Intercambista escrita por Clara Luce


Capítulo 3
Capítulo 3 - Mau Até Os Ossos


Notas iniciais do capítulo

Hey guys!!! Mais um capítulo adicionado e por favor, não se assustem com ele, Edward ainda vai conseguir ser menos... mau.
Falando nisso, assistam ao trailer da fic: http://www.youtube.com/watch?v=LERIsm54Zag
não está dos melhores, mas é melhor que nada.



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–Você está bem? – Fiquei incrédula e ainda mais irritada com sua falsa moral. Não respondi nada. Minha cara deveria estar mais inchada que a de um sapo.

Vendo que nem me movia, Edward tirou seu casaco de couro e quando foi colocá-lo em mim, tirei de suas mãos.

–Eu não preciso de nenhuma porcaria sua! – Disse fria, segurando o casaco e olhando firme em seus olhos. – Você fede maconha.

Joguei seu casaco no chão e passei por ele, me arrependendo depois. Isso me fez chorar o triplo do que estava chorando e quando olhei pra trás ele andava para o lado oposto e de costas, segurando seu casaco. Me senti um grande monstro por ter lhe tratado daquele jeito, mas eu não estava mais aguentando toda aquela pressão psicológica. Se as coisas nãos melhorassem eu voltaria para o Brasil.

(...)

Deitada na cama, a culpa me corroía. O jantar estava horrível e isso fazia crescer minha vontade de vomitar. As coisas não estavam sendo fáceis e Edward, mesmo sendo todo marrento, de um jeito ou de outro tentou me ajudar... e eu acabei fazendo o que os outros fazem comigo: o humilhei e sei que não é legal. Não tinha o direito de fazer aquilo. Talvez tenha se arrependido e tentou me ajudar por... por pena? Bem, isso não soa muito bem, mas é um progresso. Pelo pouco que Jasper me contou dele, nunca achei que seria capaz de me perguntar se estava bem.

Só que por outro lado, ele sempre foi cheio de gracinha e lá no fundo mereceu aquilo. Se tiver coragem, posso pedir desculpas amanhã. Se eu não fizer isso, vou morrer com toda essa culpa nos meus ombros.

Meio a todos estes pensamentos acabei adormecendo e quis me matar ao acordar e perceber que dormi sem escovar os dentes. Minha mãe só me mandava 150 dólares por mês e odiaria gastá-los num dentista.

Bem mais cedo que os demais, me arrumei, só que do meu jeito: Jeans, uma regata colada e um all star normal. Deixei um bilhete em baixo da porta de Emmett, dizendo que fui sozinha e que se ele contasse isso para os nossos pais eu o denunciaria sobre as drogas. Oh cara, as drogas...

Eu sabia que o certo a se fazer era denunciar ao senhor e senhora LaBow que Emmett andava fumando “uma verdinha” com o coleguinha Edward, mas não queria arranjar mais um inimigo em Boston, fora que ele faz o que quiser da vida, se os país não cuidam do filho, por que eu vou cuidar?

Estava uns trinta minutos adiantada quando entrei pelas portas da Wellesley High School. Existiam alguns alunos que haviam chegado de ônibus, mas comparado a tropa de ontem, este lugar estava vazio. Aproveitei para admirar uma estátua com o símbolo da escola logo no pátio central, mas não demorei muito e fui em busca do meu locker. Quando o encontrei, não acreditei. O cadeado estava estourado! Como assim?! Abri-o rapidamente e fiquei ainda mais surpresa com o que vi: Todos os livros que havia perdido ontem estavam bem ali, limpos, com cheirinho de novos e sem nenhum risco. A numeração era diferente da dos meus então deduzi que não foram recuperados, mas sim substituídos.

Quem havia feito aquilo? Olhei em volta e ninguém prestava atenção em mim o que significava que o responsável por aquilo não estava ali, mas eu já imaginava quem seria: Jasper. De alguma maneira ele ficou sabendo sobre o incidente e substituiu meus livros. Coloquei meu casaco dentro do locker e corri para a secretaria.

Logo trocaram meu cadeado e eu fiquei feliz da vida, pulando de susto com o primeiro sinal. Cheguei na sala a tempo e tirei da minha mochila um livro de Trigonometria junto ao meu caderno e um lápis com borracha na ponta. Era tudo o que precisava.

–Bella! – Falou uma voz familiar.

–Jasper! Como eu nunca te vejo? Só te reconheço pela voz. – Disse rindo, abraçando-o em seguida.

Ele pareceu desconcertado e sem entender muito o porque do abraço. No fim das contas eu fui quem fiquei mais confusa e acabei lembrando-o da surpresa:

–Obrigada pelos livros. – Falei, erguendo as sobrancelhas.

–Livros? Que livros?

–Como assim? Não foi você que deixou os livros no meu locker?

–Não. Acho que foi outro admirador secreto.

