Volto para aquela mesa um pouco mais calma, tentando me livrar dos meus pensamentos de planos frustados de matar Salvatore. Encontro Caroline conversando animadamente com alguém no telefone, ela perguntava sobre Christian, então deduzi ser a Bonnie ou o Jeremy. Damon estava mexendo no celular, parecia estar vendo algumas fotos no aparelho, ele olhou pra mim e sorriu... Qual era a dele? É muito chato ter seu chefe te paquerando quase toda hora, mesmo que seja o Damon Salvatore. Espera, eu pensei isso mesmo? Devo estar maluca.

– Tá mais calma? - perguntou, dando seu típico sorriso escroto na cara de bunda dele. Que raiva, se pudesse arrancava esse sorriso do rosto, mas infelizmente não posso.

– Pra sua informação, sim. Agora fecha essa boca antes que eu enfie esse hambúrguer na sua garganta contra sua vontade. - o ameacei, e ele logo parou de falar.

Caroline encerrou a ligação com Bonnie ou Jeremy, estava com um belo sorriso no rosto, que dava pra ver lá de Marte.

– Christian vai fazer dois anos mês que vem, e fomos convidadas para ir pra Mystic Falls e ficar lá por uma semana, Lens.

– Isso é ótimo, Car... Estou louca pra ver meu sobrinho, faz quase cinco anos que não vou pra lá. - fuzilo Damon com o olhar, deixando bem claro que a culpa era dele.

– Você também está convidado, Dam... Conversei com a Bonnie e ela deixou, tá louca pra conhecer o chefe que Elena tanto fala.

Nota mental: Matar Bonnie e Caroline mais tarde. Eu que estava tão feliz por ver meu sobrinho, minha família, e agora vou ter que levar uma peste junto? Ninguém merece.

– Vou adorar, Care... Obrigado pelo convite, mas tem problemas se levar April junto? Nunca vou a lugares sem ela, só quando ela está na faculdade, claro.

Suportar Damon e a filhinha foi a gota d'água, ótimo... Só espero que ele não faça merda. Se eu mato sem me importar se vou pra cadeia depois, eu juro.

– Claro que não. - dou um sorriso falso, enquanto minha vontade era falar que sim. O problema era ele. - E outra coisa, que horas é a festa da April mesmo?

– Dez da noite. - falou sorrindo, ele parecia bem animado com essa festa, coisa rara de se ver.

(...)

Faltava exatamente duas horas para começar a festa da princesinha do papai, e até agora não tinha nada pra vestir. Caroline só se divertia me vendo sofrer como uma condenada, amiga legal não?

Lembrei-me do vestido que papai havia me dado em meu aniversário de dezesseis anos antes de morrer, era perfeito para aquela festa. O coloca na minha cama roxa, enquanto tomo um banho relaxante.

– Uma hora, Elena! - gritou Caroline. Merda, merda, merda.

Eu ainda não estava pronta, pego meu vestido e o coloco. Estava lindo como sempre, papai tinha muito bom gosto. Passo uma maquiagem leve, e deixo as pontas do meu cabelo encaracolado enquanto calço meu salto alto preto.

– Uau, você tá linda. - falamos juntas assim que nos vimos. Devo admitir que o vermelho combina super bem com Caroline assim como o preto combina com o Damon. Mas que merda de pensamento é esse? O que está acontecendo comigo?

Pego meu carro, e vou seguindo as instruções de Caroline para chegar na casa de Damon. Ele tinha um apartamento e duas casas em Nova York, tem como ser mais humilhada? É pelo jeito tem, acabo de olhar pra garagem e vejo uma Ferrari. Ele deve nadar em dinheiro, só pode... É um tio patinhas em versão humana.

– Vocês estão lindas, meninas. - sorriu, abrindo a porta da incrível mansão. - Entrem, sintam-se a vontade... E Care, tem um quarto de hóspedes se quiser transar com o Klaus depois da festa.

– Damon! - o repreendeu, ficando corada. Mas logo riu, entrando na mansão.

– Não vai entrar não? - arqueou a sobrancelha, como se estivesse desafiando minha paciência. - Espero que goste da festa, Elena.

