Era muito velha para brincar... escrita por Carolina Trindade


Capítulo 4
Capítulo 4




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John acordou em uma cama de hospital com tubos e fios ligados ao corpo. Ele estava preocupado com Natalie. Chamou uma enfermeira e a perguntou sobre o estado da filha:

— Não sei muita coisa sobre o estado de sua filha, meu senhor. Mas pelo que sei ela está desacordada desde que chegou ao hospital, alguns médicos acham que possa ser uma possibilidade de coma. – disse a mulher.

— Oh Deus. Minha menina! – se assustou John.

— Não se preocupe, eles não têm certeza de nada ainda. – sorriu simpaticamente. – Ela vai ficar bem.

John sentia-se meio tonto, piscou algumas vezes. Então viu a coisa parada bem ao lado da enfermeira. Piscou novamente e o monstro desapareceu. Fora apenas fruto de sua imaginação. Mas aquilo o atordoava, John estava prestes a surtar. Mas não podia, ele precisava cuidar de Natalie.

Depois de uma semana internado, John começou a esquecer os incidentes da boneca. Ele se sentia melhor, mas ainda infeliz porque Natalie ainda não tinha acordado. Ele tinha ganhado alta a dois dias, dedicava todo aquele tempo a ficar ao lado de sua filha. Como ela e Jane se pareciam! Ele afastou esses pensamentos, não queria lembrar Jane, isso lhe trazia um enorme vazio.

No final da tarde, foi até a lanchonete comer. As pessoas que estavam por lá estavam mais quietas, muito mais quietas. Ele olhava uma por uma, todas com expressões tristes ou até sem expressões. Alguns segundos depois as luzes começaram a falhar, em seguida passaram a piscar rapidamente. Num vislumbre ao fim do corredor ele pensou ter visto uma figura familiar, assustadora! John se levantou e se pôs em direção ao quarto de Natalie.

As luzes naquele corredor já estavam mais foscas. Havia cerca de cinco pessoas ali. Depois de um apagão de cinco segundos não estavam mais ali. John apertou o passo, aquilo estava ficando sinistro. De repente um estrondo seguido de gritos a duas salas dali. Ele estava assustado, mas correu até a tal sala. Abriu. Sangue escorria pela parede, corpos mutilados espalhados pelo chão. John quis vomitar. Fechou a porta e continuou andando. O que estava acontecendo? O que era aquilo? Continuou correndo, as pessoas haviam desaparecido. Ele estava com medo. Havia sangue em todo lugar, mas não havia ninguém. Marcas de mãos ensanguentadas pelas paredes. O que é isso?!

Chegou ao quarto de Natalie. A porta estava trancada. Ele bateu. Ninguém abriu. Então arrombou a porta. Sentada ao lado da filha, havia uma menina de cabelos pretos e pele branca, de costas. Natalie havia acordado! Mas nada falava.

— Quem é você? O que está fazendo aqui? – perguntou John à estranha.

A menina não respondeu, ao invés disso, sua cabeça fez um giro de 180º no pescoço. Aqueles olhos... Não! Como ela chegara ali? Aquele monstro estava a poucos centímetros de Natalie.

— Vá embora daqui, demônio! Saia de perto da minha filha! – berrou John.

— Não pode me obrigar. Natalie precisa de mim. – disse a boneca, sorrindo.

— Você não vai machucar minha filha! Morra! – Ele pegou um bisturi que estava em cima da mesa e atacou. – Morra! Deixe-nos em paz!

No lugar onde a lâmina perfurou a boneca, saía um líquido preto com cheiro de enxofre. A boneca se levantou e começou a andar até John. Natalie permanecia de olhos abertos, mas parada.

— Pare aí! Não chegue perto de mim! – gritou John.

A boneca apenas olhou para ele e sorriu. Continuou a andar na direção de John que encarava a boneca enquanto ela ia se despedaçando. Não. Ela estava se metamorfoseando! Sua pele agora era enegrecida, seus dentes pontiagudos, suas mãos era agora garras, e seus olhos, totalmente amarelos. John sentiu uma profunda dor enquanto o demônio arrancava cada parte de seu corpo com os dentes. A saliva era ácida. Ele perdia a consciência enquanto andava até sua filha.

— Eu te amo, filha! Corra daqui! Fuja dela!- foram suas últimas palavras. E antes que fechasse os olhos pela última vez, pôde ver as lágrimas da filha, imóvel.


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