Era muito velha para brincar... escrita por Carolina Trindade


Capítulo 3
Capítulo 3




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/456570/chapter/3

CAPÍTULO 3

Os policiais foram embora. John ficou aterrorizado com tudo aquilo. Natalie precisaria de tratamento psiquiátrico depois de tudo o que vira. Ele precisaria. Marie fora assassinada de um jeito terrível! Talvez fosse obra de algum grupo ou seita dos arredores, mas o estado do corpo era mais que assustador. Ninguém merecia uma morte assim.

John tomou um longo banho quente e foi para a cama depois de verificar se Natalie já estava dormindo. Ficou acordado, pensando por um longo tempo.

O relógio marcava algo após a meia-noite. John acordou com barulhos vindos da cozinha. Assustado, ele foi verificar. Acendeu as luzes da cozinha, não tinha nada. Se virou pra trás e levou um enorme susto. Mary-Lynette, a boneca de Natalie, estava jogada no chão, ele jurava que a boneca estava com a filha! Do lado da boneca havia um copo de leite e uma bandeja de bolinhos. John pegou a boneca e subiu às escadas, então ele sentiu algo na mão em que estava a boneca e a jogou lá embaixo. Um grito.

— Ai! Você é muito velho para brincar comigo!

John ficou em choque. Aquela boneca acabara de falar. Ele correu até o quarto da filha, trancou a porta e deitou ao lado da menina. Batidas na porta.

— Ei! Abra aqui! Natalie quer leite e bolinhos! Abre logo! Abre, abre, abre! – disse a boneca.

John nada disse. Estava com medo daquele monstro. Desde quando bonecas têm vida própria? Desde quando elas falam? Algo a mais o incomodava. A boneca dissera que ele era velho demais para brincar! Se ele não se engana, uma mensagem quase idêntica fora escrita no corpo de Marie! A boneca? Desde quando bonecas são criações do demônio que matam pessoas? Ele não entendia mais nada. Estava sendo consumido pelo pânico.

Quando acordou, pôs as coisas de Natalie numa mala, e, pegou a filha no colo junto com a mala e foi para o seu quarto. Fez a mesma coisa com suas coisas. Natalie acordou. O pai pegou as malas e a filha e os levou para o carro. Ligou o motor com muito custo e saiu às pressas de lá, deixando a boneca, onde quer que ela estivesse, sozinha naquele lugar amaldiçoado.

— Papai! Temos que voltar, esqueci minha boneca! – disse Natalie, chorando.

— Não posso, filha. Eu te dou uma boneca nova quando chegarmos na casa de sua avó.

— Mas eu quero aquela, papai. Não posso deixá-la sozinha! Ela vai ficar triste!

— Não, Natalie. Aquele monstro não é uma boneca.- gritou John.

— Mary-Lynette não é um monstro! Ela é minha boneca! Eu quero minha boneca!

Por um momento avistou a boneca pelo retrovisor do carro. O susto foi tão grande que ele bateu em algo e capotou por uma breve relevação. John saiu do carro, pegou a filha desacordada e saiu às pressas em busca de ajuda. Avistou um carro e fez sinal. O carro parou e uma mulher desceu.

— Ai meu Deus! Vocês estão bem? O que houve?

— Bati o carro. Poderia nos dar carona até um hospital? Por favor!

— Claro! Há mais alguém?- perguntou a mulher.

— Não! Apenas eu e minha filha.

Entraram todos no carro e foram para a cidade mais próxima. John não sabia o que havia acontecido com a boneca. Não sabia nem se ela realmente estava no carro. Ele jurava que o monstro tinha ficado na casa. Ele estava surtando!

— Sou Rachel. Quem é você? O que houve? Por que está tão apavorado?- perguntou a mulher.

— Meu nome é John Parker, esta é minha filha Natalie. Estávamos fugindo da... De uma aberração. Então eu me distraí e o carro bateu.

— Uma aberração? Que tipo de aberração?

— Não queira saber, eu nem sabia que aquilo existia! Ela matou a tia da minha mulher! E tentou matar a mim e à minha filha também!

— Se acalme, John. O que poderia ser essa aberração? Um serial killer? Por que ela queria te matar? Onde esta sua mulher?

— Minha mulher está morta.- confessou John.

— Foi a tal aberração?

— Não, foi a oito anos. Não resistiu ao nascimento de Natalie.

— Sinto muito. – disse Rachel. – Meu marido também morreu, ano passado. Quando ele descobriu o câncer já era tarde.

— Eu...Eu sinto muito. Agora, preciso proteger Natalie. Aquele monstro pode fazer alguma coisa a ela.

— Como é esse monstro?- quis saber Rachel.

— Ela é...É...uma... Ela é uma boneca.

— Sério? Você só pode estar de brincadeira! Que tipo de pegadinha é essa? Onde estão as câmeras? Pelo amor de Deus! Bonecas-monstro! – Rachel riu.

— Você pode não acreditar. Esqueça. Apenas nos deixe no hospital, serei muito grato.

— Ok. Você precisa mesmo de um médico, meu amigo. Isso não é normal.

Quando chegaram ao hospital, Natalie havia acordado. John e Rachel trocaram os telefones por via das dúvidas e se despediram. Ele agradeceu a carona e entrou com Natalie. Os paramédicos os levaram rapidamente para a ala de urgência. Não tiveram lesões. Mas John estava atordoado. Precisava fugir daquilo. Mas se ela os perseguisse? Ele não poderia pedir ajuda, ninguém ia acreditar, pensariam que ele está louco. Ele precisava dar um fim naquilo. Mas precisava se cuidar antes. Estava exausto e com muita fome. O pânico o dominava da cabeça até a sombra.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Era muito velha para brincar..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.