Bella

Você percebe que certas coisas são uma porcaria no momento que enxerga que o cara que você mais quer distância é bonito até demais. Eu fiquei olhando o Cullen feito uma idiota por um tempo, até seus olhos me flagrarem.

Constrangida, pigarreei, voltando a olhar para pista de dança. Ele solta um suspiro e eu sou pega de surpresa quando sinto seus dedos em meu queixo trazendo meus olhos para os seus.

— Que tal uma trégua? – sugeriu.

Franzi o cenho em confusão.

— Uma trégua?

— Sim. – suspirou novamente. – Só por esta noite, se quiser. Apenas quero dá uma pausa nessa ‘’briga’’ – fez aspas no ar. – toda.

Olhei para as pessoas dançando ao meu redor, notando que éramos os únicos ali parados feito bobos. Até meus pais, o calmo Charlie Swan e a energética Renné Higginbotham Swan (que era contra a ideia até cinco minutos atrás), resolveram entrar no ritmo.

Voltei o olhar para Edward, pensando que talvez pudéssemos dá uma pausa em nossas desavenças constantes. Só por esta noite.

Sutilmente, estendi a mão para o Cullen, um sorriso brincando em meus lábios. Ele sorriu, só que um pouco mais abertamente, e apertou minha mão, selando nosso acordo.

Quando fui puxar minha mão da sua, eis que Edward a aperta fortemente, puxando para onde o pessoal dançava. Olhei-o de olhos arregalados.

— Hey! Isso foi uma trégua, ou um pedido para dançar comigo? – interpelei com uma falsa irritação.

— Os dois, senhorita Swan. – piscou para mim.

Lutei quando senti que meus músculos faciais queriam se contrair em um sorriso. Eu não cederia tão fácil.

Edward puxou a minha cintura no momento em que uma nova música invadia o salão de festas. Eu ri, reconhecendo a canção.

What A Feeling – Irene Cara

— Nessie invadiu o notebook do Jasper e roubou a playlist dele. – afirmei, enquanto balançávamos no ritmo da música, ainda próximos um ao outro.

— Para quem que ser um futuro cantor de hip-hop, música desse tipo é surpreendente. – comentou.

Gargalhei, jogando a cabeça para trás, não acreditando que Jasper tinha contado aquilo. O espertinho aproveitou para jogar-me para frente e trazer-me de volta, apenas segurando a minha mão.

— Ele te contou a insanidade dele? Meu irmão não bate bem da cuca. – balancei a cabeça, com um sorriso pequeno.

— Ah, ele é só um cara com os seus sonhos. – deu de ombros.

Humpf! Solidariedade masculina.

— Vai me dizer que você não riu? – arqueei uma sobrancelha, soltando-se dele para colocar as mãos na cintura.

Edward mordeu o lábio e fechou um olho, fazendo uma expressão totalmente fofa. Ri fraquinho, percebendo a minha idiotice. E a falta de resposta dele.

— Eu entendo. – falei condescendente.

Ele revirou os olhos.

— Você é bem malvada, sim, Isabella? – perguntou, trazendo-me para perto outra vez.

— Às vezes. – falei distraidamente, mas um sorriso maléfico instalado em meus lábios.

Edward balançou a cabeça negativamente.

Nós continuamos a dançar, em meio a comentários sobre as pessoas ao nosso redor. Avistei Renné e Charlie mais uma vez, agora com Edward observando a cena. Foi impossível não rir dos passos malucos de um Charlie já alterado pela bebida e de uma Renné que balançava os quadris um pouco cambaleante.

Edward continuou a observar o local enquanto eu apenas balançava a sua frente, curtindo a música com uma taça elegante de coquetel de frutas na mão direita. Aquele lugar já começava a me agoniar um pouco. E pensando nisso, uma ideia começou a se formar em minha cabeça. E depois de algum tempo resolvi incluir Edward nela.

Excitada, puxei-o pela mão, andando por entre as pessoas no salão.

— Hey, para onde estamos indo? – perguntou um tanto confuso.

Apenas sorri, abrindo uma porta branca, que dava acesso a rua. Era uma segunda saída do salão de festas. Continuei a rebocá-lo até chegarmos ao lado do carro de mamãe.

