Safe & Sound II: A Sociedade Secreta escrita por Gistar


Capítulo 3
Yale


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a quem comentou. Boa leitura!



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“Quero me curar, eu quero sentir

O que achei que nunca fosse real

Eu quero deixar ir essa dor que segurei por tanto tempo

Apagar toda a dor até que ela se acabe.”

A minha bagagem era constituída de cinco malas, isso que eu estava levando apenas metade do que as meninas haviam me feito comprar e um pouco das minhas antigas roupas. Se as minhas coisas couberam em cinco, provavelmente as delas vão estar em dez!

Eu estava esperando os carros do FBI que escoltariam o ônibus blindado que nos levaria a Yale. Seriam quatro carros. Eu quase enfartei quando Steven me contou. As pessoas iam pensar que nós éramos alguém importante, sem contar que iríamos chamar muita atenção pra nós.

Um dos nossos seguranças veio nos avisar que a escolta já havia chegado. Mamãe e Felipe desceram comigo e enquanto colocavam minhas malas no bagageiro, ela me abraçou mais uma vez.

– Filha, tome cuidado e não saia do campus sem seguranças, ok?

– Mãe, a senhora já disse isso umas mil vezes e eu já disse que eu vou tomar cuidado.

Eu já estava embarcando no ônibus quando ela gritou.

– Não esquece de ligar quando chegar!

Assim que embarquei, o ônibus partiu.

– Olá pra todo mundo! – cumprimentei.

– Não esquece de ligar pra mamãe quando chegar, Sara!

– Não enche Emerson!

– Nossa que mau humor! – Mandy me repreendeu, mas eu estava ocupada demais matando a saudade da pessoa que eu mais amava no mundo pra responder.

– Algum problema? – ele me perguntou ao ver a minha cara séria.

– Você sabe qual é o meu problema!

Pedro suspirou e me abraçou.

– Não precisa se preocupar, nós vamos estar seguros lá. Não vai acontecer nada com você.

– Pedro tem razão, Sara. – Concordou Jacson. – Nós estamos indo para uma Universidade que é uma fortaleza de segurança e poder.

– Do que está falando? – Bruno perguntou interessado.

– Da Skull & Bones. – Respondeu Jacson fechando a portinha que dava acesso ao motorista e baixando a voz.

– O que é isso? – perguntei, pois algo que lembra caveira e ossos não deveria ser boa coisa. Quem respondeu pra minha surpresa foi Jess.

– É uma sociedade secreta, a mais antiga de Yale. As maiores autoridades e as pessoas mais influentes do país fazem parte dela. Inclusive os últimos presidentes do país.

– Como você sabe disso se ela é secreta? – perguntei curiosa por ela ter essa informação.

– Meu pai faz parte dela – ela respondeu e depois acrescentou – com certeza seu pai também deve fazer.

De repente eu lembrei da felicidade do Steven quando contei para ele que eu iria para Yale. Embora tivesse ficado feliz com a notícia, ele não pareceu surpreendido que eu tivesse conseguido entrar, como se ele já esperasse isso.

– Acho que todos os nossos pais são. – concordou Eric.

– Não pode ser! Eu entrei pela minha capacidade e não por causa de uma sociedade secreta estúpida! - Desabafei

– Não os xingue! – pediu Pedro – Eles são influentes e com certeza estão contribuindo para ajudar na nossa segurança. Eles praticamente estão no comando do Departamento de Defesa do país, o que inclui a CIA e o FBI.

– E você vai entrar pra essa sociedade?

– Provavelmente sim. Eles convidam todos os filhos dos que já são membros, então todos nós seremos convidados.

– Mas essa sociedade não é só para homens? – perguntou Rosane.

– Sim, – Emerson respondeu mais rápido – mas há boatos de que eles vão começar a convocar mulheres esse ano, nada mais justo, pois estamos em pleno século XXI.

– Pois eu estou fora disso. – falei. – Quais as outras sociedades que tem lá?

– Scroll & Key, Book & Snake, Wolf's Head, Eliahu e Berzelius. – Respondeu Mandy.

– Mas elas não vão te convidar se você estiver na lista da Skull and Bones. – avisou Rosane – É uma coisa de sociedades sabe, ninguém recebe mais de um convite.

– Vocês vão entrar se forem convidadas? – perguntei olhando pras meninas.

Todas concordaram, até Jess que não parecia muito animada. Eu quis mudar de assunto e perguntei sobre os dormitórios.

– Vocês já sabem com quem vão ficar?

– Ainda bem que você lembrou Sara, um dos policiais deixou as fichas comigo – disse Emerson enquanto pegava uma pasta e distribuía as folhas. – A distribuição foi feita pelos cursos e o FBI já checou a ficha dos nos nossos colegas de quarto, todos estão limpos. Como eu e Jacson vamos cursar Direito nós vamos ficar juntos. Jessica e Mandy também.

– Sorte a de vocês! – falei enquanto pegava a minha ficha. O nome da garota com quem eu dividiria o quarto era Janaina Vanuri.

– Qual o nome do seu colega, Pedro? – perguntei.

– Alex Vanuri!

– Incrível! Parece que o seu colega de quarto é irmão da minha.

– Ahhhhhhhhh!!! – gritou Rosane. – A minha colega de quarto é a Laura!

– Não sabia que ela tinha entrado em Yale! – falei. - Quem é sua colega Angie?

– Lia Clanner!

– Deve ser irmã do meu colega, Seth Clanner. – disse Bruno. – E o seu Eric?

– Samuel Dickens!

Àquela altura já estávamos chegando em Yale e podíamos ver os edifícios do campus. Todos os prédios eram antigos, do século XIX. Alguns tinham brasões estranhos e palavras em latim ou grego.