– Vou gostar se não tiver que encarar sua cara feia durante três horas, tchau tchau Salvatore. - respondo sarcástica e mando beijinho no ar, o deixando parado na porta.

– APRILL! - escuto Caroline gritar enquanto abraçava a aniversariante, e odeio admitir, mas ela estava linda com o vestido azul e sem os óculos de grau que eu vi da última vez.

– Tia Care, você está me sufocando. - falou quase sem ar, a loira riu e se desculpou. - Oi, você deve ser a Elena, meu pai fala muito sobre você.

– Ele também fala muito sobre você. - respondo, constrangida. O que será que Damon fala de mim pra April? Coisas que nunca irei saber.

– Bem, vou até o bar ver como está meu pai... Sabe como é ter que aguentar um pai bêbado quase toda sua vida? - Riu, e se despediu. Ela parece ser legal diferente do pai.

A música começou a ficar mais alta, Caroline dançava com Klaus animadamente, tentei me enturmar e comecei a dançar também. Afinal, tenho que aproveitar enquanto estou jovem né?

– Oi Elena... - falou Kol, sussurrando em ouvido, ele era o cacula dos Mikaelson, deveria ter a idade de April ou ser dois anos mais velho. Pude notar o cheiro de álcool vindo dele, e me afastei. Só que ele foi mais rápido, puxando meu braço com força. - Não vira as costas pra mim, anjinho.

– Não sou uma de suas vadias, Kol... Espero que lembre disso. - cuspi as palavras nele, mas ele só apertou meu braço com mais força. - Me solta ou eu grito.

Ele soltou, e sumiu da minha vista, a música baixou por um instante e vi Damon subir no palco com uma garrafa de bourbon nas mãos.

– Hoje, minha princesinha faz dezoito anos, eu me lembro como se fosse ontem que ela estava nascendo. Tão pequeninha, tão frágil, eu e Katherine eramos jovens, mas conseguimos vencer as barreiras. A primeira palavra, quando aprendeu a andar... Momentos marcantes que nunca vou esquecer. Como quando ela vomitou em mim. - algumas pessoas riram. - Com três anos, perdemos a pessoa mais importante da nossa vida, minha adorável esposa, April sempre tinha pesadelos e se encolhia em nossa cama recebendo o carinho dela enquanto olhava-me com seus profundos olhos azuis com um sorriso no rosto. Desde que Kat morreu, ela começou a ter com mais frequência e eu nunca fui muito bom pra confortar crianças, pergunte ao Stefan. Eu apenas abraçava e sussurrava que tudo ia bem, sendo que nem eu sabia se ficaria, era apenas um garoto que perdeu a mulher, cuidando de uma menina de três anos. Conheço Klaus quase toda minha vida, ele me ajudou a cuidar de April, é como um irmão pra mim e Caroline... Minha linda cunhadinha de consideração, foi praticamente uma mãe pra April, a ensinou coisas que eu nunca conseguiria ensinar. Coisas que só mulher entende, como namorados, primeiro beijo, primeira menstruação e virgindade que é só falar que dá um nó garganta de pensar que ela já tem dezoito é independente. Mas eu fico feliz porque se não tivesse ela, estaria no fundo do poço com o meu bourbon. Obrigado.

– Pai! - ouvi April falar antes de abraçar Damon chorando.

Todos aplaudiram o discurso de Damon, e até me surpreendi quando noto que eu estava incluída. Algumas lágrimas caíram em minha bochecha, mas logo as trato de limpar, não acredito que estou chorando por uma coisa ridícula. Não é ridícula Elena, o discurso foi lindo... Você que é uma idiota e não admite. Okay, foi lindo, satisfeita? Sim, bem melhor.

– Então... O que achou? - perguntou com um sorriso no rosto, mas algo me dizia que o sorriso era triste.

– Bom. - respondo, enquanto roubo sua garrafa de bourbon, a tomando em seguida.

– Ei, isso era meu.

– Não é mais. - dou um sorriso, dando um piscadela pra ele. - Vem pegar então. - sussurro de maneira provocante em seu ouvido

– Você que pediu. - sussurrou de volta, causando-me arrepios pelo corpo. O que está acontecendo comigo?