimavam em mim, ele indiscretamente estava me olhando. Qual era o problema dele? Ainda bem que Jean não havia percebido, ou eu espero isso.

Entramos no carro, Jean pôs seu braço ao meu redor, enquanto Lola nos encarava do banco passageiro.

– Prontos? – Ela deu um sorriso entusiasmado.

– Sim! – Jean sorriu, e então David ligou o carro...

E agora estava prestes a começar a viagem.