Saquei sua indireta quando disse “outro admirador secreto”, mas preferi manter o foco e fiquei ainda mais curiosa sobre quem havia feito aquilo.

Fiquei com este pensamento durante toda aula e até consegui prestar atenção em uma ou duas coisas durante meio minuto. Jasper me arranjou um lugar melhor, ao seu lado e no meio da sala. Algumas pessoas conversaram comigo, inclusive me convidaram para almoçar com elas, o que foi ótimo.

Sabia que somente um alguém podia estragar meu dia e foi exatamente essa pessoa que encontrei na aula de francês. Ele estava descaradamente estirado na primeira cadeira da fileira do meio e me lançou um sorrisinho sínico. Minha idéia de pedir desculpes desceu pelo ralo ao ver tanta mediocridade em uma pessoa só e fiz questão de sentar-me na última carteira da fileira dele, assim não teria nem como olhar pra mim de rabo de olho sem ser percebido.

–Aí, esse lugar já é meu. – Falou um garoto cheio de espinhas.

Já ia tirando minhas coisas da mesa quando Edward apareceu e se sentou na minha frente.

–Tem certeza disso, Chad? – Falou o mesmo, encarando o espinhento.

–Não, acho que posso me sentar em outro lugar... – Disse ficando nervoso, saindo de mansinho. Nem parecia o mesmo que chegou chegando em menos de um minuto.

Olhei para Edward, mas não estava muito agradecida. Digamos que tentei ignorar seu sorriso torto, mas não consegui. Se não soubesse o tipo de cara que ele era, até ficaria na dele, mas conhecendo-o bem, não tem chance.

–E então Bellinha...

–Não me chama de Bellinha. – Corrigi, interrompendo-o. – Já vi que deveria ter escolhido Francês avançado.

–Okay, já vi que você não gosta de mim.

–E já vi que você gosta dessa jaqueta. Vem na escola todos os dias com ela? Nunca a lava? – Perguntei, referindo-me a sua jaqueta de couro, a mesma de ontem e antes de ontem quando o vi pela primeira vez.

–Eu costumo trocar, mas depois que uma garota teve coragem de rejeitá-la, meio que virou minha jaqueta da sorte, sabe, não é sempre que coisas assim acontecem com Edward Cullen e quando acontecem devem ser lembradas.

–Já saquei. Você é o cara briguento que nunca é rejeitado. Qual é o significado da sua existência?

–Quem sabe não seja você. – Jogou a bomba, dando uma piscadinha e virando pra frente.

Eu não sabia o que responder para aquilo. Edward estava com segundas intenções ou era impressão minha? Ele não abriu a boca durante toda aula e durante esse tempo eu fiquei me perguntando o porquê daquela mudança de comportamento. Ele não ia me xingar ou insinuar que eu era feia, até mesmo lésbica como fez ontem e antes de ontem?

Fiquei por um tempo observando-o. Sua nuca era sexy. Seus cabelos cor de cobre faziam uma pontinha que quase era tampada por sua jaqueta e bem do lado esquerdo tinha uma pintinha marrom que dava um super charme. Devo admitir, ele é bonito. Não me admira nunca ter sido rejeitado pelas magricelas desta escola.

A aula chegou ao fim e a única coisa que ele deixou pra trás foi um bilhete. Intrigada peguei-o em mãos e li.

“Vá à secretaria e pergunte de quem é este número: 051881462 e se for uma garota esperta vai conseguir descobrir o que vem lhe intrigando tanto. Estarei atrás das árvores no almoço, você vai querer me agradecer.”

Durante as duas próximas aulas fiquei pensando se deveria ou não fazer o que ele me disse, mas o que significavam aqueles números? Se eu não descobrisse pagaria alguém para descobrir por mim e como o orçamento andava curto precisei fazer por mim mesma. Quando a hora do almoço chegou eu corri para a secretaria. Haviam algumas pessoas na minha frente, mas não perdi mais do que quinze minutos lá para descobrir que aqueles números pertenciam a ninguém mais ninguém menos que Edward Anthony Cullen. Agora sabia o nome completo do desgraçado, será que era isso que deveria agradecer?

Incrédula com tamanha sacanagem joguei o papel fora até que me lembrei de uma coisa: os livros. Olhei a numeração do meu livro de inglês e vi que eram os mesmos do papel. Claro! Como não saquei antes?! Fora as líderes de torcida e a garota chamada Rosalie, Edward foi o único homem que viu minha situação de ontem e que seria capaz de arrombar um cadeado. Agora tudo parecia tão óbvio.

Eu estava contente provavelmente por descobrir que por trás daquele projeto de homem poderia ter um ser humano de verdade capaz de ajudar o próximo. Ele estava certo, eu deveria agradecê-lo.

