Fiquei algumas horas na churrasqueira pensando em várias coisas ao mesmo tempo. Matt, época em que eu e a loira nos conhecemos, meu pai, Mystic Falls e por incrível que pareça Damon.

– Lens, o almoço tá pronto! - gritou Caroline com um avental de cozinha. Quem olhasse pra ela assim parecia que sabia cozinhar bem, e tals, mas é mentira porque ela já queimou tanta comida que eu e os bombeiros perdemos a conta.

Fui para a cozinha, sentindo cheiro de strognoff, meu prato favorito. Lavo minhas mãos, e depois meu rosto tentando esconder a cara de choro, sento-me na enorme mesa. April se sentou na cadeira perto de mim e Caroline, tinha duas cadeiras vazias, uma era a de Damon e a outra?

– Então vamos comer? Estou morrendo de fome e... - levo um chute na canela. - Você ama minha canela, né? Porra...

Caroline me fuzila com o olhar, agora eu tinha que esperar a donzela chegar pra almoçar? Alguns minutos se passaram, e vejo Damon descer as escadas, ele estava diferente. Camisa preta, calça jeans preta com uma jaqueta de couro preta. Ele estava lindo, mas mesmo assim era muito estranho ver seu chefe estar sem terno e gravata.

– Oi pai, estávamos te esperando pra começar a oração. - sorriu, enquanto Damon se sentava na cadeira.

Que porra de oração é essa? Eu estou quase morrendo aqui, tive que esperar o maldito Salvatore chegar e quando penso que vou conseguir comer em paz, teremos que rezar antes? Ah, puta que pariu. Rezamos um Pai Nosso e uma Ave Maria, e começamos a comer.

– Estava ótimo, meninas, mas infelizmente eu tenho que ir. Preciso resolver algumas coisas, volto logo... Prometo. E April, as roupas da senhorita Gilbert já secaram, poderia entregá-las pra ela por mim?

Então era assim que ele ia me tratar por ter rejeitado o beijo e lhe dado o tapa? Pois saiba que vai vir vingança.

– Claro pai. - se levantou, entregando-me a minha roupa da noite passada. Oh merda, agora sim, estou preocupada com o que aconteceu ontem.

Subi as escadas, vestindo-me apressadamente, eu iria seguir o senhor escroto, iria descobrir o que ele iria resolver. Sou bastante curiosa, problema? Se fosse com vocês, garanto que fariam a mesma coisa. Falei que ia no mercado comprar alguma coisa, e o segui. Ele estava indo pra um... Cemitério? Nossa, que interessante. Estacionei um pouco mais longe pra ele não reconhecer meu carro, ele estava em uma parte mais afastada dos outros túmulos. Faz bastante tempo que não entro em um cemitério, pelo menos dois ou três anos, me escondi em uma das pilastras, o observando colocar tulipas no túmulo... Esforcei-me para ver o que estava escrito, queria saber quem era a pessoa que ele se deu o trabalho de vir até aqui. Katherine Salvatore (1980 - 1999). Ele chorava bem baixinho... Ela era bem nova quando morreu e parecia que ele realmente a amava.

– Oi Kat, faz algum tempo que eu não venho falar com você... E espero que você me perdoe, sei que fiz bastante merda durante esses anos, mas saiba que nunca deixei de te amar. Trouxe tulipas, suas favoritas, babe. Lembra da última vez que eu falei pra você da Gilbert? Acho que a April tinha razão... Eu estou completamente apaixonado por ela. Mas ela sempre me rejeita, sei que consigo ser bem irritante quando quero, mas sei lá... Queria tanto que você estivesse aqui do meu lado pra ver como ela é parecida com você em vários aspectos. Teimosa, sincera, linda, um pouco arrogante quando quer, esforçada.

Sinto meu rosto corar, não fazia ideia que ele achava tudo isso de mim. Também sei que passo dos limites quando o xingo, mas ser acordada de madrugada é foda. E era isso mesmo que eu estava pensando, ele estava desabafando com um túmulo?

– Você, Caroline e Elena dariam um ótimo trio, seriam tipo as super poderosas sem os poderes. A lindinha seria a Caroline, a Docinho seria Gilbert e você seria a florzinha. - deu uma risada fraca. - Prometo visitá-la com mais frequência, palavra de escoteiro. E dessa vez eu vou cumprir, porque também prometi que iria parar de beber e não o fiz, desculpa.

Meu celular começou a tocar, merda, olhei no visor, e vi que era Caroline. Essa loira sempre tem que atrapalhar alguma coisa!