— Será que pode falar onde estamos indo? – perguntou novamente, enquanto eu procurava as chaves reservas dentro da minha bolsa.

— Apenas me acompanhe.

Destravei o carro e apontei para que ele entrasse no banco do carona, enfiando-me no banco do motorista logo em seguida. Assim que o Cullen estava dentro do veículo, arranquei com o carro.

— Hmmm... – pigarreou quando já estávamos na pista. – Acho que deveria ir mais devagar. – sugeriu com um sorriso amarelo.

Gargalhei.

— Está com medo, Cullen? – perguntei em uma voz maldosa, assustando-o um pouco. Percebi que ele tinha se arrepiado e controlei a vontade rir novamente.

No fim das contas, ele apenas bufou.

— Me poupe Swan. – cruzou os braços, dando uma de machão.

Olhei brevemente para ele, lançando-lhe um sorriso travesso. Fizemos o caminho em total silêncio. No caminho perguntei-me se estava fazendo o certo em levar o Edward naquele lugar, se aquilo tudo não era efeito da bebida alcoólica que corria em minhas veias. Porém no fim, apenas pensei em um foda-se.

Quando chegamos, eu saquei meu celular da bolsa, lembrando em mandar uma mensagem para Renné, informando que estava com o carro e que não precisava se preocupar. Era até bom, porque ninguém estava sóbrio o suficiente para voltar dirigindo. Enviei a mensagem e larguei o celular na bolsa.

Subi os olhos para o Cullen, notando que ele me observava com curiosidade.

— Pronto para conhecer meu lugar favorito dessa cidade calorosa? – indaguei com uma sobrancelha arqueada.

Ele assentiu um tanto perdido.

Saímos em sincronia do automóvel e Bella ativou o alarme. Observei o Cullen observar o local ao seu redor, com a surpresa evidente em seu olhar. Eu o tinha levado ao Papago Park, um parque com muita natureza de Phoenix. Eu adorava este lugar.

— Show, né? O Papago Park é ótimo. – sussurrei, ficando ao seu lado, admirando a natureza também.

Fez-se silêncio por uns instantes, até Edward finalmente falar alguma coisa.

— Porque está fazendo isso? – interpelou em um sussurro.

Olhei para ele, notando que seus olhos ainda estavam presos no ambiente.

— Fazendo o que?

— Isso. – apontou a nossa volta. – Mostrando-me seu lugar favorito e sendo legal comigo. Porque está fazendo isso?

Soltei um suspiro baixo, colocando-me de frente para o Cullen. Ele me observava com hesitação. Ok, está na hora de ser sincera.

— Você foi legal comigo, Edward. Pediu uma trégua, levou-me para dançar e mesmo que tenha feito suas piadinhas no começo da noite, você foi legal comigo. Seria injusto ser uma dor na bunda com você. E ainda tem o fato... – pausei, rindo um pouco. – Eu estava agoniada com aquele lugar. Ainda não me esqueci da festa em que paguei o maior mico de todos os tempos. – estremeci levemente.

Sorriu de lado.

— Estava com medo de pagar calcinha novamente, Bella? – curtiu a minha cara.

Ah, e aí está o Cullen que eu conheço!

Semicerrei os olhos e lancei-lhe o dedo médio. O retardado riu. Bufei e decidi sentar-me em algumas pedras lisas que estava a poucos passos de nós. Que o idiota sufoque de tanto rir!

Como felicidade de Bella Swan dura pouco, ele já estava sentado ao meu lado, olhando-me com o sorriso débil nos lábios.

— Relaxa, Swan. Você está inteirinha aqui. Nada de calcinha aparecendo em hora inapropriada esta noite. – piscou.

— Hahaha, muito engraçado, Cullen. – falei secamente. – Deveria entrar em um circo. Seria um ótimo comediante. – finalizei ironicamente.

— Eu seria um palhaço muito sexy, as mulheres me assediariam, então, acho que não daria certo. – comentou com a prepotência escorrendo por cada palavra.

Explodiu em uma gargalhada alta, descrente de tamanha barbárie. O cara era metido de uma forma muito louca.

