Criado Por Quem Se Importa escrita por Inês MC


Capítulo 12
Capítulo 12 – O Baile de Inverno da Ginny




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– Senhor, aquilo que fez com o maldito dragão foi espetacular… - um menino gorducho louvou o seu diretor, sentado numa cadeira.

– Neville, meu rapaz, és o campeão mais novo. Como teu diretor, é o meu trabalho proteger-te. – disse o Dumbledore, sorrindo na sua cadeira com a Fawkes atrás dele. – Estou a cuidar da segurança d’O-Menino-Que-Sobreviveu. Seria uma catástrofe nacional se algo de mal te acontecesse durante este fantástico evento internacional.

– Mas não é contra as regras eu ter ajuda? – perguntou o Neville, ainda tremendo da memória de estar de frente de um dragão real.

– De facto é, mas é também contra as regras os campeões saberem o que iriam enfrentar.

– Não compreendo, professor.

– Tanto o Sr. Krum como a Srta. Delacour tinham conhecimento do que a tarefa consistia. – o Dumbledore explicou ao jovem rapaz, que assentiu em compreensão.

– Professor, também vai me ajudar com as outras tarefas, não é verdade?

– Claro que sim, meu rapaz. Já agora, deves tomar um banho com esse teu ovo dourado. É a única forma de entender a mensagem escondida. Depois de fazeres isso, vem ter comigo ao meu escritório. – gentilmente o Dumbledore ordenou e, com isso, dispensou o Neville do seu escritório.

***

Natal! Uma festividade encantadora sempre celebrada de um modo magnífico e único em Hogwarts.

Durante as férias de Inverno, apenas uns poucos estudantes costumam ficar no grande e velho castelo. Para estes, o Natal seria, sem qualquer tipo de dúvidas, supremo, maravilhoso, uma memória que dificilmente seria esquecida.

Em Hogwarts, o Natal nunca ocorria da mesma forma. Havia sempre alguma inovação surpreendente. As melhores e as maiores inovações aconteciam sempre na altura de eventos especiais, como era o caso deste ano.

Uma vez que o Torneio Tri-Feiticeiro estava a acontecer pela primeira vez em séculos, uma enorme expectativa sobre como o Baile de Inverno seria pairava sobre a grande quantidade de alunos que ficariam no castelo durante as férias.

O Baile de Inverno era uma tradição do Torneio Tri-Feiticeiro, onde os campeões iriam abri-lo com os seus parceiros. Era esta tradição a razão do porquê que os jovens rapazes estavam nervosos no momento de perguntar a jovens e animadas raparigas para irem com eles à dança formal. Para que tudo acontecesse sem problemas, os meninos e as meninas estavam a ter aulas extra para aprenderem a dançar e para melhorar essa habilidade.

***

O Harry observava a Hedwig a desaparecer, quando a Milly e o Benny entraram no seu quarto.

– Menino Harry, há alguma ocasião especial da qual não temos conhecimento? – a elfa-doméstica humoristicamente interrompeu os pensamentos do adolescente.

– De que estás a falar, Milly? – perguntou de volta o Harry um pouco corado, voltando-se de frente para os dois irmãos.

– O teu sorriso não me engana, Harry, nem engana a Milly. – retorquiu o Benny. – Podemos perguntar o quê ou quem te está a fazer tão feliz?

– Milly, Benny, acho que finalmente entrei no espírito do Tornei Tri-Feiticeiro. – suspirou o Harry a sonhar acordado. – A propósito, não irei jantar cá na Noite de Natal. – acrescentou de forma séria.

– A sério, Harry!? É por isso que estás a sorrir tão brilhantemente hoje? – provocou a Milly.

– Talvez sim… Talvez não…

***

Como de costume, o Fred e o George Weasley não estavam no salão comum deles após o toque de recolher. Eles estavam a andar devagarinho em direção à Torre de Gryffindor, num corredor sem quadros e com uma janela aberta, sem fazerem barulho e observando as suas costas.

Os gémeos tinham terminado de preparar a quarta partida deles naquela semana, cujo alvo era o velho zelador Argus Filch, quando uma linda coruja nevada entrou pela grande janela, trazendo-lhes um pequeno pacote. A Hedwig, a coruja, aterrou no ombro esquerdo do Fred e deixou o George tirar-lhe o pequeno embrulho.

