Anteriormente:

– Andie... Por favor, me diz que a April esta bem. – ele sussurrou. Algo me dizia que meu namorado não estava nada bem... Espera, Andie? Ahá... Eu sempre desconfiei.

– Aonde você está, meu amor? - Caroline perguntou meio nervosa.

– Acho que estou na... – ele começou a falar lentamente. Até ouvirmos um barulho de porta se fechando.

"Você me acha mesmo burra, não é Damon?" Eu escutei uma voz falar, que com certeza era de Andie Star.

– O que está acontecendo? Andie... Por favor, não machuca ele. - Caroline se desesperou, começando a sair lágrimas dos seus olhos azuis.

– Caroline, quanto tempo, não? Como está o bebê? - ela perguntou sarcástica, pude ver a loira botar a mão na barriga, meio chorosa. - E você, Elena, como está?

Escuto um gemido, que parecia ser de Damon, e sinto meu coração se apertar... Ela estava o machucando.

– Não machuca meu namorado. - desde que ela ligou, é a primeira vez que eu falo alguma coisa, e acabo por soltar um suspiro.

– Encontre-me perto da Times Square... Talvez eu leve o Damon. - ela disse, e pude sentir que deu um sorriso maldoso. - Não gosto ficar esperando, tá?

Peguei a chave do carro, e saí em disparada, atravessando todos os sinais, não me importando se estavam vermelhos ou não. Tudo bem, eu poderia sofrer um acidente de carro, mas por incrível que pareça Nova York estava menos movimentada hoje.

– Pensei por um minuto que tinha amarelado. - ela olhou para mim com um sorriso no rosto.

– Cadê o meu namorado, Andie? - pergunto ríspida. A loira riu por alguns minutos, chegando a chorar um pouco, e pôs a mão em meu ombro. - Tira sua mão imunda de mim, obrigada.

– Achou mesmo que ia ser tão fácil assim?

– Esse não foi o combinado. - bati o pé emburrada.

Ela revirou os olhos, estalando os dedos, senti uma respiração atrás de mim, e minha boca foi tampada por um pano, tentei me soltar só que o cara parecia ser bem mais forte que eu, e acabei me deixando levar pra escuridão.

Agora:

Abro meus olhos lentamente, minha cabeça estava girando, e minha visão estava meio turva. Pisquei algumas vezes, até conseguir enxergar direito, e vi uma figura parada na minha frente.

– Damon? - pergunto ainda com a voz meio grogue.

– Tente novamente. - disse a pessoa. Reviro os olhos, reconhecendo a voz insuportável. Era ninguém menos do que Andie.

– Cadê meu namorado? - a encaro, minha voz já tinha melhorado um pouco, não muito, mas dava para se ouvir melhor.

– Ali. - ela apontou para um lugar mais escuro, e pude o ver gemendo de dor, causando uma certa agonia em mim. Vê-lo tão indefeso me machucava de uma forma diferente.

Tentei correr até ele, mas algo sempre me impedia, foi ai que notei que estava amarrada. A loira vadia que estava na minha frente sorriu, saindo do cômodo, trancando a porta em seguida.

– Elena... Katherine... - ele sussurrava. Até que abriu os olhos meio atordoado, piscando algumas vezes. - Elena? É você ou estou sonhando de novo?

– Sou eu, meu amor. - dou um sorriso fraco. Ele dá um sorriso, mas não o vejo o brilho em seus olhos pela primeira vez.

– Vai ficar tudo bem, vamos sair dessa. - ele falou sussurrando. E apontou para uma faca que estava ao meu lado, apenas assenti, tentando pegá-la.

Depois de alguns minutos, consegui me desamarrar, tirei meu sapato para não fazer o barulho do salto, e corri até ele.

– Você tá bem? - perguntei, verificando sua temperatura. Ele estava quente, mas não o quente normal, que merda.

– Na medida do possível. - ele tossiu, e depois acariciou meus cabelos. Como ele podia ser perfeito mesmo doente? - E você?

Eu ia responder, mas senti uma dor na barriga, e não pude contar o gemido. Que merda. Ele estava assustado, apontando para a minha perna, já que eu usava um short.

