Tronos de Fúria escrita por Phoenix M Marques W MWU 27


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

2 anos sem postar é demais rs
Isso pq tive 2020 todo para isso e deixei passar a oportunidade, 2021 pelo menos ta começando um pouco melhor, na verdade esse capítulo tá vindo com pelo menos uns 2 ou3 meses de atraso que já era pra eu ter lançado ele.

Posso dizer a vcs que quebrei duas de minhas regras ao escrever este capítulo. A primeira foi que o capítulo teve mais de 3.000 palavras (nas outras fanfics eu não sigo essa regra, nessa eu segui , de início inconscientemente mas depois decidi manter isso afinal os leitores já poderiam estar acostumados, e bom teve o capítulo 4 ali atrás que teve menos de 2.000 palavras, então este aqui é meio que pra compensar. Os próximos continuarão a ter isso de menos de 3.000 palavras), e a segunda regra foi em terminar um capítulo com gancho (embora pra alguns daqui não era gancho, eu meio que já havia adiantado essa informação para alguns rs), cara eu odeio ganchos kk mas se eu tivesse me estendido mais, ultrapassaria talvez os 4.000 de palavras. Infelizmente muita coisa que eu havia planejado para esse capítulo não coube, e ficou para os seguintes. Então resolvi acabar aí, pareceu até um pouco natural. A boa notícia é que, devido a isso, já sei bem como iniciar o capítulo 8 e talvez até como terminá-lo. Vamos a isso...



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            Quando decidiu revelar à população o que havia ocorrido entre as quatro paredes do palácio real da França, Gustavo não imaginava a repercussão que o caso teria.

            Logo que voltaram a Estocolmo, o imperador autorizou os jornalistas da assessoria de imprensa do governo a divulgar o encontro dos monarcas para a grande mídia. Os imperadores aliados tinham decidido que nada seria ocultado dos seus súditos, mas nenhum deles tinha a intenção de divulgar o ocorrido tão cedo. Os Impérios da Espada falavam, por meio de seus primeiros-ministros, em esperar pelo menos uma semana antes de tomar qualquer posição sobre o ocorrido, em parte devido a ser esse o prazo que a França havia dado para que houvesse uma retratação da Suécia pela descoberta do espião infiltrado no gabinete do governo francês. No entanto, o imperador Gustavo sentia que todo o Império Sueco deveria saber da ofensa o quanto antes, e que o parecer do povo teria que ser adotado pela Coroa.

            As relações entre França e Suécia, devido às disputas territoriais no norte, não eram das melhores. Tão logo a população de Suécia, Noruega, Dinamarca, Finlândia, Islândia e dos demais territórios imperiais tomou conhecimento da prisão do agente sueco por parte da polícia francesa, inquietou-se e uniu suas vozes com um único objetivo: a retaliação contra a França.

            Assim, ao contemplar a multidão de pé, diante do palácio em Estocolmo, o imperador nórdico teve ainda mais certeza de sua decisão. Com a imperatriz consorte, Maílla, ao seu lado, o soberano do Império Sueco ergueu o braço, saudando os súditos, que vibraram em resposta. A maioria sem dúvida era de cidadãos locais, mas Gustavo percebeu diversas bandeiras em meio à multidão: Noruega, Dinamarca, Jamaica, Qatar, África do Sul, Chile, Kuwait... Vários súditos de diversos pontos do império haviam comparecido para o pronunciamento.

            Baixando lentamente o braço, Gustavo esperou a multidão cessar a balbúrdia, e tomou a palavra, falando ao microfone no púlpito colocado diante dele, na sacada do palácio.

— Povo da Suécia e de nosso glorioso império! Eis que chegou ao vosso conhecimento que nosso reino foi vítima de uma afronta terrível, na última cúpula de nações em Paris. Essa afronta não poderá ficar impune. No entanto, antes de o Império tomar qualquer providência, é preciso ouvir a voz do povo. Todo o poder emana do povo, e o imperador é, antes de tudo, um servo de seu povo. Já ouvi os seus clamores nas ruas e praças do nosso país. Mas, claro, preciso me certificar do vosso desejo antes de tomar qualquer atitude. Então, meus súditos... O que desejam que a Suécia faça por vocês?

