Verdadeiro Merle Dixon escrita por roosivandro


Capítulo 2
Nascido orfão


Notas iniciais do capítulo

O mundo de Merle começou a desabar, ele se vê perdido no meu meio dos escombros, sem saber o que fazer, para onde ir, a quem pedir ajuda e quando pensa que irá conseguir suportar tudo, recebe uma notícia que o deixa mais atordoado ainda.
E isso é apenas uma parcela de todo o seu sofrimento.



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Finalmente conseguimos chegar ao hospital.

"Socorro! Emergência. Ela está prestes a dar a luz." Grito em pânico para qualquer um que esteja ali.

Uma mulher de branco aparece, imagino ser uma enfermeira.

"Ei vocês, me ajudem aqui." A enfermeira chama dois outros enfermeiros que estavam logo a frente. Os dois pegam uma maca decente e colocam minha mãe sobre.

"Levem-na para a sala de parto imediatamente." Ordena a enfermeira.

A enfermeira nos conduz até uma sala de espera, apresenta uns assentos e nos oferece água, sentamos e ela senta ao nosso lado com uma prancheta e uma caneta a mão.

"Qual o nome dela?" Pergunta a enfermeira.

"Alice Dixon." Respondo ofegante.

Ela anota em sua prancheta.

"O que a aconteceu?" Ela pergunta.

"Ela caiu." Respondo. Viro a cabeça timidamente para meu pai, o olhar dele encontra o meu e desvio na mesma hora e vejo que a enfeira fica meio espantada com a resposta.

"Ela caiu? Uma pessoa não consegue se machucar tão gravemente sozinha, ainda mais estando grávida." Rebate ela.

Fico calado. Meu pai é quem fala dessa vez.

"Sim, ela caiu. O que você tem com isso? Sua parte é cuidar da saúde dela, então vai lá que ela precisa de ajuda." Diz meu pai.

A enfermeira fica curiosa, mas não pergunta mais nada, apenas se levante e se retira. Ficamos esperando ali por horas sem nenhuma notícia, até que uma porta se abre e um homem calvo, usando óculos e jaleco branco entra, vejo que está escrito Dr. Oliver James em seu crachá. Ele nos olha, mas algo impede que ele fale, imagino que ele não consiga achar as palavras.

"Fizemos tudo ao nosso alcance para salvar os dois, mas infelizmente não conseguimos. Apenas o bebê vive." Ele fala. Ele franze a testa, pensou nas palavra certas, mas acabou falando as mais erradas.

Eu fico sem ação, é como se tirassem o chão que eu piso, minha mãe era tudo para mim. De repente sinto uma pontada em meu estômago, uma adrenalina vem a mim de supetão. Fisicamente sinto-me disposto a matar um leão, mas mentalmente só consigo ficar ali e imaginar o quão difícil será a vida sem minha mãe. Não sei se choro, não sei se corro, não sei o que fazer, só penso em minha mãe. Meus irmãos veem à minha mente, Phil precisará de uma família, Daryl é muito novo, quando chegar em casa e perguntar onde está a nossa mãe, o que irei responder?

"Como? Vocês são médicos, deveriam salva-la." Meu pai começa a gritar.

"Senhor, se acalme! Se tratava de uma gravidez de risco. Sua mulher estava ferida e perdeu muito sangue, estava fraca. Além do mais." O médico explica.

Meu pai se levanta e começa a gritar com o Dr., corre em direção a ele e o derruba no chão, desfere dois socos no rosto e quando ia para o próximo soco, dois homens vestidos de branco entram e o imobilizam, eles aplicam uma injeção com um liquido branco e meu pai vai ao chão.

Eu ainda continuo sem saber o que fazer, mas na hora que vejo meu pai ali, parecendo um cadáver no chão, não consigo mais pensar no meu cansaço mental, só penso que não posso perder mais ninguém da minha família.

Uma raiva me consome, por um momento esqueço o sofrimento da perda de minha mãe e só penso em bater nos homens que fizeram isso com meu pai. Começo a me preparar para uma briga como me preparava na escola, mas isso é inútil, eles só estão tentando nos ajudar, meu pai se alterou e só piorou as coisas, preciso manter a calma.

"Seu pai é bem esquentado né garoto." Diz Oliver, se levantando e limpando o sangue de sua boca.

Não sei o que dizer, então fico calado. Olho para meu pai sendo retirado por aqueles dois homens que o sedaram.

"Para onde estão levando meu pai? Ei vocês dois, voltem aqui." Grito preocupado.

"O estão levando à um dormitório, para que se recupere." Diz Oliver tentando me acalmar.

"Se recuperar de quê? Vocês o drogaram." Digo com raiva.

"Foi necessário, seu pai está descontrolado. E você venha comigo." Diz o doutor.

"Não quero ir a lugar nenhum, acabei de perder minha mãe e vocês ainda drogam meu pai." Digo quase perdendo o controle.

"Você precisa vim, seu irmão precisa de você." Diz ele calmamente.

"Meu irmão? Meu deus, meu irmão. Preciso avisa-lo que estamos no hospital." Digo preocupado.

"Não, me refiro ao seu irmão que está no berçário, lhe esperando." Oliver diz.

"Como cuidarei de meu irmão? Meu pai não consegue nem sequer cuidar dele próprio." Digo espantado.

"Enfim, você tem que ser forte, por mais novo que seja, você precisa. Me siga." Diz o medico.

Ele sai da sala e eu vou logo atrás.

Percebe-se que o hospital é pequeno, no caminho vejo que tem poucas portas e poucos corredores, algumas alas estão completamente desertas. Estamos dobrando para entrar em outro corredor, e vejo que esse com certeza é o maior corredor do hospital, pois não é possível enxergar o final. Entramos na quinta porta a esquerda, vejo uma sala em forma de retângulo, parecida com um closet, e no lugar da parede de tijolos há um vidro grande, do outro lado tem bebês em pequenas camas e alguns em incubadoras, vejo que é o berçário.

"Olha, ali está ele." Diz Oliver com uma voz alegre.

O olho e vejo que ele é idêntico a minha mãe, cabelos loiros, olhos azuis e pele branca. Nesse momento me vem uma vontade de chorar e desabar, mas não, preciso aguentar, aguentar por ele e por Daryl.

"Quando poderei leva-lo para casa?" Pergunto ao médico.

"Logo. Estamos só realizando uns exames nele." Responde Oliver.

Não consigo mais olhar para ele, quando o olho só lembro de minha mãe e isso me lembra que nunca mais a verei.

"Me leve até meu pai." Ordeno ao médico.

Seguimos pelo hospital e entramos em uma sala cheia de camas, vejo meu pai chorando a beira da cama, isso acaba comigo, por mais que seja durão e ruim, ele possui um coração, e ele nunca irá se perdoar por ter matado minha mãe, mesmo que indiretamente.

Não sei se corro e o abraço ou fico só a olhar, afinal, nunca demostramos afeto pelo outro. Resolvo ficar ali parado, esperado ele descarregar todas aquelas lagrimas.

Ele me vê, enxuga as lagrimas e levanta, vem a minha direção e sussurra no meu ouvido

"Não quero aquele moleque perto de mim."


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Notas finais do capítulo

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