– Olha o que temos aqui! – disse um dos ruivos.

– Hey menina, o que quer connosco o melhor amigo da Gin-Gin? – perguntou o outro, enquanto acariciava a Hedwig.

– Apenas um jeito de descobrir! – respondeu o Fred, sorrindo.

– Vejo que ele não queria uma resposta… - comentou o George assim que reparou a coruja saía.

Depois de não ser mais possível observar a Hedwig, o Fred abriu a embalagem e ficou boquiaberto. No embrulhito, estavam dois antigos pergaminhos com uma breve nota assim como estava um novo pergaminho. A nota dos pergaminhos antigos apenas dizia “Creio que sabem como usá-los.” e o Fred não desperdiçou mais tempo, não precisava de mais encorajamento.

– Juro solenemente que não pretendo fazer nada de bom.

A frase fez o pretendido. Num instante, o Fred não tinha na sua mão um velho pergaminho, mas sim um mapa mágico da Escola de Magia e Feitiçaria de Hogwarts.

– Fantástico!

–Ele finalmente acabou-os!

– Parecem exatamente como o verdadeiro!

Os gémeos encantados com os novíssimos mapas dos Marauder demoraram um bocadinho para se lembrarem que o Harry tinha-lhes enviado também uma carta.

– Fred, o que é que ele nos escreveu? – perguntou o George, enquanto olhava para o pergaminho que o irmão tirava do bolso.

Juntos, os gémeos Weasley começaram a curta carta do Harry.

Caros Gred e Forge

Preciso da vossa ajuda com algo bastante importante.

Podem encontrar-se comigo esta noite à meia-noite na Sala das Necessidades?

Por favor, não contem nada à Ginny.

Vejo-vos lá,

HP

P.S. O que acham dos mapas?

– Breve e direita ao ponto, não dirias?

– Yeah… A Ginny não vai gostar quando descobrir. – expôs o George num tom tristonho. – Coitado do Harry… Tão novo e põe a sua vida em risco desta forma…

– Que vergonha, Harry… - continuou um Fred sorridente. – Mas ele diz que é importante… Por isso, bora lá! É quase meia-noite.

***

A jovem Ginny, desde o anúncio do Baile de Inverno, não andava a sentir-se muito animada.

A Ginny amava dançar, mas, estando ela no terceiro ano, apenas poderia ir ao Baile de Inverno caso fosse convidada por um aluno mais velho, o que era improvável. Ninguém tinha esquecido o envolvimento dela nos ataques do Monstro de Slyhterin. Mesmo assim, o único rapaz com quem ela desejava e imaginava ir ao Baile de Inverno nem sequer era um estudante em Hogwarts.

O Harry Potter, o rapaz que a salvara da Câmara dos Segredos, tinha-se tornado, deste então, uma pessoa extremamente importante na vida dela. Durante os últimos meses, a mente dela começara a pensar mais e mais nele, o coração dela aquecia e batia mais rápido todas as vezes em que eles falavam com os espelhos encantados e quando estavam juntos na Sala das Necessidades.

A Ginny Weasley sabia que estava a apaixonar-se por Harry Potter. A sua única consolação era que talvez que estivesse apaixonar-se por ela também…

***

Quando de frente da parede que identificava como a localização da Sala das Necessidades, o Harry pensou numa sala de estar confortável bastante semelhante ao Salão Comum de Gryffindor que vira em fotografias.

O Harry estava muitíssimo nervoso. Ora sentado no sofá vermelho ora a andar de um lado para o outro ora a mexer no seu cabelo preto bagunçado, ele mal podia esperar pela chegada do Fred e do George.

Ele pensara na sua ideia por várias vezes e tinha cem por cento de certezas que iria pô-la em prática. Apenas precisava da aprovação e ajuda dos gémeos.

De repente, a porta foi aberta e dois jovens entraram na sala solenemente.

– Tudo bem, Harry?

– Os mapas são brilhantes!

– Mesmo fantásticos!

– Mal podemos esperar para explorar os novos detalhes.

– Obrigado por fazê-los, Harry!

– Mas indo para outros negócios…

– Harry, não disseste muito na tua carta…

– O que há de tão importante que arriscas a tua própria vida ao não contares à Gin-Gin?

