Wake me Up escrita por Carol Munaro
Notas iniciais do capítulo
Ooi! Boa leitura!
Eu e o professor entramos na sala dos professores. Estava vazia.
– Senhorita Jones, eu e todos os outros professores sabemos do temperamento do Brian.
– Como assim? - Perguntei confusa.
– Sabemos que ele é agressivo. - Arqueei uma sobrancelha. - E o corpo docente se preocupa com todos os alunos. Inclusive você, Anne.
– Vocês tão achando que o Brian faz alguma coisa contra mim? Sério mesmo? - O professor não falou nada. Só deu de ombros. - Eu mais do que ninguém sei que ele é uma pessoa difícil de lidar. Mas sei também que ele jamais faria algo contra mim. Agora com licença porque tenho aula pra assistir. - Saí da sala dos professores e segui em direção a aula de biologia.
(...)
– Fica comigo hoje? - Sussurrei pro Brendon. Ele me olhou de canto de olho.
– Onde?
– No grupo.
– Tá. Que horas começa?
– Uma hora depois de terminar a escola.
– Tá. - Paramos de falar e voltamos a copiar a matéria.
Brian não falou comigo a aula inteira. Ele ficou puto por algo que eu nem tenho culpa! Juro que minha paciência tá acabando.
– A gente vai fazer o que até começar? - Brendon perguntou. Estávamos sentados no pátio esperando dar o horário do grupo.
– Você eu não sei. Mas eu trouxe meu livro.
– Vive lendo. Que horror. - Arqueei uma sobrancelha. - O que o professor queria contigo hoje de manhã?
– Nada demais. Perguntar se tava tudo bem. Falando nisso, o que foi aquilo hoje de manhã?
– Nem começa. Eu tava defendendo você.
– Ele só ia falar até cansar.
– Para de defender o Brian. Ficarei grato por isso.
– Eu não to defendendo ninguém. Só acho desnecessário.
– Quer que eu vá embora? - Desviei os olhos do livro pra olhar pra cara dele.
– Tá de sacanagem, né? - Brendon levantou. - Tu vai me deixar sozinha?!
– To indo pegar algo pra comer. Só isso.
– Acho bom mesmo. - Continuei lendo e o Brendon lá no tédio. Quando deu o horário, fomos pra sala onde acontecia o grupo.
– O que é isso? O grupo virou um encontro dos populares? - Uma menina, que eu não lembrava o nome, falou.
– Vou fingir que nem ouvi. - Resmunguei e sentei-me. Brendon sentou do meu lado.
– Vai ter comida? - Ele perguntou no meu ouvido.
– Vai. No final.
– Mancada sua nunca ter me chamado antes. - Olhei indignada pra ele. A psicóloga entrou e pediu desculpas pelo atraso. Eu olhei pra porta pra ver se tinha alguém atrás dela.
– Bom, vamos começar? Quem quer ir primeiro? - Ela perguntou após sentar-se. Alguém começou a falar, mas eu não estava prestando atenção. Brendon me cutucou.
– Para de viajar. - Ele disse. Olhei em volta e depois olhei pra porta de novo.
– Tá tudo bem, Anne? - A psicóloga perguntou e eu olhei pra ela.
– Tá. Claro. Tudo bem.
– Bom... Vamos continuar com as apresentações, então. Que tal um novato agora? - Ela perguntou olhando pro Brendon.
– Oi. Tá, todo mundo sabe meu nome. - Ele disse e as meninas soltaram risinhos. Revirei os olhos. Tão de sacanagem, né? - E... Todo mundo tem problemas, mas eu to aqui pela Anne. - Os olhares se voltaram pra mim. Esse povo vive querendo saber da minha vida.
– Quer acrescentar alguma coisa? - O professor perguntou pra mim.
– Você foi a única que nunca falou nada aqui. - Hanna me alfinetou.
