Abrindo os Olhos de Mário Calderón escrita por Wanda Filocreao


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Ola pessoal estou postando mais um capitulo da fanfic, espero que gostem e se puderem comentem.



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Mario teve uma noite tranquila, como há muito tempo não tinha. Dormiu feito um bebê.

Assim que abre os olhos, dá uma boa espreguiçada e sorrindo lembra-se dos últimos acontecimentos da noite passada.

“Foi uma noite incomum – recorda-se – primeiro o grande fiasco que foi minha ida a boate e depois – sorri com satisfação – o encontro com Geraldo, o novo amigo que fiz, um deficiente visual. Que coisa! Nunca imaginei que teria um amigo assim! Um amigo que apareceu em minha vida quase que por acaso.”

Senta-se na cama esfregando os olhos ainda sonolentos e olha com curiosidade para a sacola sobre o criado mudo, com o livro que comprara na noite anterior.

“Vou matar a minha curiosidade! – pensa com satisfação - Vou reler a história que tanto marcou a minha infância.”– sorri ansioso por relembrar aquele tempo.

Assim que retira o livro da sacola tem uma desagradável surpresa!

Ali não estava o livro que havia comprado, “O soldadinho de Chumbo” e sim “Pinochio”, o livro que Geraldo, o deficiente, havia comprado para ler para o filho!

“Que coisa! Houve um equívoco! Acho que na hora de entregar a moça se enganou e trocou as nossas sacolas! Eu fiquei com o livro do Geraldo e ele ficou com o meu! E agora? Como farei para encontrá-lo e destrocarmos os livros?”- fica pensativo, mas logo se lembra do cartão que o cego havia lhe dado na noite anterior.

Levanta-se da cama rapidamente e pega numa cadeira, a calça jeans que usou no dia anterior. Coloca a mão dentro do bolso da calça, procurando por sua carteira e logo a acha. Quando a abre vê com satisfação o cartão de Geraldo logo no primeiro compartimento da sua carteira.

Apanha o cartão que o deficiente havia lhe entregue e lê atento:

Geraldo Gutierrez Galácia – advogado

Escritório: Rua das Laranjeiras, 235

– Centro de Bogotá - 12º andar- sala 4 A.

Fone: 4962-5781

“Ele tinha me falado que era advogado e vejo agora que o seu escritório é mesmo perto da livraria onde nos encontramos. Preciso falar com ele sobre o equívoco.”

Mario olha para o seu rádio relógio de cabeceira.

“São 9:15 da manhã. O jeito é telefonar mais tarde. Ele deve estar muito atarefado. - pensa consigo mesmo - Será que ele percebeu o que houve? Creio que muito antes de mim! Geraldo é muito perspicaz e do jeito que estava ansioso em ler para o filho, creio que até já deve ter lido o meu livro para o garoto, a história do Soldadinho de Chumbo. – sorri lembrando-se do amigo - Foi um contratempo, não há dúvida, mas terei a oportunidade de falar novamente com ele para resolvermos o que faremos. Em todo caso ligo para o seu escritório lá pelas 11 horas.”- conclui a reflexão.

Este fato não deixou Mario chateado. Pelo contrário, no fundo até fica satisfeito com a perspectiva de um novo encontro com o deficiente visual. Gostou muito do Geraldo, pois o achou um cara legal, inteligente, simples e ao mesmo tempo muito receptivo.

Segue então para o banheiro a fim de tomar um banho refrescante.

Quando está se ensaboando lembra-se que precisa ligar com urgência para o seu advogado.

Pois muita coisa ficou pendente na Ecomoda.

Precisa saber como fica a venda de suas ações para o Armando Mendoza. Se ele vai dar um bom preço por elas. Se tem direito a alguma rescisão após a demissão de seu cargo na empresa. Enfim quer saber de tudo. Não gostaria de ser lesado de nenhuma maneira.

Seu advogado é muito bom e tinha certeza que depois que conversasse com ele e o interasse da sua situação ele saberia o que fazer em termos legais, e quais as atitudes teria que tomar para receber todos os seus direitos.

