Dentro de um filme escrita por G N Ferreira


Capítulo 2
Dentro de um filme


Notas iniciais do capítulo

Apresento a vocês Aredhel.. Será ela um heroína ou anti-heroína?



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Mal pude conter as palavras e sussurrei:

– Loki... eu só posso estar sonhando.

Naqueles segundos, enquanto todos ainda estavam me olhando e talvez se perguntando quem eu era ou como eu tinha aparecido ali, eu pensei em mil coisas. Eu estava no filme, não tinha câmeras lá e não tinha cenário, era o laboratório da S.H.I.E.L.D. Todo o filme passou pela minha mente em segundos. Eu vi o filme inúmeras vezes, sabia cada detalhe e até as falas dos personagens.

Acredito que uma pessoa normal pensaria que poderia virar herói, contar a Nick Fury os planos de Loki, poupar vidas humanas e conhecer todos os Avengers. Mas isso só pode ser um sonho, pensei. Antes que eles pudessem falar qualquer coisa, olhei para o Loki e disparei:

– Seu plano não vai dar certo! Seu exército... os Chitauri... serão derrotados. Eu posso lhe ajudar. Posso ver o futuro. - menti.

Menti porque, enquanto falava, vi o olhar de astúcia nos olhos de Loki e percebi que talvez tivesse falado demais. Ele poderia usar o cetro contra mim, poderia controlar minha mente. Voltei a falar:

– Não Loki, não pense em fazer isso. Se o fizer, anulará meus poderes. - continuei mentindo e olhei diretamente para ele - Não se preocupe. Eu ficarei ao seu lado. Direi tudo o que você precisar saber. E a propósito, meu nome é Aredhel.

Mal pude acreditar em minha própria frieza ao dizer isso. Olhei para aquela luz azul no teto do local e lembrei que minha chegada mudou alguns fatos. O tempo estava passando e interferi na linha do tempo da história. Tínhamos que sair dali rápido.

– Temos que nos apressar! Tudo aqui vai explodir! Temos pouco tempo para escapar! - disse ainda olhando para ele.

Barton, que já tinha sua mente dominada por Loki, comentou que o que eu falava era verdade. Loki pegou Erik desprevenido e o tocou com o cetro. Barton atirou em Nick, Loki agarrou meu braço e saímos. Passamos pela agente. Sabendo o que iria acontecer, abri rapidamente a porta de trás do carro e entrei. Ouvi tiros e me abaixei. Barton entrou no carro e partimos. Os solavancos me jogavam de um lado para outro dentro do carro, levando-me a bater a cabeça no teto em certo momento. Os tiros, o desmoronamento, tudo era caos e, exatamente como no filme, tudo era tão real que comecei a duvidar que estivesse sonhando.

Quando chegamos ao esconderijo de Loki, Barton agarrou meu braço com força, puxou-me para fora do carro e perguntou a Loki o que deveria fazer comigo. Nesse momento comecei a perceber que isso talvez não fosse um sonho. Minha cabeça ainda estava doendo por causa da batida no teto do carro e o puxão que Barton me deu também doeu. Aquele sonho estava sendo longo e realista demais. Loki olhou para mim e sorriu:

– Eu cuidarei dela. Se o que ela diz é verdade, ela me será muito útil. Mas antes preciso saber o que mais ela sabe. - disse me olhando.

Barton colocou algemas em mim e me empurrou em direção a Loki. Ele me pegou pelo braço e fomos para uma área daquele local subterrâneo. Eu não estava sonhando, eu estava mesmo no filme e tinha falado demais.

Enquanto caminhávamos pelos corredores mil coisas passaram pela minha mente, repassei tudo o que tinha presenciado e tentei me convencer que aquilo era um sonho. Meu braço e minha cabeça ainda doíam, as algemas estavam geladas. Meus sonhos nunca foram tão realistas. Se isso não estava acontecendo de verdade, aquilo tudo estava virando um pesadelo.

Chegamos ao local e Loki algemou uma de minhas mãos a uma tubulação em uma área lateral.

– Não precisa fazer isso, eu não vou fugir. Nem teria como. - finalmente falei.

Ele apenas me olhou com aquele olhar de desprezo e depois se afastou. Ele não confiava em mim e talvez não tivesse acreditado no que eu tinha dito, mas porque me trouxeram? Por que não me colocou sobre o comando do cetro? Comecei a temer que se não colaborasse com Loki, talvez ele usasse o cetro e então saberia de tudo. Caso eu colaborasse, ele também poderia saber que eu mentia. Mas as perguntas que martelavam em minha mente eram: “Como cheguei aqui? Passei por um portal dimensional? O Tesseract me levou até ali? Como vou voltar para minha realidade?”. Se isso não estava acontecendo de verdade, aquilo tudo estava virando um pesadelo.

