Eu e o Brendon entramos na confeitaria e ele já sorriu pra uma das garçonetes. Ela sorriu de volta. Tenho certeza absoluta que eles já se pegaram. Meu olhos pararam no Ethan. Ele estava atendendo uma garota e fica de risinhos. Revirei os olhos. Homens...

Andamos até o balcão.

– Oi, Ethan. – Falei sorridente.

– Oi, Anne e Brendon. – A menina me olhou.

– Que foi? – Perguntei pra ela.

– Nada... – Ela respondeu dando de ombros.

– Vão querer o que? – Ethan perguntou ainda risonho.

– Eu não vou querer nada. Já o Brendon deve querer um remember com a ruiva ali. – Apontei discretamente pra garçonete e Ethan riu.

– Remember? Como você sabe que eu já fiquei com ela?

– Meio óbvio isso.

– E você vai querer algo sim. Ela não come faz horas. Traz um pedação de bolo de nozes, Ethan. – Revirei os olhos. – E eu vou pra mesa. Foi mal, Ethan. Mas prefiro ser atendido pela gostosa ali.

– Sem problemas, Brendon. - Ethan respondeu rindo. Brendon sentou à uma mesa e eu fiquei lá no balcão. - Vai querer maior o pedaço? - Olhei pra ele.

– Não. Tá bom assim. - Ethan me olhou e aumentou um pouco o pedaço. - Eu disse que tava bom.

– Não acredito em você.

– E tá acreditando no Brendon? - Perguntei de braços cruzados.

– É. To acreditando nele sim. - Revirei os olhos.

– Eu to bem, Ethan. - Ele olhou pra mim e não falou nada. - É sério.

– Anne, eu não te conheço muito bem, não falo com você há muito tempo. Mas sou inteligente o suficiente pra saber quando alguém tá bem ou não. Fazer greve de fome não vai resolver nada.

– Eu to sendo obrigada a comer!

– E tá mesmo. Se não comer tudo, vou enfiar na sua goela.

– Obrigada. - Falei irônica.

– De nada. - Ele respondeu mais irônico ainda e me entregou o prato com o bolo.

– Tá muito grande.

– Não reclama. Já volto. E to de olho em você!

– Vocês tão achando que eu tenho quantos anos? Dez?

– É. - Ethan respondeu já do outro lado da confeitaria. Ele começou a atender um cliente e eu fiquei ali sentada. Como mais cedo eu só olhei as mensagens do Bredon, peguei meu celular e vi que tinham dezenas de mensagens e ligações perdidas do Brian. Amy também me ligou, mas tenho certeza que ela só quer detalhes da minha discussão com ele.

Continuei empurrando o bolo pra dentro contra a minha vontade. Quando eu soltava o garfo, Ethan ficava olhando pra mim de braços cruzados.

– Isso é pressão psicológica. - Falei quando ele não estava mais atendendo ninguém.

– É? E daí?

– Isso é um absurdo!

– Para de mimo. Come logo. - Continuei comendo.

– Vai ficar me olhando? - Perguntei depois de engolir.

– O que aconteceu hoje mais cedo?

– Ainda não soube que discuti com o Brian?

– To falando depois disso.

– Ethan, me deixa. Não queria que eu comesse? Então! To comendo. - Ele mordeu o lábio, assentindo, e foi lá pra dentro. Terminei de comer o bolo e fiquei mexendo no celular.

– Terminou já? - Brendon me perguntou sentando ao meu lado. Fiz que sim com a cabeça. - Ela comeu tudo?

– Comeu. - Ethan respondeu botando a cabeça pra fora da porta que levava lá pra dentro.

– Tá saindo já?

– Acabei de assinar a folha de ponto. Vou ganhar carona? - Ethan perguntou sorrindo e eu ri baixo.