Precisava também ligar para os vários sócios das empresas e dos negócios que seu pai havia lhe deixado. E se inteirar de tudo. Tinha plena consciência que havia sido muito relapso e deixado tudo nas mãos deles, após a morte de seu pai.

Sabia que havia descuidado de tudo por um bom tempo. Na verdade não se interessava por nada que seu pai havia lhe deixado.

A Ecomoda sim fora por vários anos o seu principal interesse. Tinha um carinho especial por ela, pois foi algo que obteve sem ajuda de seu pai milionário. Havia batalhado pelo cargo e comprado as ações por seu próprio esforço. Por isso tinha um valor inestimável para ele. Ali se sentia independente, sem dever nada a ninguém.

Mas agora sem a Ecomoda, tinha que voltar a estaca zero, ou seja, voltar a depender das empresas e dos negócios de seu falecido pai para sobreviver. Era tudo o que lhe restara.

E este tudo era muito, muito mesmo! Pois seu pai, o milionário Carlos Eduardo Herrera Calderón, era dono de várias redes de lanchonetes na Colombia, além de ser sócio em uma grande rede de hotéis do país e de ser o sócio majoritário de uma grande empresa de cosméticos, uma das mais famosas do país, que já exportava seus produtos para vários países da America Latina, e como se não bastasse também era o único dono uma grande empresa de tintas muito famosa no país.

Todos esses negócios e estas empresas havia ficado para o seu herdeiro: Mario Herrera Calderón! Único filho do milionário.

Mas para Mario a única herança que importava realmente para ele, foi algo que nunca teve, o amor de seus pais. Tudo o que sempre importou para Mario Calderón era ter uma família, coisa que jamais teve na vida. Tanto dinheiro de nada lhe valia se foi por causa dele que seus pais se afastaram.

Pensar em tudo isso o deixava triste e deprimido. Mas não ia se entregar assim tão facilmente. Aqueles anos de tristeza e solidão no colégio interno ficaram para trás. Agora era um homem. Não se deixaria levar pelas tristes recordações do passado.

“Mario Calderón, ânimo! A vida tem obstáculos e sua missão é enfrentá-los com a cabeça erguida! Vamos homem bola pra frente!” – pensando assim se sentia melhor e mais revigorado.

Depois que faz os vários telefonemas planejados, Mario respira fundo e com satisfação liga para o escritório de Geraldo.

Assim que digita os números do cartão ouve que alguém do outro lado atende:

–Alô! Bom dia! Escritório de advocacia do doutor Geraldo. – fala uma voz feminina.

– Bom dia! Aqui quem está falando é o Mario Calderón. Por favor, poderia falar com o doutor Geraldo? – pergunta à moça.

– Um momentinho, por favor. – responde a jovem.

Mario aguarda uns minutos e logo ouve a voz conhecida:

– Bom dia Mario! Como vai meu amigo?

– Bom dia Geraldo! Eu vou bem e você? – pergunta Mario.

– Eu vou bem graças a Deus. Até já sei o motivo de seu telefonema, meu amigo. A troca dos livros, não é?

– -Isso mesmo! – confirma - Acho que a moça dos pacotes se enganou, e eu fiquei com o seu livro e você com o meu. – lhe responde Mario.

– Foi mesmo. Ela se enganou feio. Se ela fosse uma deficiente visual eu até entenderia. - fala Geraldo bem humorado soltando uma gostosa gargalhada.

– Verdade Geraldo. – confirma Mario se contagiando pelo bom humor do amigo e rindo também.

– Que tal nos encontrarmos hoje na hora do almoço? – Geraldo o convida.

Mario fica feliz e na hora concorda:

– Tudo bem meu amigo. É só falar o local e a hora que lá estarei com toda certeza.

–Que tal se fôssemos ao restaurante Almirante Padilha? É próximo ao meu trabalho e seria mais fácil para mim. - diz Geraldo.

–Tudo bem! A que horas você acha melhor? – pergunta Mario.

– Às 13 horas está bem pra você? – pergunta ele.

– Tudo bem Geraldo. Então está combinado meu amigo, às 13 horas no restaurante Almirante Padilha. – fala Mario todo contente.

