Cronicas das doze essências. escrita por Ak


Capítulo 3
Uma viagem ao passado com a sacerdotisa vermelha




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Finalmente havíamos chegado a Floencia, a capital do povo alado.

Voamos até o centro, indo em direção ao palácio. A cidade era uma megalópole incrivelmente povoada que crescia no meio de uma floresta de árvores gigantescas. Diversas casas brancas erguiam-se tanto no chão quanto nos galhos das árvores. Sobrevoamos as ruas de tijolos brancos até chegarmos ao palácio. Aterrissamos bem a frente dele. ( na verdade, Yannefir e seu avô aterrissaram, eu apenas cai no chão com a coruja.)

O senhor Cedric e sua neta foram avisar aos guardas sobre nossa chegada enquanto eu me despedia de minha carona. Logo, estávamos no jardim do palácio.

Uma estrada transparente, cercada por campos floridos que se estendiam até onde eu conseguia enxergar. No meio do jardim havia uma fonte, com uma estátua de penas cruzadas em “X” que devia ter uns dez metros.

Seguimos pela trilha até a entrada do castelo. Dois guardas nos acompanharam por todo o caminho. Eles usavam armaduras brancas e estavam armados com lanças. E me olhavam de um jeito estranho. Na verdade, acho que estavam olhando para a espada que eu carregava nas costas. Acho que, com qualquer movimento suspeito que eu fizesse , mesmo que fosse um tropeço, iria acabar com uma delas na minha garganta. Vai saber, né.

Chegamos à porta do palácio e mais dois guardas se juntaram a nos. Yannefir e Cedric não haviam dito uma palavra desde que havíamos entrado nos limites do palacio. Não que eu estivesse desconfiando deles, apenas estava ... cauteloso, digamos assim. Além disso, aquela espada parecia ter ficado mais pesada desde que entramos.

As portas se abriram e me deparei com um saguão enorme. O interior do palácio, assim como a parte de fora, era todo feio de cristal. Pelo menos, eu acho que era cristal. Talvez fosse vidro, quem sabe. Certifiquei-me de não tocar em nada, só pra garantir. Lá dentro haviam varias portas e escadas. No teto, estava pendurado um grande lustre que iluminava o ambiente como uma luz azul. Subimos uma das escadas que nos levou a uma grande porta prateada.

–Por aqui - Disse um dos guardas. – Estes são os aposentos da Sacerdotisa. Os outros dois devem esperar.

Cedric fez sinal com a cabeça e eu assenti. Yannefir apenas estava de braços cruzados, senti que algo a incomodava.

Um dos guardas abriu a porta e me acompanhou. Lá dentro havia um lustre parecido com o que estava no saguão, porém, este emitia luz vermelha. Haviam vários vasos com rosas vermelhas. No chão, um tapete vermelho com desenhos de corações, que lavava a uma cama. Era uma cama de casal, com lençóis cor de rosa. Deitada sobre ela estava uma mulher. Ela estava descalça, enrolada nas cobertas. Tinha pele clara e longos cabelos ruivos, seus lábios eram vermelho-sangue, como se usasse batom. Eu nunca tinha visto tanta coisa vermelha num só lugar.

– Aproxime-se. – Disse ela. Assenti com a cabeça e me dirigi até próximo da cama onde a sacerdotisa estava.

– Então, você é o garoto de quem ouvi falar. Qual seu nome? – sua voz soou calma tranqüilizadora. Instantaneamente senti toda a tensão desaparecer.

– Hanzo. –

– Sou Serena, a sacerdotisa da tribo do céu. E sabes por que estais aqui, meu jovem Hanzo?

– ... não.

– Vou lhe dar uma dica, tem a ver com a espada que carregas nas suas costas.

... Sabe, essa arma vem de muitas eras passadas. Esta arma que carregas está ligada as doze essências que criaram este mundo. – A sacerdotisa continuou.

– Adormecida ?

– Sim, meu jovem. Adormecida. Junto a outras onze armas. As runas disseram que elas acordariam apenas no momento que fossem necessárias. Este momento chegou, e esta arma escolheu seu guardião.

– E-essa arma ... me escolheu ? – Tentei não transparecer o choque que senti ao ouvir aquelas palavras, mas acho que não deu muito certo.

– Ouça, meu jovem. Nada acontece por acaso. Se você foi trazido para cá, há um propósito para isso.

– Então, foi essa espada que me trouxe aqui?

– É possível.

Soltei uma risada discreta. Aquilo havia sito tão repentino. Eu sentia uma estranha combinação de euforia e nervosismo. Respirei fundo e corri meus olhos em volta. Só então, notei que na parede a minha frente havia um grande quadro. Nele, desenhos de algumas criaturas. Bem no centro do quadro, haviam dois dragões, um preto e um branco. Antes que eu pudesse identificar os outros seres, a voz da sacerdotisa chamou minha atenção.

– Lindo, não é? Esses são os doze protetores ancestrais de Yujia.

– ... protetores. – Essa palavra ecoou em minha mente, quando dei por mim, estava novamente olhando os dois dragões do quadro.

– Gostaria de ouvir um pouco sobre eles ? – Ela perguntou, convidativa.

