Belos tempos. escrita por Laucamargo


Capítulo 15
Desentendimetnos


Notas iniciais do capítulo

Eu volto a afirmar que vou terminar essa historia, até porque estava com muitas saudades desses dois, tentei mais não conseguir ficar longe por mais tempo.... Para você Ray, espero um capitulo seu em troca, viu!! E para Tais que de todas foi a única que se manteve firme, parabéns para vc amiga!



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Era difícil não pensar em Edgar brigando, principalmente porque ao que Tais lhe dissera fora por sua causa, mas Laura preferiu não comentar nada, nem mesmo com Du. Como sua febre ia e voltava, seu pai achou melhor que ela não fosse à aula ainda e por isso ela se contentou em arrumar suas coisas no quarto e ajudar a Du a separar alguns materiais de que precisariam na reunião com as mulheres do vilarejo no dia seguinte.

O dia passou rapidamente e quando foi dormir naquela noite, já completamente recuperada e bastante animada para ir a escola e quem sabe conseguir descobrir o que realmente aconteceu com o seu amigo, Laura relanceou o olhar uma última vez pelo desenho que fizera dele ...

Não sabia se teria coragem de entregar-lhe. Provavelmente ele acharia muito sem graça e riria na sua cara, fazendo uma de suas piadas sem graça. Isso a deixaria mortificada. Por isso pensou em guardá-la bem fundo em seu armário...

O dia amanheceu maravilhoso! Os pássaros pareciam saber da expectativa da menina em ir para a escola, e então a acordaram bem cedinho com cantos cheios de harmonia. Enquanto se arrumava, Laura via pela janela o céu límpido de um azul quase mágico, em contraste com os vários tons de verde em que a mata ao redor da casa havia se vestido depois da chuva do fim de semana. O jardim de sua mãe estava maravilhoso... ela com certeza gostaria de vê-lo. Seu pai lhe dissera que sua mãe apenas passaria uns tempos na capital, que eles não estavam separados. Mas esse tempo estava demorando muito a passar! Mesmo sem entender direito, a menina sabia que a situação estava deixando o seu pai triste e angustiado. Se ela pudesse, iria até a capital e traria sua mãe de volta. Mas ela não tinha poder para tanto, e o que poderia fazer era esperar, assim como via o seu pai fazendo.... Esperando o tempo de D. Constância.

Assim que chegou a escola, avistou Tais e logo as duas se dirigiram para a sala de aula. Conversavam animadas sobre tudo e nada ao mesmo tempo, as outras meninas participam alegres, também querendo saber porque Laura havia faltado os últimos dias. As garotas só se dispersaram quando a professora D. Mari chegou. Os primeiros tempos do dia de aula passaram lentamente. Mas enfim ouviram a música que indicava o horário do intervalo!

Assim que fez o seu lanche e conseguiu despistar as outras meninas, Laura e Tais foram para a biblioteca. Laura acreditava que talvez encontrasse o Edgar lá, como ele havia sugerido certa vez. Entraram um tanto desconfiadas e envergonhadas, mas logo viram que ele não estava lá. Tais precisava levar um recado da sua mãe para uma das professoras e apesar de insistir com Laura, esta preferiu não acompanhar a amiga. Assim que se despediram, marcando de se encontrarem novamente na sala de aula, Laura foi a procura de um livro, caminhando lentamente entre as poucas prateleiras da biblioteca da escola.

Ela sentiu a presença dele, antes mesmo de vê-lo... era como se de repente o ar girasse diferente! Isso realmente era muito estranho e ela precisava parar esse fenômeno, e rápido! Era o que pensava, quando Edgar se aproximou e chamou-lhe:

– Oi.

– Oi.

Apesar de ansiosa para encher-lhe de perguntas, Laura conseguiu controlar-se e manteve os olhos no livro que tinha nas mãos, mesmo que não estivesse enxergando uma só palavra.

– Você esta melhor?

– Hoje eu estou muito bem. Não é qualquer resfriado que me derruba! – Brincou.

– Vejo que melhorou mesmo, até o seu senso de humor esta renovado.

– Oras, Edgar! Não comece... E você? Como esta? Parece que sua semana começou agitada?!

– Eu estou bem. E não. Minha semana não começou agitada, muito pelo contrário. Eu estou quieto em casa todo o tempo!

– Esta de castigo até o fim de seus dias?! – Laura não conseguiu evitar a ironia na voz, e isso deixou o Edgar sem paciência.

– Você sabe de tanta coisa! Provavelmente já sabe dessa estória também! - Dizendo isso, deu-lhe as costas para sair da biblioteca.

Laura rapidamente guardou o livro e foi ao seu encontro, dizendo:

– Calma Edgar! Me espere... Depois você diz que eu é que sou esquentada!

Quando Laura o alcançou eles já estavam no pátio da escola.

– Eu fiz apenas uma brincadeira com você. Não vejo motivo para ficar com raiva!

– Não estou com raiva. Apenas tenho mais o que fazer.

Quando ele virou-se novamente para se afastar, Laura segurou-lhe a mão e disse:

– Não vá. Eu fiquei preocupada com você quando Tais me contou sobre a briga. Você está bem?! Machucou-se?!

As palavras doces de Laura o fizeram parar ...

– Não foi nem uma briga. Apenas tentei traduzir em ações as palavras que aquele garoto teimava em não entender!