Ambos se despedem satisfeitos com o encontro de logo mais e desligam o telefone.

Sem nada para fazer no momento, Mario resolve ler o livro de Geraldo, aliás, o livro que ele comprou para seu filho.

Após a leitura, coloca o livro no colo e fica pensativo.

“Pinochio! Que história interessante! Acho que se contasse essa história para Felipe e Fabio eles ficariam atemorizados. Imaginando que seus narizes cresceriam também. Também depois de tantas mentiras que contaram naquela noite a sua pobre irmã. E o pior é que eu também fui partícipe de boa parte delas. Creio que seríamos um belo trio de narigudos!” – ri enquanto fecha o livro depois de ler a história do menino de madeira que queria ser como os outros, de carne e osso.

Olha para o relógio e constata que já são 12h30, terá que se apressar, pois de sua casa até o restaurante são mais ou menos 20 minutos.

Dá mais uma conferida no visual e coloca um pouco mais de seu perfume preferido “Ferrari Black” e lembra-se de como Nanda reagiu ao constatar que seu perfume era o mesmo de seu ex- noivo, o tal de Tito, o Tio Bala, segundo os garotos.

“Preciso passar numa perfumaria com urgência e comprar outro perfume. Não quero que Nanda associe a minha imagem a imagem do seu ex.”

Assim pensando sai de seu apartamento.

Logo que desce até a portaria encontra o porteiro seu Wagner, sempre atento a tudo e a todos.

“Atento até demais!” – pensa Mario com seus botões.

– Bom dia Seu Mario. – cumprimenta o porteiro.

– Bom dia seu Wagner! - retribui Mario ao cumprimento tentando sair rapidamente das vistas dele.

Já está com a mão na maçaneta da porta pronto para sair para a garagem quando o ouve perguntar?

– Hoje o senhor também não vai à empresa, seu Mario?

Mario engole em seco a raiva que sente do bisbilhoteiro e a vontade de esganá-lo e tenta responder com a melhor educação possível:

– Não hoje não vou novamente. Por quê?

– Nada, não, seu Mario. É que fiquei pensando que algo deve ter acontecido, não é? E estou muito curioso em saber. Não poderia me adiantar e falar exatamente o que está se passando?- pergunta o displicente funcionário.

– Não, não poderia seu Wagner. É um assunto confidencial. – diz Mario possesso saindo rapidamente do hall de entrada e entrando na garagem.

“Mas que homem xereta! Preciso falar sobre ele na próxima reunião de condomínio! Que petulância! Querendo saber da minha vida!”

Pega seu carro na garagem e se põe logo a caminho do restaurante.

Para em frente ao estabelecimento e dá as chaves ao manobrista para que estacione o seu veículo.

Assim que entra no restaurante, vê Geraldo sentado a uma mesa bem no centro e com seu fiel amigo Homero, deitado aos seus pés.

Sorrindo se achega até a mesa e o cumprimenta estendendo-lhe a mão:

– Boa tarde, Geraldo! Faz muito tempo que chegou?

– Boa tarde, Mario! – responde o deficiente – pegando-lhe sua mão e o cumprimentando também - Acabo de chegar. Não faz nem 5 minutos que estou aqui.

– Muito bem então amigo. Como vai você? – pergunta-lhe Mario.

– Ótimo, graças a Deus e você? –devolve-lhe a pergunta Geraldo.

– Tudo bem também, meu amigo. Sabia que dormi está noite como um bebê? Coisa que não acontecia há anos? Acredita que o mérito foi seu?- diz Mario sorrindo-lhe - Aquela nossa conversa de ontem me devolveu forças e esperança de dias melhores. – conclui com voz sincera.

– Que bom! Fico muito feliz! Deus sabe os meios que tem que usar para trabalhar na vida das pessoas. – diz Geraldo comovido.

Mario fica refletindo sobre as palavras de Geraldo.

Em seguida aparece o garçom para saber sobre seus pedidos.

Estende para ambos o cardápio com as várias opções.