– O que quer que seja, ela não vai gostar…

– E ela tem aquele humor dela…

– Assim… Qual é a missão que tens na tua mente para nós?

O Fred e o George terminaram vivamente o seu discurso juntos no momento em que se sentavam num sofá e esperaram por uma resposta do rapaz mais novo.

O Harry estava sem palavras, até que se lembrou que necessitava de lhes responder:

– Rapazes, estou muito feliz que tenham gostado dos mapas. Qualquer dúvida, enviem-me uma coruja.

Os gémeos acenaram a cabeça em confirmação e continuaram a sorrir e a aguardar pela tarefa do Harry. Aquele rapaz salvara a vida da irmã deles sem sequer conhecê-la, ajudara-a desde essa altura, tornara-se o melhor amigo dela e o parceiro do crime deles e tinha-lhes dado cópias melhoradas do Mapa dos Marauder. Se existia alguém em quem o Fred e o George Weasley iriam seguir até ao inferno e voltar, esse alguém seria o rapaz que se encontrava à frente deles.

– Boa… Agora, de modo nenhum a Ginny iria-me matar. Ficar zangada comigo? Sim. Enfeitiçar-me? Provavelmente. Mas não me iria matar. – disse o Harry sorrindo arrogantemente. – Além disso, não tenho dúvidas de que ela irá amar o que ando a tramar.

– Oh, Potter – chamou o Fred com um olhar fatal.

– Podemos confiar em ti, mas é melhor tomares bem conta da nossa irmã, senão… - aconselhou-o o George, fitando-o ameaçadoramente.

– Eu nunca lhe faria algo que a magoasse. – rapidamente o Harry respondeu intensamente. – Ela é bastante importante para mim…

– Calma, Harry. – disse-lhe o George, rindo um pouco. – Nós sabemos.

– Estamos só a brincar. – acrescentou o Fred.

– Desculpem-me, rapazes. Acho que exagerei… - desculpou-se um pouco vermelho Harry.

Após um momento estranho de silêncio, o Fred perguntou:

– Não tinhas uma missão importante para nós, Harry?

A pergunta afastara o Harry dos seus pensamentos.

– Uhn? Oh, sim. Sim, tinha.

– O que é? – perguntou o George, extremamente curioso, quando o Harry não disse mais nada.

– Bem… Tem a ver com o Baile de Inverno que vem aí… - começou a contar o Harry com constrangimento.

– E tu queres que contrabandeamos-te para ires? – tentou adivinhar o George, o humor e travessura brilhavam os olhos deles assim como os do irmão.

– Não! – retorquiu o Harry escandalizado. – Eu-Eu…

– Queres que arranjemos um encontro para a Ginny?

– Não é essa a minha ideia. – disse o Harry com irritação. – Como estava a tentar dizer… - continuou ele firmemente. – Tenho esperanças de que vocês pudessem trazer a Ginny para aqui na Noite de Natal sem que ela suspeite.

– De modo a que o amoroso casal possa ter um pequeno encontro agradável em paz e sozinho. – o Fred inocentemente provocou.

– Bem… Sim… - o Harry corado admitiu. – Eu importo-me mesmo com a Ginny.

– Não duvido disso… Mas a sério, Harry!? – importunou o George, ao que o Harry tentou defender-se:

– O quê!? A Ginny é uma rapariga fantástica e –

– Nós sabemos, Harry. Afinal, ela é a nossa irmãzinha. – disse o Geoge, enfatizando a palavra “irmãzinha”.

–Oh!...

O Harry finalmente entendera o que eles queriam dizer.

– Oh!... – imitaram-no os gémeos.

– A sério, Harry! Tens sorte que não somos como o Ron ou o Percy. – contou-lhe o Fred.

– Tu estás-nos a perguntar, a nós que somos irmãos da Ginny, para te ajudar a preparar um encontro com ela. – acrescentou o George.

– Quando pensei parecia uma boa ideia. – confessou o Harry, ainda não encarando os ruivos. – Se pedisse a alguém da minha família, eles nunca iriam para de gozar comigo.

– Quem diz que nós não iremos gozar contigo? – retorquiu o Fred, começando junto com o seu gémeo a sorrir ironicamente.

