Aleatório é quase um sinônimo de Gintama escrita por Isa


Capítulo 3
Naquele dia, você poderia ter me ensinado...


Notas iniciais do capítulo

Ai vai um capítulo HijiMitsu, outra coisa que é minha primeira vez escrevendo, então desculpem se ficar OCC.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/456424/chapter/3

Hijikata abriu os olhos lentamente, não queria acordar. Mas sabia que teria de fazer isso. Não era o tipo de pessoa que se escondia debaixo dos lençóis perante as coisas ruins.

“Acho que dá pra dormir mais uns 5 minutos, não tenho que trabalhar hoje mesmo...” Tentou arranjar uma desculpa, porem logo que fechou os olhos, se viu mergulhado em sonhos misturados a lembranças, enquanto a mesma voz doce e gentil ecoava na sua mente.

“Eu quero ficar com você Toushirou-san.”

Decidiu levantar de uma vez, vestiu seu uniforme do Shinsengumi e pegou a espada, mesmo sabendo que não ia trabalhar. Naquele dia, era o aniversario da data, aquela terrível data onde Mitsuba havia morrido, e ele nem ao menos tinha se despedido, nem ao menos tinha dito uma única vez que a amava. Vice Comandante demoníaco? Que piada. Era apenas um covarde.

Hijikata andou meio sem rumo observando os treinos diários, tentando não se sentir irritado com os olhares de pena que recebia, a vontade que tinha era de mandar todos cometerem seppuku por causa daquilo. De longe, avistou Sougo, seus cabelos cor de areia estavam cobrindo os olhos, e ele carregava um pacote de biscoitos apimentados. Esse era o sinal que o viciado em maionese precisava, com certeza não poderia visitar o tumulo de Mitsuba nas próximas horas, Okita ainda guardava muitas magoas do passado, e era capaz de atacá-lo se o visse no cemitério tentando visitar sua amada irmã mais velha.

“Toushi, o que está fazendo de uniforme? É o seu dia de folga esqueceu? Nossa, você trabalha tanto que está até esquecendo das coisas?” Kondo apareceu na frente de seu amigo. Ele era o único que nunca olhava Hijikata e Sougo com pena naquele dia, simplesmente porque conhecia bem demais os dois para cometer esse erro. Se eles precisassem obviamente o Comandante gorila estaria lá para lhes dar conselhos ou apenas fazer companhia, mas ele não se meteria sem ser solicitado.

“Eu apenas me sinto mais confortável de uniforme Kondo-san. Não se preocupe eu já estava saindo.” Hijikata respondeu pegando um cigarro e saiu pelas ruas da cidade. Estava um clima bastante agradável, mas ele simplesmente não conseguia se sentir calmo. Tudo ao redor lembrava Mitsuba. Resolveu sentar num banco observando algumas crianças brincarem, e se afundar em uma de suas lembranças.

“Eu disse que ia ser o primeiro a brincar no escorregador. Quero mostrar a Aneue que consigo escorregar sem olhar.” Um garotinho de olhos avermelhados falou pra uma dupla de crianças da mesma idade, enquanto eles brigavam por um dos brinquedos do parquinho.

“Mas Sougo-kun, nós chegamos aqui primeiro, isso não é justo!” O mais alto deles falou, já um pouco assustado, afinal sabia muito bem com que tipo de demônio estava discutindo.

“Tudo bem então, realmente eu estou sendo injusto.” Um sorriso inocente iluminou o rosto de Okita, sem que os outros percebessem sua aura negra sinistra. “Para me desculpar eu vou ensinar a vocês um novo jeito de brincar.” Sougo empurrou os dois garotos ao mesmo tempo, fazendo eles descerem o brinquedo de cabeça para baixo. “Viram como é mais divertido?”

“Sou-chan não, você não pode machucar seus amiguinhos.”

“Mas Aneue...”

“Eu acho que entendi, o Okita-senpai realmente só queria que os amigos dele se divertissem.” Hijikata, que também observava a cena falou, discretamente subindo no escorregador.

“Hijikata maldito, porque de repente está ficando do meu lado?”

“Eu consigo entender sua intenção senpai, então porque não mostra a eles como se faz?” Num movimento rápido, Hijikata empurrou Okita pelo escorregador, mas usou tanta força que ele acabou batendo numa arvore. “Viram só, é assim que se faz.”

“HIJIKAATAAAAAAAAAAAA!” Sougo saiu correndo atrás do rapaz tentando bater nele com um galho gigantesco de arvore, que tinha duas vezes o seu tamanho. Enquanto se desviava, Hijikata olhou para o lado, só para dar de cara com Mitsuba sorrindo docemente e ajudando as duas crianças a se limparem. Perfeição. Era a única palavra que poderia descrever aquela pessoa.

