P.O.V Rose Weasley

– O que? – ele indagou.

– Você está fedendo. – eu falei lentamente, do jeito que se fala com crianças.

– Não é isso. Você me chamou de Scorpius.

Eu hesitei.

– Hum, você deve ter ouvido errado.

– Não, eu ouvi muito bem! Você me chamou pelo meu nome!

– ‘Tá, pode ter sido um pequeno declive meu, mas não precisa ficar alarmado que não vai acontecer de novo.

– Não, sério. Pode me chamar de Scorpius. Afinal de contas, é o meu nome.

– Ok, agora voltando ao assunto inicial – eu dei uma cheirada no ar. – Você continua fedendo.

– Desculpe, mas você não está diferente.

– Ótimo. Então use a sua varinha para tirar esse cheiro!

– Já ouviu falar em banho?

– Não. – ironizei.

– É uma pena. Bem, eu vou explicar.

– Eu sei o que é banho idiota.

– Então é disso o que precisamos!

– Eu não vou tomar banho com você!

– Tudo bem, então pode molhar todas as sua roupa.

– Porque eu molharia todas as minhas roupas?

– Porque eu vou encher a cabine de água. O bastante pra gente flutuar, mas menos do que o necessário para encher, assim não molha a minha mala.

– Você não vai fazer isso!

– Me impeça.

– Está bem. Eu molho as minhas roupas e depois coloco uma camisa sua que deve ficar um vestido em mim.

– Ah claro, acontece que não dá pra tomar banho de roupa.

Eu o encarei. Ele tinha um sorriso travesso no rosto.

– Nem pense nisso!

E no instante em que começou a jorrar água da ponta da varinha dele eu tirei a roupa, ficando só de lingerie. Deu pra perceber o olhar surpreso que passou pelo rosto dele, mas eu não me importei. Eu não iria molhar as minhas roupas. A água já chegava ao meu tornozelo quando ele acenou a varinha de novo e despiu das roupas dele, ficando somente de cueca Box. Não pude deixar de perceber como ele era musculoso, não que isso realmente importe.

Então a varinha continuou a jorrar água. Ele me olhou de novo. Dessa vez eu acho que ele esperava que eu saísse dando golpes de caratê nele.

– Você está completamente ciente de que está só de lingerie na minha frente? – ele perguntou cuidadosamente.

– Sim, eu estou completamente ciente. – falei irônica.

– E você não vai me aplicar um golpe de caratê?

Ótimo. Era o que me faltava.

– Por que diabos eu ia aplicar um golpe de caratê em você?

– Hum, ia ser um pouco mais normal.

– Há-há.

– Bem, primeiro você me abraça depois me chama de Scorpius e agora vem com essa de ficar de lingerie na minha frente.

– No primeiro item eu estava abatida, então não vale. No segundo você ouviu errado. E no terceiro, eu não vou molhar a única roupa que cabe em mim que tem dentro dessa cabine!

A água já estava na minha cintura quando eu acabei a frase. Scorpius deu de ombros. Ficamos em silencio até que tinha tanta água que meus pés foram levantados do chão. Ao perceber que já tínhamos o suficiente de água, ele parou a varinha e a guardou no malão, que por estar em um lugar alto, não havia sido molhado.

– Pronto. – ele anunciou.

– E agora? – eu indaguei me sentindo a maior idiota do mundo.

– E agora... – ele pareceu pensar. – Não sei.

Pelo menos eu não estava me sentindo idiota sozinha.

– Você tem um sabonete? – perguntei mordendo o lábio inferior.

– Não. Pra que um sabonete?

– Pra me lavar! Ou você encheu isso aqui pra ficarmos conversando?

– Infelizmente eu não tenho.

Eu revirei os olhos. Quem em sã consciência não leva o próprio sabonete para Hogwarts? Ele ia o que, usar o do melhor amigo? Mais uma vez eu desejei ter a minha varinha para conjurar um sabonete.

– Conjure um oras! – exclamei.

– Qual a necessidade disso? – ele pareceu entediado.

– Ótimo. Então você vai ter enchido a cabine de água pra nada.

– Te ver de lingerie valeu a pena.

Eu corei, mesmo lutando com todas as minhas forças para não fazer isso. Depois eu fechei a cara, enquanto ele se dobrava de tanto rir.

– Muito engraçado Scorpius. Agora, já que fez tudo isso pra nada, pode desfazer, por favor?

– Me chamou de Scorpius de novo.

Dessa vez eu não tinha como negar. Tinha realmente o chamado de Scorpius. O nome saiu da minha boca naturalmente, eu não pude conter. Porém, ele não desfez. Envez disso ele mergulhou e antes que eu pudesse me perguntar por que merdas ele tinha feito isso, alguma coisa puxou as minhas pernas pra baixo. Eu deslizei na água e demorei pelo menos um segundo para me acostumar com a visão subaquática.

Scorpius tinha me puxado pra baixo d’água e agora estava rindo. Eu não sabia que era possível rir enquanto estava submergido. Então ele tirou a varinha sei-lá-de-onde e conjurou dois feitiços bolhas, um pra mim e o outro pra ele. Eu suguei o ar como se não respirasse há horas.

– O que está fazendo? – indaguei com uma pontada de aborrecimento.

– Deixando mais divertido! – ele exclamou.

A voz dele ecoou por toda extensão de água e eu me perguntei se a minha tinha feito o mesmo. Porém a minha mente tinha outras prioridades.

– Não é pra ser divertido!

Eu tentei submergi, mas ele me puxou pela cintura, me prendendo embaixo d’água.

– Aonde pensa que vai? – ele brincou.

Eu não pude deixar de rir. Então eu percebi que era a primeira vez que eu ria em dias. Eu geralmente estava sempre tentando parecer confiante e séria. Surpreendi-me com o som da minha própria risada ecoando na água. Eu tinha um sorriso estampado no rosto. Scorpius me virou (ele estava me segurando de costas) e sorriu, ainda com as mãos na minha cintura.

Então ele começou a me puxar lentamente na direção dele, eu me deixei levar. Observei como os olhos dele era azuis, tão azuis que se perdiam em meio à água. Seus cabelos loiros flutuavam na água, dando a impressão de que ele tinha tomado um choque. Imaginei se os meus estavam assim também, flutuando atrás de mim. Estávamos bem próximos, eu podia sentir o roçar dos lábios dele contra os meus...

O que eu pensava que estava fazendo? Afastei-me rápido e pude perceber que o sorriso sumir da face dele. Tirei a cabeça da água e senti meus cabelos colarem em mim, chegando até a aminha cintura. Logo depois Scorpius apareceu também, com um olhar decepcionado e confuso. E só então eu me dei conta do que eu estava prestes a fazer.

Eu ia beijar Scorpius Malfoy.