— Você é realmente bonita. – ele sussurrou de repente, fazendo com que eu engolisse a gargalhada.

— O quê? – minha voz saiu um pouco aguda por conta da incredulidade.

Percebendo o que tinha dito, Edward passou a mão pelos cabelos, ficando constrangido por um momento. Eu ainda o olhava, esperando que ele risse e me chamasse de idiota por estar inclinada a acreditar naquilo.

— Você é realmente bonita. – repetiu, para o meu total desalento.

Abri a boca algumas vezes, em busca de algo para falar, mas não encontrei nada. E então veio o problema. Notando que as palavras de Edward pareciam reais, meu rosto começou a esquentar. Baixei a cabeça, tentando esconder o rubor.

— Você está curtindo com a minha cara, né? – perguntei inutilmente, mordendo o lábio.

Ele se aproximou mais de mim, e assim como tinha feito na festa, pegou o meu rosto pelo queixo, fazendo com que seus olhos focassem os meus. Pisquei meus olhos rapidamente por três vezes, desnorteada com o brilho presente no olhar verde-folha.

— Você tem uma pele bonita e vejo que macia também. – capturei o seu sorriso por minha visão periférica, pois meus olhos não desgrudavam do verde. – Os seus olhos fazem um contraste interessante com a sua pele, assim como os seus cabelos. E este vestido branco ficou mil vezes melhor em você do que aquela loucura rosa. – nós rimos baixinho, lembrando a aposta.

— Ainda vou querer minha vingança, Cullen. – murmurei com a voz decidida.

— Estarei esperando, baby. – piscou para ela, fazendo com que eu revirasse os olhos.

— E por último... – seus olhos desceram da minha boca para os meus olhos outra vez. Um frio percorreu pelo interior de minha barriga, enquanto eu observava suas ações e escutava suas palavras.

Um vento abateu-se sobre nós, arrastando meus cabelos para frente, mas isso não quebrou a conexão de nossos olhares. E por um momento questionei-me se aquilo era bom ou ruim. O clima entre nós era intenso, e ficou um pouco pior quando o vento passou. Depois disso, não demorou muito para que Edward prendesse seus lábios aos meus. E então três sentimentos simultâneos ocorreram-me.

Primeiro, foi o susto. Caramba, ele estava com os lábios nos meus, nos meus! Aquilo era no mínimo estranho. Segundo, foi à satisfação. Porra, aqueles lábios traziam um conforto incrível a minha boca, como nenhum outro. E por último, veio a razão. Edward e eu não éramos amigos, não éramos namorados, não éramos praticamente nada. E para piorar, meu cérebro fez questão de relembrar a cena de mais cedo em que ele e Tiffany se beijaram.

Aquela cena foi o suficiente para que eu empurrasse Edward para longe de mim, com medo de que aquilo se aprofundasse. Eu não iria beijar o cara que beijou Tiffany Campbell! Nem fodendo!

O mais louco e que ficamos ofegantes só com aquele encostar de lábios.

Imagina se tivesse rolando beijo com direito a língua, saliva e etc? Incendiaria tudo isso aqui, hein, amiga? Pensou a parte anormal da minha cabeça.

— Jesus! – exclamei, saltando do meu lugar. – Droga Edward! – resmunguei.

— O quê? – perguntou com a voz oscilante.

— Você com os seus elogios e... Droga! – passei a mão por meus cabelos, agitada.

— O quê? Você não gostou? – franziu o cenho, bastante confuso.

Oh, merda! Esta não é a questão, idiota!

— Vamos embora. – desconversei, tomando o caminho para voltar ao carro.

— Hey, espera! – agarrou-me pelo pulso, fazendo-me parar, mas não encará-lo.

Ele beijou a Tiffany! Você fez certo, não aja como uma idiota! Você nem gosta dele! Repeti como um mantra em minha cabeça.

— Não quer falar sobre isso? – questionou ansioso.

Não consegui conter o sarcasmo que quis escorrer por meus poros. Essa era uma fala muito engraçada, afinal, não tinha muito que se falar sobre o ato de duas pessoas se beijarem.

— Falar o que? Que nos beijamos, mesmo que tenha sido apenas um encostar de lábios? Sinceramente, não tem nada a se falar, e sim a se ignorar. Então, vamos embora. – respondi amargamente.

