P.O.V Scorpius Malfoy

A cabine tinha acabado de esvaziar e eu estava fazendo um feitiço para deixa-la seca, ao passo que Rose colocava uma camiseta minha e prendia com um sinto. Estávamos muito silenciosos, constrangidos é a palavra certa. Constrangidos pelo que quase acontecera entre a gente. Péssima ideia Scorpius, péssima ideia. E agora? O que ela vai pensar de você? Só gostaria de entender porque eu me importaria com o que ela pensaria de mim.

Você não consegue perceber Scorpius? É tão cego assim?

Cego de que?! Eu vejo tudo perfeitamente bem! Estou preso em uma cabine com uma garota que provavelmente me odeia!

Está a um palmo de você! Tente enxergar!

E com isso a minha consciência parou de discutir. Mas eu ainda travava uma guerra.

– Acho que vou descansar um pouco. – anunciou Rose enquanto puxava o assento.

– Ok. – eu falei.

Ela realmente dormiu depois disso. Não sei quanto tempo passou, só sei que o céu já estava totalmente escuro quando ouvi uma batida na porta. Agora não Luke, pensei. Porém quando eu afastei a cortina encontrei a face de Alvo do outro lado.

– Scorpius! – ele exclamou.

– Será que dá pra falar mais baixo! – eu reclamei.

– Foi mau cara. – ela falou mais baixo. – Mas é que eu acabei de saber que você está na cabine com a minha prima. Como isso rolou? Tipo... Quem foi que abriu os olhos pra vocês se ligarem que se amam? Porque com certeza vocês não conseguiram sozinhos.

– Do que você está falando? Foi a sua irmã que prendeu a gente aqui!

– Ah sim! Mas eu pensei que vocês já estivessem juntos!

– Como assim?

– Por favor, Scorpius! Vai me dizer que não sacou? Eu estou tentando alertar vocês dois há séculos! O ódio é algo muito inferior ao amor que paira entre vocês dois. Só são orgulhosos demais para perceber.

– Você parece uma garotinha falando assim.

– Eu estou falando sério.

– O que? Eu e a Rose? Só nos seus sonhos rapaz.

– ‘Ta vendo! Já está até a chamando de Rose! Daqui a pouco vai ser Rosie, depois Rosinha... Ai vão começar com aquele lance de “amor”. – ele falou zombadeiro.

– Cara, eu vou ter que falar a verdade. – Alvo se animou com a minha fala. – Eu nunca chamaria a Rose de “Rosinha”. Que coisa ridícula!

O Potter revirou os olhos.

– Vamos fazer um acordou. – ele sugeriu. – Vou ficar aqui fora sentado esperando. Você a beija e me diz se sentiu alguma coisa. Se sim, é porque você está apaixonado. Se não... Eu peço para a Professora Minerva te tirar dai.

– E se eu estiver apaixonado...

– Bem, ai eu vou deixar vocês ai, porque eu creio que você não vá se importar.

– Acordo fechado.

– Você tem até meia noite para me dar uma resposta.

Dizendo isso Alvo fechou a cortina.

Merlin! Como eu fui me envolver em uma coisa dessas? Eu admito que sinto algo a mais pela Rose... E estou confuso em relação a isso. Mas primeiro, eu tenho que descobrir como beijar Rose sem que ela me mate.

P.O.V Rose Weasley

Eu fui acordada por uma voz falando meu nome.

– Rose...

Eu reconheci a voz de imediato, porque era a mesma voz que conversava comigo no sonho. Scorpius Malfoy. Eu abri os olhos e a única coisa que eu pude dizer foi:

– Uau.

Eu usava um vestido branco que ficava lindo em contraste com o meu cabelo. Ele ficava a um palmo acima do joelho e era rodado. Eu usava uma sapatilha com um tamanco, também brancas. Scorpius estava igualmente arrumado. Usava um terno com uma gravata vermelha, que eu suspeitei que fosse para combinar com o contraste do meu cabelo. O que mais me surpreendeu foi à cabine. Assim que eu me levantei ele fez um feitiço e os dois assentos desapareceram. Velas flutuavam ao redor de toda a cabine, mas quando eu olhei pra cima, tive vontade de chorar.

O teto da cabine estava transparente, e assim eu conseguia ver o céu. As estrelas brilhavam mais do que nunca, ou talvez fosse à emoção refletida.

– Gostou? – indagou Scorpius, com um pouco de insegurança na voz.

– Scorpius... É lindo, mas pra que tudo isso? – eu o encarei.

– Só achei que você fosse gostar. Agora...