– Sim sim, claro. - respondi

– Bem... Houve uma época em que doze animais sagrados reinavam em Yujia. Eram els: Aignis, a fênix do fogo; Petraê, o titã da terra; Mizunis, a sereia do água. Auras, o pégaso do ar; Lignum, o duende da madeira. Quinsetzu, o basilisco do metal; Hankei, o dentes de sabre do trovão; Aurus, o unicórnio do ouro; Aizu, o lobo da neve; Yama, o grifo da montanha ; e os dragões Tayio e Yoru, do dia e da noite. Eles habitavam a ilha do Homu, que ficava no céu. Nessa época, havia um feiticeiro chamado Kantheon, o primeiro humano a utilizar a magia. – Disse ela. Naquele momento, a palavra ‘’humano’’, ecoou em minha mente. Yannefir e Cedric ficaram tão surpresos quando eu disse que era humano. Então, antes, haviam humanos aqui?

– Kantheon era um sacerdote. – Ela continuou - ele era a ligação entre os deuses e os mortais. O único com quem eles falavam e a quem atendiam. Kantheon se comunicava com os seres celestiais sempre que era necessário e os deuses apareciam para nos proteger. Não importava se estivéssemos sob ataque dos sem alma ou sobre alguma catástrofe natural, os deuses sempre respondiam ao chamado de Kantheon. ... porém ...

– Porém .... ? –Indaguei. Vi que os olhos da sacerdotisa pesaram, sua voz soou fria. Com um suspiro, ela continuou. - ... porém, um dia, uma força devastadora chegou a Yujia. Uma criatura vinda das profundezas, espalhando o caos e a destruição por onde passava. Ela se dirigia ao coração do continente, porém, Kantheon já estava a sua espera. Ele convocou os seres celestiais, que rapidamente desceram dos céus. Pelo menos, a maioria deles respondeu. Dez dos doze apareceram para enfrentar a criatura. A batalha foi longa, mas, eles não obtiveram sucesso. Todos foram derrotados... Como ultimo recurso, Kantheon sacrificou sua vida para lançar um feitiço que selasse a criatura. Terminada a batalha, os corpos dos deuses se transformaram em cristais, que deram origem a doze armas. Acreditamos que eles fizeram isso para que pudessem continuar a nos proteger, mesmo depois da morte de Kantheon.

Essas armas, são as essências desse mundo. São elas que mantém o equilíbrio e a força vital de Yujia. Mas, depois que os deuses morreram, os sem alma ficaram livres para agir e iniciou-se uma guerra que dura até hoje.

– Então quer dizer que essa espada, é na verdade, um dos deuses que lutaram contra essa ... coisa? – Questionei

– Sim ... e não. Como eu lhe disse, dez dos doze deuses desceram para ajudar Kantheon. Sua espada foi criada por um dos dois que não participaram da batalha. Yoru, o deus da noite.

– Er ... Mas, porque essa espada me trouxe aqui ?

– Essas não são armas comuns, Hanzo. Elas não podem ser empunhadas por qualquer um. As armas escolhem seus guardiões, como eu disse. E essa arma escolheu você.

Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, a sacerdotisa aproximou-se e segurou uma de minhas mãos. Novamente ela me mandou um olhar triste, quase com ar de súplica.

– Essa espada escolheu você, você é o único que pode usá-la. Precisamos de sua ajuda. Nosso povo não é forte o suficiente para enfrentar os sem alma. Apenas a força das doze armas celestiais pode combate-los, então ...

– Eu irei ajudá-los. – respondi. – Pode contar comigo.

– É muito bom ouvir isso ... – um sorriso surgiu e o rosto da sacerdotisa se iluminou. – Tem a minha eterna gratidão. E de todos de Floencia.

Eu deixei escapar uma risada. Só então notei que ainda estava segurando a mão da sacerdotisa, isso fez meu rosto se avermelhar um pouco. Antes que pudesse solta-la, ouvimos um barulho que vinha do lado de fora do palácio. Era como se algo tivesse explodido no jardim. Não demorou para que dois guardas entrassem no palácio.

– Sacerdotisa ! – exclamou um deles. – É uma emergência ! estamos sob ataque! Um troll apareceu nos portões oeste.

– Sob ataque ? – respondeu ela. – De onde ele veio ?

– Não sabemos, ele simplesmente apareceu. As forças de defesa estão indo para lá nesse momento.

Pude ver a correria de guardas que passavam pelo corredor. Não vi Yannefir e nem o senhor Cedric , que haviam ficado esperando na porta.

– Vou ajudar! – falei impulsivamente.

– Hanzo, espere um momento. – A sacerdotisa tentou me impedir, mas eu já havia saído do quarto. Segui correndo até o saguão central. Vários guardas saiam para o jardim. Movi-me até a porta. De lá, pude ver a criatura. Realmente, era um troll. Mas este era muito maior do que o que eu havia enfrentado momentos antes. Ele também usava uma armadura de guerra que parecia ser feita de metal e segurava um machado que devia ter o triplo do meu tamanho. Os guardas posicionaram-se a frente da fonte do jardim e formaram uma ‘’parede’’ com os escudos. Eu levei a mão direita ao cabo da espada que carregava nas costas. Senti um calafrio ao tocá-la. Lentamente a desembainhei e corri para a fonte, porém, outra coisa me chamou a atenção. Algo repentinamente me fez olhar para a parte de cima do castelo. Por um instante, tive a impressão de ver alguém ali. Olhei mais atentamente, mas não vi ninguém. Devia ser minha imaginação. Posicionei-me ao lado dos guardas empunhando a espada com as duas mãos. Só então vi que Yannefir e Cedric estavam mais a frente. Ela estava segurando sua flauta e o vovô tinha um livro muito grande em baixo do braço esquerdo. O troll ergueu o machado com as duas mãos e soltou um urro.


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