– Somos brincalhões, lembras-te, Harry? – recordou-lhe gentilmente o George.

O Harry engoliu em seco. Ele não iria obter ajuda, ele iria ser humilhado e usado em partidas. Eles nunca iriam permitir-lhe que se aproximasse dela novamente. O Harry engoliu em seco novamente. No que estava ele a pensar quando decidiu falar com eles!?

O Fred e o George estavam a adorar o efeito deles no Harry. Ele engoliu em seco mais uma vez, estava um pouco suado e pálido. Concordando que tinham assustado o Harry o suficiente, os gémeos tiraram-no dos pensamentos infelizes.

– Mas não te preocupes, Harry.

– Como boas pessoas que somos, nós vamos manter isto segredo…

– Apenas lembra-te, se a magoares –

– – Nós vamos fazer a tua vida num inferno.

O Harry suspirou em descrença.

– Então, vocês vão ajudar-me, certo? – perguntou o Harry para certificar-se que o que ouvira antes não fora imaginado.

Os gémeos sorriram, acenaram afirmativamente com entusiasmo e juntos disseram:

– Qualquer coisa para fazer a nossa querida Gin-Gin feliz!

O Harry não conseguia esconder o seu sorriso de orelha a orelha. Ao fim de tudo, não tinha sido uma má ideia.

***

Após todos os detalhes terem sido acertados, só faltava pôr em prática o plano.

Claro que, durante as conversas deles à noite, a Ginny descobriu que o Harry andava a esconder algo dela e sentiu-se magoada por isso. Ela tentou convencê-lo a contar-lhe, mas ele apenas dir-lhe-ia não, que era uma surpresa e que ela tinha de esperar. A Ginny odiava isso, mas, como confiava nele, deixou passar. No fundo da mente dela, ela mal podia esperar pela surpresa.

O Harry sentia-se mais e mais nervoso como a altura da Noite de Natal aproximava-se. Ele tinha esperanças de que a Ginny o perdoaria por ter mantido o segredo e que ela iria sentir-se da mesma forma que ele.

O Fred e o George estavam a adorar fazer parte do esquema. Desde a conversa com o Harry, eles tinham-no ajudado a preparar a ideia de uma sala bastante confortável e agradável e a convencer os elfos-domésticos de Hogwarts a prepararem um delicioso jantar para a noite especial. Eles também pediram ao melhor amigo deles (Lee Jordan) e às lindas chasers de Gryffindor (a Angelina Johnson, a Alicia Spinnet e a Katie Bell) para ajudarem a escolher as vestimentas adequadas e os cinco preparam um plano genial para levar a Ginny até à Sala das Necessidades sem suspeitas.

***

Afirmar que a Ginny andava desconfiada era um eufemismo.

Durante os últimos dias, os gémeos, o Lee, a Angelina, a Alicia e a Katie tinham passado bastante tempo com ela. Não que ela se importava. A Ginny adorava-os e gostava de falar com as meninas mais velhas. Elas sempre foram simpáticas e divertidas. Além disso, as quatro jovens partilhavam da mesma paixão pelo Quidditch e pela única equipa totalmente feminina da Liga Britânica e Irlandesa de Quidditch, as Holyhead Harpies. Estes seis amigos eram dos poucos estudantes que compreendiam que o que acontecera no primeiro ano da Ginny não fora culpa dela.

A Ginny desconfiava era da tanta atenção repentina e conhecendo os gémeos ruivos como ela conhecia não ajudava nada a diminuir a desconfiança dela. O que a apaziguava era a presença das três raparigas mais velhas, que apesar de se divertirem com as palhaçadas dos rapazes nunca os deixavam ultrapassar os limites. Mas mesmo assim, a Ginny suspeitava que os seis andavam a preparar algo e que provavelmente seria ela o alvo.

Mais tarde, a Ginny viria a confirmar, infelizmente, as suas suspeitas. Mas, mais tarde ainda, ela viria a agradecer-lhes.

No dia de Natal, os seis amigos estavam sempre com ela.

As meninas, bem cedinho, foram acordá-la e pediram-lhe para levar os poucos presentes dela para o Salão Comum. Assim, a Ginny um pouco ensonada, as chasers, os beaters e o comentador abriram juntos os presentes com muitas gargalhadas.