            A multidão se uniu em um mesmo coro, com diversos sotaques gritando em sueco, a plenos pulmões.

— Destruir a França! Vingar a honra do povo sueco!

            Gustavo sorriu de ponta a ponta e acenou para a multidão.

— Que assim seja, meu honorável povo sueco – disse ele para as massas. – A vontade de vocês será atendida.

            Satisfeito, Gustavo acenou uma última vez para o povo, e se voltou para dentro de seu gabinete. Ele notara a movimentação dos jornalistas em meio à multidão; com sorte, antes do fim do dia, a declaração oficial de guerra chegaria aos quatro cantos do mundo.

            Ele sabia que seus pais e seus antepassados provavelmente repudiariam aquele gesto, especialmente devido ao trabalho que eles haviam tido em construir o Império Sueco e auxiliar na reconstrução do mundo. Porém, agora estavam vivendo um momento diferente. Tempos de desespero pedem por medidas de desespero.

            A Suécia do passado – a Suécia de antes da Terceira Guerra – se orgulhava de ser uma nação que não se envolvia em batalhas tidas como “desnecessárias”, tais quais a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. Mas a Suécia do passado, Gustavo sabia, não existia mais.

— Estarei ao seu lado até o fim, marido – disse Maílla, afagando o braço dele. – Creio que sua decisão será apoiada e bem-sucedida.

— Certamente, querida – respondeu ele. – O povo precisava de uma satisfação. Agora irei me comunicar com nossos aliados, e encarregar o Primeiro-Ministro de repassar uma nota oficial à imprensa e às forças armadas.

            Maílla o beijou de leve no rosto.

— Boa sorte, querido. Rezo para que você conduza o nosso povo à glória. Vou para os meus aposentos para tomar banho, antes do jantar real.

            Gustavo beijou a mão da esposa e observou-a se retirar. Depois que as portas se fecharam e um mordomo fechou as portas da sacada, Gustavo pediu que fosse deixado a sós no gabinete.

            Em seguida, ele se encaminhou para sua mesa. Estava prestes a pegar o telefone privativo da casa real para ligar para o Primeiro-Ministro sueco, quando sentiu uma tontura na cabeça.

            Imediatamente, o imperador caiu sentado na cadeira. A dor estava ficando forte demais para que ele conseguisse sequer se sustentar em pé. Gustavo levou as mãos à nuca. O que poderia ser aquilo? Todos os seus exames médicos de rotina haviam acusado de que gozava de perfeita saúde, e fazia pouco menos de um mês desde que os realizara. Será que o estresse dos últimos dias estaria enfim o superando?

            Ainda tentando reorganizar os pensamentos, o imperador de repente sentiu uma presença no gabinete. Ele olhou em volta, mas não havia ninguém ali além dele. No entanto, ele continuava a sentir a presença em torno dele, cada vez mais forte.

            Não, não em torno dele. Dentro dele. Mais precisamente, dentro de sua cabeça, justamente o local onde estava sentindo as dores.

            Aquilo não fazia sentido. Gustavo imaginou que estaria enlouquecendo. Talvez fosse algum tipo de punição do universo ou de alguma força maior por ele ter decidido declarar guerra. Não, não podia ser. Ele estava em seu próprio direito de responder à França e retaliar, é claro. Mas então, o que poderia ser a causa daquela dor?

            Tudo que ele menos precisava naquele momento era aquilo. Estava em vias de lançar seu país em guerra contra um país rival, em vias de liderar seu país rumo à glória, e estava sendo acometido por um acesso de loucura.

            Quando já estava certo de que iria perder a razão, Gustavo ouviu uma voz. Era retumbante, mas ele a ouviu como se estivesse dentro de sua cabeça.

            Você deu o primeiro passo, Majestade. Agora, os outros também irão despertar. Ninguém poderá detê-los. Você será tido como o mensageiro. Será aquele que lançou a mensagem inicial nesta nova era de conflitos. O mundo nunca mais será o mesmo, e a Era de Prata irá retornar.

            Gustavo se recostou na cadeira. Sua cabeça ainda doía, mas agora parecia que todo o seu ser estava se acostumando àquela dor. Quase como se, agora, ela fosse uma parte integrante dele.