Edward congelou por um minuto, surpreso pela minha falta de hospitalidade. Até que seu olhar endureceu e ele maneou a cabeça para mim, sem soltar mais nenhuma palavra.

E assim foi feito o caminho de volta para casa. Em total silencio. Fiquei totalmente imersa em meus pensamentos, sentindo-me uma idiota por levá-lo lá. Aquilo não poderia ter dado mais errado.

Assim que chegamos a nossa rua, ele saiu do carro sem ao menos falar um simples tchau, mas era o esperado. Ele não ficou muito feliz com as minhas palavras, mas também não era para ficar.

Coloquei o carro na garagem. Entrei em casa pela porta que tinha lá, pensando que a nossa pequena trégua tinha chegado ao fim. Era para só durar uma noite mesmo, afinal.

Nessie

— Quem morreu? – foi à primeira pergunta que Bella fez assim que entrei em seu quarto pela terça-feira de manhã.

Ela estava em pé, ajeitando alguma coisa em sua mochila que estava em cima da cama.

Olhei para Emmett ao meu lado. Ele tinha um sorriso nervoso nos lábios e indicou com a cabeça que eu fosse à frente. Bufei, mas tomei à dianteira.

Frouxo!

— Nós temos algo meio sério para falar com você. – Emmett falou, sentando-se na beira da cama. Imitei o seu gesto.

Bella parou de mexer na bolsa para nos lançar um olhar acusatório.

— Reformulando a pergunta: Quem vocês mataram? Eu não vou ajudar a esconder o corpo. – resmungou, cruzando os braços.

Revirei os olhos, estalando os dedos.

— Dá para se concentrar aqui por um momento? É realmente importante. – pedi.

Ela suspirou, mas acatou ao meu pedido. Ela sentou-se na cama também, porém um pouco distante de nós.

— Falem.

Emmett e eu nos entreolhamos. Arregalei os olhos, incentivando-o a contar a novidade. Em contrapartida, ele franziu o cenho, pedindo para que eu desse o pontapé.

Contive o bufo que queria escapar por meus lábios. Emmett era um bundão! Ele apenas lançou-me um sorrisinho envergonhado. Revirei os olhos.

— Querem parar de se falar por gestos e olhares e desembuchar? Nós temos aula! – Bella estava ficando impaciente.

Lancei um olhar firme na direção de Bella. Agora as coisas seriam do meu jeito.

— Dereck Collins está de volta a Phoenix é o nosso novo professor de Educação Física. – soltei na lata, fazendo com que a boca de Emmett fosse ao chão.

— Nessie! Não foi assim que nós combinamos. – resmungou.

— Foda-se! Você ficou com ataque de maricas jogando tudo para cima de mim, então foi do meu jeito. Direto e rápido. – cruzei os braços.

Antes que Emmett retrucasse, eis que seus olhos caem em Bella. Olhei na mesma direção, estranhando a falta de reação. Minha prima estava congelada. Ela mantinha os olhos arregalados, o cenho franzido e a boca levemente aberta.

— Opa! Acho que a deixamos catatônica. – Emmett anunciou com uma careta.

— Bella? – chamei, cutucando-a com o dedo.

E como um passe de mágica, a maluca deu um salto da cama, assustando-me.

— QUE? – berrou. – VOCÊS ESTÃO DE ONDA COM A MINHA CARA, SÓ PODE!

— Agora é com você. – sussurrei para Emmett, com os olhos grudados em uma Bella muito furiosa a minha frente.

Ele engoliu em seco, levantando-se da cama e ficando de frente para ela. Emm colocou uma mão em seu ombro.

— Relaxa, ok? Nós já bolamos alternativas para você.

— Duas, na verdade. – intervi.

Bella arqueou uma sobrancelha, descrente. Emmett me lançou um olhar desagradável que fiz questão de ignorar com um sorrisinho.

— A primeira é: você falta todas as aulas de educação física e roda na disciplina... – Emm começou.

— E a segunda e melhor de todas: você pode aparecer toda linda e maravilhosa com um novo boy magia! – saltei da cama, totalmente animada.

Ela me fulminou com o olhar.

