Safe & Sound II: A Sociedade Secreta escrita por Gistar


Capítulo 2
Fuga


Notas iniciais do capítulo

Como vou falar sobre sociedades secretas, se quiserem saber mais sobre elas, vocês podem pesquisar aqui:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Skull_and_Bones
http://www.journeysthrumylens.com/secret-societies-of-yale-university/

Vamos ao primeiro capitulo e boa leitura!



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“Seu amor é mortal

Me diga que a vida é bonita

Todos eles acham que eu tenho tudo

Eu não sou nada sem você

Todos os meus sonhos e todas as luzes significam nada

sem você...”

Sara narrando

Pedro estava morrendo. A faca de Daniel o cortava mais e mais e seus gritos me faziam desejar a morte para acabar com todo o sofrimento. Eu estava presa e congelada em meu lugar sem conseguir me mexer, tudo o que eu podia fazer era observar enquanto Daniel acabava com a vida de Pedro bem na minha frente.

Mais uma vez acordei aos gritos e banhada de suor. Minha mãe já estava acostumada com o meu comportamento agora, mas nos primeiros dias ela corria apavorada para o meu quarto achando que alguém estava tentando me matar.

Mal sabia ela que em meus pesadelos nunca era eu quem Daniel machucava, era sempre Pedro, ela ou um de meus amigos quem eu via Daniel torturar e matar diante de meus olhos. Sem contar as inúmeras vezes que eu revia a morte de Jared e dos outros garotos, mas em meus pesadelos eu não fechava os olhos e nem havia Pedro para me segurar. Eu estava sozinha e imobilizada enquanto assistia Daniel tirar a vida de cada um deles.

Eu fiz sessões com um psicólogo e os sonhos estavam cada vez mais raros, só que nessa semana eles haviam voltado com toda a força.

Eu não sabia por que eles tinham voltado, mas acabei descobrindo no outro dia.

Estava quase tudo pronto para a minha viagem para a Universidade de Yale. Sim, eu consegui ser aceita lá! Eu vou fazer Literatura Comparada, meu sonho! O melhor de tudo isso é que Pedro e o resto dos nossos amigos também vão pra lá! Não é perfeito?

Pedro vai fazer Medicina; Mandy e Jess, Moda; Jacson, Rosane e Emerson, Direito; Ângela e Bruno, Jornalismo; Eric vai fazer Ciências da Computação.

Quase nenhuma surpresa a não ser a Rose. Ela ia fazer Psicologia, mas depois de ver que o Daniel não foi condenado à cadeira elétrica, ela mudou para Direito. Diz ela que queria fazer a diferença na Justiça, quer ser juíza para condenar assassinos e estupradores como ele à morte. É claro que demos todo o apoio, sem contar que a nota dela do exame pra entrar no curso foi a segunda mais alta (só perdeu para o Jacson), e o departamento de Direito de Yale, é o mais exigentes do país (apenas 6% dos inscritos são aceitos).

Nós iríamos para Yale na semana seguinte, então eu havia passado o dia no shopping fazendo compras com as meninas. Estava me preparando psicologicamente pra chegar em casa e enfrentar minha mãe, que provavelmente teria uma síncope quando eu contasse que as meninas haviam feito eu estourar o limite do cartão de crédito.

– Mãe, cheguei! – avisei enquanto o porteiro do prédio me ajudava a pôr as sacolas pra dentro de casa.

A ouvi desligar a TV imediatamente quando fechei a porta e fui até a sala dar a notícia fatídica, antes que eu perdesse a coragem.

– Oi filha! Como foi o dia? Divertiu-se?

– Foi ótimo, mãe! – respondi me sentando ao lado dela, no sofá. – Eu preciso te contar uma coisa...

– Fala, estou te ouvindo.

– Eu acabei me empolgando e estourei o cartão de crédito!

– Eu imaginei que isso aconteceria quando elas saíram carregando você daqui e dizendo pra eu doar suas roupas. Não se preocupe, eu ainda tenho algumas economias, nós vamos dar um jeito.

Eu fiquei chocada com a atitude dela! Achei que ela ia pirar e me por de castigo até terminar a faculdade, por não ter guardado um tostão para os livros. Mas ela aceitou tudo numa boa. Eu realmente percebi que ela havia mudado comigo desde o seqüestro, ela já não viajava mais tanto e até foi comigo passar uma semana na casa do Steven, depois da minha formatura. Ainda assim, não esperava essa atitude dela, sentia que havia algo no ar, algo que ela não estava me contando.

– Mãe, tem mais algum motivo pra você estar aceitando tudo numa boa?

Nesse instante meu celular começou a tocar. Antes que eu pudesse pegá-lo de cima da mesinha de centro, minha mãe foi mais rápida e o atendeu.

– Alô... Rosane? ...Não, ela não sabe ainda... Eu ia contar pra ela quando você ligou... Se acalme Rose!... Está tudo bem... Eu vou desligar, preciso falar com ela.

Eu não estava entendendo nada, estava ainda com a mão estendida para o telefone quando eu vi minha mãe encerrar a ligação, ao que parecia na cara da Rose, e desligar o telefone

– Era a Rose? – perguntei abaixando a mão e me levantando – O que aconteceu?

Minha mãe não respondeu, apenas foi correndo até o nosso telefone de casa e desligou-o da parede também. Ok! Agora eu estava incomunicável.

– Vai me trancar no quarto e por grades nas janelas também? – Perguntei, já estava ficando com medo. – Não pode me manter longe do que quer que seja por muito tempo.

– Sente-se, filha. Eu vou te contar, mas primeiro você precisa se acalmar!

