Cronicas das doze essências. escrita por Ak


Capítulo 4
Primeira noite em Yujia




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– Preparem-se, ele está vindo. – Disse Cedric.

O troll avançou em nossa direção, arrastando o machado. Yannefir deu um passo a frente e soprou a flauta. Rapidamente uma rajada de vento se formou, retardando o monstro. Cedric abriu o livro e estendeu uma das mãos. Ele recitou algumas palavras que eu não consegui entender e logo uma parede de luz apareceu a frente da criatura, bloqueando sua passagem. O troll podia simplesmente ter dado a volta, mas preferiu golpear a parede com as mãos. Podia ser maior que o anterior, com era tão inteligente quanto. Ele berrou de raiva ao ver que a parede não havia cedido.

– Atacar ! – Ordenou um dos guardas.

Avancei junto com eles e cercamos o troll atrás da parede mágica. Pude ver que Cedric estava se esforçando para manter aquele feitiço, ele parecia exausto.

O troll virou-se para nos e atacou com o machado. Conseguimos desviar nos espalhando e um dos guardas cravou a lança na perna esquerda do troll, logo, outro soltou sobre ele e o golpeou no peito, eu tentei acompanhá-lo, mas o maximo que consegui foi acertar um golpe na outra perna do monstro. Ele virou-se em nossa direção e avançou desferindo um soco que acertou um dos guardas, arremessando-o no meio de um dos campos floridos do jardim.


– Cuidado, este não é um troll comum! – gritou Cedric, que rapidamente folheava seu livro. Novamente ele recitou algumas palavras, fazendo a barreira desaparecer e disparando uma luz que parecia ter cegado o monstro, o fazendo recuar. Logo em seguia, uma rajada de ar disparada por Yannafir chocou-se a criatura, levando-a ao chão.

– Wow ... – Resmunguei.

– Vamos! Agora é nossa chance! – Gritou um dos guardas. Todos avançaram para atacar o monstro que parecia indefeso, porém, algo me fez hesitar. Eu senti um calafrio que novamente me fez olhar para o telhado do castelo, o exato lugar pra onde pensei ter visto alguém momentos antes.

– Esperem, não se aproximem dele! –Aquelas palavras simplesmente saíram da minha boca. Os soldados pularam sobre o troll e cravaram suas lanças no corpo do monstro, mas aquilo pareceu não surtir efeito. Com um movimento de mão ele derrubou três guardas que o haviam atacado. O monstro ergueu-se lentamente, ainda com aquelas armas presas ao seu corpo. Ele estava diferente. Babando e com a respiração ofegante. Era como se tivesse perdido a pouca sanidade que tinha. Ele ergueu o machado e correu em nossa direção, passando por cima dos soldados que ainda estavam de pé.

Cedric deu um passo a frente, deixando seu livro cair no chão, aberto. Ele movimentou as mãos enquanto dizia alguma coisa, então as estendeu na direção do troll, e quatro barreiras surgiram em volta do monstro, formando uma caixa. Ao lado de Cedric, Yannefir estava tocando uma melodia com sua flauta. Era como se eles estivessem fazendo uma conjuração em conjunto. Porém, aquilo só o deteve por alguns instantes. Um golpe do machado da criatura fez a barreira a sua frente se esmigalhar. O ataque à atravessou e acertou o exato lugar onde Yannefir e seu avo estavam.

– Essa não. Hey, vocês estão bem!?- Gritei.

Corri meus olhos pelo local que foi atingido pelo machado. Não havia sinal dos dois. Apenas pude ver o livro de Cedric em meio aos destroços.

Senti um calafrio percorrer meu corpo e algo direcionou meu olhar para cima. Suspirei aliviado ao ver Yannefir e seu avo a salvo. Estavam voando um pouco acima do troll, que os procurando no chão. Não pareciam estar feridos, mas eles teriam problemas se o troll os visse. Eu precisava chamar sua atenção.

– Heey ! eu to aqui ! ÔE! – Gritei e gritei, mas o troll parecia estar mais interessado nos destroços do seu ultimo golpe do que em mim- Aqui, seu idiota!–

Eu insisti, mas aquilo não funcionava. Decidi respirar fundo e gritar o mais alto que pudesse. - Eu disse OLHE PRA CÁ!! – Com aquele grito, tive a mesma sensação que senti quando tirei a espada do pedestal. A arma tremeu em minhas mãos e labaredas negras se formaram em volta dela. Foi difícil segurar aquilo, mas fiz o que pude para apontá-la na direção do monstro. Logo, as chamas voaram na direção da criatura e explodiram no braço que ele carregava o machado, fazendo-o deixa a arma cair. Ele rugiu, colocando uma das mãos sobre o lugar onde foi atingido pelas chamas e virou-se diretamente pra mim.

