P.O.V Rose Weasley

Sabe aqueles momentos em que você está tão confusa e com tanta raiva que acaba fazendo as coisas sem perceber? Pois é. Tudo que eu fiz até o final dessa parte foi por puro impulso, sem ao menos pensar.

Eu comecei a correr pelos corredores do Expresso, a procura de alguma coisa que pudesse me fazer melhorar. Esbarrei em todos que passavam e não me preocupei nem em pedir desculpas. Era estranho estar do lado de fora. Era estranho estar sem Scorpius. Eu me acostumei com a presença dele de uma maneira inexplicável. Mas nesse momento eu não estava com cabeça para pensar isso. Porém, enquanto eu corria, um braço forte me segurou e me impediu de continuar.

Por um momento um pingo de esperança nasceu em mim. Uma esperança de que fosse Scorpius ali me parando e indo me pedir desculpas. Mas a esperança sumiu assim que eu me virei. Alan segurava meu braço e me encarava com uma cara confusa, como se perguntasse o que eu estava fazendo, correndo pelos corredores. E então uma ideia surgiu na minha cabeça. Uma ideia tomada totalmente pela confusão. Uma ideia que eu sabia no fundo que era totalmente insana, mas eu não estava no controle de mim mesma naquele momento.

A ideia de vingança. E de uma boa vingança.

– Oi Alan. – eu falei o mais docemente possível.

– Oi Rose, o que faz correndo pelos corredores? – ele arqueou uma sobrancelha.

– Eu estava... hum... Procurando alguma coisa pra fazer.

– Correndo?

– É...

– Ah! Vamos lá Rose. Eu te conheço muito bem para saber que tem algo por trás disso.

Então eu decidi arriscar.

– Hum... Na verdade eu estava procurando por você.

Dei um sorrisinho frouxo para disfarçar a mentira.

– Por mim?

Ele parecia surpreso.

– Sim. Podemos conversar em um lugar menos barulhento?

Ele parecia muito surpreso e piscou várias vezes como se fosse acordar do nada. Mais ele concordou. Eu o arrastei para a cabine vazia mais próxima. Eu estava prestes a fazer a coisa mais idiota da minha vida inteira. E infelizmente ninguém podia me parar agora, porque eu estava impulsada a fazer isso. Não sabia exatamente o porquê. Só sabia que eu ia fazer isso e eu achava que ia me sentir melhor com isso. Eu nem imaginava como estava errada.

Entramos na cabine e eu fechei a porta. E então eu fiz a coisa mais idiota e estupida da minha vida. Eu o beijei.

Foi nesse instante que eu percebi que eu estava fazendo merda. Eu tinha me esquecido como era beijar o Alan. E creia, eu me desacostumei com isso. Beijar ele era como... Beijar uma maquina.

Primeiro ele pareceu muito surpreso. Depois ele se tocou que aquilo era real e então correspondeu o beijo, me apertando contra ele. Não foi muito legal. E só paramos por conta da necessidade de respirarmos. Ele me olhou espantado e visivelmente feliz. Eu me matei mentalmente por estar fazendo isso com ele, ele realmente não merecia.

Então um barulho na porta me chamou atenção. Alvo estava parado na janela do outro lado e parecia abalado. Eu abria a porta, porque Alan também tinha percebido ele.

– Rose! – Alvo exclamou. – O que você está fazendo com ele? E Scorpius?

– E-eu... – tentei formular uma resposta, mas era impossível.

Foi ai que eu voltei a mim mesma. E eu percebi a roubada que eu tinha entrado.

– Você chama o Scorpius de galinha, mas é bem pior do que ele! E eu tenho certeza de que quando ele souber não vai deixar barato. Desculpe-me Rose, mas eu tenho que fazer isso.

– Não Alvo! Não! Por favor!

Mas era tarde demais. Meu primo já tinha sumido pelos corredores. Virei-me para olhar a cara magoada de Alan e meu coração apertou.

– Alan... – eu falei. – Eu sinto muito. O que eu fiz foi errado. Eu te beijei para me vingar e eu sinto muito por ter usado você. Você não merecia isso. E não precisa me perdoar, porque eu não mereço.

– Eu te perdoo Rose. Agora vai lá impedir o seu primo de fazer seja lá o que ele foi fazer.

Eu sorri e o abracei. Depois eu sai correndo pelos corredores. Eu não fazia ideia de onde o Alvo tinha se metido, mas eu precisava impedir ele a todo custo. Mas claro, como nada na minha vida é fácil, uma figura ruiva apareceu na minha frente, me impedindo de continuar.

– Rose Weasley! – exclamou Lily. – Precisamos conversar nesse exato momento!

– Agora não Lily... Depois. – até me esqueci de que eu estava chateada com ela.

– Agora Rose! – ela gritou comigo e me puxou para uma cabine que só tinha um cara esquisito que Lily expulsou com alguns gritos.

Depois ela me fez sentar em um assento e se sentou na minha frente.

– Olha Rose, você não deveria ter brigado com o Scorpius daquele jeito... – ela começou.

– Eu sei. – falei ansiosa para sair.

– Sabe? – ela pareceu surpresa.

– Sei e estou prestes a estragar tudo mais ainda se você não me deixar sair.

– O que? Explica-me isso direito.

– Bem, como vingança eu beijei o Alan, o Alvo viu e está indo contar para o Scorpius. Ou seja, nesse exato momento eu estou perdendo o tempo que eu poderia usar para impedir que minha vida seja destruída.

– Ai meu Merlin Rose! Então o que estamos esperando?

Nós duas saímos correndo a procura de Alvo. Quase no final do trem o encontramos.

– Alvo! – eu exclamei.

Ele parou no meio do caminho.

– Não faz isso! Eu posso explicar!

– Tarde demais. – ele falou simplesmente.

– Você vai ver só! – gritou Lily e partiu para brigar com o irmão.

Porém, eu tinha outros assuntos para resolver. Continuei correndo até chegar à última cabine. Então eu vi a pior cena da minha vida inteira.

Scorpius beijava a vaca da Samantha. E era um beijo daqueles.

Tudo congelou, acho que até eu parei de respirar. Ele não me viu. Eu fiquei ali parada e deixei as lagrimas escorrerem. Pouco tempo depois Lily chegou e viu a mesma coisa. Ela tentou falar comigo, mas eu não estava mais realmente ali. Eu fechei os olhos e os abri de novo. Depois eu sai correndo pelo corredor, ignorando os gritos de Lily. Só parei quando eu achei uma cabine completamente vazia e entrei ali dentro.

A última coisa que eu ouvi antes de me afastar totalmente da cena, foi Lily gritando:

– Malfoy seu canalha!