Safe & Sound II: A Sociedade Secreta escrita por Gistar


Capítulo 13
Irmandade




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“Ondas gigantescas me rasgam no meio

Lágrimas de olhos caídos, frios e tristes

Levante-me do chão agora,

eu preciso muito de você.”

Sara

Eu ouvi o baque que a pasta que eu estava segurando fez ao cair no chão, mas eu continuava sentada, incapaz de me mexer, de falar ou fazer qualquer outra coisa enquanto minha mente tentava assimilar o que eu tinha visto.

Daniel fazia parte da Skull & Bones! Ele era um deles. Ele era um de nós...

Eu senti dor enquanto forçava a saliva a descer por minha garganta que ficara seca com o susto. Eu sentia os tremores pelo meu corpo, mas não era de frio, era de medo! Eu não conseguia pensar em mais nada, então Pedro veio à minha mente, e eu resolvi ligar pra ele.

Forcei minha mão que estava parada e inútil ao lado do meu corpo a pegar o celular que estava no meu bolso.

Sorte que eu tinha o número dele na discagem rápida, do contrário, eu não sei se teria conseguido encontrá-lo na agenda, não do jeito que eu tremia.

Ele atendeu depois do quinto toque.

– Sara?

Eu suspirei de alívio ao ouvir a voz dele.

– Vem... rápido... pra... cá...

Minha voz saiu tremida e num sussurro.

– Onde você está? Aconteceu alguma coisa?

Ele parecia ter percebido o pânico na minha voz.

– Na tumba... Traga todos... que você encontrar... é urgente...

– Sara, você está me assustando!

– Agora!

Então eu desliguei o telefone.

Não sei quanto tempo se passou até Pedro entrar na biblioteca com todos os outros alarmados e logo atrás dele. Eu continuava na mesma posição de antes, sentada no chão, com os arquivos esparramados à minha volta, apenas olhei para ele.

Ele correu para o meu lado quando viu meu rosto.

– Sara o que aconteceu? Porque você está chorando? – Ele se sentou ao meu lado e me abraçou. Passei as mãos em meu rosto e percebi que estivera mesmo chorando.

Se antes eram apenas lágrimas silenciosas, agora o choro saia convulsivamente.

– Sara, me conte o que aconteceu, pelo amor de Deus!

Mas eu não precisei falar. O grito de Rosane respondeu sua pergunta.

E agora não era apenas eu, mas todos os outros olhavam o que ela segurava, chocados e incrédulos.

Pedro se levantou, pegou o que ela segurava e arfou.

– Ele é um deles! – Emerson disse enquanto abraçava e consolava Rose, agora eu não era a única que chorava.

– Isso explica tudo! – disse Ângela um pouco mais controlada.

Nós todos olhamos pra ela, tentando entender o que ela queria dizer.

– É óbvio que eles estão por trás do resultado do julgamento e da fuga dele! Esqueceram-se da influência deles?

Ela se abaixou e começou a procurar algo em meio aos arquivos. Ela separou duas fichas e entregou-as a Pedro.

– Consegue reconhecê-los? – ela perguntou.

Agora Pedro estava olhando as fichas boquiaberto. Eu me levantei e fui até eles pra ver quem era.

– É o advogado que defendeu o Daniel e o juíz que julgou o caso! - ele respondeu.

– O QUÊ? – Jacson gritou e praticamente arrancou as fichas das mãos trêmulas de Pedro.

– Eu imaginei! – respondeu Ângela. – Não vou me surpreender se eles estiverem escondendo-o também.

O silêncio foi geral, apenas interrompido pelos soluços de Rose e Jess.

– Precisamos chamá-los! Eles vão ter que explicar o que significa isso. – disse Bruno que parecia tão controlado quando Ângela.

– Ele tem razão Pedro, eles vão ter que se explicar! – concordou Mandy. – Jac ligue pra eles.

Jacson pegou o celular e ligou para Luke pedindo pra ele vir imediatamente.

– Ele pediu para esperá-lo na sala de reuniões. – Informou enquanto pegava os arquivos pra levarmos junto.

A sala de reuniões era grande e composta por uma enorme mesa oval com lugar para umas 20 pessoas e com poltronas espalhadas ao seu redor.

Nós sentamos juntos em uma das extremidades da mesa e Pedro sentou-se ao meu lado, segurando firmemente minha mão.

Luke chegou cerca de cinco minutos depois, juntamente com os outros seniores e também os outros convocados, incluindo Tânia, Jana e Alex que nos olhava preocupado.

– Então, qual o motivo da reunião? – perguntou Luke muito formal e tranquilamente.

Emerson lhe deu olhar como se estivesse prestes a pular em seu pescoço.

– Nós já sabemos de tudo Luke. – respondeu Jacson e atirou os arquivos na mesa, diante dele.

– Ah, e?

Ouvi um estralo e vi que os punhos de Emerson haviam se fechado fortemente. Jacson colocou a mão no seu ombro como se isso fosse impedi-lo se ele quisesse avançar em Luke.

– Por que escondeu isso de nós Luke? – Pedro perguntou e percebi que ele tentava manter a voz controlada, quando na verdade deveria querer estar gritando – Nós éramos amigos e agora somos irmãos...