– Quem está aí? - ele falou, se levantando do chão. Corri o mais rápido que pude pra ele não me ver.

– Alô? - falo sussurrando.

– Porque está sussurrando? Fez merda?

– É que é proibido usar celular aqui.

– Uhum... - falou não muito convencida da minha mentira. - Então, eu liguei pra falar que a Bonnie ligou falando que rolou um imprevisto e iremos viajar dentro de duas semanas. Falei com a April, e ela topou, liguei pro Dam só que ele não atendeu, se o encontrar fala isso por mim?

– Falo sim, agora preciso ir, tchau. - desligo na sua cara, Damon estava atrás de mim, fudeu... É hoje que eu morro.

Tentava abrir a porta do meu carro, enquanto ele se aproximava, escondi meu rosto com meu cabelo... Quando consegui abrir a porta, quase dei uma cotovelada em seu rosto na tentativa de sair dali sem que ele descobrisse que eu era... Eu?

– Elena, eu sei que é você, por favor... Para com isso, estou cansado de correr. - botou as mãos no joelho, tentando recuperar o fôlego. Ele tirou da sua jaqueta, uma bombinha, e colocou em sua boca.

Ele me chamou de Elena... Yay! 1 pra mim, 0 pra Salvatore.

– Você tem asma? E como sabia que era eu? - pergunto nervosa. Afinal, ele podia ter infartado, e eu seria processada e presa por matar meu chefe que sofre de asma.

– Sim, eu tenho... Desde os cinco anos... Também tenho alergia a amendoim, mas foda-se você não quer saber, respondendo sua outra pergunta... Sabia que você era você por causa do vestido... Você usou na festa de ontem. - sorriu, e tenho quase certeza que foi aquele sorriso malicioso. - E uma pergunta, senhorita Gilbert.

Estava bom pra ser verdade, uma hora me chama de Elena, agora volta pra senhorita Gilbert. 1x1. Assinto com a cabeça porque não quero gastar minha voz, que está começando a ficar rouca.

– Você ouviu tudo que eu falei pra Katherine? - arqueou as sobrancelhas, esboçando um sorriso de lado assim que falou o nome dela.

– Não... Só ouvi o senhor falando pro túmulo sobre meninas super poderosas, o que eu achei bem gay, o senhor tem trinta seis e ainda assiste coisas infantis?

O ouvi bufar, resmungando algo que não deu pra entender, mas entendi como assunto encerrado. Entrei no meu carro, e parei no supermercado pra não levantar suspeitas que estava o espionando pra Caroline, comprei Doritos, coca-cola, dois potes de nutella, guaraná e creme de amendoim pra mais tarde. Talvez levasse o creme de amendoim pra Mystic Falls, enquanto a moça passava os produtos, dei uma olhada no meu facebook, e vi várias fotos da Bonnie com o Christian. Awn, que saudades do meu sobrinho...

– Vinte dólares. - a moça falou com um sorriso no rosto. Lhe dou o dinheiro, e depois guardo meu troco. - Obrigada e volte sempre.

Meu celular começa a tocar, e vejo Damon na tela, começou o inferno... Só falta estar bêbado.

– O que você quer, Salvatore? - digo com raiva e o observo a caixa loira arregalar os olhos.

– Segunda vou precisar de uma matéria sobre gravidez na adolescência, enviei por e-mail os principais tópicos pra você... Sim, você vai escrever uma coluna no meu jornal, e se eu gostar, envio pro meu irmão que é um dos colunistas do NY Times.

– Ah meu deus, obrigada! Fico muito feliz com isso, senhor Salvatore, nem sei como agradecer.

– Me agradeça com uma boa matéria, tchau. - Desliga na minha cara, grosso, mas não posso me estressar ou adeus NY Times.

– Ér.. Com licença, mas ouvi sem querer você falar Salvatore... Você trabalha pro Damon Salvatore? - falou o nome do meu chefinho com repulsa.

– Sim... Porque?

– Eu fui a secretária dele por muitos anos, então você é a menina que pegou o meu cargo? Hm... Interessante. Sou Andie Star, aliás.

Não sei o que me deu, mas essa Andie causou-me arrepios, e não é daqueles que eu sinto quando estou com o... Salvatore? Ah, cala a boca, continuando antes dessa escrota me interromper, ela me deu medo.

– Elena, Elena Gilbert. Desculpe, mas eu preciso ir.

Porque diabos eu falei o meu nome? Ela sorriu de um jeito maquiavélico, e de novo me causou arrepios. O que eu fiz?