— Jura?! E quem seria esse boy magia? – perguntou ácida, fazendo-me retrair um pouco.

— EdwardCullen. – sussurrei o nome rapidamente.

— Que?

— O Edward, Bella. Edward Cullen. – falei mais devagar para que ela compreendesse.

Ela me olhou cética por uns instantes até que caiu em uma sonora gargalhada. Emmett olhou alarmado para mim enquanto a amiga se contorcia que nem uma louca.

— Primeiro vocês invadem meu quarto, soltam uma bomba no meu colo e depois para ‘’aliviar’’ sugerem que eu faça par romântico com Edward Cullen? – Bella falou com o sarcasmo bem elevado. Emmett e eu nos entreolhamos. – ISTO É A COISA MAIS INSANA QUE EU JÁ OUVI! QUAL É A PORRA DO PROBLEMA DE VOCÊS? EU NÃO ACREDITO QUE O DERECK ESTÁ EM PHOENIX! E EU DEFINITIVAMENTE NÃO SEREI PAR ROMÂNTICO DE EDWARD CULLEN! – extravasou.

Emmett e eu estávamos praticamente encolhidos próximos a janela. Bella era uma pessoa relativamente calma, um pouco encrenqueira, mas calma, então quando ela se rebelava daquela forma, assustava. Parece que fogo sairia de seus olhos e isso não era nada legal.

— Bella, tenta ver pelo lado positivo: você vai poder esfregar na cara daquela babaca que está bem mais feliz com outro. – Emmett tentou argumentar.

— Feliz com Edward Cullen? Por favor! Isso é a maior porcaria que eu já escutei! – pestanejou, andando pelo quarto. – É por isso que vocês estavam tão esquisitos, né? Ficaram sabendo disso desde a semana passada e não tiveram a cara de pau de me contar! – exclamou amargurada.

— Bom, estamos contando agora, se serve de consolo. – Emmett deu um sorrisinho sem graça e Bella lhe aniquilou com os olhos.

Dei alguns passos a frente, segurando Bella pelo braço, fazendo com que ela parasse e olhasse para mim.

— Presta bem atenção, ok? – ela apenas arqueou uma sobrancelha. – Eu passei um bom tempo fritando meus neurônios em busca de uma forma que te ajudasse a enfrentar isso da melhor forma, então eu não vou querer um não como resposta. Você vai sim fingir ser namorada do Edward, porque é o melhor a se fazer. E sabe por que é o melhor? Porque você vai esfregar naquele cretino que ele é um nada para você, que você deu a volta por cima. Já imaginou a cara de otário que ele vai fazer quando ver você com um cara gostosão como o Edward? – ela franziu o cenho, parecendo refletir. Um sorrisinho se espalhou por seus lábios. – Isso, imagine ele se mordendo de raiva e vendo a gostosa que ele perdeu. Imagine. – sussurrei mais persuasiva ainda e pela expressão no rosto de Bella, eu sabia que ela estava caindo.

— Mas tinha que ser com o Cullen? – sua expressão maléfica quebrou um pouco.

Suspirei.

— Tinha. Emmett e Jacob não dariam, porque o Dericu sabe como vocês são amigos, então iria ficar suspeito. Edward é novo no pedaço, bonito e charmoso. Não precisa ser um namoro de verdade. É só fingimento. Absolutamente perfeito! – bati palmas, sentindo-me animada outra vez. – Eu vou contar como tudo vai ser quando nos encontrarmos com o Edward.

Ela resmungou algumas coisas ininteligíveis, mas eu percebi que ela estava se rendendo.

— Posso fazer uma pergunta? – pediu e eu assenti. – O meu vulgo namorado já está sabendo disso?

Sorri envergonhada e minha prima não gostou nem um pouquinho.

[...]

Observava atentamente o tráfego de alunos chegando ao PHS através dos meus óculos escuros. Estava encostada no carro de Bella em busca da minha vitima que ainda não tinha chegado. Olhei a hora em meu celular, notando que ainda tinha tempo.

— Grande merda. – novamente, minha prima idiota estava resmungando ao meu lado. Como se não bastassem os gritos que ela deu mais cedo!