No fim, acabamos todos no carro do Brendon. Ele me deixou em casa e depois foi levar o Ethan. Assim que entrei em casa, percebi a mesma silenciosa. Eu tinha ouvido meu pai ir embora depois que a minha mãe chegou. Mas... Cadê ela? Olhei no relógio. Oito e meia. Fui até a cozinha e tomei um copo d'água. Depois, fui pro meu quarto. Acendi a luz e quase morri de susto.

– Meu Deus, mãe... Quase tive um troço. - Falei colocando uma mão no peito.

– O que combinamos sobre sair no meio da semana?

– Ah... Eu esqueci. Desculpa! Eu só fui comer algo.

– Hm... Última vez, Anne! To falando sério! Não me desobedeça!

– Sim, senhora. - Disse ainda parada na porta.

– E que história é essa de ter brigado com o Brian? - Como já estava sabendo?

– Não foi nada demais.

– Você tá se apaixonando por outro menino, Anne? - Ela perguntou séria.

– Lógico que não, mãe!

– Acho bom mesmo. Pelo o que ele me disse sobre o garoto, ele é desprezível.

– Ethan não é desprezível.

– Não me decepcione, Anne Jones!

– Ethan é a melhor pessoa que eu conheço! - Ela me olhou como se eu tivesse falado alguma ofensa.

– Pelo amor de Deus! Você não vê que o Brian é superior a ele? Sei muito bem que ele trabalha e até onde!

– Superior? Só porque ele é rico? Poupe-me.

– Juro por Deus que se você resolver largar o Brian por causa desse menino, esquece que você tem uma casa.

– Mãe, como a senhora mesma disse, eu tenho um namorado. Então, para de neura. - Ela só me olhou e saiu do meu quarto. Tomei banho e deitei na cama. Fiquei escrevendo no notebook até eu ficar com sono e ir dormir.

(...)

– Você mandou eu me foder ontem!

– Bom dia pra você também. E para de gritar. Minha cabeça vai explodir. - Falei pro Brian. Eu estava encostada no armário do Brendon, esperando ele chegar.

– Por quê? Bebeu todas ontem a noite na sua saída com o Brendon?

– Deixa de ser estúpido. A única coisa que fiz foi comer um bolo. E você? Foi fazer o que? Desabafar com a minha mãe? - Perguntei rindo.

– Eu fui procurar por você. Você tá mudando desde aquela merda de grupo de apoio. E muito.

– Para de drama. Não tem nem um mês que eu to indo.

– Não quero mais você indo lá.

– Brian, não começa.

– To te avisando, Anne. Eu não quero você indo nesse grupo de apoio.

– Você não é ninguém pra falar onde a Anne deve ou não ir. - Brendon falou. Merda...

– Ah, não? Eu sou o namorado dela. E você é quem?

– Eu sou o melhor amigo dela, se você não se lembra, Brian.

– É mesmo? Grande merda.

– Trato a Anne melhor que você. - Eu quero abrir um buraco no chão e me enfiar nele.

– E quem é você pra me dizer isso? - Brian empurrou o Brendon.

– Tá querendo que eu comece uma briga com você? - Brendon riu irônico. - Não seja ridículo. Isso não vai acontecer.

– Por quê? Tá com medo?

– Não sou imaturo que nem você.

– Tá, chega, né? - Falei me metendo entre os dois.

– Você pode até não ser imaturo, mas é intrometido pra porra. Por que não cuida da sua vida, Brendon?

– Anne é como se fosse minha irmã. Então, sim, eu to cuidando da minha vida.

– Você não é ninguém pra dizer como eu devo tratar minha namorada. - O professor de literatura saiu da sala dos professores, que era ali perto, e se aproximou cruzando os braços.

– O que tá acontecendo aqui? - Ele perguntou.

– Nada. - Brian respondeu de má vontade. O sinal tocou.

– Melhor vocês irem pra sala. Menos você. - Ele apontou pra mim. - Vem comigo. Quero falar contigo. - Ah, que legal. Eles que quase armam um barraco e quem se fode sou eu!