P.O.V Scorpius Malfoy

– O que foi isso Malfoy? – perguntou a Rose.

Ela tinha se levantado com a parada instantânea do trem. Dava para ouvir a movimentação no corredor do trem. Primeiro eu pensei que isso poderia ser trabalho dos Marotos, mas logo a voz da professora Minerva ecoou por todo o trem:

– Queridos alunos. Infelizmente tivemos um problema muito grande. Um trouxa, conhecido pelos do seu mundo como terrorista, lançou um gás toxico que se espalhou por toda Londres. O Ministério acabou de nos informar sobre esse incidente e também disse que não haviam descoberto ainda como deter o gás. O trem é protegido por magia, por tanto esse gás não pode nos atingir, mas os trilhos foram danificados, então teremos que permanecer aqui. Pelo visto o gás está danificando o feitiço que eu estou tentando lançar para permitir que vocês aparatem, então devem permanecer no trem até segundar ordens. Podem usar feitiços para se lavarem e obter alimentos. Muito obrigada pela sua compreensão. Eu sinto muito mesmo.

Assim que ela começou a falar, o silencio reinou e quando ela terminou tudo ainda estava em silencio. Quem quebrou o silencio foi a voz de Hugo Weasley berrando no corredor.

– Onde está minha irmã? Onde esta minha irmã? ROSE!

– Eu estou aqui! – ela gritou de volta.

O garoto parou do lado de fora da porta. Rose correu até ele, mas a porta impediu que eles se tocassem. Eu permaneci sentado, não queria me envolver nesses assuntos da família dos Weasley.

– Porque não consigo abrir a porta? – indagou Hugo.

– Porque eu lancei uma azaração que só permite que a porta abra quando chegarmos a Hogwarts. – respondeu com culpa a voz da Lily, a caçula dos Potter.

Eu estatelei. Como assim a azaração dela só acabava em Hogwarts? Mal sabíamos quanto tempo teríamos que ficar ali! Quais eram as chances de eu sobreviver mais de uma semana com a Weasley? O pior, não podíamos brigar, porque o voto perpetuo só acabava em Hogwarts!

– O que você quer dizer com isso? – eu me levantei.

– O que ele está fazendo aqui? – Hugo perguntou para a irmã.

– A Lily nos trancou aqui dentro! – ela exclamou.

– Lily!

– Foi só uma brincadeira! – Lily se defendeu.

– E agora nós vamos ter que aturar um ao outro sem brigarmos até Hogwarts! – berrei.

– Porque sem brigarem? – indagou Hugo.

– Achamos que a Lily queria rir enquanto via a gente se matar, então fizemos um voto perpetuo de que não iriamos brigar até chegarmos em Hogwarts. – a Rose explicou.

– Você ficou doida? – gritou o irmão.

Nesse momento a Rose começou a chorar. Ela fechou a cortina da cabine e se deixou escorregar na porta, se sentando no chão. Ela escondeu o rosto com as duas mãos, mas eu ainda podia ouvir os seus gemidos. Eu não sabia o que fazer. Lá fora tudo tinha ficado silencioso. Finalmente eu me sentei do lado dela e coloquei uma mão no seu ombro. Eu não estava acostumado a ter algum contato físico com ela, somente alguns encontrões no Quadribol. Fiquei surpreso quando ela se encolheu em mim e continuou chorando.

Eu estava surpreso demais para reagir. Depois de me recuperar do meu choque eu comecei a passar a mão no cabelo dela. Não sabia por que estava fazendo isso, só parecia o certo naquele momento. Em pouco tempo ela dormiu. Percebi isso porque o choro parou e a respiração dela estava mais relaxada. Eu a peguei cuidadosamente e a coloquei sobre o assento, tomando mais cuidado para não acorda-la.

Logo alguém bateu na janela. Eu fui ver logo, antes que o barulho acordasse a Rose. Quando afastei a cortina, vi que era Luke. Eu e o Luke éramos amigos desde que a gente se entendia por gente.

– Cara! – ele exclamou ao me ver.

– Shiiii! Vai acordar a Rose. – eu falei baixinho.

– Agora é Rose? – ele riu.

– Você não pode falar nada! Esta namorando com a Potter!

– Sobre isso... Eu juro que ia te contar! Mas estávamos com medo de que isso fosse gerar um mausoléu!

– Eu já sabia sobre vocês. Todo mundo sabe. Mas você não veio aqui para isso.

– Não. É que eu e a Lily descobrimos que se você puxar a parte de baixo, o assento vira uma cama. Na verdade se você puxar os dois lados fica tipo uma cama de casal, mas não acho que isso te incomode.

Ele deu um sorriso travesso.

– Como vocês descobriram isso? – indaguei.

– Eu e a Lily... Nós... Hum... Estávamos meio que...

– Esqueça. Eu não quero saber. A proposito, obrigada.

Dizendo isso eu fechei a cortina de novo e ouvi os passos dele se afastando no corredor. Depois eu puxei cuidadosamente o lado da Rose e deslizei o meu. Eu deitei um pouco afastado e me virei para ela. Ela dorme como um anjo. Pensei. Mas olhando assim eu percebi que era verdade. Não sei por que eu estava pensando isso. Eu e ela estávamos sempre brigando e discutindo. Então me lembrei da voz do Alvo me dizendo: Todo mundo sabe que no meio dessas intrigas de vocês, quem reina é o amor. Vocês só são cegos demais para reconhecer. Ou talvez o sobrenome esteja pesando demais entre vocês. Pense, se você não fosse Malfoy e ela não fosse Weasley, a relação de vocês ia ser assim mesmo?

E ali, olhando para ela, eu finalmente encontrei a resposta. Ela podia me odiar, eu sendo Malfoy ou não. Mas se eu olhasse para a Rose, só a Rose, sem o Weasley no meio, eu não via a garotinha birrenta com a qual eu costumo brigar. Eu via uma garota linda de cabelos ruivos que caiam cuidadosamente sobre os seus ombros, do jeito que eu tinha colocado. Eu via uma garota usando o meu casaco favorito e eu estava achando que ela ficava realmente bonita com ele. Eu estava olhando para uma garota e pensando que eu talvez goste dela mais do que eu esperava, ou mais do que eu podia gostar.

Eu estava olhando para uma garota que jamais seria como qualquer outra, mas isso somente nos meus olhos. E os meus olhos pesaram... E eu dormi olhando para aquela garota.