Se tudo já estava confuso na cabeça de Luna, no instante em que viu Neville, seu mundo praticamente virou de cabeça para baixo. Apesar de não ter uma relação firme com o amigo, era ele o cara que a fez descobrir a vida, pouco a pouco. Foi com ele que a loira perdera o "bv", com ele que ela pôde desfrutar do sexo pela primeira vez. Neville era mais do que um amigo e não só Luna, mas Draco também sabia disso.

– Nev? - Luna coçou os olhos para ter a plena certeza de que aquele á sua frente era seu amigo. Pôde sentir todos os olhares voltados pra ela, com exceção do de Malfoy.

– Luna. - Neville abriu um sorriso. A loira, mesmo atormentada, sorriu de volta e caminhou ao encontro do moreno, que a envolveu em um abraço apertado. Luna retribuiu. Olhou Ginny que observava a cena e a ruiva contraiu as sobrancelhas como se soubesse que Luna estaria em "encrenca". A loira suspirou e se soltou de Neville. - Senti sua falta.

– Eu também. - Respondeu a loira com um sorriso fraco, agora correndo os olhos pela sala e vendo Draco dar as costas ao cômodo e sair dali. Luna suspirou novamente.

– Então, Neville.. - A voz de Narcisa preencheu a sala. - Pretende ficar? Podemos arrumar mais um espaço pra você dormir no quarto dos meninos.

– Não. - Luna foi a primeira a falar, estupefata. Novamente os olhares se voltaram para ela. - Ele pode dormir no nosso quarto se ele for ficar. - A loira o encarou.

– Mas vê se pode? Meninos não podem dormir com meninas! - Argumentou Cissa, cruzando os braços. - Nada disso, Neville dorme com Draco e Harry.

– Ah, merda. - Luna sussurrou para si mesma.

– Relaxa Narcisa, eu não vim pra ficar. - Explicou Neville serenamente.

– Não? - Luna tornou a olhá-lo imediatamente, e seu tom de voz saiu mais aliviado do que devia.

– Não, Luna. - Contrapôs Neville, e Luna, conhecendo-o bem, sabia que o garoto tinha ficado magoado. - Eu só passei pra ver vocês porque eu estava com saudades. Mas se quiser eu posso ir embora agora, não tem problema.

– Nev! - Luna o segurou pelo braço quando o garoto fez menção de caminhar. Tinha se esquecido de como seu amigo era crianção e se chateava á toa. - Claro que não. Quero que você fique.

– Não tá parecendo. - Retrucou o garoto. Ginny semicerrou os olhos e balançou a cabeça negativamente no canto da sala.

– Para com isso. Precisamos conversar. - Explicou Luna, o olhando nos olhos. Neville respirou fundo. Cissa correu os olhos por Ginny e Harry e os dois a lançaram um olhar de "é melhor você ir". A mulher ergueu a mão para o alto em rendição e resolveu que tinha algo a fazer na cozinha para Neville comer.

– Bom gente, eu vou dar uma corridinha pela praia. - Avisou Ginny.

– Eu vou com você. - Harry se levantou do sofá e acompanhou a ruiva, que poderia protestar, mas sabia que Luna e Neville precisavam mesmo ficarem sozinhos. Quando a porta se fechou, Luna soltou um suspiro e voltou a abraçar o amigo. Ele retribuiu, mesmo com uma expressão triste.

– Tava com saudades de você. - Sussurrou Luna, de olhos fechados no abraço.

– Eu também estava. - Confessou Neville, que envolvia os braços pela cintura da loira. - Mas se eu for um problema, mesmo eu não sabendo o porquê, eu vou embo..

– Shiu! - Luna automaticamente pousou um dedo sobre os lábios do moreno. - Para de falar isso. Você é meu amigo e eu te quero por perto.

– Precisa conversar comigo? - O moreno tratou de mudar de assunto quando sentiu o dedo da garota sobre seus lábios. Ele não gostava de ser apenas um amigo e Luna não o ajudava.