Mario observa que Geraldo passa a mão no cardápio e nota que este tem escrita em braile, o que facilita muito a vida dos deficientes visuais.

“Nunca havia reparado nisso! Como é importante este detalhe!”

Geraldo pede um risoto de frango acompanhado com uma salada de legumes e Mario gosta da sugestão e pede o mesmo.

Está tão absorto em seus pensamentos que não repara que o garçom lhe faz uma pergunta:

– E o doutor o que quer para beber?

– Mario o garçom está lhe fazendo uma pergunta – Geraldo o chama de volta a realidade.

– Ah! Desculpe-me, eu vou querer um suco de laranja, por favor.

– E eu um suco de amora bem geladinho, por favor. – fala o cego.

Mario se lembra, imediatamente, de Beatriz Pinzon Solano e de seu suco preferido, afinal mais de uma vez almoçaram juntamente com Armando e sócios da empresa.

Quando o garçom se afasta, Geraldo lhe pergunta curioso:

– Por que está tão pensativo meu amigo? É algo que possa compartilhar comigo?

Mario se ajeita na cadeira e lhe fala um dos pensamentos que o deixou fora do ar por alguns instantes:

–É que nunca havia pensado em como é importante o braile para os deficientes visuais e que nunca havia notado que no cardápio tem esta linguagem.

– Não é em todos os restaurantes que eu posso contar com essa facilidade, meu amigo. – fala Geraldo - Já fui a lugares em que o garçom tinha que recitar todos os pratos que eram servidos. Todos tinham que ficar esperando. Um trabalhão! Por isso quando convido alguém para almoçar ou jantar comigo, já vou aos lugares certos, onde tem essa facilidade para deficientes como eu.

– Tem razão Geraldo. Todos os locais públicos deveriam tratar os deficientes com mais consideração. Facilitariam muito a vida de todos. – diz Mario muito interessado no assunto.

Logo chega o garçom trazendo os sucos e os deposita na mesa.

Mario observa que sobrou mais um copo em sua bandeja de suco de amora e lhe fala:

– São só dois sucos, senhor.

– Ah! Desculpe-me, este aqui é para aquela jovem da mesa ao fundo.

Falando isso ele se afasta e Mario o acompanha curioso em saber quem mais gostava do famoso suco.

E qual não é sua surpresa ao ver Betty e Armando sentados de mãozinhas dadas na mesa ao fundo do restaurante. Estão tão entretidos um com o outro que nem notaram a sua presença.

“Melhor assim” - reflete Mario - Melhor que não me vejam mesmo!”

Mario procura ser o mais atento possível ao amigo e até acaba se esquecendo de Betty e Armando ao fundo do restaurante.

Geraldo e Mario conversam animadamente sobre tudo.

Mario fica surpreso em como ele consegue levar uma vida tão normal apesar da sua limitação.

Surpreende-se com a sua força de vontade e mais uma vez é impossível não se lembrar de Nanda.

Geraldo lhe contou que ficou deficiente ainda menino, por causa de um tumor em seu cérebro que por infelicidade veio a tingir os olhos, deixando com uma cegueira irreversível.

Mario esta tão absorto na conversa com ele que tem um sobressalto quando escuta a voz de Betty logo atrás deles:

–Meu amor, olha que cão mais bonito ali naquela mesa.

Betty e Armando já estavam saindo do restaurante e Mario olha pra eles sem querer.

Quando seus olhos se cruzam Betty fica toda sem graça e Armando o olha de cima para baixo, como se quisesse tomar satisfações com ele.

Betty percebe e pega na mão de seu amado doutor e lhe diz:

– Vamos embora meu amor. Já estamos atrasados. - e o conduz rapidamente para fora do restaurante, tentando assim evitar qualquer confronto entre os dois ex- amigos.

Toda esta cena não passou desapercebida a Geraldo.

– Mario o que foi que aconteceu? – ele indaga.

Mario fica surpreso com a perspicácia do amigo e lhe diz:

– O que você acha que aconteceu? – pergunta curioso só para saber o que Geraldo percebeu.