            As palavras da voz que ouvira em sua cabeça ressoavam em seus ouvidos, mas ele não conseguia dar nenhum sentido sólido a elas. Era quase como se as tivesse escutado em um idioma desconhecido.

            Ele ainda sentia, também, aquela presença forte e poderosa dentro dele. Só que agora, não era como se fosse a presença de outro indivíduo. Era como se aquela presença, agora, fosse a dele.

            Ele tentou erguer a mão para alcançar o telefone, mas desistiu da ideia. A quem iria ligar? Quem entenderia a situação pela qual ele estava passando, sozinho em seu gabinete? Não havia ninguém, ele tinha certeza, que pudesse explicar o que era aquilo que ele estava vivenciando. Nem ele mesmo conseguia explicar o que estava sentindo. Ele nem ao menos sabia mais quem era naquele momento.

...

...

...

...

            No carro oficial do Primeiro-Ministro lusitano, Jorge continuava a fitar o jovem Scott com expectativa. Os seguranças estavam todos posicionados em seus assentos, com as mãos em suas armas, para o caso de o irlandês tentar algum movimento brusco contra a integridade do Ministro, apesar de os dois estarem sentados nos assentos mais distantes um do outro dentro da limusine. No entanto, desde que haviam deixado Algarve poucas horas atrás, o recém-chegado não havia falado nem mesmo se mexido no assento. Continuava olhando pela janela do veículo, com o queixo apoiado em uma das mãos e com o rosto quase colado à janela, e parecia até mesmo estar entediado. Nem as algemas que os seguranças haviam colocado nas mãos dele pareciam incomodá-lo.

            Um observador externo provavelmente não entenderia o que havia levado Jorge a tomar uma atitude inesperada daquelas, de levar um desconhecido no veículo oficial até Lisboa para o palácio imperial. No entanto, em sua mente, Jorge, com sua experiência política e diplomática, estava trabalhando com todas as variáveis possíveis para aquele cenário. Havia aprendido há muito tempo: “tempos de desespero pedem por medidas de desespero”. Com a iminência de uma guerra, certas regras tinham que ser modificadas, ou mesmo ignoradas. E Jorge, com seu conhecimento histórico, sabia que o mundo não estava pronto para uma guerra naquele momento. Todo e qualquer esforço direcionado para evitar a guerra, assim, deveria ser incentivado e apoiado.

            Apesar de se declarar cético, o Ministro tinha uma mente mais aberta do que deixava transparecer. Ele havia visto Scott em ação contra os soldados. E havia ouvido o relato de que as balas simplesmente desviavam dele. Não havia razão para que ele acreditasse que aquilo havia sido fruto de uma alucinação coletiva dos militares. Se houvesse alguma força maior em curso tentando enviar algum sinal para a humanidade de que a guerra não deveria ocorrer, Scott devia fazer parte dela. E Jorge estava disposto a interceptar qualquer sinal ou qualquer possibilidade, por mais remota que fosse, de que a guerra pudesse ser evitada ou, pelo menos, retardada. Ele não gostava de deixar de perceber sinais importantes; sempre notava tudo à sua volta, seja como advogado, seja como político, seja como governante, seja como braço-direito do imperador.

            Aliás, seu status de braço-direito do soberano de Portugal era o que lhe dava liberdade para tomar atitudes pouco “ortodoxas”, como a de levar Scott, algemado, em seu próprio veículo oficial até o palácio de governo. Isso garantia que aquele assunto fosse tratado com o máximo de sigilo, e mesmo que ocorresse um vazamento, a informação acabaria sendo rapidamente contida e abafada devido à reputação do ministro e à influência de Dom Thiago. Claro que Jorge, mesmo com esse status, não abusava da sorte. Poucas vezes havia usado de sua posição para pedir favores pouco usuais ao imperador Thiago (podia mesmo contar nos dedos em quantas ocasiões isso havia ocorrido), até para não dar a sensação ao monarca de que o ministro Simões estava abusando da posição que ocupava para esfregar na cara da sociedade de que gozava da confiança do soberano para fazer tudo o que quisesse.