Vi que ele, Barton e Erik se juntaram e seguiram pelo corredor até desaparecerem da minha vista. Nesse tempo comecei a refletir o que eu sabia sobre o Loki e como isso poderia me ajudar a contornar a situação. Eu gosto dele, mas não quero ver pessoas inocentes morrendo. Eu até concordo em alguns pontos com ele e temos até muita coisa em comum, mas sei que ele está indo por um caminho que só trará destruição e a prisão dele. Pensei muito e cheguei a seguinte conclusão: tinha que manipular a verdade e escolher bem os fatos que deveria falar.

Depois de um longo tempo Loki retornou, sentou-se a minha frente, colocou o cetro ao seu lado e por um tempo ficou me olhando. Até que finalmente falou:

– Quem é você e de onde veio? Quem trouxe você? - perguntou.

Fiquei aliviada ao perceber que ele tinha me dado o benefício da dúvida. Não usou o cetro e preferiu analisar primeiro o que eu tinha a dizer. Confesso que isso me surpreendeu.

– Me chamo Aredhel, vim de um mundo parecido com este, também chamado Terra. Não sei como vim parar aqui. Até onde sei, ninguém me mandou para cá. – disse com sinceridade - Uma luz roxa na floresta me chamou atenção e fui puxada para dentro dela. Quando abri os olhos estava diante de vocês.

– Então você quer que eu acredite que você veio para cá por acidente? Que você não trabalha para ninguém e que, quando me viu, decidiu que iria me ajudar? Por que tolo me tomas? Como você sabe sobre os Chitauri? – perguntou.

– Eu já falei que posso ver o futuro. Decisões que já foram tomadas. Vejo também algumas coisas do passado das pessoas que conheço. Isso ocorre a partir do momento em que conheço a pessoa. – inventei.

– E o que você vê? – fitou-me nos olhos.

Não desviei o olhar e respondi:

– Vejo algumas coisas que você pretende fazer brevemente. Sobre o futuro mais distante, ele é meio vago. Vejo você algemado, derrotado. – respondi.

– Nessa sua suposta visão o que me levaria a essa derrota? - perguntou.

A pergunta me pegou desprevenida. Ele Estava me testando, queria algo mais concreto, mas eu sabia que tinha que tomar cuidado com o que iria dizer. Eu não podia dar detalhes que pudessem mudar o final da história, pois ele não podia ganhar e trazer a destruição.

– Não sei ao certo, ainda não está claro, mas vejo que seus inimigos formarão um grupo. Vejo também que você os conhecerá em breve. – mal acreditei no meu poder de manipular os fatos, torci para que ele acreditasse.

– Conhecerei em breve? – estreitou os olhos me encarando e perguntou em seguida: - O que eu farei em breve?

Essa era a deixa. Eu poderia narrar tudo o que ele faria. A chegada dele na Alemanha, a captura dele e o comportamento dele com os Avengers, afinal contar isso não alteraria nada. Cada passo dele já havia sido planejado naquela parte do filme.

– Bom... – Comecei. - Você partirá em breve para a Alemanha e irá em busca de... um globo ocular. – Fiz cara de nojo só de imaginar que aquilo iria acontecer de verdade – Que será solicitado pelo Barton para conseguir um metal fundamental para abrir o portal que você tanto deseja. Essa sua aparição em público irá causar tumulto, a S.H.I.E.L.D. irá localizá-lo e enviará alguns de seus inimigos, entre eles o Capitão América e o Iron Man. Você aceitará pacificamente sua captura e seu irmão Thor virá a terra por sua causa, mas você saberá contornar a situação. Você será preso em uma jaula de vidro no “quartel voador” da S.H.I.E.L.D e de lá manipulará todos. Depois, com a ajuda de Barton, fugirá de lá... Isso é tudo que vi até agora.

A expressão no rosto de Loki era uma mistura de surpresa com euforia. Boa parte do que eu tinha falado não tinha acontecido, mas de certa forma eu havia revelado a ele boa parte do plano dele. Pela expressão dele também pude perceber que via em mim uma arma poderosa. Agora que ele tinha acreditado em parte de minha história, eu tinha que fazê-lo confiar em mim. Percebi que devia mostrar que o entendia, que sabia também sobre seu passado.

– Eu entendo sua revolta e realmente acredito que você governaria Asgard melhor que Thor. Eu também sei o que é viver à sombra da grandiosidade de alguém. - continuei. Ele no mesmo momento me encarou. Vi a perplexidade refletida em seus olhos. Percebi que tinha tocado em um ponto fundamental, um ponto que eu sabia, literalmente, como ele se sentia.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Deixe seu comentário, crítica ou sugestão!! Obrigada!