Cronicas das doze essências. escrita por Ak


Capítulo 7
Peregrinação floresta a dentro




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Mais uma noite, mais um sonho estranho. Claro.

Desta vez, eu me vi em uma floresta. Estava escuro, mas, havia uma fogueira iluminando o ambiente. Em volta dela, estavam sentadas algumas criaturas. Aparentemente eram raposas. Tinham pelo branco e suas patas eram levemente avermelhadas. Elas tinham também uma pequena chama na testa. Estavam olhando atentamente para a fogueira, como se esperassem alguma coisa. Ou alguém.

Aos poucos, vi uma figura se formar entre as chamas. Aquilo deixou as raposas bastante agitadas. Elas se levantaram e balançaram as caudas.

Logo, a figura tomou forma de uma pessoa. Parecia uma mulher. Ela era alta, tinha longos cabelos castanhos que iam até sua cintura. A primeira vista achei que fosse humana. Porém, ao vê-la caminhas, pude ver que tinha uma causa idêntica a das raposas que ali estavam. Ela tinha orelhas iguais às delas também. Estava usando uma blusa branca que deixava sua barriga amostra e uma saia um pouco acima dos joelhos. Ela agachou-se e acariciou a cabeça de uma das raposas que ali estava.

– Hahahah ~ - Ela riu. – Já faz algum tempo, minhas crianças. – continuou.

Dito isso, ela olhou diretamente para mim e caminhou lentamente em minha direção. Em sua mão esquerda surgiu um bastão amarelo com uma lua minguante na ponta. Ela continuou a se aproximar e só então pude ver seu rosto. Ela era muito bonita, parecia uma modelo. Por alguns instantes olhou fixamente nos meus olhos. Aos poucos, um nevoeiro surgiu e logo não consegui ver mais nada. Quando a névoa se dissipou, a garota havia sumido. As raposas também. Eu estava sozinho em frente à fogueira. Então, ouvi a floresta toda tremer. Um barulho ensurdecedor ecoou e eu vi alguma coisa sair do chão. Parecia uma serpente gigante ou alguma coisa do tipo. A floresta inteira começou a desmoronar.

Só então eu acordei.

Permaneci deitado com o sol que entrava pela janela batendo na minha cara até conseguir me sentar.

– É hoje ... – pensei.

E este seria o dia. Durante muito tempo eu havia me queixado da monotonia da vida mundana enquanto sonhava com uma aventura desse tipo. Finalmente o dia havia chegado. E eu estava totalmente pronto, certo?

ERRADO!

Eu havia acordado tarde demais. Ao olhar para o relógio acima da porta, vi que este marcava oito horas. O senhor Cedric havia me avisado que as tropas iriam se reunir as 7:30 na entrada do jardim do palácio e eu estava meia hora atrasado. Okay. Começamos bem.

Apressei-me em vestir os trajes que havia recebido e sai aos tropeços do quarto carregando minha espada nas costas. Enquanto me vestia, a pedra verde que estava no bolso da minha calça caiu no chão. Já havia me esquecido dela. Por via das dúvidas, resolvi levá-la comigo.

A malha cinzenta havia ficado um pouco folgada então tive de dobrar as mangas. Porém eu estava acostumado com roupas um pouco maiores que eu, então, isso não foi problema. Fechei a porta do alojamento deixando minha farda escolar sobre a cama superior do beliche sem pensar se a encontraria ali quando voltasse, pois eu estava ocupado demais pensando sobre minha capacidade de sempre estar atrasado.

Corri pela escadaria até chegar ao corredor que levava ao jardim, onde as tropas deveriam estar se reunindo.

Eu estava realmente empolgado naquela manhã, fazia tempo que não me sentia assim. Era como se meu corpo inteiro estivesse em chamas! Queria chegar o mais rápido possível.

Porém, eu teria de esperar um pouco mais. Havia alguém me esperando na saída do corredor.

Era a sacerdotisa.

– Hanzo ! – ela disse.

Parei a frente dela e aproveitei para recuperar o fôlego.

– Ah, olá Serena – disse. Ela desviou o olhar por um momento, juntando suas mãos. Novamente estava usando um vestido vermelho. Dessa vez com babados dourados. Um laço da mesma cor prendia seus cabelos ruivos, fazendo uma trança que estava jogada para trás.

Ela suspirou e voltou a me olhar. Por um minuto achei que ela fosse dizer que eu havia me atrasado e as tropas já haviam saído do castelo.

– Hanzo ... há algo que quero lhe dizer.

– Err ... sim ?

– Quero lhe pedir desculpas. Hanzo, eu disse ao general que você havia se oferecido para nos ajudar e foi por isso que ele lhe recrutou para esta missão.Não me sinto bem lhe enviando para a torre de Ísis assim. Você não foi treinado como os soldados e... bem, não me leve a mal, mas ...