Depois, tomaram o pequeno-almoço juntos e passaram uma manhã muito animada ao terem uma luta de bolas de neves. Obviamente, as meninas humilharam os rapazes. Seguidamente, o grupo fez uma breve paragem pela Torre de Gryffindor de modo a que pudessem tomar um duche quente e vestirem roupas secas e quentinhas.

O almoço foi preparado pelos amigáveis elfos-domésticos e foi passado com a companhia da Luna numa sala abandonada que tinha uma lareira que os gémeos não hesitaram em acender.

Após o almoço, a Luna deixou o grupo (“Espero que passes uma noite agradável, Ginevra.”) e cada um dos gémeos pegou no seu próprio mapa e foram dando indicações. A Ginny achou aquela atitude estranha, mesmo para os gémeos, mas não comentou. O grupo só parou quando entrou numa sala do sétimo andar, que à primeira vista parecia abandonada.

Quando entraram, o Lee murmurou um feitiço e ouviu-se o trinco da porta. O grupo estava agora trancado naquela sala empoeirada e a Ginny não estava a começar a achar piada à brincadeira. Mas antes que a ruiva pudesse elucidá-los com os seus pensamentos, a sala deixou de parecer abandonada. A Ginny mirou o grupo e reparou que a Angelina guardava a varinha.

– Mas que raios é que se passa aqui? – perguntou a Ginny, começando a irritar-se.

– Gin-Gin, não precisas de ficar zangada. – começou o Fred, pondo um braço sobre os ombros da irmã.

– Juramos que isto não é nada de mau. – terminou o George, pondo também um braço sobre os ombros da irmã.

Juntos, os gémeos levaram a Ginny até umas cadeiras confortáveis, onde os restantes já se tinham sentado, e a ruiva começou lentamente a acalmar-se.

– Podes confiar em nós, Ginny. – disse a Katie, sorrindo. – Sabes que não ajudaríamos estes doidos se fosse algo de mal.

– Nós preparamos-te uma surpresa. – disse simpaticamente a Alicia.

– Com a ajuda de um amigo dos gémeos. – acrescentou a Angelina, apontando para os ruivos.

– Mas eles recusam-se a dizer-nos quem ele é. – disse o Lee, magoado por não saber quem o amigo misterioso era.

A Ginny ainda achava estranho o que se estava a passar, mas começava a acreditar que não era nada de mal.

– Posso talvez ter uma ideia de quem ele é. – disse a Ginny com incerteza, mas o seu coração dizia que ela estava certa. – Mas –

– Ótimo, Gin-Gin! – congratulou o Fred, piscando-lhe o olho.

– Então tens uma ideia do que vamos fazer, não é? – perguntou o George, começando a levantar-se.

– Meninas, não vamos mais atrapalhar-vos. – disse o Lee, também levantando-se. – Por favor, deixem-na pronta em duas horas. – acrescentou, olhando para o relógio de pulso.

As três chasers acenaram a cabeça em confirmação e os rapazes não perderem tempo para sair da sala, voltando a trancar a porta.

A Ginny viu a troca e ficou sem palavras. Ela não entendia muito bem o que se estava a passar, mas se o seu coração estivesse certo, as esperanças dela talvez não fossem falsas.

– Deixar-me pronta para o quê? – foi a primeira pergunta que a ruiva conseguiu expor ainda em choque.

***

Após deixarem a Angelina, a Alicia e a Katie com a Ginny na sala, os gémeos introduziram a Sala das Necessidades ao Lee, que ficou em êxtase. Os três entraram na sala que o Fred pensara e esperam uns dez minutos até que a porta foi aberta. O Lee ficou apreensivo com a entrada do estranho moreno e rapidamente os gémeos trataram das apresentações.

– Lee, este é o Harry.

– Harry, este é o Lee.

– É o Harryzinho que está por detrás do nosso plano. – informou o George, batendo nas costas do Harry.

– É… Aparentemente está apaixonado pela nossa querida irmãzinha. – acrescentou o Fred, cujo sorriso chegava de orelha a orelha ao ver o futuro cunhado ficar vermelho.

Os quatro rapazes passaram uma meia hora com conversa fiada até que o Lee os lembrou:

– Harry, tu não vais ter uma dança com a Ginny nesta sala, pois não?

