Era um dia comum na classe 3-Z, e as aulas estavam prestes a começar.

“Oy, oy, seus bastardos, sentem e calem a boca par eu começar logo a aula. Quem ousar dar um pio vai ter uma conversa com o Zaraki-kun.” Ginpachi entrou na sala carregando uma pilha de Jumps.

“Sensei, não tem ninguém nessa escola com esse nome.” Shinpachi falou.

“Calado, seu virgem maldito. Ah, que ressaca insuportável.”

“SENSEEEI MEUS BEIJOS VÃO TE DEIXAR MELHOR!” Sa-chan apareceu do nada, e foi jogada pela janela.

“Oy, oy, seja irritante mais silenciosamente, sua stalker perturbada. Antes que eu esqueça, temos uma nova aluna hoje.” O professor falou, e uma pequena garota de cabelos ruivos presos num penteado chinês, óculos em espiral e segurando uma sacola cheia de comidas diferentes apareceu na sala, com uma expressão entediada. “Bem, se apresente ou coisa parecida.”

“Eu sou Kagura.” A garota falou, mas saiu quase como um sussurro.

“Bem Kagura-chan, pode sentar do lado do virgem otaku e na frente do Souchirou. Se precisar de alguma coisa, peça a qualquer um, menos a mim.” Ginpachi disse e Kagura se dirigiu para o lugar indicado, que era uma das cadeiras da frente. Pra qualquer outra pessoa, teria sido difícil mudar de país e ir estudar numa escola cheia de estranhos, mas pra ela era uma exceção. Na escola anterior, todos mantinham distância dela, por a acharem estranha e explosiva (e por ouvirem os boatos de que seu irmão mais velho era líder de uma gangue). Então, estar completamente sozinha e sem amigos não era uma realidade desconhecida.

Enquanto o professor de cabelos prateados começava a dar aulas (por algum motivo, ao invés de livros eram usados mangás), Kagura resolveu observar seus colegas de classe. Seu vizinho de cadeira era uma pessoa bem normal, um garoto de óculos e cabelos pretos. O rapaz da cadeira de trás com certeza se destacava mais: Tinha cabelos claros e dormia com uma máscara de dormir esquisita. Usava apenas o sobretudo do uniforme, junto com uma blusa em outro tom de azul. Cerca de 5 minutos depois de sua chegada, uma garota de cabelos roxos e óculos entrou na sala, com as roupas amassadas e alguns arranhões, e ao invés de ocupar uma das cadeiras, sentou na mesa do professor, como se fosse algo completamente normal olhar para alguém daquele jeito sinistro. Havia outras duas garotas num dos cantos da sala, uma de cabelos pretos num rabo de cavalo e uma que sorria o tempo todo. Adicionando um maluco babando num catalogo de maionese, o cara que sentava do lado dele, um rapaz que tinha longos cabelos meio femininos e um emo de tapa olho, e era essa a configuração básica de sua sala.

Depois daquela reflexão, não demorou muito para o almoço chegar, e Kagura estava se preparando para comer sozinha quando viu uma das garotas de antes acenando. Se aproximou cautelosamente, será que os boatos tinham cruzado fronteiras internacionais e chegado lá?

“Algum problema?”

“Você não quer almoçar com a gente? Eu sou Otae, essas são Kyuu-chan e Sarutobi-san.” A garota falou, enquanto Kagura puxava uma cadeira. Depois de alguns minutos, a conversa já fluía naturalmente entre o grupo, e a ruiva estrangeira estava se sentindo a vontade para falar e agir do seu jeito natural.

“É só eu controlar meu temperamento e tudo vai ficar bem.” Ela pensou, julgando ser uma tarefa fácil. Pelo menos até sentir uma bolinha de papel atingir sua cabeça. Kagura olhou para trás e avistou o garoto que sentava atrás dela, segurando um canudo e sorrindo maldosamente.

“O que diabos você está fazendo?”

“Ehhh, qual o problema novata?” Okita perguntou fazendo uma cara inocente, enquanto se aproximava da estrangeira. Logo que estava perto o suficiente, tirou os óculos da garota e começou a balançá-lo no ar. “Não vai dizer nada?”

“Devolva...” Kagura murmurou.

“O que? Falou alguma coisa pirralha?”

“DEVOLVA MEUS ÓCULOS SEU SÁDICO DESGRAÇADO!” A ruiva gritou, acertando um murro no nariz de Okita e logo depois ficando paralisada. Tinha ficado com raiva mais uma vez, e ia ficar sem amigos de novo. Pelo menos foi o que pensou, antes de ouvir as outras garotas caírem na risada e o garoto que devia ter ficado com o nariz quebrado enxugando um pouco do sangue com o sorriso mais sádico que ela já tinha visto.

“Parece que você vai ser uma distração mais interessante do que eu pensava novata... Não... China girl.” Sougo devolveu os óculos a Kagura.

“Eu tenho um nome. Ou será que é tão retardado que nem consegue lembrar?” A garota sorriu ironicamente.

“China combina mais com você. Vai ser mais fácil de lembrar quando eu destruir essa auto estima e te transformar na minha escrava particular.”

“Nos seus sonhos, seu sádico.”

“Vocês dois formam um casal tão adorável!” Otae falou, e foi atacada por um “gorila voador”.

“OTAE-SAAAAN NÓS SOMOS UM CASAL MELHOOOOR!”

“O que? Ah Kondo-san, eu não consigo te ouvir com esse pé esmagando seus pulmões.” A Shimura mais velha falou, apertando mais ainda Kondo contra o chão.

“Ah Aneue, não faça isso! Você vai arranjar outra confusão na diretoria!” Shinpachi chegou na sala e tentou parar a irmã mais velha.

O resto das aulas seguiu normalmente, com apenas uma provocação aleatória de Sougo ou um ataque de Kondo ou Sa-chan, mas em pouco tempo, o primeiro dia de aula de Kagura tinha chegado ao fim. Ela estava saindo da escola e olhando para os lados, sem saber muito bem o que fazer. Seu pai trabalhava muito, então não ficava muito tempo em casa, e seu irmão provavelmente estaria aprontando por ai. A ideia de ficar sozinha em casa sem fazer nada não parecia muito boa, mas sair andando por uma cidade que não conhecia direito era burrice.

“Ei, Kagura-chan, o que ainda está fazendo aqui?” A ruiva virou para trás, vendo Ginpachi e Shinpachi atrás dela.

“Pensando em alguma coisa pra fazer...”

“Bem, eu estou indo até a casa do sensei, quer vir junto?”

“Porque está indo para a casa dele? NÃO ME DIGA QUE ELE ABUSA DE MENORES? EU TINHA DESCONFIADO QUE ALGUÉM COM ESSE CABELO TINHA ALGO DE ERRADO!”

“QUEM VOCE ESTÁ CHAMANDO DE CRIMINOSO, SUA PIRRALHA? E O QUE MEU CABELO TEM A VER COM TODO O RESTO? TEM NOÇÃO QUANTO É DIFICIL DEIXAR ELE ARRUMADO?”

“Calminha, vocês dois. Kagura-chan, eu só vou dar uma ajuda ao sensei com a faxina da casa. Ah, e antes que eu esqueça, o que está achando da nossa sala?”

“Eh.... As aulas são confusas e sem sentido, todos são violentos, malucos e não parecem respeitar ninguém.... Mas tenho a impressão de que vou me dar bem por aqui.”