            Jorge tentava deixar de lado todas essas questões em sua rotina de governante, gestor e pessoa pública. O fato de ser amigo pessoal de longa data de Dom Thiago não lhe subia à cabeça nem o motivava a agir de acordo com seu bel-prazer. Sua vida pessoal tinha que ficar em segundo plano, para que ele pudesse se dedicar devidamente ao serviço à Coroa e a seu país. Além de tudo, ele tinha uma reputação a manter como o Primeiro-Ministro mais renomado e respeitado da Europa, o único que conseguia dialogar de forma igual com os governos dos países componentes da aliança dos Impérios da Espada e com os governos dos demais países. Todos os governantes e mesmo os imperadores consideravam Simões como um visionário e um mestre da diplomacia. E naquele momento, em sua visão, seu serviço incluía averiguar as intenções do recém-chegado irlandês e interrogá-lo a respeito das informações que ele alegava ter a respeito da guerra iminente. Qualquer chance de evitar derramamento de sangue e de poupar o povo português de angústia e sofrimento desnecessários que um conflito armado poderia trazer seria bem-vinda – isso, é claro, se o irlandês não estivesse blefando.

            Pelo canto do olho, o ministro percebeu que estavam adentrando a região metropolitana de Lisboa. Resolveu quebrar o silêncio.

— Então. Você está quieto desde que deixamos Algarve. Não seria melhor aproveitar o tempo até chegarmos ao meu gabinete e iniciar suas explicações, meu jovem? Quem sabe, começando pela informação que você alega ter que pode fazer com que a guerra seja evitada.

            Alguns seguranças se remexeram, desconfortáveis, ao som da palavra “guerra”, mas Jorge não deu atenção. Scott, por sua vez, continuou observando pela janela.

— O que tenho para dizer, Ministro, pode não te agradar. Isso, é claro, se é que você vai mesmo acreditar em algo do que direi. E o senhor mesmo disse que é muito cético. Ou seja, assim que eu começar a falar, poderei estar apenas apressando o processo para que me dirija ao encontro da morte.

— Realmente sou bastante cético – mentiu Jorge -, mas estou te dando o benefício da dúvida. De onde consigo ver, você ainda não expôs seus argumentos, então ainda possui uma chance, ainda que ínfima, de me convencer de que está bem-intencionado e de que está realmente disposto a nos ajudar a evitar o conflito. Caso contrário... Bom, já estamos próximos de Lisboa, e será fácil expedir uma ordem de prisão para você sob acusação de espionagem e de ultrapassar nossas fronteiras sem visto nem documentação de seu país de origem. Em suma, será tratado como um prisioneiro de guerra, um espião inimigo ou mesmo um terrorista.

            Scott riu de leve. Isso deixou Jorge surpreso. Ele se esforçara para que, com sua ameaça, o jovem se sentisse pressionado e intimado a falar o que alegava saber. No entanto, o irlandês parecia totalmente despreocupado com a sentença do ministro. Não demonstrava estar nem um pouco intimidado.

— Pois bem, Primeiro-Ministro – disse Scott, ainda com ar de riso. – Vou começar provando que estou do seu lado, e que venho em paz. E que as informações que trago serão, sim, de fundamental importância para que a guerra seja evitada.

            De forma anormalmente rápida, o jovem estalou os dedos. Na mesma hora, várias coisas aconteceram: todos os seguranças guardaram suas armas em seus coldres, e instantaneamente caíram no sono, alguns inclusive começando a roncar; e as algemas de Scott se soltaram como que por mágica, e ele as exibiu, com um sorriso triunfante estampado no rosto, para o Primeiro-Ministro, que assistia a tudo aquilo, pasmo e boquiaberto.

            Com um sobressalto, Jorge preocupou-se com a integridade do motorista, que poderia também ter sido afetado pelo estranho fenômeno; no entanto, o carro continuava a avançar normalmente pela rodovia, e o motorista, separado do restante dos ocupantes do veículo por uma divisória, que o isolava sonoramente dos demais (o Primeiro-Ministro só podia se comunicar com ele através de um aparelho de pager instalado na lateral do compartimento posterior), não parecia estar sendo afetado pelo estalar singular de dedos do irlandês.