– Não se preocupe. – interrompi

– Mas .. – ela retrucou

– Haha. – sorri, levando uma de minhas mãos ao ombro da sacerdotisa – É sério, não se preocupe. Não é como se estivesse me forçando a alguma coisa. Eu me ofereci pra ajudar vocês, lembra? Claro, eu sinto como se fosse minha responsabilidade, já que esta espada me escolheu. Mas não to aqui só por isso. Eu realmente quero ajudar.

– Entendo ... – ela suspirou novamente

– Bom ... tenho que ir

– De fato. Vá em paz. E que os Deuses estejam com vocês – finalmente ela sorriu

Despedi-me fazendo um aceno e voltei à minha corria até a entrada do jardim.

Depois de correr por mais alguns minutos e me perder algumas vezes pelas curvas daquele jardim imenso, finalmente encontrei a entrada. Lá me deparei com as tropas divididas em fileiras, frente ao portão de entrada, onde estavam o general Clint, seu papagaio Zenite e o senhor Cedric. Esgueirei-me por entre os soldados e por sorte encontrei Yannefir. Ela me fez um sinal com uma das mãos, então, fui até ela.

– Você está atrasado. – Ela disse.

Tão delicada quanto um coice de mula. – pensei

– Bom dia pra você também, Yannefir. Perdi alguma coisa? - respondi

– Nada demais...Bem, o general ...

–... ENTÃO, como eu dizia. - gritou o general, interrompendo Yannefir.

–... Agora, seguiremos até o porto, nos limites da ilha. Lá, seremos transportados até a torre de Ísis. Como eu já disse, esta é apenas uma missão de reconhecimento, então, não há com o que se preocupar. Hahahah.

Ele caminhou de um lado para o outro enquanto falava, olhando friamente para os soldados. Estava usando ombreiras enormes com espinhos que o deixavam ainda maior. Luvas e botas que pareciam feitas de ferro. E havia algo em suas costas. Parecia um caixão.

Zenite permaneceu em silêncio enquanto o general discursava. Ele estava com as mãos para trás e vez ou outra tive a impressão de vê-lo olhar pra mim e resmungar alguma coisa.

O senhor Cedric parecia um pouco inquieto. Ele corria os olhos pelas tropas como se procurasse alguém. Yannefir, talvez? Quem sabe.

–Então, em frente, soldados. Para a torre de Ísis!- o general concluiu.

– Para a torre de Ísis! – os soldados gritaram em conjunto.

E com isso, deixamos o palácio.

O esquadrão marchou para fora dos muros do castelo e cruzou a cidade.

Nas ruas, inúmeras pessoas interromperam seus afazeres para ver a marcha das tropas. Alguns pareciam eufóricos ao nos ver. Outros, meramente receosos. E assim seguimos até os limites da cidade.

Saindo de Floencia, pegamos uma trilha que entrava em uma floresta de árvores de troncos e galhos retorcidos. Eram enormes e pareciam dar voltas e voltas sobre si mesmos. Cogumelos brotavam de todas as partes, inclusive dos troncos das arvores. A grama era alta e o sol estava forte. Isso dificultava um pouco. Mas, para quem esperava ser emboscado por um troll de dez metros ou coisa parecia, não foi tão ruim. Ao invés de monstros comedores de gente, apenas alguns pássaros vieram nos observar. Vi um grupo de corujas esféricas parecidas com a que Yannefir havia chamado para me carregar. Mais a frente, um grupo de aves que me lembraram os cisnes do meu mundo. Mas estes tinham patas e bicos mais cumpridos. E tinham quatro asas. Bem bonitos, até.

Ao fim do dia, chegamos a uma clareira repleta de pedregulhos enormes, um vasto campo de gramas que deviam ter, pelo menos meio metro de altura. Lá, o general ordenou que interrompêssemos imediatamente a caminhada. Deveríamos passar a noite ali e prosseguir pela manhã.

Eu estava exausto, mal conseguia sentir minhas pernas. Mas, a maioria das tropas parecia estar bem. Vez ou outra ouvia alguém reclamar sobre ter sido convocado ou dizer que não queria vir. E Yannefir, que caminhou do meu lado o tempo inteiro, não disse uma palavra.

Os soldados espalharam-se em uma clareira próxima de onde estávamos. Eu me sentei sobre uma pedra que estava próxima. Precisava respirar um pouco. Aproveitei também para tirar um pouco minha espada das costas. Aquela coisa parecia estar pesando uma tonelada depois daquela caminhada.

Rapidamente as tropas.

– E então, garoto. Cansado ? – Yaneffir veio até mim. Ela não transparecia cansaço nem nada do tipo. Estava com um vestido branco de mangas cumpridas. Um capuz cobria seu cabelo, deixando amostra apenas alguns cachos loiros caídos sobre seus ombros.