Música - Bad To The Bone – George Thorogood http://www.youtube.com/watch?v=X9bOsdHckhg

Após deixar minhas coisas no locker, corri para fora da escola e olhei a enorme extensão de árvores. Aonde Edward poderia estar? Olhei melhor e em uma delas saía uma fumaçinha. Com certeza era ele. Fui até lá e me deparei com o mesmo sentado ali com um cigarrinho de maconha. O cheiro estava insuportável.

–O que é isso? Um show de reggae?

–Não, é só um baseado pra passar o tempo.

–Se continuar assim seu tempo vai passar mais rápido do que imagina e essas coisinhas aí vão te levar pro caixão.

–Eu não sou viciado. Não venderia meus móveis por um destes aqui. Posso viver sem, é que isso me faz relaxar.

–Relaxar? E aquela magricela não pode te fazer massagem como ontem?

–Alice? Ela é só uma das garotas obcecadas por mim. Ossos do ofício.

Revirei meus olhos e olhei para a árvore, percebendo que ali era um belo esconderijo ou refúgio para minhas horas solitárias. Rapidamente bolei um jeito de subir nela e o fiz, sentando em um dos troncos e observando Edward mais do alto.

–Então... Obrigada, sabe, pelos livros.

–Não achou que isso sairia de graça, achou? – Perguntou, subindo na árvore e se sentando do meu lado.

–Mas você nem estuda.

–Eu sei, mas tudo nessa vida tem um preço.

Meio sem entender nada observei sua feição. Ele parecia um lobo mau prestes a comer a vovozinha. Estava quase entendendo aonde queria chegar, mas tentei contornar a situação e fingindo-me de inocente falei:

–Quanto você quer?

–Bem, digamos que o pagamento seria efetuado a partir do momento em que nossos corpos estivessem nus em cima de uma cama. – Disse sorrindo torto, colocando uma de suas mãos em minha coxa.

Abri minha boca com sua declaração atrevida e rapidamente tirei sua mão dali, dando-lhe um tapa tão forte que além de fazê-lo cair da árvore, fez minha mão latejar e eu quase caí junto.

–Qual é o seu problema? – Perguntou, estirado no chão, massageando a bochecha.

–Qual é o meu problema? – Perguntei em tom agressivo, descendo da árvore. – Qual é o SEU problema?! Será que nunca faz o bem sem querer nada em troca? Você viu o que aquelas garotas fizeram pra mim ontem. Achei que existia algo de bom em você, mas pelo jeito me enganei. Não entendo como duas pessoas da mesma família podem ser tão diferentes. Se você fosse como seu irmão...

–CALA BOCA! – Gritou, parando na minha frente com uma carranca medonha.

Por um momento achei que ia me bater, pois seu rosto estava vermelho e suas mão fechadas em punhos, mas quando olhei em seus olhos seu sistema meio que travou. Só podia ouvir sua respiração desenfreada.

–Você é louco. – Sussurrei.

Ele engoliu seco e fechou os olhos por uns segundos, em seguida deu-me as costas, pegou sua mochila e saiu pelas ruas sem dizer nada.

Tradução - Mau Até Os Ossos, George Thorogood

No dia em que eu nasci, as enfermeiras me rodearam

E elas olhavam com grande espanto, para a alegria que elas encontraram

A enfermeira-chefe falou , e ela disse "Deixe-o em paz"

Ela soube na hora, que eu era mau até os ossos

Mau até os ossos

Mau até os ossos

M-M-M-M-Mau

M-M-M-M-Mau

M-M-M-M-Mau

Mau ate os ossos

Eu parti mil corações, antes de te conhecer

Eu vou partir mais mil (corações), gata, antes de eu terminar

Eu quero ser seu, gata linda, seu e somente seu

Eu estou aqui para te dizer, querida, que eu sou mau até os ossos

Mau até os ossos

M-M-M-M-Mau

M-M-M-M-Mau

M-M-M-M-Mau

Mau ate os ossos

Eu faço as ricas implorarem, eu farei as honestas roubarem

Eu farei as velhas corarem, e as novas gemerem

Eu quero ser seu, gata linda, seu e somente seu

Eu estou aqui para te dizer, querida, que eu sou mau até os ossos

M-M-M-M-Mau

M-M-M-M-Mau

M-M-M-M-Mau

Mau ate os ossos

e quando eu ando pelas ruas reis e rainhas abrem passagem

Toda mulher que eu encontro, ficam todas satisfeitas

Eu quero te dizer, gata linda, o que eu vejo, eu pego para mim

E eu estou aqui para te dizer, querida, que eu sou mau até os ossos

M-M-M-M-Mau

M-M-M-M-Mau

M-M-M-M-Mau

Mau até os ossos


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Notas finais do capítulo

Spoiler do Capítulo 4 - O Jantar

—Edward também acha isso, – Disse a perua na mesa, olhando para Edward – Não é namorado?
—Estranho, achei que só estávamos transando – retrucou Edward, que desinteressado, só remexia a comida e parecia escrever algo no prato com pedacinhos de cenoura.

XOXO



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