– Preciso. - Respondeu a loira, apontando para o sofá. Ambos se sentaram, de frente um para o outro. Luna pegou a mão de Neville e entrelaçou seus dedos entre os dele. O moreno observou o ato. - Você sabe que sempre tivemos mais do que amizade, não é?

– Sei. - Neville a olhou nos olhos, e momentos íntimos com a loira lhe passou pela cabeça instantaneamente.

– Não devíamos, Neville.. - Disse ela, cuidadosamente.

– Eu nunca te forcei. - Rebateu o moreno, ainda assim calmo.

* – Eu sei. - Argumentou a loira de prontidão. - Eu sei disso mais do que ninguém. Mas não é certo mais.

– E porque não? - Indagou o moreno, vidrado nos olhos da loira. - Hein? - Neville levou a mão livre até o pescoço de Luna, acariciando aquela região. A loira semicerrou os olhos por segundos. - Sei que gosta da forma que eu trato você.

– Nev, não é esse o ponto. - A loira tentou explicar, entre um suspiro longo. Era total verdade o que ele disse.

– Então qual é? Temos nossas vidas, somos desempedidos e curtimos ás vezes. Não vejo nada de errado nisso. - O moreno aproximou seu rosto do de Luna. A loira respirou fundo, olhando-o fazer.

– Não é questão de estar errado. Nev, eu.. eu me envolvi com uma pessoa. - Luna disse sentindo o coração apertar. O moreno instantaneamente se afastou de Luna, voltando a sua posição inicial no sofá, retirando sua mão do pescoço da loira e descruzando os dedos que estavam entrelaçados nos dela. A loira suspirou.

– É? Ele é legal? - Indagou Neville, sem questão de saber realmente.

– Ele.. ele é complicado. - Luna começou a explicar. - Eu, bom.. até alguns dias atrás eu diria que ele é o tipo de cara com quem eu nunca me envolveria. - Neville olhou novamente Luna nos olhos. - Mas.. tenho novas perspectivas agora. Do meu ponto de vista sobre ele. É completamente diferente. Ele pode ser incrível e eu me sinto bem com ele. Só não sei se é o cara certo. - A loira baixou o olhar.

– Posso até tentar adivinhar quem é. - Brincou Neville, sem sorrir.

– É. - Luna sorriu fracamente.

– Malfoy, não é? - Neville perguntou, depois de um silêncio inquietante se formar entre eles por vários segundos. E novamente com um silêncio em forma de resposta, o moreno se calou. Respirou fundo. Sabia que Luna poderia nunca ter nada com ele. Mas preferir Draco Malfoy á ele? Draco sempre foi estúpido com Luna.. mas ele não.. sempre a tratou como ela merecia ser tratada. Sempre foi amigo. Aquilo realmente doía.

– Você é meu melhor amigo. - Luna disse depois de minutos de silêncio. Existia agonia em sua voz.

– Dói ouvir isso de você. - Confessou o moreno, sorrindo fraco. Luna ergueu o olhar e o encarou, tristemente.

– Nev.. - A loira fez menção de falar mas foi interrompida.

– Ele continua aquele babaca de sempre? - Neville engoliu em seco.

– Não. Ele tem um coração, se quer saber. - Respondeu a garota serenamente.

– Mas o coração dele é de qualquer uma. - Argumentou o moreno, a olhando.

– Não é bem assim. - Luna tentou retrucar.

– Está falando isso pra si mesmo. - Contrapôs Neville, certo do que dizia. Dava pra ver na cara da loira que ela estava insegura.

– Nev, tenta me entender. - Pediu Luna, entristecida.

– Não dá, me desculpa. - O moreno disse com sinceridade. Luna o encarou com certa mágoa. - Mas eu sou seu amigo. Amigos servem para apoiar amigos. E apesar de eu achar estupidez da sua parte se envolver com esse cara, eu apoio a sua decisão de tentar se envolver com alguém. Você nunca fez isso antes. Não, o que tínhamos não era envolvimento. Eu sempre soube que nunca sentiria nada além de amizade por mim.

– Não fala isso. - Luna replicou. - Você é um cara incrível. Eu poderia muito bem gostar de você. - Luna voltou a segurar a mão de Neville e a alisou.