– Hahah. Não, nem um pouco. – Fiz um sinal positivo com o polegar

Ela assentiu e cruzou os braços enquanto o general se aproximava de nós.

– Hey, você. – Ele apontou para mim. – Precisamos de lenha.

Ele estava inquieto. Estava o tempo inteiro olhando em volta como se procurasse alguma coisa. Por outro lado, talvez ele fosse um militar que nunca baixava a guarda.

Em todo caso, minhas pernas estavam moídas e eu tive de me esforçar para me levantar.

– Você me ouviu?

– ... sim. Sim senhor. – respondi, utilizando toda minha força para ficar de pé.

Yannefir simplesmente desviou o olhar e deu as costas.

Recolhi minha espada a colocando novamente nas costas e retornei para a floresta arrastando o que havia sobrado das minhas pernas. Eu não queria me afastar demais. Estava ficando escuro e eu tenho uma capacidade de me perder que é acima da média.

Chegando aos limites da clareira, aproximei-me de uma árvore e saquei minha espada. Estava pensando em como ia derrubar aquela coisa e levá-la ao acampamento improvisado. Eu mal conseguia carregar meu corpo, como ia carregar aquilo!?

– Então você está aqui. – ouvi alguém resmungar atrás de mim. – Achei que tinha fugido.

Eu me virei de quem se tratava, reconheceria aquela voz em qualquer lugar.

Zenite estava parado a poucos metros de mim com seus braços cruzados.

Dessa vez não estava vestido como um palhaço de circo, apenas com uma camisa branca de ombreiras amarelas, botas e luvas que pareciam de couro e uma calça branca que certamente era maior que ele. Talvez ele tivesse pegado emprestada do General Clint.

– Pensou, é ? – retruquei, apoiando minha espada no ombro

– Tsc ... essa espada... ela é perfeita pra você, sabia ?

Arquei a sobrancelha.

– Aquele dragão não podia ter feito uma escolha melhor. Um humano. Hahaha

– Como é que é!?

– Argth. – ele resmungou. – A sacerdotisa não lhe contou? Seu dragão abandonou todos nos! Quando os deuses vieram para enfrentar aquela ... aquela coisa, o seu dragão fugiu!

– E o que isso tem a ver comigo? – eu rebati – Você ta me culpando por algo que aconteceu a diz milhões de anos? Cara, vai se tratar!

– Tem a ver com você ser um humano! Sua raça de covardes! Acha mesmo que você é o primeiro humano a por os pés em Yujia? Hã ? – ele respondeu aos gritos. Okay, estava claro que o Zenite tinha problemas. Porém, pensei um pouco sobre isso. O tempo inteiro as pessoas que me olharam de um jeito estranho. Por isso pareciam ficar desconfiadas quando viam minha espada? E o que raios ele quis dizer com ‘’ Acha mesmo que você é o primeiro humano a por os pés em Yujia’’?

Enquanto eu pensei em tudo isso, vi Zenite sacar sua espada e correr em minha direção. Ele a empunhou como se fosse me atacar, vindo numa velocidade imensa. Ele era tão rápido que eu nem tive reação. Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ele desviou de mim e eu ouvi o barulho do choque de sua arma com alguma coisa, seguido do que parecia ser um grunhido.

Ao me virar, vi o uma criatura semelhante a um macaco de pelos pretos com uma marca de corte em seu peito caído aos pés do Zenite. A criatura lentamente começou a se degenerar, assim como o troll que Yannefir e eu havíamos enfrentado.

– Não baixe sua guarda desse jeito. – Zenite disse.

Certo, só então eu entendi que aquela coisa tinha me atacado e o papagaio do general havia me salvado. Aff.

Ele me encarou por alguns instantes e percebi que ele detestou a idéia de me ajudar tanto quanto eu detestei a idéia de ser salvo por ele.

– Fico te devendo uma. – resmunguei

Zenite pareceu simplesmente ignorar meu comentário. Nesse momento, ouvimos o que parecia seu um trompete ecoando pela clareira. Zenite virou-se na direção do acampamento das tropas.

– O que foi isso? - perguntei

– Essa não. – Zenite parecia assustado. E ele nem se deu ao trabalho de responder. Saiu em disparada na direção do som, correndo igual a um maluco. Eu achei melhor acompanhá-lo então corri igual a um maluco também.

Ele realmente estava assustado. Aquele trompete era um sinal. Um sinal de ataque.

Quando chegando ao lugar onde o exercito estava descansando, nos deparamos com o que parecia uma guerra civil.

Um bando gigante de macacos idênticos ao que Zenite havia derrubado estavam nos atacando.


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