Pedro parecia não acreditar que aquilo fosse verdade, talvez achasse que aquilo pudesse ser um tipo de teste...

– Pedro, já ouviu aquele ditado que diz “Amigos, amigos, negócios à parte”? Eu tinha meus interesses... – ele sorriu e aquela foi a deixa pra Emerson perder o controle. Ele bateu o punho na mesa que tremeu violentamente e se levantou.

– INTERESSES? QUE INTERESSES ERAM ESSES QUE ERAM MAIS IMPORTANTES DO QUE O FATO DE QUE O ESTUPRADOR DA MINHA NAMORADA FAZ PARTE DA SOCIEDADE A QUAL EU JUREI DEFENDER E RESPEITAR?

Emerson gritava a plenos pulmões e agora era segurado por Pedro e Jacson. Seu rosto já estava tão vermelho que parecia que ia explodir.

– Acalme-se se quiser ouvir o que eu tenho a dizer e, por favor, afaste-se da mesa, ela está na sociedade há anos e é de estimação.

Eu achei que Emerson não desistiria tão fácil, mas os meninos conseguiram convencê-lo a ouvir o que Luke tinha a dizer.

E eu me preparei para o pior...

Pedro voltou para o meu lado e segurou minha mão novamente, eu vi Rose abraçar Emerson, provavelmente para tentar impedi-lo de fazer alguma besteira e se machucar, porque eu tinha certeza que se alguém fizesse algo contra Luke os outros iriam protegê-lo.

– Acho que vocês já sabem da história de Daniel, de como o pai dele batia na mãe dele e do suicídio dela? – Luke perguntou e olhou diretamente pra mim, mas foi Pedro quem respondeu.

– Sim, nós sabemos disso, Luke.

– Acho que o que vocês não sabem é que a mãe dele trabalhou durante muitos anos como empregada na casa do meu pai e que ela deixou um bilhete pra ele antes de se matar. No bilhete – Luke continuou – ela pedia pra Daniel procurar meu pai e pedir ajuda. Foi o que ele fez, ele o procurou no endereço que ela lhe deixou e entregou o bilhete pra ele.

“Meu pai é um bom homem e sabia que o pai de Daniel era um crápula. Em memória da mãe dele, não queria deixá-lo desamparado, então ele o matriculou numa boa escola pra que ele recebesse uma boa educação e tivesse um futuro. Nas férias ficava com a minha família e como éramos quase da mesma idade, ele acabou sendo como um irmão mais velho pra mim.”

“Ele era um dos melhores alunos e conseguiu facilmente sua admissão aqui na Universidade. Os seniores da sociedade sabiam que ele era protegido de meu pai e o convocaram para a sociedade, o que ele aceitou imediatamente.”

“O parente de um de nossos irmãos teve um problema e acabou sendo preso. Esse irmão pediu nossa ajuda para libertá-lo, pois este lhe era muito querido. O problema é que ele foi julgado como muito perigoso e estava em uma prisão de segurança máxima.”

“Como um de nossos irmãos era chefe da Segurança Nacional, pedimos a ele que usasse de sua influência e ajudasse esse irmão, mas ele se negou, quebrando o juramento sagrado que fez à nossa Ordem. Nós tivemos que achar outra solução e então resolvemos fazer isso de uma forma que punisse esse irmão que se recusou a cumprir seu juramento.”

Eu estremeci. Não precisava ouvir o resto, sabia onde ele estava querendo chegar.

– Como sabíamos que Steven tinha uma filha, decidimos encontrá-la e sequestrar Sara para forçá-lo a cumprir seu juramento. Mas como ele não a via há muito tempo, achamos que talvez apenas isso não surtisse o efeito que desejávamos. Acabamos resolvendo seqüestrar também outros filhos de membros da Ordem, fazendo com que assim ele sofresse pressão de todos os lados.

“Quando decidimos que faríamos isso, Daniel pediu para participar. Nós já sabíamos do ódio que ele tinha da ex-mulher de Steven pelo que ela havia feito e ele queria aproveitar para se vingar também, já que a filha dela estava envolvida.”

“Nós permitimos e ele nos convenceu a seqüestrarmos a escola toda, pois a pressão do povo também ajudaria e foi o que fizemos. O resto vocês já sabem”.

Ele finalizou com um sorriso, como quem havia acabado de contar uma historinha pra criança dormir.

Só então a ficha caiu e eu percebi que estava diante da pessoa que havia ajudado a planejar o seqüestro que acabara com dezenas de vidas, inclusive com a vida de dois amigos meus.

– Mas o plano de vocês falhou não é? – Perguntou Emerson agora com um sorriso zombeteiro no rosto.

– Sim – Respondeu Luke, agora sério. – Antes que conseguíssemos a liberdade de Leonardo, vocês estragaram tudo. Conseguiram enganar Daniel e salvar a escola, por isso estão aqui.

Peraí! Eu ainda não tinha chegado nessa parte. Afinal qual era o verdadeiro motivo para estarmos ali?

Pedro fez a pergunta por mim.