Abaixei meus óculos de sol até que Bella pudesse enxergar meus olhos em fenda, em um pedido mudo para ela calar aquela porra de boca.

Isabella bufou, virando o rosto. Coloquei os óculos de volta no lugar, revirando os olhos. O plano é para ajudá-la e ela ainda fica de coisa? Voltei a olhar para o estacionamento, até que vi o volvo prata entrando.

— Tem certeza que eu não posso ir? – Emmett choramingou ao meu lado, olhando-me de forma pidona.

— Você não me ajudou em praticamente merda nenhuma e ainda quer ir? Poupe-me McCarty! – grunhi.

Emmett fez um grande bico, inconformado.

— Poxa! Obrigado por me esperarem. – o lerdo do Jasper chegou resmungando. Os irmãos Cullen estavam logo atrás, então deduzi que meu primo deve ter pegado carona com eles.

Digamos que eu não estava muito paciente com Jasper esta manhã, então enfiei Bella no carro e viemos para o colégio. Com Emmett no jipe a nossa cola, claro.

— Bom dia. – Edward desejou.

Senti que Bella ficou tensa do meu lado, seus olhos vagando para as poucas árvores que cercavam o colégio.

— Bom dia, Ed! – cantarolei, deixando um beijo estalado em sua bochecha. – Bom dia, Alice! Está bonita. – sorri para a baixinha.

Ela sorriu tímida.

— Obrigada e você também está bonita, Nessie.

Soltei uma risada só um pouquinho convencida.

— Agora Bella e eu vamos roubar o Edward por um instante. Logo voltamos. – anunciei, pegando na mão de ambos e os arrastando, sem dar trela para protestos.

Alice e Jasper nos olharam de forma estranha enquanto Emmett praticamente chorava.

— Posso saber por que estou sendo seqüestrado? – Edward questionou, lançando um rápido olhar para Bella (que não saiu despercebido por mim).

Chegamos até a sala do jornal, a qual nós entramos. Eu passei a tranca na porta para não ser incomodada por terceiros (vulgo Emmett).

— Sentem-se. – ofereci, tomando um lugar na mesa.

Ambos sentaram-se o mais longe possível um do outro. Bella ficou do meu lado, enquanto Edward sentava-se a minha frente.

— Pode me explicar o que está acontecendo? – questionou Edward, olhando diretamente para mim.

Suspirei, entrelaçando minhas mãos em cima da mesa.

— Eu preciso que você faça-me um favor. Um favor a nós. – comecei. Edward olhou de soslaio para Bella, que olhava em outra direção, escondendo o rosto na aba do boné.

— Que tipo de favor seria isso?

— Quero que finja ser namorado da Bella. – eu, como sempre, mandando na lata.

Seus olhos se arregalaram de uma forma muito engraçada. Bella se afundou um pouco na cadeira.

— Po-po-porque? – gaguejou, pigarreando logo em seguida para retomar a compostura.

— Eu não fui autorizada a falar especificamente o porquê, então, eu espero que você entenda e nos ajude. – sorri da melhor forma que pude.

Edward ficou de forma mais relaxada na cadeira e cruzou os braços. Seus olhos tornaram-se quase zombeteiros.

— Porque eu faria isso? Ela me odeia. – apontou com a cabeça para Bella.

— Eu não odeio você. – murmurou minha prima, se manifestando pela primeira vez desde que entramos naquela sala.

— Ah, não? Não foi isso que fiquei sabendo. – lançou um olhar debochado para Bella.

Ela apenas ajustou os óculos no rosto, desviando o olhar. Minha prima estava desconfortável e eu estranhei isso. Normalmente, Bella reviraria os olhos ou mandava ir à merda. Ontem esses dois sumiram e quando questionei a minha prima o porquê de eles nos abandonaram na festa, ela apenas disse que ambos estavam cansados e que ofereceu uma carona para o Cullen. Eu fiquei quieta quanto a isso, mas agora estava começando a ficar desconfiada.

— Eu não vou fazer isso. – Edward declarou, tirando-me de minhas divagações internas. Minha boca caiu um pouco com a resposta dele.

— Ótimo! – Bella tomou a frente. – Vamos em frente, Nessie!