– Droga, porque eu tenho que menstruar agora? - digo, vendo o sangue sair pela minha perna. Damon me olha ainda meio assustado, e eu apenas dou de ombros, afinal é uma coisa normal. Eu acho...

– Acho que isso não é menstruação, não. - ele falou, se aproximando de mim, e pude sentir que ele estava mais quente.

– É sim, Damon. Tem uma semana e meia que eu não menstruo, óbvio que agora desceu. Não se preocupa, estou bem, é apenas um cólica.

– Isso não parece ser cólica, Elena. Você tem certeza? Porque Katherine quase perdeu April no segundo mês de gestação, e... eu estou com medo. - confessou abaixando a cabeça.

– Damon, você está com febre, provavelmente delirando também. Eu não estou grávida, é só atraso no meu período menstrual.

Ouvimos um barulho, botei a mão na minha boca, mandando-o ficar em silêncio. E sussurrei para ele fingir que ainda estava amarrado, o que eu faria também. A dor estava começando a passar... O que era bom. Não era?

– Achei que estivessem com fome, então preparei uma sopa. - Andie falou, empurrando dois pratos com uma coisa amarela dentro, enquanto eu fazia uma cara de nojo - Você está sangrando, você tá bem?

Pela primeira vez, pude vê-la agindo feito uma humana. Que milagre foi esse?

– Menstruação... Tem algum remédio pra cólica? - dou um sorriso amarelo, vendo meu namorado tomar aquela sopa como se a última comida do mundo.

– Acho que tenho na bolsa. - ela pegou a bolsa, tirando tudo de dentro daquela minuscula coisa vermelha. Depois tirou uma caixa de remédios, e jogou no chão.

– Obrigada. - tomei o comprimido, e por mais que já tenha o tomado muitas vezes, dessa vez estava com um gosto estranho. E não pude resistir em fazer uma careta.

– Por que nos sequestrou? - Damon perguntou, devorando sua segunda taça de sopa. O que causava-me náuseas, parecia estar boa, mas alguma coisa dentro de mim ficava enjoada só de olhar.

– Ela não te contou? - Andie falou surpresa. A encarei com ódio, ela iria contar e esfregar na cara dele que eu menti diversas vezes. - Lembra daquele dia em que ela falou que ia no supermercado comprar algumas coisas e rejeitou sua ajuda?

– Lembro, mas o que isso tem a ver com o sequestro, Andie? - Damon falou meio confuso. A loira botou seu dedo na boca do meu namorado.

– Calado, gostoso... Deixei-me continuar. - ela sorriu, e segurou meu rosto, forçando-me a encará-lo. - Diga para ele, Elena., conte a verdade ou eu que contarei?

– Eu menti pra você.... Fui encontrar Katherine naquele dia. - Observei que lágrimas caíam pelo seu rosto, e o sorriso daquela loira aguada aumentava vendo seu sofrimento. - Eu... Eu sinto muito.

– Ainda tem mais, calma grandão. - ela falou. Fechei os meus olhos, e quando os abri, ele estava com a mão no peito procurando ar e chorava como uma criança que acabara de perder um doce.

– Damon, eu... - tento me aproximar dele, mas ele recua, puxando cada vez mais o ar. Ele estava tendo mais uma crise ou era impressão minha?

– Por que mentiu pra mim, Elena? Eu confiei em você. - ele gritou totalmente descontrolado. Andie apenas sorria nos vendo brigar, ela era a culpada de tudo que estava acontecendo.

– Porque eu te amo, Damon... E é porque eu te amo que não queria te magoar, me desculpa. - falei irritada, sentindo uma dor na minha barriga. - Ai...

– Você tá bem? - ele me perguntou, se aproximando até mim, apenas neguei com a cabeça sentindo outra pontada. - Merda. Andie, precisamos ir pro hospital.. Ela tá perdendo muito sangue.

Ele parecia realmente preocupado comigo, e acho que nem ouviu que eu falei "eu te amo", mas foda-se... Andie negou com a cabeça, vendo meu sofrimento.

– Desculpa... Eu não queria ter mentido pra você. - eu sussurrei, prestes a ter uma crise de choro. Damon ainda estava com o olhar meio magoado, mas mesmo assim me abraçou.