– Não pode mais, não é? - O moreno quis saber.

– Eu não sei. - Luna respirou fundo, o olhar que Neville a lançou não foi de quem recebera uma resposta suficiente. - Nesse exato momento, não. - Ela foi sincera e viu Neville sorrir de canto, sem emoção.

– Apesar de eu achar que isso não tem possibilidades de acontecer, espero que dê certo pra vocês. Ele é um idiota mas se você está envolvida é porque tem sentimento em jogo. E seus sentimentos não devem ser jogados fora. - O moreno falou de uma forma carinhosa e recebeu um sorriso triste de Luna em resposta. A loira largou a mão do amigo e o envolveu em um abraço apertado novamente. Neville retribuiu, calorosamente, e fechou os olhos, como se evitasse a dor. Só quem sofre de amor não correspondido para saber qual a sensação.

– Me desculpa. - Ela pediu, em um sussurro doloroso. Estava a ponto de chorar mas não queria fazer isso.

– Tá tudo bem. - Neville a tranquilizou. - Somos amigos.

– Somos sim. - Luna sorriu fraco. Os dois se separaram do abraço e ficaram alguns segundos se olhando nos olhos. A loira acariciou levemente o rosto de Neville, enquanto o moreno colocava uma madeixa cacheada que ele tanto gostava dos cabelos dela atrás de sua orelha. Luna suspirou, e como lembrança daquela conversa, depositou um beijo terno ao canto da boca do moreno. Neville respirou fundo e voltou a olhá-la.

– Agora eu vou ir. - Avisou ele.

– Nev, não. - Luna pediu. - Fica comigo hoje.

– Luna.. - O moreno soltou sua mão de junto da dela. - Não devo ficar, não hoje.

– Porque não? - Ela indagou, indignada.

– Porque preciso me afastar de você. - Ele explicou entre um suspiro e a viu subitamente desmoronar. Ele a conhecia bem.

– O que? - A loira perguntou em desespero. - Se afastar? Neville, do que você tá falando? Você não pode fazer isso, você é meu melhor amigo. - Aos poucos Luna já segurava Neville pela blusa de manga que usava. O moreno não queria aquela reação, mas sabia que a teria.

– Eu amo você. E não é um sentimento recíproco. - Explicou o moreno.

– Claro que é, você ficou louco? - Luna não aceitava perdê-lo.

– Não Luna. Não é um sentimento de homem e mulher. E se eu não me afastar, não vou conseguir me livrar disso. Não tô dizendo que vou te esquecer, que nunca mais vamos nos ver, que tô indo embora. Só preciso me afastar um pouco. Você precisa me entender. - Ele pediu suplicante.

– Neville, eu posso te ajudar, te levar pra conhecer garotas, eu não sei, Nev não, por favor. - A loira não evitou que uma lágrima escorresse por seu rosto. Neville a segurava pelos braços.

– Você precisa me entender. - O moreno falou pausadamente, novamente em súplica. Luna se jogou novamente nos braços do garoto e o abraçou fortemente. Neville suspirou fundo, sentindo seus olhos arderem. - Por favor loirinha.

– Vai aparecer logo? - Ela perguntou chorosa.

– Vou. - Ele sussurrou.

– Promete? - Ela sussurrou de volta.

– Prometo. - Neville falou ao soltá-la. Limpou a lágrima do rosto de Luna e sorriu de canto. Depositou um beijo singelo na testa de loira e se levantou do sofá em seguida. - Se despede dos outros pra mim. - Ele pediu.

– E Ginny? - Luna continuou sentada no sofá, sua expressão era totalmente derrotada.

– Falo com ela depois. - O moreno já se encontrava na porta. - A gente se vê, loirinha.

– Nev. - Luna abaixou o olhar para evitar vê-lo ir embora.

– A gente se vê. - Foi a última coisa que Neville disse antes de sair do chalé.

Quando ouviu o barulho da porta se fechando, a loira levou as mãos aos cabelos e os enlaçou com os dedos. Estava a ponto de gritar. Sua cabeça estava de cabeça para baixo e ela já não sabia mais o que fazer. Se amaldiçoou totalmente por pensar em Draco naquele momento. Ela não podia se apegar nele daquele jeito, ela não podia.