– Hahá!! ...Como foi que eu fiz isso? – Nem tive tempo de pensar, o troll estava vindo em minha direção. Parecia estar realmente irritado.

Saltei para trás na tentativa de manter distancia, mas ele era muito rápido. Avançou contra mim desferindo seqüências de socos e tapas. Tentei desviar, mas ele me acertou com um golpe que me jogou no chão e atirou minha espada para longe. Estava meio tonto por causa da queda, tentei levantar, mas minha perna esquerda doía. Talvez estivesse quebrada. Não consegui ficar de pé. Tentei recuar do jeito que pude, mas quando percebi, o troll já estava parado a minha frente. Ele olhava fixamente para mim, bufava com a respiração ofegante. Olhei para o lado e vi minha espada caída a alguns metros. Desarmado não havia muito que eu podia fazer.

– Droga ...- pensei enquanto estendia minha mão na direção dela.

O troll rosnou e levantou uma das mãos, estava pronto para me esmagar.

– Agora!- Disse uma voz que vinha dos portões de entrada. Aquele grito ecoou por todo o jardim, tirando também a atenção do troll por um mero instante.

Virei-me na direção daquela voz, e vi que na porta de entrada havia uma linha de seis arqueiros. Eles estavam ajoelhados e apontavam suas flechas para o monstro, parecia estar prontos para atirar. Mais a frente, um homem alto e de cabelos loiros estava dando a ordem de ataque. - Fogo! – gritou ele.

Não demorou para que uma saraiva caísse sobre o monstro, que recuou alguns passos, cambaleando, mas acabou sendo novamente preso por uma das barreiras de Cedric. Aproveitei a oportunidade para me esgueirar para longe e acabei dando de cara com Yannefir.

– Levanta daí, depressa. – ela disse, me estendendo a mão. Naquele momento, pude ver claramente a flauta azul que ela carregava pendurada em seu pescoço. Só então me dei conta que ela também possuía um instrumento que foi deixado pelos deuses. A flauta de Auras, o pégaso do ar.

– O que você ta esperando? Vem! – exclamou.

Segurei sua mão e ela me ajudou a levantar. Enquanto nos afastávamos, olhei pra trás e vi o homem que até então estava dando ordem aos arqueiros avançar na direção do troll. Ele empunhava uma espada que tinha o formato de uma cruz. Este desferiu um corte horizontal que atravessou o troll sem nenhuma dificultade. O monstro deu um ultimo grunhido e caiu de costas esmagando um canteiro de rosas vermelhas.

Depois daquela luta, Cedric , Yannefir e eu nos reunimos com aquele grupo enquanto os guardas do castelo recolhiam a carcaça do troll do jardim e resmungavam algo do tipo ‘’quando a sacerdotisa souber que seu canteiro de rosas foi destruído, vamos ter um problema maior do que esse troll aí.”

Cedric parecia animado ao falar com o rapaz que comandava os arqueiros, sorrindo o tempo todo. Já Yannefir não parecia muito confortável, estava de braços cruzados e desviava o olhar o tempo inteiro.

– Então, Hanzo. – Cedric disse – Este é Zenite. O capitão das sentinelas da cidade de Floencia.

Ele era mais alto que eu. Tinha cabelo loiro que caía sobre os ombros e olhos verdes. Usava uma armadura amarela de detalhes brancos brilhantes tão chamativos que até parecia vestimenta de uma escola de samba. Parou a minha frente e me analisou, fazendo questão de me olhar por cima.

– ... você é o .... humano ? – Pude sentir um leve ar de desprezo no‘’humano’’. Ele me analisou de cima a baixo e cruzou os braços ao ver a espada em minhas costas.

– ... é, acho que não podíamos mesmo confiar naquele dragão. – dito isso, ele deu as costas e dirigiu-se a Yannefir.

– Como é que é!? – Exclamei. Mas ele não deu atenção.

Vi Yannefir cruzar os braços e desviar o olhar quando ele se aproximou. Parando a frente dela e fezendo uma reverencia.

– É um prazer vê-la, senhorita Yannefir.

– Pena eu não poder dizer o mesmo ... Zenite. – Ela rebateu sem nem mesmo olhar pra ele.

– Sempre de bom humor. Admiro isso em você. – Ele retomou sua posição e abriu um sorriso tão sínico que quase me fez vomitar.

– Er ... então , Zenite. Foi muita sorte vocês terem aparecido logo agora que estávamos precisando de ajuda. – Cedric disse. Acho que se sentiu forçado a interromper antes que a cena ficasse ainda mais ridícula. Ele sorria sem jeito, provavelmente por conta da resposta de sua neta.

– Na verdade, não. Encontramos alguns trolls andando pelas redondezas e resolvemos checar o palácio. E também, temos uma mensagem para a rainha.