Ele acenou com a varinha e uma musica começou a tocar. Reconheci imediatamente, pois era uma de minhas favoritas. You and I da One Direction. Era uma música lenta, perfeita para...

– Me concede a honra dessa dança? – ele perguntou, esticando o braço.

– Com certeza. – eu sorri.

Ele me puxou para perto e o contato fez minha pele arrepiar. Ele abraçou minha cintura e eu coloquei minhas mãos no seu pescoço. A luz da noite seus olhos ficavam um cinza prateado. Então começamos a dançar. Dançamos por toda a cabine, o clima completamente perfeito. Eu nunca tinha dançado antes, mas dançar com ele era como se eu dançasse assim todos os dias. Ele me guiava pelo espaço apertado da cabine.

No final da música ficamos parados no centro da cabine, nos encarando. Eu decidi quebrar o clima, afinal de contas, nunca fui muito boa com o silêncio.

– Como descobriu que eu gostava dessa música? – indaguei.

– Intuição. – ele sorriu marotamente.

– Você também intuiu que eu gosto de branco?

– Não, mas no baile de inverno do quarto ano você usou branco, então imaginei que fosse gostar. Além do mais, você fica bonita de branco.

Eu sorri e ele me puxou para mais perto, se é que era possível. Estávamos tão próximos, os narizes se tocando. Eu olhei de relance para o lado, só para ver se tinha alguém observando, mesmo sabendo que estávamos sozinhos ali. E eu vi. Reconheci imediatamente os olhos verdes de Alvo. Desfiz-me de Scorpius e andei irritada até a porta.

– Rose... – ouvi Scorpius chamando, mas eu não queria saber. Chegara ao meu limite.

– O que isso? – eu perguntei gritando.

Scorpius pareceu perceber que Alvo estava do lado de fora, mas não pareceu surpreso e sim, chateado.

– É esse o planinho de vocês? – eu continuei berrando. – O ACORDO de vocês? Muito simples, não acham? Scorpius conquista mais uma garota e como recompensa, o melhor amigo o tira da cabine. E o galãzinho pode exibir seu troféu por toda a Hogwarts! Maravilhoso, não acham? Pena que deu tudo errado! Porque podem acreditar, eu não sou nenhuma das suas garotas!

Scorpius parecia abalado, ao ponto em que Alvo decidiu sair de fininho.

– Eu não sou qualquer garota, ouviu Malfoy? Não sou qualquer uma que você pode ter e exibir! E a culpa é toda sua de estarmos aqui! Porque você não podia estar em uma cabine cheia? Que merdas estava fazendo sozinho em uma cabine? Lendo, ainda por cima? Merlin só pode estar brincando com a minha vida! Você é um...

Mas eu não terminei a frase, porque os lábios de Scorpius já estavam sobre os meus.

P.O.V Scorpius Malfoy

Não. Eu não sou louco. Talvez eu seja louco por Rose. Talvez não. No momento em que eu encostei meus lábios nos dela, eu soube.

Estou apaixonado por Rose Weasley.

P.O.V Rose Weasley

Eu estava abismada. Mas mesmo assim não fiz nada. Quando Scorpius selou nossos lábios, eu me esqueci de tudo. Só sabia que eu estava beijando ele e que, surpreendendo até a mim, eu estava gostando. A língua dele pediu passagem e eu logo cedi. As mãos dele voaram para a minha cintura, ao ponto que as minhas já estavam enroscadas em seus cabelos. Nossas bocas se encaixavam perfeitamente, assim como nossos corpos. Eu queria esquecer todo o mundo e ficar pra sempre ali, beijando ele. Mas a falta de ar nos obrigou a nos separarmos. E então eu voltei ao normal.

– Por que você fez isso? – exclamei ofegante.

– Por dois motivos. – ele falou. – Pra você calar a boca e porque eu estou apaixonado por você.

Meu queixo caiu (no sentido figurado), minha boca ficou aberta. Eu não conseguia acreditar no que eu estava ouvindo, ao ponto que eu não conseguia formular uma resposta.

– Eu... Não sei o que dizer. – disse por fim.

– Não diga nada. – ele confirmou partindo para mais um beijo.

Mas dessa vez eu dei um passo para trás.

– O-oque? – ele indagou parecendo confuso.

– Scorpius, eu não sei direito se devemos... Se eu quero... Entende? – eu confessei.

– Mas você me beijou!

– Isso significa que eu sinto alguma coisa por você, mas eu ainda estou confusa em relação a isso.

Ele acariciou minha bochecha levemente, a minha pele esquentando onde ele tinha tocado.

– Deixe-me tentar. - ele implorou baixinho.

Eu não disse nada, mas pelo meu olhar ele entendeu e me beijou novamente.