O Retorno - A Marca Negra Renasce (Hiatus) escrita por Laurent


Capítulo 4
Confusos


Notas iniciais do capítulo

É isso aí, espero que gostem. Não se esqueçam de comentar!



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Kenrick e Liadan estavam totalmente mudos, mas Ralph não parecia exigir uma resposta imediata.

— Não precisam responder agora — disse ele. — Ou hoje. Na verdade, lhes darei uma semana para refletir.

— Mas... nós? Você? A gente? — falou Liadan, franzindo as sobrancelhas.

— Não só nós três... ainda há muitos outros bruxos na minha lista, filhos de ex-comensais. Alguns já entraram para o grupo... outros, pretendo recrutar mais tarde.

— Mas nós não sabemos quase nada a respeito desses Comensais da Morte. — interveio Kenrick. — Como poderemos entrar para um grupo que ao menos conhecemos?

— Bem, isso é o que vocês vão tentar responder a si mesmos nos próximos sete dias. — falou Ralph, levantando-se. — Pensem, e pensem muito na minha proposta. Vocês é que escolhem: passar a vida sendo rejeitados pelos não mágicos... ou tornar-se Comensais da Morte, ascendendo ao poder em meio a outros bruxos. Os dados estão lançados.

— Então é isso? Você vem até aqui, nos diz todas essas coisas e simplesmente vai embora do nada? — questionou Liadan.

Ralph sorriu maliciosamente.

— Por quê? — quis saber ele. — Você queria que eu ficasse?

— Para começar, não queria nem que você tivesse vindo.

O garoto ergueu uma sobrancelha.

— Você vai mudar de opinião quando me conhecer melhor, de qualquer forma. — Ralph dirigiu-se até a porta. — Vejo vocês à meia-noite da próxima sexta-feira.

E foi embora.

— O quê? — protestou Liadan. — Meia-noite?! O que esse merda está pensando?! Ei! — a garota pôs a cara para fora da porta e olhou para os dois lados do corredor. Não havia ninguém. Em seguida, gritou — Filho de uma puta...

— Liadan! — chamou Kenrick. — Cala essa boca! Quer chamar a atenção de todo mundo?

Ela olhou para o irmão, carrancuda.

— Você aceita isso? Não vê a insolência dele? — em seguida, bateu a porta, e foi sentar-se na cama, massageando as têmporas com os dedos.

— Eu vejo uma oportunidade de sair desse lugar. — falou Kenrick, agachando-se na frente da irmã e segurando seus ombros. — Seja racional e inteligente. É a nossa chance de reconquistar tudo o que tiraram de nós...

— Consigo fazer isso sozinha — disse ela.

— Não, não consegue. Nem você, nem eu, nem Ralph. Mas juntos, poderemos chegar a algum lugar.

— É o seguinte, Kenrick. — disse Liadan. — Deixe-me pensar nisso sozinha. Eu estou muito confusa...

— Você está no meu quarto. Se quer ficar sozinha, vá até o seu.

Sem esperar mais nenhum segundo, Liadan levantou-se da cama, afastou Kenrick de perto de si e saiu até o corredor, em direção ao seu quarto. Os punhos estavam cerrados de raiva, e uma veia se sobressaía na sua têmpora direita. Cada passo de suas botas batia com força no chão.

Durante o caminho, luzes começaram a piscar acima da cabeça dela, e Liadan sabia que o motivo daquilo era ela mesma. Sempre que sofria oscilações de humor, essas coisas aconteciam; Liadan já estava acostumada, mas os outros não. Era até divertido quando as criancinhas se abraçavam, com medo das luzes, rezando para que o bicho-papão não as pegasse. Mas agora, ela pouco ligava para luzes. Estava chocada.

Se o que Ralph dissera era verdade, então quer dizer que a culpa era desse tal Ministro da Magia por ela e o irmão terem vivido em orfanatos na infância, longe da magia e dos outros bruxos. Seu pai, seu tão temido pai, morrera assassinado por aquele tal de Harry Potter, e, naquele momento, Liadan achava Voldemort um completo incompetente: se ele fosse mesmo tão maligno e tão poderoso, não teria perdido.

Chegando até seu quarto, a garota fitou as velhas paredes descascadas e a familiar opacidade do vidro da janela. Ela trancou a porta e jogou-se em sua cama. Os cabelos lisos, longos e negros espalharam-se pelo travesseiro, derramando-se sobre as bordas da cama. Sentiu algo duro embaixo do casaco, e apalpou-o para saber o que era. O medalhão de Kevin. Ela até se esquecera dele.

Era lindo, isso ela não podia negar. A corrente tinha um brilho dourado, que refletia tudo em amarelo-ouro. No medalhão em si, havia uma pedra verde-escura na frente. Não achava que fosse uma esmeralda, mas não era menos bonita por causa disso.

Liadan abriu o medalhão, e tornou a olhar a foto do casal que segurava o bebezinho rechonchudo. Os dois sorriam, mas Kevin estava chorando, as lágrimas caindo pela enorme bochecha. Família, pensou Liadan. Cada uma diferente da outra. Arrancou a foto, levantou-se e atirou-a na pequena lareira que havia ao lado da cama.

***

Em seu quarto, Kenrick olhava a rua lá embaixo através da janela. Homens de terno corriam, checando os relógios de pulso para ver as horas. Mulheres com seus bebês atravessavam a faixa de pedestres. Crianças pequenas brincavam de amarelinha na calçada cinza-escura. A vida passava, caótica, mas passava.

Enquanto Kenrick estava preso ali dentro, como sempre ficara.

Ele sabia que não podia confiar muito em Ralph Lestrange; afinal, ainda tinha suas dúvidas sobre o garoto. Mas rejeitar a oferta que ele lhes oferecera era tolice. Liadan podia ser impulsiva e descontrolada, mas Kenrick sabia ver as coisas de um modo que a irmã não era capaz. Ao contrário dela, ele era frio, paciente e sabia fazer os joguinhos dos outros.

Kenrick queria, mais que tudo, sair daquele lugar. Queria deixar as crianças, as freiras, o orfanato, as lembranças, tudo para trás...

Principalmente aquela lembrança. A coisa da qual ele mais se arrependera na vida, e a coisa pela qual ele e Liadan sempre temiam que viesse à tona...

A lembrança assaltou-o de repente, e os pensamentos de Kenrick flutuaram através do passado, perdendo-se em meio ao pânico que sentira...


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Notas finais do capítulo

E então? Qual vocês acham que é o trauma de Kenrick? Não deixem de ler o próximo capítulo.



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