– Como assim, Luke? Eu não estou entendendo por que fez isso se estragamos o plano de vocês.

Luke sorriu mais uma vez.

– Vocês estão aqui para consertar o que vocês estragaram, quer dizer, ela vai consertar! – Disse apontando pra mim.

– Eu?

– Sim, você! Se seu pai tivesse cooperado no início, tudo poderia ter se resolvido facilmente, mas ele não quis passar por cima de sua ética nem para salvar a vida da própria filha. – Respondeu Luke. – Isso o torna tão culpado quanto o resto de nós.

“Os outros membros da Ordem também não conseguiram demovê-lo de sua decisão, mas o povo e a mídia também fizeram pressão e quando parecia que eles finalmente estavam convencendo o seu pai, vocês estragaram tudo!”

Então ele queria o quê afinal?

– O que exatamente você quer que a ela faça, Luke? – Pedro perguntou por mim.

Ele sorriu ao responder.

– Eu quero que peça à Steven para arrumar uma forma e não nos interessa qual, de libertar Leonardo!

– Não creio que ele vá me ouvir! – Falei começando novamente a chorar, conforme a verdade tomava conta de mim – Se nem pela minha vida ele fez isso, não faria se eu pedisse...

– Eu soube que ele se arrependeu depois que a conheceu, agora que você sabe realmente o que aconteceu, pode pedir a ele que faça isso como uma forma de desculpar-se com você por tudo o que passou...

– Você não entende não é? – Gritei, agora com as lágrimas já embaçando minha visão. – Não importa o que eu faça ou o que ele faça, não vai mudar o que aconteceu! Não vai trazer Jared, Miguel ou todos que Daniel matou de volta, nem apagar o que ele fez com a Rose...

Eu abaixei a cabeça e me debrucei sobre a mesa, continuei chorando copiosamente.

– Não faça isso com ela Luke, ela não tem culpa se Steven não quis cooperar com o plano de vocês. – Pediu Pedro enquanto me abraçava – Vocês podem arrumar outra forma de fazer isso, pois acredito que Sara já pagou pelo erro de Steven...

– Todos nós pagamos! – Acrescentou Emerson.

– Sinto muito Pedro, mas isso ainda não terminou, só vai terminar quando libertarem Leonardo. Sara precisa fazer isso! – Luke insistiu.

– E se ela não quiser fazer? – Ouvi Mandy perguntar.

– Bem, estamos nos esforçando muito pra segurar Daniel e impedi-lo de terminar o que começou, ele quer muito matar Renata, já que agora não pode mais tocar em Sara, não se ela cooperar conosco.

– Então é isso? – perguntou Jacson e eu não estava olhando pra ele, mas pude ouvir a repulsa em sua voz. – Ou ela faz o que vocês querem ou vocês deixam Daniel matá-la e depois ir atrás da Renata?

Eu tremi quando ouvi Jacson dizer a ameaça que parecia cem vezes pior falada ao pé da letra.

– Não só atrás delas... – Luke corrigiu. Ao levantar a cabeça vi que ele olhava para Pedro. - Nós somos todos irmãos e não nos voltamos uns contra os outros. – Ele voltou a olhar para mim. - Nós ajudamos quem nos ajuda e punimos quem não cumpre o juramento que fez à Ordem. Então Sara, vai colaborar?

– Como vamos saber se não está blefando? – Ângela perguntou. – Como vamos saber se vocês realmente vão cumprir o que estão prometendo se ela fizer a parte dela? Vocês realmente sabem onde Daniel está?

Nós todos olhamos para Ângela estupefatos com o seu raciocínio. Graças a Deus que alguém mantinha a razão no meio daquele caos.

Luke riu.

– Muito bom, Ângela! Fico feliz que esteja raciocinando, será uma ótima jornalista! – Luke elogiou, mas ela continuou séria e encarando-o, exigindo a resposta. – Como eu disse, vocês agora estão na Ordem, estão sobre a proteção do juramento que todos nós fizemos. Só teremos motivos para prejudicá-los se não nos ajudarem. Quanto ao Daniel, acho que posso esclarecer sua dúvida.

Então ele pegou o telefone do bolso e discou um número.

Pedro e eu nos olhamos em silêncio e provavelmente nos fazíamos a mesma pergunta.

– Daniel? – Luke perguntou amistosamente. – Acho que tem alguém aqui querendo bater um papinho com você, vou passar a ligação.

Ele estendeu o telefone para Ângela que o olhou como se fosse uma cobra prestes a mordê-la e parecia que ela não tinha muita vontade atendê-lo. Vi Pedro pegá-lo.

– Ponha no viva-voz! – pediu Emerson.

Ele fez isso e pôs o telefone sobre a mesa.

– Daniel? – Pedro perguntou e todos ouviram a risada de Daniel do outro lado da linha.


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Notas finais do capítulo

Querem matar o Luke ou o Daniel primeiro? Haha. Não vou postar até depois do feriado então desejo a vocês uma ótima Páscoa! Que o coelhinho traga muitos livros, ops, ovos para vocês hehe ( mas eu quero livros :( ) Bjs



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