– Bem, - fala Geraldo - eu ouvi a voz de uma moça aproximando-se de meu cão. Mas ela parou e voltou, creio que quando ela viu você, ficou sem jeito e se calou de repente. Pude perceber também que ela estava acompanhada por um homem e este homem deve ter te olhado com cara de poucos amigos, pois a jovem o levou rapidinho para fora do restaurante. Pelo visto são conhecidos seus e não gostaram nem um pouco de encontrá-lo aqui e vice- versa. E aí acertei?- pergunta a Mario.

Mario fica de queixo caído. Apesar de Geraldo ser um deficiente visual, percebeu muita coisa.

– Nossa Geraldo! Fiquei bobo! Como você conseguiu perceber tanta coisa?– lhe diz Mario ainda surpreso.

– As pessoas pensam que por sermos deficientes visuais somos também deficientes nos outros órgãos dos sentidos, e destituídos de inteligência, o que não é verdade.- Geraldo lhe explica - Por sermos assim os nossos outros sentidos são ainda mais apurados. Percebemos muito mais coisas que vocês que não tem nenhuma deficiência alguma.

Mario fica calado refletindo no que acabara de escutar.

– E aí Mario vai me contar o porquê da indiferença deles para com você, meu amigo? Será que eu mereço um voto de confiança?

Mario fica pensativo, mas sente no íntimo que pode confiar em Geraldo, que deve abrir-se com esse novo amigo.

– Está bem Geraldo. Vou lhe contar os motivos de nossa briga, digamos assim. Mas espero que me ouça com atenção e, por favor, não tente me julgar, pois eu tive motivos para agir como agi. – lhe fala Mario.

E conta-lhe toda a história, desde o momento em que conheceu Armando Mendoza na faculdade, os planos de trabalharem juntos na empresa dos pais de Armando, a Ecomoda, os sonhos, a amizade.

Não omitiu nada até contou sobre o plano sinistro que bolou com o amigo para que Betty se apaixonasse por Armando e não entregasse a empresa.

Falou de como foram descobertos e a sua atitude quando soube que Armando se apaixonara por sua feia assistente e os conselhos que ele lhe deu para que negasse esse amor e a mandasse para bem longe, fora do país.

Contou até do sumiço da jovem por duas semanas, e de como ela voltou mudada.

E por fim da entrega da empresa paras as mãos da jovem e a briga dele com Armando Mendoza e como consequência o término da amizade e da sociedade, tudo por causa do amor de Armando por Betty.

Geraldo escuta atentamente, não o interrompe em nenhum momento.

Segue analisando os fatos que ele vai lhe contando.

Quando termina o relato Mario olha atentamente ao amigo e não nota em seu rosto qualquer vestígio de acusação. Geraldo está sereno como sempre.

– E aí Geraldo o que achou de tudo o que lhe contei? - pergunta-lhe ansioso.

Geraldo se ajeita na cadeira e responde com a voz mais serena possível:

– Por tudo o que você me contou, por tudo que ouvi, cheguei a uma conclusão.

– Qual é? – quer saber Mario, já esperando ser crucificado pelas atitudes que tomou.

– A vida deve ter te machucado muito meu amigo. - fala Geraldo inesperadamente - Suas atitudes denotam a de alguém que deve ter sofrido muito e que não confia em ninguém. – continua Geraldo procurando ser o mais sincero possível.

Se Geraldo conseguisse ver iria notar a cara de surpresa de Mario Calderón e as lágrimas que agora teimavam em sair de seus olhos.

– Tudo em sua vida é superficial meu amigo. – continua Geraldo - Você tem medo de viver e de se entregar às pessoas para não se decepcionar. Você tem medo de amar.

Mario fica mudo, não consegue balbuciar palavra alguma, apenas segue limpando as lágrimas que teimam em sair de seu olhos, agora vermelhos.

–Você precisa se abrir com alguém meu amigo e lhe contar tudo o que vai neste seu coração machucado há muitos anos. Você permitiria que eu te ajudasse? Você confiaria em mim?- pergunta-lhe Geraldo com o sincero desejo de estender a mão ao amigo.


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Notas finais do capítulo

Aguardem os próximos capítulos.