— Não! Eu não perdi um dia pensando no plano perfeito para ele ir para puta que pariu dessa forma. – bati na mesa, levantando-me da cadeira. – Vamos lá, Edward. Não seja tão orgulhoso.

Ele parou por um momento, pensando. Seus olhos vagaram pela sala, às vezes parando em Bella, que estava claramente nervosa com aquela situação toda.

— Ok, eu topo. – sorri, mas ele levantou o dedo. – Mas, tenho uma pequena condição.

— Qual? – perguntei com os olhos radiando.

— Amanhã quero Bella usando uma camisa escrita Eu amo Edward Cullen.

— QUE? – minha prima se sobressaltou, pulando da cadeira. – MAS NEM MORTA!

Edward riu.

— É a minha condição. – falou presunçosamente.

Ele gostava mesmo de encher o saco da doidinha.

— BELLA! – pedi.

Ela choramingou.

— Eu te odeio. – resmungou para mim, voltando a se sentar. – Onde você vai arrumar uma camisa dessas em cima da hora? – Bella interpelou com irritação.

— Baby, eu tenho em casa. Ganhei de uma garota quando morava em NY. – sorriu.

Bella bufou. Eu me empolguei.

— Querem saber o meu plano? – eles assentiram (Bella a contragosto, mas ok) — Então, caros amantes... – Bella me fuzilou com o olhar. – Ok, o plano é o seguinte. É bem simples, vai depender muito do... – comecei a contar a eles tudo que eu tinha bolado.

Bella

Meu dia não poderia ficar pior. Primeiro, eu acordo com dor de cabeça porque bebi um pouco demais. Segundo, Nessie e Emmett invadem o meu quarto com a história maluca de que a porra do meu ex-namorado está de volta à cidade e que vai ser o novo professor de educação física. E só para ser a cereja do bolo, minha prima sem noção vem com a ideia maluca de colocar Edward Cullen como o meu namorado! Tudo bem que a idéia em si era até legal, mas com o Cullen? Ainda mais depois do episódio de ontem... Argh! Isso realmente vai ser um bom jogo para ele me irritar. Não tem outra explicação para o fato de ele ter aceitado.

Eu estava irritada demais para prestar atenção nas aulas, então estava contando os minutos para me ver livre dessa escola. Passei o intervalo escondida na biblioteca, sem humor algum para me enturmar com os meus amigos.

Quando o sinal tocou, anunciando a aula de educação física, eu gelei da cabeça aos pés.

Calma Bella, você não vai fazer educação física hoje. Vai apenas entregar o papel de sua dispensa com a presença do Cullen, seu fingido namorado, e vai ser livre do seu carma. Até quinta.

— Bella? – tomei um susto com a voz do Cullen chegando por trás de mim.

Olhei para ele com as mãos sobre o coração acelerado.

— Não faz isso! – choraminguei.

Eu estava com os nervos à flor da pele, dá um desconto!

— Desculpa. – pediu sinceramente culpado. – Nessie estava louca atrás de você. Pensou que tinha arrumado uma doença e ido embora.

— Sabe que não é uma má ideia? – ponderei, realmente cogitando a sugestão.

— Bella. – falou com o tom de alerta.

— Ok, ok. Vamos para o abate! – suspirei.

Fui pega de surpresa quando Edward pegou-me pelos braços com a maior facilidade do mundo. Algumas pessoas que estavam no corredor guardando suas coisas nos armários, nos lançaram olhares curiosos.

— Edward! – exclamei. – O que pensa que está fazendo?

— Entrando no meu papel de namorado, ué. – retrucou com simplicidade, caminhando comigo para a quadra interna.

— Mas não era desse jeito! Você só iria me levar até lá e confirmar se era o meu namorado caso ele perguntasse!

— Bom e se ele não perguntar? Não vou ter feito nada demais e você pode não querer usar a blusa amanhã. – deu de ombros.

Bufei. Lógico que ele só estava se preocupando em me fazer passar mais um mico.

— Você é um babaca, sabia? – ele sorriu. – Porque está fazendo isso? Para me humilhar? Vingança por ontem?

Edward soltou uma respiração pesada, parando no caminho para fixar seus olhos em mim. Olhos que estavam mais verdes e mais ferozes.