Havia um alarme tocando na minha cabeça de que havia algo errado, mas eu não conseguia distinguir o que era, tudo parecia muito confuso e eu sabia que não era nada bom. Sentei-me e aguardei enquanto ela respirava fundo e me avaliava, provavelmente tentando descobrir algum sinal do pânico que já estava brotando em mim, logo explodiria se ela demorasse mais um minuto pra me contar o que havia acontecido.

– O Daniel fugiu da clínica!

Eu levei um minuto pra assimilar o que havia ouvido. Nesse breve minuto várias coisas passaram pela minha cabeça. Todas elas relacionadas a Daniel e ao que ele havia feito, à forma trágica com que ele havia mudado e mutilado a minha vida e a de várias pessoas cinco meses atrás. A lembrança mais forte e mais real que eu tinha daquilo tudo era o ódio nos olhos dele quando ele falou da minha mãe e de como ele a culpava pela morte dos pais dele. Ele queria vingança! Ele havia fugido da clínica pra vir atrás de mim, pra terminar o serviço...

Eu comecei a lembrar dos meus pesadelos e entrei em pânico.

– Mãe, temos que sair daqui! – Gritei já me preparando pra correr até o meu quarto, fazer as malas e dar o fora.

– Sara, se acalme filha! A polícia já foi acionada e nesse momento estão cuidando da nossa segurança. Eles garantiram que não há motivos pra se preocupar!

– E Pedro? E os outros? Eles também precisam de proteção!

– Seu pai já cuidou pessoalmente de tudo! Todos estão em segurança.

É claro que foi inútil ela pedir pra eu não me preocupar e não entrar em pânico. Mesmo depois que vários policiais do FBI (sim, Steven acionou o FBI) se mudaram pra nossa casa pra nos vigiar e nos dar segurança, eu não descansei! Nem depois que Steven me ligou e garantiu pessoalmente que todos estavam seguros.

Cinco dias se passaram e Daniel continuava foragido. A polícia seguiu a pista dele por vários estados, mas ele não estava sozinho! Victória, a médica que trabalhava na clínica onde ele estava preso, foi quem sedou os seguranças e fugiu com ele.

Eu já não agüentava mais! Eu não tinha mais privacidade nenhuma, quase não saia de casa e as raras vezes que isso acontecia, tinha que ser com dois seguranças. Eu ficava me sentindo como aquela garota no filme “A filha do Presidente”. Quando eu ia visitar o Pedro era pior, porque não tínhamos muito tempo pra ficar sozinhos.

A data da viagem pra Yale estava se aproximando. Eu queria desistir, mas Steven já havia entrado em contado com a Universidade e eles garantiram que o campus receberia segurança máxima. Por um lado eu fiquei aliviada porque eu teria um momento de paz com meus amigos, mas por outro, eu tremia com a possibilidade de deixar minha mãe sozinha. Quando eu expus a ela a minha preocupação, ela disse que Felipe estava voltando pra casa e ficaria com ela. Eles também iriam sair da cidade e ir para um lugar mais seguro, um desses lugares pra onde a polícia manda as testemunhas e as pessoas ameaçadas por criminosos.

Como nós viajaríamos somente à tarde, eu resolvi visitar o cemitério pela manhã. Eu costumava ir todas as semanas visitar os túmulos de Jared e Miguel. Sempre levava flores para trocar as de Jared, mas as de Miguel sempre estavam novas. E eu tinha certeza que sabia quem sempre as trocava: Jessica. A morte de Miguel foi um golpe maior para ela do que para nós. Ela gostava muito dele. Depois que tudo terminou, ela fez muitas sessões de terapia e ainda faz, mas em intervalos maiores do que na época. Rose também fez terapia, pois apesar de querer dar uma de durona, várias vezes Mandy e eu a pegamos no banheiro da escola chorando escondida. Por fim, nós a convencemos a freqüentar o terapeuta.

Eu e os outros também fizemos algumas sessões, mas logo os médicos viram que nós não precisávamos mais e fomos liberados.

Então eu desconfiava que fosse a Jess até o dia em que a vi ajoelhada na frente da lápide do Miguel. Eu me aproximei o suficiente para ouvir e me escondi atrás de uma árvore, pois ela estava conversando com ele:

– Eles resolveram fazer o Baile de Formatura! Eu não queria ir, eu queria que você estivesse aqui comigo, eu queria ir com você! Mas o Eric me convidou e a turma disse que se eu não for, eles também não vão. Eu acabei aceitando, até porque Eric tem sido um bom amigo pra mim. Mas não é justo... nós estamos nos formando e você e o Jared não estão aqui. Vocês deviam estar aqui também! Vocês mereciam se formar tanto quanto nós, mereciam viver tanto quanto nós... Por quê?...

No fim, ela já estava chorando. Partia-me o coração vê-la daquele jeito. Eu pensei em ir até lá e consolá-la, mas era um momento deles e eu não queria invadi-lo.

Aproximei-me da lápide de Jared e troquei as flores do vaso. Eram orquídeas! Eu sempre gostei delas! Os seguranças se afastaram um pouco pra me dar privacidade.

– Hoje estamos indo pra Yale! O Steven disse que é seguro lá. Ainda não pegaram Daniel, mas ele não deve ir muito longe, não com o FBI na cola dele.

Eu fiz uma pequena prece e fui até o túmulo de Miguel. Como sempre, havia um ramalhete de rosas novinho no vaso. Provavelmente Jess estivera ali mais cedo ou no dia anterior.

– Nós vamos pra Yale, Miguel, mas não se preocupe, eu vou cuidar da Jess.

Depois de fazer uma prece para ele também, eu fui embora me preparar pra viagem.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?