A sala que o Fred pensara era uma sala muito pouco espaçosa, sem decorações nem janelas e estava uma pouco empoeirada e desarrumada, por outras palavras, era impossível ter-se um bom encontro numa sala como aquela.

Ao ouvir o Lee, o Harry ficou embaraçado por uns segundos e depois começou a dar ordens aos três rapazes mais velhos. Uma hora mais tarde, os gémeos e o Lee saíram com várias piadas sobre o Harry para se irem preparar para o Baile de Inverno deles e deixaram sozinho um Harry muito nervoso.

– OK, Harry… Está quase tudo pronto… Ela vai adorar, eu sei que vai… - murmurava para si próprio o adolescente.

O Harry olhou para o seu relógio de pulso, cortesia do seu avô naquele Natal, e apercebendo-se que estava quase na hora de a Ginny chegar, ele foi vestir o fato que as chasers de Gryffindor tinham achado mais apropriado depois de verem fotografias dos ternos dele.

***

– Ginny, estás linda! – disse a Katie, sorrindo orgulhosamente com as restantes chasers perante o resultado de duas horas.

– Obrigada! – agradeceu a Ginny, enrubescendo. - Mas continuo sem entender porque insistiram que eu vestisse um vestido. Não fui convidada para o baile… - resmungava, encarando as meninas mais velhas, que tinham também se preparado para o Baile de Inverno.

– Já te dissemos mais de mil vezes. – disse a Angelina, cansada da teimosia da ruiva.

– É por causa da surpresa. – repetiu novamente a Alicia, suspirando.

Antes que a Ginny pudesse resmungar mais alguma coisa, a Angelina pediu-lhe com jeitinho:

– Ginny, podes, por favor, deixar-me vendar-te os teus olhos?

– Para quê? – perguntou a ruiva, mas vendo o olhar exasperado das raparigas mais velhas, ela adivinhou logo a resposta. – Mas é claro!... Por causa da surpresa!...

– Podemos? Vá lá!... – pediu a Katie, fazendo beicinho.

– Posso dizer que não? – replicou a Ginny.

– NÃO! – gritaram as três chasers de Gryffindor em uníssono e apressaram-se a vendá-la.

***

A Sala das Necessidades estava exatamente ornamentada como o Salão Principal estava decorado para o Baile de Inverno. As paredes estavam cobertas com geada prateada e cintilante com várias grinaldas de flores e heras que cruzavam o teto escuro. De um lado havia uma enorme lareira antiga acesa e do outro havia uma linda árvore de Natal e ao seu lado estava uma mesa pequena com duas cadeiras. No centro da sala, havia espaço suficiente para se poder dançar. No topo das janelas havia pequenas lanternas que davam uma iluminação romântica à sala.

O jovem Harry batia o pé em nervosismo ao ritmo de uma música da banda Weird Sisters, que ecoava das paredes, enquanto se tentava lembrar de todas as aulas de dança que tivera na sua vida.

A Angelina, a Alicia e a Katie decidiram não optar pelas vestes negras tradicionais do mundo mágico e escolheram um dos ternos muggles favoritos do Harry. O terno verde-escuro com uma camisa branca assentava na perfeição no corpo atlético do jovem e realçava-lhe os olhos verde-esmeralda. O Harry só tivera um pequeno contratempo com o laço, mas no fim este fora feito praticamente na perfeição.

De repente, a porta abriu-se e a Ginny, ainda vendada, foi levemente empurrada para dentro da sala, depois de as meninas terem-lhe sussurrado ao ouvido:

– Boa sorte!

– Diverte-te!

– Não chegues muito tarde!

Assim, a porta voltou a ser fechada e o jovem casal estava sozinho na Sala das Necessidades durante as quatro horas seguintes.

O Harry quando viu a Ginny parou imediatamente de bater o pé e ficou de boca aberta, pasmado.

– Alô!? – chamou a Ginny, ao não ouvir nada além de uma música da banda favorita dela. – Está aqui alguém?

O som da voz doce da Ginny acordou o Harry do seu devaneio e ele aproximou-se dela e, enquanto lhe tirava a venda preta, murmurou-lhe embasbacado:

– Estás… Estás linda, Gin!