— Você tem uma visão um pouco distorcida de mim, Swan. E sobre ontem, eu não me importo. Você estava certa.

Minhas sobrancelhas arquearam com a surpresa. Edward voltou a andar.

— Estava? Você pareceu um pouco chateado. – pontuei, fazendo com que Edward sorrisse.

— E estava. Porém, pensando melhor, você tinha razão. Foi um ato bastante equivocado. Nós nunca nos demos bem mesmo. – deu de ombros com seus olhos fixos no caminho que percorria.

— Bom... Então sem ressentimentos?

— Sem ressentimentos. Apenas os velhos jogos. – ressaltou, olhando rapidamente para mim com um sorriso.

Sorri de volta.

— É... Você até que pode ser legalzinho. – falei com o nariz franzido, agora arrancando uma risada do Edward. – Mas não vai se achando não. – alertei, mas ele continuou a rir.

— Oh-ouh, acho que chamamos um pouco a atenção. – murmurou Edward olhando ao redor.

Só aí vim perceber que estávamos parados dentro da quadra aberta. Olhei para as pessoas presentes, que nos olhavam curiosas – igualmente as que estavam no corredor -, até que meus olhos focaram uma pessoa especifica.

Dereck Collins. Meu último ex-namorado e o cara que realmente quebrou meu coração.

Seus olhos azuis como o oceano, que antigamente me acalmavam, agora me traziam inquietação enquanto ele os mantinha fixos em mim. Ele não tinha mudado muita coisa - os mesmos cabelos revoltos que eu achava sexy ainda estavam da mesma forma -, a não ser a presença de uma rala barba em seu rosto. Dereck, fisicamente, ainda parecia o sonho adolescente de alguns anos atrás. E isso era uma completa droga!

— Oouh, ele é o Dereck? – a voz de Edward quebrou o contato e eu agradeci mentalmente a ele por isso.

— É. – minha voz saiu como sopro. – Coloque-me no chão.

— Mas...

— Apenas me coloque.

Edward acatou ao meu pedido, um pouco contrariado. Entretanto, ele também não deixou por menos, passando a mão pela minha cintura para que eu pudesse me sustentar melhor.

— Bella. – Dereck falou assim que paramos em frente a ele.

— Olá Dereck. – minha voz saiu baixa, mas sem nenhuma histeria. Fiquei muito feliz por estar contendo as emoções dentro de mim. – Vim trazer a minha dispensa da aula, por motivo de pé machucado. – fiz uma careta, entregando-lhe o papel justificando a minha dispensa.

Ele sorriu. Malditamente sorriu!

— Oh, Bella, vejo que não mudou nada em quesito desequilíbrio, hm? – brincou.

— Na verdade, a culpa foi meio que minha. – Edward se fez presente, lançando um rápido olhar para mim.

Os olhos de Dereck automaticamente voaram para o ruivo ao meu lado, tornando-se mais... Avaliadores.

— E você é...?

— Edward Cullen. Namorado da Bella.— sorriu.

Os olhos de Dereck se arregalaram levemente, olhando de mim para Edward.

Comecei a rir. A frase, ‘’Namorado da Bella’’, saída dos lábios do Cullen foi tão esquisita que eu não aguentei. Ambos olharam para mim. Dereck de forma confusa e Edward de forma ‘’não estrague esta merda’’.

— Tudo bem? – o heartbreak perguntou.

— Claro! Eu só lembrei-me de uma piada. – dei de ombros, desviando o olhar deles.

— Bom... – Derick retomou. – Vai assistir a essa aula, senhor Cullen?

— Sim, senhor... – Edward fingiu-se de desinformado.

— Pode me chamar de treinador Collins.

— Sim, treinador Collins.

— A senhorita pode ficar na arquibancada. – o meu ex falou em um tom sério. – E você, — apontou para Edward. – Pode ir se trocar e se juntar a nós.

Edward assentiu. Ele me deixou na arquibancada com um beijo na testa. Eu ainda fiquei um bom tempo olhando para o nada, extremamente perdida com esse arranjo maluco da Nessie.

Eu ainda enlouqueço antes do fim deste ‘’namoro’’.