– Uma mensagem ... ? – retrucou Cedric

– Sim. O general solicitou uma expedição para a torre de Ísis. Aparentemente, algo ... estanho está acontecendo por lá. – Ele continuou.

– Torre de Ísis ... se me lembro bem, esse foi o lugar onde aquele mago enfrentou ‘’alguma coisa’’, junto aos doze ... ou melhor, aos dez deuses. – pensei.

Agora, já começava a anoitecer. Eu não sabia exatamente o que faríamos, mas Cedric achou melhor que ficássemos no palácio e esperássemos que a sacerdotisa se pronunciasse. Ele tinha um pressentimento sobre a mensagem trazida pelas sentinelas. Acompanhamos Zenite e suas tropas que seguiram para o castelo para tratar de seus assuntos com a rainha. Minha perna ainda não estava muito boa por causa do golpe do troll, então Cedric teve de me ajudar. Retornamos para o castelo e no saguão nós nos separamos. Zenite seguiu acompanhado dos guardas para os aposentos reais e Cedric me acompanhou até a área dos curandeiros, local onde os feridos em batalha eram tratados. Chegando lá, me deparei com alguns dos soldados que nos ajudaram a enfrentar o troll momentos atrás. Uns pareciam estar apenas descansando, outros estavam realmente machucados. Haviam algumas senhoras vestidas de branco que tratavam dos feridos. Seus trajes eram cumpridos, um vestido que cobria seus pés e também suas mãos. Usavam também um capuzes que escondia seus rostos.

. Logo que entramos, fomos recebidos por uma moça. Seu rosto estava oculto pela vestimenta, porém, pude ver seu cabelo verde cacheado escondendo-se atrás daquelas roupas.

– Mais um ferido? Parece estar exausto. Por aqui, irei cuidar de você. – Ela me disse, estendendo a mão em minha direção. Sua voz soou tão amigável e acolhedora que o cansaço pareceu sumir de meu corpo. Sua mão era calorosa. Tanto quanto o sorriso que eu vi se iluminar por trás daquele capuz. Ela me guiou a uma cama que parecia ser feita de algodão ou algum material parecido e pediu que eu me deitasse. O senhor Cedric sentou-se em uma cadeira próxima da cama onde eu estava e disse algo sobre ‘‘Floencia ter as melhores curandeiras de toda Yujia.”

A curandeira de cabelos verdes colocou uma de suas mãos sobre minha testa e sussurrou: “Durma, meu jovem. Descanse.”

Não pude evitar um suspiro ao ouvir novamente aquela voz. Antes mesmo de dizer alo sobre minha perna, eu cai no sono.

Aquela seria minha primeira noite naquele mundo e eu não achei que meus sonhos fantasiosos iriam me perseguir ate ali. Eu estava errado.

Vi-me sentado na em uma cama exatamente igual àquela que eu havia me deitado. Sentada ao meu lado, havia uma jovem de pele morena e cabelos verdes cacheados. Ela usava um vestido verde esmeralda que parecia ter sido feito com folhas. E tinha olhos dourados. Sorriu meigamente para mim.

– E então, como se sente? – Ela disse. Sua voz me soou familiar. Eu já havia escutado, porém, não sabia exatamente quando nem onde.

Tentei responder, mas minha voz simplesmente não saia. Notei que a dor em minha perna havia sumido e isso pareceu ser suficiente para ela.

– É bom ver que está bem. – Dito isso, ela levantou-se da cama, ficando em pé ao meu lado. – Aqui, tenho algo para você. Um ... presente. – Vi que ela tinha algo em suas mãos. Parecia uma pedra do tamanho de uma moeda, só que oval. Lembrava uma jóia, uma esmeralda, para ser mais exato. Ela a deixou sobre a cama, bem ao meu lado.

– E isso é tudo, agora volte a dormir. Já falei que você precisa descansar. Hehehe.

Nesse momento, senti uma brisa soprar em minha direção, trazendo um aroma muito familiar. Era o mesmo que eu sentia quando saía de casa e caminhava por entre a floresta. Árvores, orvalho ... esse tipo de coisa.

Depois desse sonho, não demorou para que eu acordasse. Estava de manhã e o sol entrava pela janela e iluminava o local. Sentei-me sobre a cama e vi o senhor Cedric sentado na mesma cadeira babando enquanto dormia. Ao meu lado, vi a exata pedra que havia visto em meu sonho. A estranha jóia verde-esmeralda que aquela garota misteriosa havia me dado.

– Finalmente você acordou. – Ouvi a voz do Zenite resmungar. Ele estava encostado na parede bem ao lado da porta. Estava de braços cruzados e com a cabeça baixa. Seu tom de voz era arrogante demais pra alguém que aquela armadura carnavalesca.

– Levante-se, você vem com a gente.

– Vou com vocês? Pra onde? - questionei

– Você vem com a gente ... para a torre de Ísis.


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