– Vem cá. O que eu te fiz? - Perguntei pra ela.
– Meninas, aqui não. - A psicóloga pediu.
– Ela vive implicando comigo! - Juro que to indignada.
– Hanna, falar sobre problemas pessoais não é uma coisa fácil. Ninguém te pressionou pra falar os seus. E eu gostaria que não fizesse isso com as outras pessoas. - O professor disse e ela cruzou os braços emburrada.
– Chata ela, não? - Brendon sussurrou do meu ouvido e eu assenti soltando um risinho.
Alguém começou a falar. Ou desabafar. Sei lá. Não prestei atenção. Minha curiosidade em saber porque o Ethan não foi era maior.
(...)
"Senti sua falta hoje"
Escrevi, mas apaguei. Isso já tá ficando ridículo. Eu tenho um namorado! Não posso e não vou ficar de mimimi com outra pessoa. Levantei da cama e fui até a cozinha. Estava vazia. Comecei a procurar algo pra comer na dispensa.
– Anne? - Botei a cabeça pra fora da porta. - Eu estava te procurando. Sua mãe tá esperando no escritório. - Margareth falou pra mim. - Quer alguma coisa pra comer?
– Agora não. To pegando um salgadinho. Vou lá. - Fui até o escritório e bati na porta. Ela pediu pra eu entrar.
– Queria falar comigo? - Perguntei.
– Só pra avisar que sábado temos um jantar. E eu agradeceria se você fosse bem arrumada e acompanhada por alguém descente.
– Pode ficar tranquila. - Saí de lá e voltei pro quarto comendo. Liguei pro Brian. Ele demorou pra atender.
– Desculpa a demora. - Ele disse quando atendeu.
– Tá. Sábado tenho um jantar pra ir. Minha mãe disse pra você ir junto comigo.
– Tudo bem. Formal?
– Óbvio. - Escutei uma segunda voz. - Quem tá aí?
– Mike.
– Ah...
– Vou desligar, tá? Beijos.
– Beijos. - Desliguei e fiquei mofando no quarto. Não tinha nada pra fazer. Olhei no relógio. Quase oito e meia da noite. Liguei a televisão e o notebook. Comecei a escrever. Fazia uns dias que eu não escrevia já.
"Posso te ver sábado de manhã? Preciso falar contigo"
Recebi a mensagem no celular. Era do Ethan.
"O que aconteceu? E por que sábado? Não dá pra ser antes? E... Por que não foi hoje?"
"Não quero falar na escola. E tive que ir mais cedo pro trabalho"
"O que aconteceu?"
"Nada, Anne. Só quero falar contigo"
– Foi o Brian não foi? - Perguntei quando ele atendeu. Isso já tá me cansando.
– Olha... Você é curiosa demais, sabia?
– Ethan, to falando sério.
– Eu também to. - Mordi a parte de dentro da bochecha.
– O que aconteceu?
– Ele veio me procurar. Só isso. Deixa de neura.
– Conheço muito bem o Brian. O que ele falou pra você? - Passaram-se uns segundos e ele não falou nada. - Não vai responder?
– Não tem com o que se preocupar. - Desliguei na cara dele e levantei, saindo do quarto.
"Onde é a casa do Ethan?"
Mandei pro Brendon. Ele logo me respondeu. Mas não antes de me perguntar porque. Não respondi.
– Onde você vai? - Minha mãe perguntou enquanto eu descia as escadas. Ela viu a chave na minha mão.
– É que eu to com vontade de comer cookies. Ahn... Não tem em casa. Eu procurei mais cedo. - Mentira mais horrorosa, mas acho que cola.
– Brianna! - Minha mãe berrou. Logo ela apareceu. - Não tem cookies em casa? - Olhei pra ela. Brianna olhou de volta pra mim e depois pra minha mãe.
– Não, senhora. O dia de fazer compras é amanhã. - Bom... Pelo visto a mentira colou.
