P.O.V Rose Weasley

Acordei com o Scorpius, ops... Malfoy... Falando meu nome.

– Rose, tem uma carta para você.

Eu me levantei com um salto.

– Como entrou uma carta aqui? – eu ergui uma sobrancelha.

– Uma coruja a deixou e ela deslizou pelo vidro da janela.

– Uma coruja?

– Acho que são imunes ao gás.

– Espero que você não esteja inventando isso Malfoy, ou eu não vou me importar com voto perpetuo nenhum.

Eu peguei a carta da mão dele. Mais uma vez estremeci ao seu toque.

– Você ainda está quente. – ele observou enquanto eu abria a carta.

– Você esperava que o remédio fosse fazer efeito de vez?

– Esperava.

Eu finalmente terminei de abrir o envelope. Dentro tinham duas folhas de pergaminho. A primeira tinha uma letra caprichada que eu logo reconheci.

Rose,

Eu e seu pai estamos muito preocupados com você. Minerva nos informou que vocês estão seguros dentro do trem, mas ainda assim isso tudo me preocupa. Descobrimos que as corujas não são infetadas pelo gás e estamos usando-as para comunicações. Todos nós estamos na casa da sua avó e estamos muito preocupados. Hugo ainda não respondeu a minha carta, então dê uma olhada para ver se ele recebeu.

Você deve estar curiosa, então vou te explicar. Usamos um feitiço para que a carta atravessasse qualquer substancia não viva, então não se assuste o gás não vai entrar também.

Espero que você esteja bem. Mande logo uma resposta.

Com carinho e preocupação,

Hermione G. Weasley

Sorri com a carta da minha mãe. Ainda bem que o Hugo não tinha contado para ela sobre a situação em que eu me encontrava. Na verdade eu nem queria pensar nisso. Coloquei a carta de minha mãe de lado e passei para a próxima que continha a letra séria do meu pai.

Rose,

Eu e sua mãe estamos muito preocupados com você. Ela provavelmente disse isso milhares de vezes, então vou pular essa parte. Bem, eu soube que a sua varinha quebrou, então você pode pedir a Hugo emprestado a dele para conjurar comida, ou a Lily. Até mesmo a Alvo. Mas não fique sem comer. Sua avó tem preparado aquelas panquecas que você adora todo dia durante a manhã. Ela disse que vai deixa-las na prateleira de cima da cozinha, para você conjurar dai.

Eu sei que é um bando de adolescentes no Expresso, mas veja lá o que você faz. Se algum garoto ao menos te tocar, eu vou pessoalmente ai para bater nele. Sem exceções. Vou pedir ao Hugo para me manter informado sobre isso.

Mantenha-se longe de garotos,

Um beijo,

Ronald Weasley

Ainda bem que meu pai não sabia sobre a minha situação atual, se não eu achava que ele era mesmo capaz de aparatar aqui para bater no Malfoy. Mesmo eu mantendo a maior distancia possível dele.

Rabisquei uma resposta rápida e entreguei a coruja que ainda pairava na janela. Como o Malfoy tinha dito, a carta deslizou pelo vidro e a coruja a pegou com o bico e sumiu na luz escaldante do dia. Só então eu percebi que Scorpius... Malfoy me encarava.

– O que foi? – indaguei.

– Bem, eu imaginei que você fosse me dizer o que tem na carta.

– Imaginou errado, eu sinto muito.

Eu puxei a manta pra cima de mim de novo e fechei os olhos. Mas algo inquietante não me deixava dormir de novo. Abri os olhos e vi que Scorpius ainda me encarava.

– O que foi dessa vez? – eu perguntei irônica.

– Eu não tenho pra onde olhar. – ele respondeu dando de ombros.

– Olhe para a janela.

– A janela tem a mesma vista de antes.

– E eu continuo parada enquanto durmo.

– Na verdade você fica murmurando coisas inaudíveis e gemendo. Além de ficar mudando de lado toda hora.

– Aposto que o vento faz as árvores soprarem lá fora.

– Não tem vento hoje.

– Só faça alguma coisa que não seja me encarar, pode ser?

– Te incomoda se eu te encarar?

– Incomoda.

– Por quê?

– Eu não consigo relaxar! Agora pode parar de perguntas e me deixar dormir?

Ele assentiu. Eu fechei meus olhos de novo e consegui dormir. Imaginei que ele tivesse finalmente decidido olhar para outra coisa que não eu. Acontece que eu sonhei com olhos azuis, os mesmos olhos dele.

Três dias depois...

P.O.V Scorpius Malfoy

Três dias. Fazia três dias que eu e Rose Weasley estávamos presos naquela cabine. Três dias que Rose dormia o dia todo e de noite eu a flagrava encarando o teto pensativa. Três dias que comíamos as panquecas da avó dela no café da manhã. E o mais suspeito: três dias que Lily e Luke estavam sentados no corredor em frente à porta da cabine onde eu e Rose estávamos. Eu andei observando eles e várias vezes eles estavam se beijando ou qualquer coisa do tipo.

– Rose. – eu chamei enquanto ela tomava sua dose do remedia matinal.

– Sim? – ela se virou pra mim depois de engolir o remédio com um copo d’água.

– Eu acho que a sua prima mentiu quando disse que o feitiço só acabava em Hogwarts.

– Porque exatamente você acha isso?

– Porque ela e o Luke passaram os últimos três dias sentados no corredor.

– E porque você não me disse isso antes?

– Não achava necessário.

– O que você acha que eles esperam da gente?

– Não sei, mas briga não é. Se não eles já teriam saído há muitos dias.

– O que mais eles esperam?

– Porque não pergunta para eles?

– Não quero falar com a Lily. A culpa é dela de eu estar presa aqui com você.

– Você fala como se eu fosse uma má companhia.

– Você é uma péssima companhia. Eu preferia passar a eternidade tendo que aturar o Lorcam Scamander se gabando do físico musculoso dele do que ouvindo você resmungar.

– Pelo que eu sei, a única que resmungou até agora foi você!

Tínhamos nos levantado. Eu podia sentir a respiração dele. Só depois nos demos conta da situação.

– Não vamos brigar de novo. – ele concluiu, passou a mão no cabelo e se sentou de novo.

– Concordo.

Ficamos sentados encarando qualquer coisa menos um ao outro. Então eu senti um cheiro horrível.

– Scorpius, você está fedendo. – observei.