– Chegamos!!! – gritou Emerson animado quando o ônibus parou. Pedro e eu fomos os últimos a desembarcar e é claro que todos do campus estavam parados olhando a nossa comitiva. Esperamos descarregarem as bagagens e Pedro me ajudou com a minha.

– Depois eu busco as minhas. Não quero que você sofra um acidente no primeiro dia. – avisou ao ver que eu ia protestar.

– Isso era pra ser uma piada? – perguntei e ele saiu rindo.

Meu dormitório era no quarto e último andar. Só o prédio onde ficavam os alojamentos era do tamanho da minha antiga escola, mas no primeiro andar tinha um restaurante para fazermos as refeições.

– É aqui – falei parando em frente à porta que tinha o número 412 e abrindo-a.

– Parece que a sua colega de quarto não chegou ainda. – ele disse ao ver que o quarto ainda estava vazio.

– Que bom! Assim eu posso escolher a cama.

– Vou descer para arrumar as minhas coisas. A gente se encontra mais tarde pra jantar, ok?

– Ok. – respondi abraçando – o e lhe dando um beijo.

Ouvimos alguém abrir a porta e nos separamos rápido.

– Ah! Desculpem, não sabia que já tinha chegado. Eu sou a Janaina, mas podem me chamar de Jana.

A garota era loira, da minha altura e tinha o cabelo liso.

– Eu sou a Sara e esse é o meu namorado, Pedro.

– É, eu sei. Vocês são daquela escola que rolou o seqüestro, não é?

– Sim, mas não gostamos de falar disso. – pediu Pedro.

– Desculpe.

– Tudo bem! – falei – Até mais tarde Pe.

– Então você também vai cursar Literatura Comparada? – perguntou Jana assim que Pedro saiu.

– Vou. Sempre gostei de ler. – respondi enquanto abria as malas e começava a tirar tudo para fora.

– Eu também. Mal acreditei quando meu irmão e eu fomos aceitos em Yale!

Agora Jana também abria suas malas e fazia a mesmo que eu.

– Você é da Itália? – perguntei.

– Sim, como sabe?

– Pelo sobrenome.

Depois dessa, resolvi fechar minha boca e me ocupar com o processo de separar os tipos de roupas (calças, blusas, vestidos, lingerie) em diferentes pilhas pra depois guardar tudo no closet.

– Eu nasci aqui, mas me mudei para a Itália quando eu tinha 5 anos. Meu pai fez questão que eu e meu irmão viéssemos pra cá, pois ele também estudou em Yale. – ela parecia não gostar de fazer as coisas em silêncio, mas pelo menos não falou mais do seqüestro. Mas era bom que eu a conhecesse, afinal iríamos morar juntas.

– Meu pai também. Incrível como a maioria das pessoas que eu conheço que entraram em Yale, tem pais que também se formaram aqui. – ela sorriu como se já soubesse e tivesse contado com isso pra entrar também.

– Você vai se candidatar para ser editora da Revista Literária do campus? – perguntou.

– Acho que sim, esse tipo de coisa é importante no currículo.

Eu me levantei e fui até o closet que como era único, teríamos que dividir.

– Eu fico com a esquerda e você com a direita, tudo bem? – perguntei.

– Ok. – ela respondeu enquanto se levantava já carregando uma pilha de roupas dobradas.

– Entrar para a Sociedade Book & Snake também conta pontos no currículo.

Eu parei de repente o que eu estava fazendo. Será que aquelas pessoas não pensavam em outra coisa senão participar de sociedades secretas?

– Essa sociedade é para escritores? – chutei, enquanto associava livro e cobra a conhecimento e sabedoria.

– Sim! 90% dos acadêmicos fazem parte de alguma sociedade secreta. Todos os escritores, editores e redatores famosos que você conhece e que passaram por Yale fizeram parte dela. Ela é a nossa porta de entrada para a carreira literária.

– Fale mais sobre ela. Acha que temos chances de entrar? - De repente eu me vi ansiosa para entrar nessa sociedade, se ela realmente tinha todo esse prestígio eu tinha que tentar.

– Se você fazia parte do jornal da escola ou publicou artigos e trabalhos científicos como eu, você tem chances sim.

Sorte a minha que o meu professor de Língua Inglesa me fizera publicar um trabalho sobre Shakespeare no jornal da escola. Eu havia tirado um A+ nesse trabalho. Pra falar a verdade eu sempre fui muito boa em Inglês e sempre tirei a nota máxima.

– Então eu acho que tenho chances também! – Falei um pouco presunçosa.

– É, iria ser o máximo se nós entrássemos. – concordou, ela parecia sincera.

– Então, como fazemos pra ser uma editora da revista Literária? – perguntei.

– Precisamos marcar uma entrevista com a editora chefe, Suzana Foster. Ela é do último ano e fiquei sabendo que é membro da Book & Snake. Ela vai estar na festa hoje à noite.

– Que festa? – as festas haviam começado antes das aulas? Engana-se quem acha que os acadêmicos de Yale são pessoas sérias...

– A festa dos calouros! É a festa que os veteranos dão para os ingressantes. Uma amiga minha conhece ela e pode nos apresentar.

– Que horas é essa festa?

– Depois do jantar. Vai ser no Club aqui do campus.

Meu celular começou a tocar. Antes de olhar no visor eu já sabia quem era, havia esquecido de ligar para mamãe. Depois de pedir desculpas, dizer que estava tudo bem e garantir mais uma vez que eu não sairia do campus sozinha, consegui desligar o telefone.

– Você vai descer agora para o jantar? – perguntou Jana, me fazendo olhar as horas no relógio e perceber que o tempo havia passado rápido.

– Já estou indo. – respondi depositando a última pilha de roupas no closet. Ainda faltavam os calçados, mas eles teriam que esperar.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?