Um alarme no celular tirou o policial de seus pensamentos. Tinha programado um despertador para a hora que previa que Sougo já não estaria mais no cemitério. Saiu andando com as mãos no bolso, parando no caminho para comprar um buquê com rosas brancas, achava que aquelas flores combinavam com Mitsuba, então sempre comprava as mesmas, e dirigiu-se ao cemitério, andando quase sem olhar para o tumulo da única mulher que amaria na sua vida. Lá estavam o saco de biscoitos apimentados de antes e um incenso ainda queimando, prova de que Sougo tinha deixado o local há pouco tempo.

Colocou as flores perto da foto, aquela foto linda, onde como sempre Mitsuba sorria como um anjo... E ficou lá, apenas parado, como se fosse uma estatua de decoração. Todos os anos tentava ao menos falar que a amava, mas nunca conseguia, sempre ficava apenas olhando. Depois de duas ou três horas, fez uma saudação educada a foto e foi embora, sem nem abrir a boca.

Já estava perto das quatro horas da tarde quando Hijikata viu uma cena inusitada. Sougo estava parado em frente a o parque principal da cidade, olhando fixamente pra algo, na verdade, para uma pessoa. Ao longe, o Vice-Comandante conseguiu ver claramente a peste de roupas chinesas do Yorozuya, brincando alegremente com seu cachorro monstro... E era impressão dele ou Okita estava meio corado? Não, não, devia estar vendo coisas, porque aquilo parecia...

“Que tipo de flashback distorcido é esse?” Porque era realmente o que aquela situação parecia. O jeito que Sougo olhava completamente vermelho a garota do Yorozuya sorrindo animadamente era o mesmo jeito que, muitos anos antes, ele olhava Mitsuba brincar com o irmão.

Pensou em apenas deixar pra lá, naqueles anos todos já tinha percebido que era melhor não mexer com o pirralho sádico, ele sabia muito bem como se vingar apropriadamente. E se falasse que sabia que ele estava apaixonado pela china girl... Talvez fosse a ultima vez que veria a luz do dia.... Mas...

Ele não conseguia, e talvez nunca conseguiria falar de seus sentimentos para Mitsuba, mesmo agora, que já era tarde demais... Então, para compensar sua covardia, podia ao menos fazer alguma coisa que deixaria sua amada feliz, que era ajudar o irmão dela. Ignorando a possibilidade de armadilhas na sua cama ou dinamite na sua maionese, Hijikata se aproximou de Sougo.

“Então quer dizer que ao invés de patrulhar você fica paquerando a sua “rival”? Devia te fazer cometer seppuku.” Hijikata falou, acendendo outro cigarro.

“Que tipo de besteira está falando Hijikata-san?” Okita ficou completamente chocado com o viciado em maionese aparecendo do nada e lhe pegando no flagra, mas tentou disfarçar.

“OY CHINA GIRL! EU TENHO UM TRABALHO PRA VOCÊ!” Kagura ouviu alguém conhecido lhe chamando e logo avistou os dois policiais.

“O que diabos está fazendo?” Sougo perguntou, não conseguindo mais disfarçar pavor na voz.

“Acho que a palavra que está procurando é obrigado. Um conselho Sougo: Não espere demais. Talvez um dia ela não esteja mais aqui e você vai se arrepender todos os dias por não ter feito alguma coisa.” Sougo estava prestes a desembainhar a espada e atacar seu superior por ousar falar de sua Aneue, mas Kagura chegou antes.

“O que foi Mayora? Precisam de ajuda para pegar algum criminoso? Ou é outro fantasma. De qualquer maneira eu vou cobrar muito caro, Gin-chan me disse que vocês ladrões de impostos tem muito dinheiro.” A chinesa falou de seu jeito debochado, e Hijikata lhe estendeu algumas notas de dinheiro.

“Sua missão é simples. Pegue esse dinheiro e leve esse idiota aqui para algum lugar divertido. Um restaurante, um parque de diversões, fique a vontade para escolher. Só que não deixe ele fugir nas próximas 6 horas. Se conseguir cumprir isso, me procure depois para pegar seu pagamento. Tudo entendido?”

“Quer dizer que está me pagando pra me divertir e ainda obrigar o sádico maldito a fazer alguma coisa? Ah, é como minha Mami dizia, as garotas bonitas como eu sempre conseguem trabalhos fáceis. Vamos lá sádico desgraçado!” Kagura saiu arrastando Sougo na direção contraria que Hijikata foi, mas antes o homem ainda conseguiu ver um olhar de ódio lhe encarando. Mas se tudo corresse bem como ele achava que ia, provavelmente não seria assassinado.

Já era quase noite, então Hijikata comprou um saco de biscoitos apimentados e se sentou numa calçada de uma rua quase vazia. Estava terminado. Tinha feito algo, pelo menos uma mínima coisa, que deixaria Mitsuba feliz onde quer que ela estivesse. Abriu o saco alaranjado e começou a comer o conteúdo dele.

“Droga, eu nunca vou me acostumar com o tanto de pimenta nessa coisa... Sempre vai fazer meus olhos lacrimejarem...”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até sexta