Abrindo os Olhos de Mário Calderón escrita por Wanda Filocreao


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Ola pessoal, estou postando mais um capitulo da fanfic. Espero que gostem e se puderem comentem.



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Mario permanece calado. Está surpreso e ao mesmo tempo muito emocionado.

Jamais na vida alguém o definiu com tanta precisão!

Nem mesmo o seu ex- e fiel amigo, Armando Mendoza, com quem conviveu por vários anos, soube defini-lo assim com tanta presteza!

Agora este deficiente visual que o conheceu há apenas um dia, soube fazer uma análise totalmente correta!

“Geraldo acertou em cheio. Soube como ninguém analisar os meus sentimentos mais profundos. Soube como ninguém detectar o que vai nas profundezas de minha alma. Como pode ser isso?”

Mario sempre tentou esconder-se por trás de uma imagem que ele mesmo criou, a de um homem tranquilo, alegre, de bem com a vida, sem problemas. Até ele mesmo às vezes acreditava neste personagem que criou. Criou esse personagem para enfrentar o mundo e as pessoas que nele existiam.

“O que dizer-lhe agora?- pensa Mario com seus botões - Como não confiar em uma pessoa que desde o dia em que conheci o que fez só foi estender-me a mão?”. – segue refletindo tentando assim eliminar qualquer vestígio de dúvida que porventura ainda pudesse ter.

Lembrou-se claramente de quando saia da garagem da Ecomoda como estava triste e desesperado e o clamor que fez a Deus que o ajudasse e o socorrese e como que por encanto surgiu Geraldo bem a frente de seu carro, atravessando a rua.

Não, não foi só uma coincidência. Algo muito mais profundo estava acontecendo, tinha plena consciência disso. Algo que ainda não entendia muito bem. Mas era algo que o estava mudando.

Transformando quem sabe em um homem diferente, um homem melhor.

Respira fundo e segura a mão do amigo que estava sobre a mesa e fala tentando mostrar o quanto lhe é grato:

–Geraldo, eu aceito sim a sua ajuda meu amigo. Ou melhor, aceito contar tudo o que guardo em meu peito há anos. Tenho certeza que você poderá ajudar-me.

Geraldo aperta a mão do amigo, satisfeito por ter adquirido a sua confiança.

–Bem Mario então eu te proponho que venha logo mais à noite jantar em minha casa comigo e com a minha família. Depois do jantar poderemos conversar tranquilamente. O que você acha? – pergunta-lhe Geraldo.

– Tudo bem. Eu aceito. – fala Mario- É só me falar o seu endereço e o horário que irei com certeza.

Geraldo então fala o endereço a Mario este anota rapidamente atrás do cartão que o amigo havia lhe dado com o endereço do seu escritório.

Depois disso ambos se despedem com a certeza de que se encontrariam logo mais a noite.

E cada um segue para o seu destino. Geraldo de volta ao seu escritório e Mario ao seu apartamento.

Enquanto isso Betty e Armando no carro a caminho da Ecomoda conversam sobre o que aconteceu no restaurante Almirante Padilha. Aquele encontro inesperado com o Mario.

– Meu amor, - fala Betty a Armando – você conhece esse senhor cego que estava com Mario no restaurante?

– Não meu amor, - responde-lhe Armando – eu nem sabia que ele tinha um amigo assim. Creio que ele teria me contado. Sabe como ele é, não sabe guardar segredos. Vai ver é alguém que conheceu a pouco.

– Deve ser mesmo. Pois do jeito que ele é teria contado a você e a todos que tinha um amigo deficiente visual com um maravilhoso cão guia. – diz Betty sorrindo-lhe.

– Você achou ele maravilhoso meu amor? E eu? O que sou pra você? – pergunta Armando em tom de brincadeira.

Betty fica meio encabulada, mas depois de tudo o que passaram resolve ser o mais sincera possível:

–Você meu querido doutor, você é o amor da minha vida.

Armando fica todo bobo, todo feliz, como estão chegando a empresa, estaciona o carro na garagem da Ecomoda desliga o carro e sem perder tempo a beija com imensa paixão.

–E você, meu amor, você é a minha vida. – fala emocionado- Sem você eu não consigo viver, minha princesa. Só Deus sabe como senti a sua falta.

–Ah! Meu amor! Eu te amo tanto, tanto!- diz Betty com voz apaixonada.

Naquele momento fugiu da mente de ambos o Mario, o cego com o cão guia, tudo foi para os ares e só ficou mesmo o lindo e imenso amor de Armando e Betty.

Estão no maior “love” dentro do carro quando Betty se afasta um pouco do seu doutor e lhe diz envergonhada:

–Meu amor olha o Wilson vindo aí.