– Não demora. - Minha mãe disse pra mim. Corri pra garagem. Digitei o endereço no GPS e fui pra casa dele.
Obviamente o Ethan não era rico. Mas eu não fazia ideia de que a diferença era tanta. Nunca vim pra esse lado da cidade. E sinceramente? Fiquei com medo. Tinha vários grupos na rua. E todos (repito: TODOS) olhavam pro meu carro. Acelerei até chegar na rua dele. Tinha um grupinho na casa vizinha. Engoli em seco. Saí do carro e acionei o alarme.
– Mas o que uma patricinha tá fazendo aqui? - Um deles perguntou. Não respondi. Andei até a porta e toquei a campainha. Eles continuaram rindo e falando comigo. Eu só ignorei. A porta abriu e uma mulher apareceu.
– Oi. Essa é a casa do Ethan? - Perguntei.
– É sim, querida. Pode entrar. - Entrei na casa. Posso dizer que a casa inteira cabe no meu quarto. Não sei se conseguiria viver aqui. - Pode sentar. - Assim fiz. - Só um minuto. Vou chamá-lo. - Dei um sorriso de canto e ela foi lá pra dentro.
Olhei pras fotos que tinha dos lados da televisão. Levantei. Tinha uma que era essa mesma mulher, só que mais nova, e um menininho. Na hora reconheci que era o Ethan, só que ele estava todo naniquinho e banguela. Ri.
– Oi. - Escutei a voz dele.
– Você parecia até meigo nessa foto. - Falei e me virei. Engoli em seco. Meu sorriso sumiu. Dessa vez estava muito pior que a primeira. E eu sei muito bem quem fez isso no rosto do Ethan. - Desculpa.
– Não precisa pedir desculpa. - Meus olhos começaram a arder por causa das lágrimas. Deixei a foto onde tava e me sentei de novo. Ele sentou do meu lado.
– Anne? - Apoiei meus cotovelos nas pernas e coloquei as mãos no rosto. Não demorou muito e eu solucei. - Ei, olha pra mim. Você tá chorando?
– Desculpa por isso. Sério mesmo, Ethan.
– Você não tem culpa.
– Tenho sim. - Olhei pra ele de novo. – Isso é horrível... - Murmurei.
– Tá me chamando de feio, Anne?
– Até quebrado você faz piadinha.
– Eu não te quero chorando. - Sorri de canto. Toquei os machucados do rosto dele. Ele pegou minha mão e beijou. - Não precisava ter vindo.
– Eu fiquei preocupada.
– Eu to bem.
– Não tá não.
– Eu to sim. E para de chorar. - Ouvi passos vindo até nós. Percebi que ele segurava minha mão e soltei.
– Eu fiz um lanche pra vocês. - A mãe dele disse.
– Não precisava. Não queria incomodar. - Falei e ela sorriu.
– Imagina... Incomodo nenhum. - Peguei um e o Ethan o outro. Logo depois, a mãe dele saiu da sala.
– Sua mãe é um amor.
– Agradeço por ela. - Ele falou. Continuei comendo. Percebi que ele fazia careta de dor de vez em quando. Parei de olhar.
– Eu vou indo... - Falei depois que terminei de comer. - Você vai amanhã?
– Não, Anne. Vou depois de amanhã só.
– Posso passar na confeitaria pra te ver? - Perguntei e logo depois senti minhas bochechas quentes. Ele sorriu.
– Você sabe que pode. - Ele levantou também e me levou até a porta. Olhou pro lado de fora e me deu passagem. Ethan me levou até o carro.
– Não precisava ter me trazido até aqui.
– Precisava sim. - Entrei no carro. - E obrigado por ter vindo.
– Não foi nada... Tchau, Ethan.
– Tchau, Anne. - Liguei o carro e dei partida. Não fui pra casa. Fui direto pra casa do Brian.
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Espero que tenham gostado. Bye!