– Não quero que fique chateado comigo ... Mas você não precisa se envolver em briga nenhuma porque um menino idiota estava falando de mim.

– Laura! Olha o absurdo que você esta dizendo! Você é minha amiga, e ele não tem o direito de te ofender. Não importa se eu ficar de castigo para sempre, não vou admitir isso. E pelo que sei ele aprendeu a lição.

– Muito bem então, só me resta te agradecer. Mas você sabe que provavelmente eu nem ficaria sabendo do que ele dizia, é de outra turma e nem me conhece!

– Não importa. Eu ouvi, e isso para mim é suficiente.

Como Laura via, que Edgar não estava confortável falando desse triste episódio, resolveu mudar o assunto.

– Tudo bem. Vamos esquecer isso. Você gostou daqueles desenhos que eu fiz da sua estória?

– Claro que eu gostei! Você desenha muito bem! E sabe disso! Por quê?

– Eu fiz um outro desenho para você...

– Desenho de quê? Posso ver?

– Pode, mas ... quer dizer...

– Fala Laura. Mas o quê?

– Eu não sei se terei coragem de te entregar, estou com vergonha de dá-los a você.

Um sorriso luminoso apareceu em seu rosto, e toda a raiva que a lembrança do que aquele garoto infame disse, desapareceu ...

–Laurinha, nós somos amigos e você não precisa ter vergonha de mim.

Segurando delicadamente o seu queixo, colocou-a olhando para ele.

– Eu sei. Mas isso não me impede de ficar envergonhada.

Agora que os mal entendidos estavam esclarecidos, Laura prometera a Edgar que traria o desenho para ele , então os dois aproveitaram o fim do intervalo com os amigos em meio a brincadeiras e muitas risadas.

No fim da aula, Du acabara se atrasando e Laura estava aboletada em um tronco caído no pátio da escola com seu inseparável caderno quando Edgar aproximou-se.

– Laura. Você ainda aqui?! Aconteceu alguma coisa?

– Não Edgar. Du me avisou de que atrasaria um pouco hoje. Ela já deve estar chegando.

– Você quer que eu te leve?

– Não, não precisa. – Enquanto falavam Laura procurava em sua maletinha as folhas com os desenhos que fizera para ele, já que havia tomado coragem para lhe entregar.

– Edgar, por favor, se você não gostar, pode jogar fora, eu não vou me importar!

Entregou-lhe o desenho, e enquanto olhava, o jovem permaneceu numa muda admiração.

– Olha só! Eu sabia, ficaram horríveis, você não gostou, não é?!

Ela sempre alvoroçada e movida pelo constrangimento de expor para o amigo que pensava nele o suficiente para desenhá-lo.

–Laura! Nada disso! Estão muito bons! Você é uma artista. Parece até um retrato de tão perfeito que está. Espere até eu mostrar para minha mãe, ela ficará encantada!

– Nem pensar que você vai mostrar isso para D. Margarida, antes disso eu te mato, ouviu?! Já pensou com que cara eu conversaria com ela novamente, por favor, não faça isso!

–Mas por que?

– Por favor, guarde com você, caso queira, mas não mostre para a sua mãe!

Disse com voz chorosa, e isso era suficiente para que Edgar atendesse a todos os seus pedidos.

– Esta bem. Se você deseja, assim será. – virando-se para que seus olhos encontrassem os de Laura - Fico muito feliz que você pensa em mim com tanto carinho, não se envergonhe disso!

Quando a jovem ia responder, sua querida bá, chamou-lhe da charrete que estava parada no portão da escola. Houve apenas alguns segundos para se despedirem e a promessa de que conversariam em breve.

Assim que chegou em casa Edgar, após arrumar o material e preparar-se para o jantar, voltou-se para a sua pasta onde o desenho que Laura lhe oferecera estava cuidadosamente guardado entre seus cadernos...

Pegando-o encantou-se novamente com a perfeição dos traços feitos por ela, com delicadeza, sobre a folha branca. Perguntou-se então: porque? Porque Laura se dava ao trabalho de desenhá-lo? Será que ela se importava com ele tanto quanto ele com ela? O que ela diria se ele lhe contasse o quanto vinha pensando nela?! Como as vezes se pegava olhando para o nada lembrando-se de algo que ela lhe dissera ou de algum momento em que estiveram próximos e conversando. Como era agradável conversar com ela! Poderia passar horas envolvido em prosa com ela e não se cansaria. Ela acompanhava suas narrativas sempre com mta atenção, absorvendo suas palavras como se nada mais tivesse importância... tinha sempre algo para contar-lhe, com um jeito meio travesso mais cheio de meiguice que deixava-o completamente absorto ao ouvi-la. É certo que as vezes eles pareciam falar em línguas diferentes, pois não se entendiam, mas talvez isso também pudesse ser explicado... No seu caso, Edgar tinha certeza de que via-se inseguro e envergonhado, e as vezes esses sentimentos o levavam a espicaçá-la com algum comentário que assim que proferia, arrependia-se ... Mas e Laura? O que se passava com ela quando lhe dava aquelas ferroadas?

Com essas perguntas, e sem a menor possibilidade de encontrar respostas sozinho, foi ao encontro de sua família que o aguardava para o jantar.


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Notas finais do capítulo

Xeruu!!