Armando agarra-a com mais paixão e lhe diz depois de uma pausa de beijos e beijos cada vez mais ardorosos:

–Minha princesa, deixa o Wilson pra lá, todos já sabem que sou louco por você. Vem cá minha vida.

– Mas, meu doutor é que logo atrás do Wilson está meu pai, ele veio trabalhar hoje aqui na empresa na parte da tarde.

Armando todo sem jeito se afasta imediatamente de Betty e fica olhando seu Hermes logo atrás do porteiro aproximar-se do veículo.

– Boa Tarde, doutores! –cumprimenta Wilson educadamente.

– Boa tarde! – respondem Betty e Armando ao mesmo tempo.

– Betty, doutor Armando vocês não vão trabalhar hoje? – fala o velho senhor em tom impaciente como sempre.

– Nós já vamos papai. É que acabamos de chegar do almoço. – fala Betty sem graça.

– Eu vi muito bem quando vocês chegaram. – diz o pai de Betty.

–Co...Como vai seu Hermes? – pergunta-lhe Armando igualmente sem graça como a sua Betty.

–Eu vou bem doutor. Vamos não podemos perder tempo. Vamos ao trabalho! – diz seu Hermes, já seguindo impaciente rumo ao elevador.

Betty e Armando sem outra alternativa, saem do carro e de mãos dadas seguem até onde está o pai de Betty esperando-os à porta do elevador que acabara de chegar.

“Hum, pelo jeito o seu Hermes vai ficar no nosso pé. Vou ter pouco tempo de privacidade com a minha princesa. – pensa Armando consigo mesmo- Mas é melhor assim do que nada. Não suportaria ficar sem a minha Betty outra vez. Tenho que aceitar as condições do seu Hermes. Tenho que fazer de tudo para viver bem com ele. Ainda mais que a Betty o ama muito. Não posso decepcionar a minha princesa.”

Assim que chegam e entram no elevador Armando beija a mão de Betty carinhosamente e segurando no ombro dela, como se a protegesse, sorri para seu Hermes.

Seu Hermes observa aquela cena e no fundo está aprendendo a gostar deste homem na vida de sua filha. Gosta do jeito como ele a trata, sempre tão carinhoso e atencioso.

“É pelo jeito a minha filha encontrou um homem à sua altura. Creio que esse Armando Mendoza merece a minha filha e vai fazê-la muito feliz. Mas como “o diabo é porco” tenho que ficar de olho.” - pensa o velho senhor com sabedoria.

Assim que o elevador chega a seu destino todos se despedem e partem para as suas respectivas salas de trabalho. Animados e confiantes, pois era o desejo de todos eles fazerem o melhor pela empresa.

Quando é por volta das 18 horas, Mario já está tomando um banho para ir ao jantar na casa de seu mais novo amigo.

Está um pouco tenso e ansioso. Pela primeira vez na vida vai abrir o seu coração a alguém. Alguém ficará sabendo de seus mais profundos segredos, que por muitos anos tentou esconder. Mas sente que é necessário. Sente que chegou a um ponto em que precisa da ajuda de alguém e esse alguém é o Geraldo, sem dúvida um homem que soube superar obstáculos em sua vida e venceu-os.

Após o banho se troca no quarto, escolhe uma roupa bem casual e esportiva. Quer se sentir o mais leve e solto possível. Escolhe uma calça jeans azul clara e uma camisa azul também, sua cor preferida. Penteia os cabelos e passa o novo perfume que comprou naquele dia: Azzaro, com um suave odor amadeirado.

“Será que a Nanda vai perceber que mudei de perfume? - reflete Mario e depois ele mesmo dá a resposta a sua dúvida- Tenho certeza que sim! Ela tem uma percepção fora de série! Com certeza vai notar!”- pensa satisfeito.

Assim que fica pronto, pega a sacolinha com o livro, para desfazer a troca e senta-se na poltrona esperando dar a hora de sair e enquanto espera tem a ideia de reler o livrinho infantil “Pinochio”.

Sozinho ali naquela poltrona Mario se diverte sozinho lendo as peripécias do boneco de madeira.

“No fundo, no fundo eu também sempre fui um Pinochio na vida. Mentiroso, enganando as pessoas e o que é pior acreditando em minhas própria mentiras. – reflete enquanto folheia o livrinho – Mas o garoto teve um final feliz graças a sua fada madrinha. Será que eu terei um final semelhante? Será que eu mereço?”- continua em sua reflexão.

Logo surge a sua mente três rostinhos que o fazem sorrir imediatamente: Nanda, Felipe e Fabio.

“Por eles tenho certeza que valeria a pena mudar. Meus três amigos!” – sorri ternamente.

Mas de repente o sorriso some de sua face e Mario pensa com tristeza:

“Será que eu mereço ser feliz depois de tudo o que fiz?”


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Notas finais do capítulo

Aguardem os próximos capítulos.



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