A ruiva, apesar de ter só treze anos, começava já a mostrar sinais de se estar a desenvolver numa belíssima mulher. A Ginny não usava muita maquilhagem, só um pouquinho para realçar a sua beleza natural, principalmente os olhos castanhos-claros e os lábios avermelhados. O seu vestido de seda era de um tom de azul-marinho. Ela usava a pulseira prateada que o Harry tinha-lhe oferecido para que ela conseguisse fazer magia fora da escola e também uns brincos e um colar que combinavam com o vestido.

– Harry? Afinal eu sempre estava certa… - cochichou para si própria a Ginny, sorrindo de felicidade.

– Eu pensei… Pensei que… Já que não podias ir ao Baile de Inverno, talvez gostasses de ter o teu próprio baile… - desabafou a medo o Harry.

– Obrigada, Harry! – agradeceu a Ginny, abraçando-o durante mais tempo do que era habitual. – A sala está linda!

O Harry corou perante o elogio e oferecendo-lhe o braço, murmurou:

– Espero que tenhas gostado do meu presente de Natal.

– Amei-o! Obrigada. – disse a Ginny, mirando o lindo colar de ouro com um pingente em forma de coração. – E tu, Harry? Gostaste do meu presente?

– Como é que não podia gostar, Gin!? – brincou o Harry, sorrindo-lhe. – Obrigado pela nova snitch, é fantástica!

– Um seeker talentoso como tu precisa de ter uma snitch sempre à mão, Harry.

O moreno riu e segredou-lhe:

– Já sei o que vai ser o teu presente de aniversário… E escusas de perguntar o que é, eu não vou dizer, Gin.

– OK, eu não vou perguntar, mas só por hoje. – concordou a Ginny, fazendo uma expressão emburrada que rapidamente mudou para extrema felicidade. - Feliz Natal, Harry! – desejou a ruiva, beijando-lhe levemente a face.

– Feliz natal, Gin! – desejou também o Harry, repetindo o gesto da ruiva.

Os adolescentes continuaram a falar amigavelmente e com muita diversão sobre o que a Angelina, a Alicia, a Katie, o Fred, o George e o Lee tinham feito para ajudar na preparação daquele Baile de Inverno privado até que o Harry sugeriu:

– Vamos jantar?

–Sim, bora, Harry… Estou esfomeada… - confidenciou a Ginny e, como que para comprovar, a barriga dela roncou, fazendo-a enrubescer e levando ambos a risos.

– Claro que estás, Gin! Afinal és uma Weasley! – zombou o Harry, acompanhando-a até à mesa, onde dois elfos-domésticos acabavam de pôr os pratos favoritos do casal.

O jovem casal jantou, conversando sobre temas banais e, no geral, divertindo-se. Após terem terminado a saborosa treacle tart, o Harry levantou-se e oferecendo a mão à Ginny, graciosamente perguntou:

– Dá-me a honra desta dança, minha senhora?

– Dou sim, meu bom senhor. – respondeu no mesmo tom a Ginny, levantando-se e pegando na mão dele.

O casal dançou, dançou e dançou, fazendo breves pausas apenas para descansarem e beberem butterbeer fresca. Os jovens estavam no meio da sala, mas já não dançavam mais. O Harry ainda tinha a Ginny nos seus braços e fitava-a intensamente tal como ela fitava-o. Sem se aperceberem, o Harry começou a inclinar-se na direção dela e ambos fecharam os olhos. Quando os lábios dos dois apaixonados tocaram-se pela primeira vez, o casal sorriu de contentamento e perdeu instantaneamente os sentidos, desfalecendo no chão da Sala das Necessidades.


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Notas finais do capítulo

Olá! Boa Páscoa!

Já passou muito tempo desde a última atualização. Peço imensas desculpas por isso.

Este é sem dúvida o capítulo mais longo que eu escrevi. O que achas? O que é que vai acontecer no próximo capítulo? Por que é que eles desmaiaram?

Infelizmente, o próximo capítulo vai demorar para ser postado. Vou voltar às aulas e tenho de estudar para os exames. Por isso, com muita pena minha, só devo conseguir postar lá para fim de Junho ou Julho.

Obrigado por tudo! Não desistas desta história, que eu também não! E não te esqueças de deixar um review, se faz favor.

Inês



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