Cronicas das doze essências. escrita por Ak


Capítulo 6
Além do que você vê.




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– Realmente, não me importo. - ela respondeu.

Eu, definitivamente não esperava aquelas palavras. Estava meio receoso, porem, me aproximei. Sentei-me na grama, deixando o saco de couro onde estavam as vestimentas que peguei no arsenal ao meu lado. Por um momento, o silencio pesou. Ela não parecia estar a fim de papo. E eu também não sabia exatamente o que falar.

– Meu avo não esta com você ? - Ela falou fitando a flauta que segurava. Sua voz novamente soou fria.

– Não ,não. - respondi - Ele disse que tinha coisas para resolver na cidade, algo sobre o trabalho dele ou coisa parecida.

– Claro ... - ela suspirou. - Ele está sempre ocupado.

– Ele trabalha com o exercito? - perguntei

– Na verdade não. Meu avo e bibliotecário.

Ate então eu achava que o senhor Cedric era da milícia ou algo assim. Então foi por isso que ele não havia sido convocado para a expedição e estava tão preocupado com ela.

Achei melhor não insistir naquele assunto. Algo pareceu incomodá-la quando perguntei sobre o trabalho de seu avô.

Resolvi olhar novamente meus novos equipamentos. Coloquei a bolsa sobre meu colo e tirei de lá a malha cinzenta de fivelas pretas.

A sensação de ter em mãos um equipamento de combate como aquele era ótima. Aquilo fez eu me sentir um verdadeiro guerreiro. Fiquei ainda mais empolgado com a expedição para tal a torre de Ísis.

Porém minha empolgação foi totalmente destruída com um "Isso não é grande demais pra você?" vindo de Yannefir. Com certeza fez isso pra me irritar.

Okay, normalmente piadas sobre minha altura me incomodam. Bastante, até.

Mas, ela deixou escapar um sorriso depois daquele comentário. E foi a primeira vez que eu a vi sorrir. Não tive como me ofender.

Porém, o sorriso durou apenas um mero instante, sua expressão séria voltou logo em seguida. Yannefir abraçou as pernas e ergueu o olhar para o céu.

– As nuvens... – ela suspirou

– As nuvens? - retruquei

Yannefir ainda tinha uma expressão séria, porem, seu olhar estava diferente. Seus olhos brilhavam enquanto ela olhava o céu. Parecia realmente fascinada pelas nuvens.

– E então ... Nervoso com a expedição de amanha, garoto? - ela perguntou

– Na verdade não

– Ah é? - ela arqueou a sobrancelha e sorriu de maneira irônica.

Estava claro que ela ainda não me levava a sério. Provavelmente pensava que eu ia morrer antes mesmo de sairmos da ilha. E de uma maneira bem imbecil.

– É sério. Estou bem empolgado, na verdade. - tentei parecer mais confiante, mas pela risada que ela segurou não deve ter dado muito certo

– Entendo. Deve enfrentar criaturas o tempo inteiro no seu mundo.

– Bem ... - levei a mão à nuca e desviei o olhar. - na verdade não. No meu mundo não temos esse tipo de ... Criaturas

– Não? - ela pareceu realmente surpresa. E eu não sabia exatamente como explicar pra ela que no "meu mundo" não haviam dragões de três cabeças andando pelas ruas e comendo as pessoas.

– Quer dizer que no seu mundo, vocês não tem ataques de trolls como o de hoje? Nem coisa parecida? – ela insistiu

– Não ... Nem de trolls nem nada do tipo - respondi

– Que sorte a de vocês ... Tem sorte de não viver cercado dessas coisas... - ela abraçou as pernas novamente. Sua voz soou pesada e eu senti um aperto na garganta. Realmente, os humanos nao vivem cercados de monstros, a não ser os que eles mesmos criam.

– A vida no seu mundo deve ser perfeita. Já ouvi historias sobre um mondo sem monstros ... Mas não achei que existisse lugar assim... - Yanneffir suspirou - mas, espera. Se lá não há monstros, por que exatamente aprendeu a usar espadas?

– Eu nunca aprendi

– Você retirou essa espada e a usou contra o troll. Então Como fez aqueles golpes, garoto?

– Er ... eu não sei

– Como não sabe?

– Eu sei lá! Segurei a espada e parecia que meu corpo tava se mexendo sozinho. Foi tipo ..instinto!

– O que quer dizer com "instinto!?"

– Eu acho que sim. Sei lá. Eu nunca havia usado uma espada antes! - respondi.

Yannefir cerrou um pouco os olhos. Por alguns segundos ela me encarou como se vasculhasse a minha mente para saber se eu estava mentindo. Mas, aquela pergunta realmente me deixou intrigado. Era verdade, eu havia retirado aquela espada e a usado pra derrubar um troll. Como eu fiz isso eu nem faço idéia. Eu só sei que eu fiz. Pensar desse jeito quase fez minha cabeça explodir.

Yannefir suspirou. Estava claro que ela não tinha acreditado no que eu havia dito. Acho que no lugar dela também não acreditaria.

– Tudo bem, então. – Dito isso, ela se levantou. – Está ficando tarde. É melhor irmos.

– Irmos? – retruquei

– Para os dormitórios, garoto. Era pra lá que estava indo, não é?

– É verdade ... – levei a mão a nuca e desviei o olhar. O sol já estava se pondo e eu nem me lembrava que estava indo guardar os equipamentos.