Andie saiu da sala por um momento, mas deixou cair uma foto, esperei ela fechar a porta para pegá-la. Virei-a, e estava escrito Amanda Star. Ela parecia muito com a Andie que chegava a dar medo.

– O que é isso? - ela perguntou, pegando a foto de minhas mãos. Assim que ela olhou, seus olhos ficaram cheio de lágrimas. - Onde conseguiu isso?

– Caiu no chão, e eu apenas peguei. Quem é? - falei meio que com medo.

– Minha irmã. Ela morreu cinco anos atrás, ela estava com uma doença no rim, e eu precisava pagar o tratamento dela, por isso me tornei secretária do Damon... Para pagar o tratamento e tentar salvá-la, mas sabe o que seu namorado fez? Sabe? Ele, na maior frieza, me demitiu porque eu peguei uma merda de garrafa errada. Ou vai dizer que não lembra disso, Salvatore?

Lembrança de Damon ~

– Aqui está senhor. - falou Andie, entregando-me uma garrafa de vodca. Se eu não estiver muito velho, pelo que me lembre, eu pedi mais um bourbon.

– Senhorita Star, eu pedi uma garrafa de bourbon e não de vodca. - sorrio sarcasticamente.

– Oh, me desculpe, eu...

– Demitida. Entregue-me seu crachá, recolha suas coisas e espero nunca mais vê-la nessa cidade.

Fim da Lembrança ~

– Sinto muito... Eu não sabia que sua irmã estava doente. Podia ter tentado me falar, Andie... Juro que não sabia.

– Eu tentei, ah mais como eu tentei, até implorei no estacionamento para conseguir o emprego de volta. Mas o senhor, - disse a palavra com desgosto, pegando a faca que usei horas atrás para nos desamarrar, e passando em sua bochecha fazendo um mini corte. -, chamou os seguranças.

Ele gemeu de dor, enquanto ela parecia brincar com seu sofrimento, e passou novamente o objeto afiado em sua outra bochecha.

– Desculpa...

– Depois que ela morreu, você quer que eu aceite suas desculpas escrotas? Poupe-me, né querido? Katherine nunca te amou de verdade, nunca... E adivinha? Ela trabalhava pra mim, mas eu não a achei mais útil para meu plano e a matei. Matei a única mulher que você realmente amou.

Ele encarou-a com lágrimas nos olhos, Andie havia tocado no seu ponto mais fraco, e acredite se quiser, mas nunca o vi tão sensível como agora.

– E April, tem nojo de você, Damon... Ela sente vergonha de você. Seu pai estava certo, você é um nada.. Um insignificante. Assim como sua mãe. E seu irmãozinho, Stefan, já foi pra cama com Katherine. - ela viu a cara de espanto do meu namorado, e fez uma cara de inocente. - Ops... Acho que dessa você não sabia.

– Argh... - gemi, sentindo uma outra pontada forte. Damon correu até mim, enquanto eu gemia de dor... Que chegava a ser insuportável.

– Calma, vai dar tudo certo.

– Faz essa dor parar, Damon, por favor... Faz ela parar.

A cada minuto, a dor aumentava, eu não sabia quanto tempo aguentaria firme... Mas precisava ser forte. Andie, nesse exato momento, apontava uma arma pra mim totalmente descabelada.

– É hoje que alguém vai morrer. - ela falou, de uma maneira neurótica, me dando um pouco de medo.

Ouvi um disparo, e foi como se tudo tivesse em câmera lenta. Ouvi dois gritos e mais um disparo, antes de me entregar totalmente a escuridão. Seria meu fim?

[...]

Abri os olhos com uma certa dificuldade, e observei que tudo era branco. Eu estava até com uma roupa diferente, era meio que uma camisola. Uma senhora estava me encarando com um sorriso no rosto. Ela era branca como a neve, olhos azuis, e cabelos pretos... Lembrava muito Damon.

– Onde estou? Eu morri? - ela abriu um sorriso maior, e isso só podia significar uma coisa. Ou eu estava bem, e ela era apenas um enfermeira, ou estava morta, e provavelmente no céu.