— Ah, que juízo de valor faz de mim, Ministro? – interpelou Scott, como se lesse os pensamentos do político. – É claro que eu não colocaria seu chofer para dormir. A última coisa que queremos, especialmente nas circunstâncias atuais, é causar um acidente rodoviário que custe a vida do Primeiro-Ministro e de seu staff de segurança. Não se preocupe, ele continuará totalmente desperto até chegarmos a Lisboa, onde terei meu briefing com o seu imperador, eu espero. E a julgar pela paisagem, eu diria que estamos chegando, presumindo que eu tenha estudado corretamente os mapas da reg...

— Você é um ilusionista. É isso? – cortou-o Jorge. – Só assim poderia ter feito esse... esse truque...

            Scott fez uma careta e começou a girar as algemas com um dos dedos.

— Já fui chamado de coisas piores.

— E como soube do que eu estava pensando há pouco?

— Ah! Pff... Linguagem corporal, eu acho... – respondeu o irlandês, fazendo um gesto de desdém como se a pergunta fosse irrelevante. A essa altura, Jorge já o fuzilava com o olhar. – Ora, senhor Ministro, você não faz ideia de quanto os pequenos movimentos que nossos corpos fazem entregam muito do que estamos pensando no momen...

— Você deve achar que sou algum idiota – interrompeu o ministro Simões. – Estou pedindo, exigindo, que fale de forma direta e franca comigo, sem me tratar como se eu fosse algum ignóbil ou uma criança.

            Scott ergueu as mãos, fazendo uma careta pouco convincente, como se simulasse que havia tido algum segredo importante descoberto por Simões.

— Ora, senhor Ministro... Não tive a intenção de ofendê-lo... hehehehe. Porém, você tem de me entender. Tenho certa dificuldade em acreditar que qualquer mortal conseguiria acreditar, ou mesmo entender, no que estou para te dizer.

— Mortal? – retrucou Jorge, agora fechando os próprios punhos com força. – Fale de uma vez. O que você é? Sei que é claramente alguém que conta com habilidades. Foi assim que fez meus seguranças adormecerem, não é? E fez as balas dos soldados em Algarve se desviarem? Você é alguma espécie de feiticeiro, afinal de contas?? QUEM é você, desgraçado? Fale abertamente. Estou farto de seus jogos. Você disse que poderia dizer a nós algo que faria com que a guerra fosse prevenida. Pois bem, FALE. Não tenho o dia todo, e não vou levar alguma informação vaga ou supérflua até o gabinete do imperador. Isso SE eu decidir levar tal informação.

            Scott fez outra careta, dessa vez parecendo estar impressionado com o discurso do ministro Simões.

— Nada mal. Para um mortal, o senhor é bem lúcido... Está reagindo melhor do que eu esperava. Quer dizer, eu fiz seus subordinados desabarem aqui bem diante dos seus olhos e você não parece achar que está enlouquecendo... Bom, certamente parece estar um tanto aborrecido ou contrariado, mas, fora isso...

— Vá direto ao ponto, forasteiro. E espero que sua fala seja convincente.

— Você é um homem estudado, não é, senhor Ministro? – questionou Scott.

— E qual é a relevância desta perg...

— Ora, estudei profundamente o seu perfil antes de vir até aqui. Sei que é advogado e um homem culto, intelectual. Talvez por isso esteja reagindo tão bem a tudo isso, e nem cheguei à parte realmente interessante do que tenho para dizer. Mas, estou curioso... Você não tem nem sequer um palpite, sobre a minha real natureza? Algo que pudesse servir de “explicação” aos fenômenos que você acaba de testemunhar? Vamos, dê sua opinião. Só uma tentativa. Se você não acertar, eu mesmo revelarei quem sou.

            A forma como ele disse “quem sou” não agradou a Jorge. O sujeito, apesar de seu semblante jovial e irreverente, parecia cada vez menos “humanizado” aos olhares do Primeiro-Ministro. Várias ideias pipocaram na mente do político, porém, nenhuma delas parecia servir como uma resposta satisfatória... não para Jorge, pelo menos.

— Não faço a menor ideia.

            Scott deu um leve sorriso, como se tivesse ouvido exatamente o que queria ouvir.

— Meu caro Ministro... Torci para que tivesse percebido logo de cara. Eu sou um deus.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por me seguirem até aqui, peço desculpas pela demora novamente, e espero vê-los de novo por aqui, em breve.