Ela suspirou novamente e apontou a direção dos dormitórios masculinos.Aparentemente eu havia errado o caminho e me perdido. Em seguida, seguiu na direção oposta dizendo ‘’ Ainda tenho coisas a resolver. Até amanha, garoto”, logo desapareceu por entre o jardim.

– É melhor eu ir também.

Coloquei a bainha da minha espada nas costas junto à sacola de couro onde estavam minhas vestimentas e segui pelo caminho indicado por Yannefir. Era uma trilha de tijolos cercada por pilares com desenhos de penas e envoltos por plantas com flores brancas.

Agora o já havia escurecido. Por um instante parei para olhar o céu. Eu sempre fazia isso da janela do meu quarto. Porém, a vista daquela ilha flutuante era totalmente diferente. A lua estava cheia e não havia nenhuma nuvem, o que tornava a visão das estrelas ainda mais incrível. Como eu me distraio fácil, teria ficado ali por mais tempo se não tivesse ouvido passos. Logo em seguida, um calafrio percorreu meu corpo. Movi-me rapidamente para trás do pilar que estava mais próximo. Os passos ficavam mais altos. Logo pude ouvir uma voz dizer "mas general, não precisamos da ajuda daquele ... Humano!". Era a voz do Zenite. Ele estava acompanhado do general, que não parecia estar muito feliz.

– CHEGA!! – O general gritou. - Estou cheio desse seu blablabla. Se der mais uma palavra sobre aquele garoto, você será rebaixado a auxiliar de cozinha e vai passar o resto de sua vida militar descascando batatas!

– Sim ... Senhor. – Zenite assentiu e abaixou a cabeça, porém sua voz não parecia muito satisfeita. Continuei a observá-los de meu esconderijo, até que continuaram a se afastar. - Ora, vejam só. – pensei. – Eu achei que o Zenite tinha um cargo alto no exercito. Quer dizer que ele é só o papagaio do general?

Por um minuto pareceu que ele havia ouvido meus pensamentos. O general virou-se repentinamente na direção do pilar onde eu estava. Ele olhou desconfiado.

– Ótimo. – Ele concluiu, voltando-se para Zenite. Logo, os dois continuaram seu caminho.

Suspirei. Mais a frente pude ver uma estrutura coberta que parecia ter dois andares. Haviam vários soldados lá. O senhor Cedric estava bem na frente. Ele abriu um sorriso ao me ver, logo vinha na minha direção.

– Hanzo! – ele disse - E então, como foi?

– Hã? – Questionei, arqueando a sobrancelha

– Er ... nada, nada. – Ele riu – Bom, este é o dormitório masculino das tropas do castelo. Venha, vou lhe mostrar o lugar.

Subimos uma escadaria que nos levou a uma espécie de varanda no primeiro andar. Lá, a movimentação de soldados era intensa. Eu percebi alguns olhares discretos e, talvez, até desconfiados para mim e para a espada em minhas costas, mas não me importei.

Percorremos a varanda até chegarmos aos alojamentos. Estes estavam divididos em corredores com uma seqüência incontável de portas numeradas. Cedric parecia bem confortável naquele lugar. Ele estava muito sorridente. Mais que o normal, até.

Entramos por um dos corredores e o percorremos até o final. Repentinamente, Cedric parou em frente a uma porta. Alojamento número 225. Eu o ouvi suspirar. Ele colocou a mão sobre a porta e ficou a fitá-la por alguns instantes.

– Er ... senhor Cedric ? algum problema? – perguntei. Sutiliza não era um dos meus pontos mais fortes.

– Hã? Ah! Não, não. Problema nenhum. – ele respondeu de um jeito que pareceu ter se assustado comigo.Como se tivesse esquecido que eu estava ali. – Venha, Hanzo, eu errei o corredor. – dito isso, ele apressou-se em sair dali.

Corri meus olhos por aquela porta e algo me chamou a atenção. No exato lugar onde Cedric havia colocado sua mão. Havia algo. Tive a impressão de ver algumas letras que eu não consegui decifrar. Provavelmente algo foi escrito na madeira usando uma faca ou coisa parecia. Ou, talvez, eu estivesse com sono e estava vendo coisas. Sim, isso acontece comigo. É sério.

– Venha, Hanzo! Este aqui era o corredor certo. Hahaha. – Ouvi a voz de Cecric me chamar. Achei melhor eu ir.

Cedric estava em um corredor mais a diante. Na frente de uma porta aberta.

– Este era o alojamento que eu estava procurando. – Ele sorriu – Entre, fique a vontade.

Era uma cabine bem simples. Havia um criado mudo no junto a uma mesa redonda com três cadeiras e dois beliches, um de cada lado.

Coloquei o saco com meus equipamentos sobre e mesa e dei outra rápida olhada no local.

– E então, preparado para amanha, meu jovem ? – Cedric perguntou

– Totalmente! – respondi. Foi uma resposta entusiasmada, porém, veio seguida de um longo bocejo

– Haha, deve estar exausto. Bom, meu jovem. Irei deixá-lo descansar. – Cedric disso. Ele sorriu colocando uma de suas mãos sobre meu ombro. – Boa sorte amanhã.

– Obrigado.- assenti com um sorriso.

Logo, Cedric se foi e eu, tratei de me deitar. Subi para a cama de cima de um dos beliches e desabei. Estava tão cansado que cai no sono instantaneamente.


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Notas finais do capítulo

Estou retomando as postagens. Parei nos ultimos meses por problemas na internet, problemas com minha paciencia e um combo infinito de provas na faculdade. Anyway, estou de volta.



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