– Ué.. cadê ele? - Indagou Narcisa aparecendo na sala com uma bandeja de torradas recheadas nas mãos.

– Ele foi embora. - Luna disse se levantando sem rumo do sofá. - Nev foi embora. *

A loira tinha plena consciência de que quando Neville se afastava de alguém, ele se afastava completamente. Ela não o conhecia a pouco tempo. Ela o conhecia desde que se entendia por gente. Sabia exatamente como ele se sentia. E sabia que quando ele estava magoado, nada no mundo o ajudava, a não ser ficar sozinho observando e estudando as estrelas.

Deixando Narcisa praticamente falando sozinha na sala, Luna seguiu caminho pelo corredor que daria ao quarto onde os meninos estavam instalados. Ela sabia que nao devia procurar Draco naquele momento, estava chateada e a possibilidade deles brigarem era grande. Mas ela percebeu o jeito em que ele saiu da sala quando Neville tinha chegado. E Draco não era de deixar faíscas soltas. Ele sabia bem que Luna e Neville eram envolvidos. Talvez estivesse ficado magoado. "Talvez, sei lá, ele esteja sentindo mesmo algo por mim", foi o seu coração quem dissera.

Bateu na porta duas vezes. Na primeira, ganhou o silêncio como resposta. Na segunda, recebeu um "Potter, não enche" irritado de lá de dentro.

– Draco, sou eu. - A loira falou cabisbaixa. Segundos se passaram sem resposta. Ela suspirou e negou com a cabeça. Talvez ele não quisesse vê-la. Quando o pensamento de voltar para seu quarto e chorar por algumas horas lhe veio a cabeça, a massaneta girou e a porta se abriu. O loiro apareceu apenas de bermuda jeans, cabelos bagunçados e expressão fria no rosto.

– Seu amigo foi embora? - Indagou ele em um tom claro de ironia. - Ou vocês vão passear pela praia de mãos dadas? - Debochou. Luna bufou e o olhou.

– Posso entrar ou não? - Logo, o tom de rispidez era presença na voz dela. Draco deu de ombros e adentrou o quarto, percebendo a loira entrar atrás e fechar a porta. Ouviu o barulho de chave e notou que ela havia os trancado alí. - Olha pra mim. - Ela pediu quando viu que o loiro não fazia questão de se virar. Mas ele o fez.

– Que foi, loirinha? - Foi sarcástico.

– Dá pra parar de infantilidade, por favor? - Luna pediu, se irritando.

– Infantilidade? - Draco debochou novamente.

– Draco, nós estávamos bem. - Luna começou.

– Claro, até o amiguinho com quem você teve a primeira transa aparecer. - O loiro foi seco.

– Como sabe disso? - Luna perguntou com indignação.

– Já ouvi muitas conversas sua e da ruiva. - Explicou ele, displicentemente.

– Então você me espionava? - Continuou indignada.

– Não muda de assunto. - Draco retrucou.

– Eu não tô mudando, é você que tá sendo infantil. - Luna argumentou com irritação.

– Claro, até porque se fosse a Astoria que tivesse vindo aqui você não estaria de infantilidade. - O loiro retrucou novamente. Sabia que estava mexendo com fogo, mas a verdade era que estava irritado.

– Aquela puta não tem nada a ver com Neville. - Contrapôs a loira em voz alta.

– Claro, se ela é mulher e dá pra mim ela é puta, já ele que transa com você é o amiguinho querido. - Implicou Draco, no mesmo tom de voz.

– Você tá defendendo ela? - Luna pareceu incrédula.

– Não to defendendo ninguém. - Argumentou Draco a olhando nos olhos. Ambos os olhares faiscavam.

– Você é um babaca mesmo né? - Luna riu com desgosto. - Meu amigo decidiu se afastar de mim porque eu disse a ele que não nos envolveríamos mais por motivos de "Draco Malfoy". - Ela usou aspas com as mãos - Mas claro que você não tá nem aí pra isso. Eu por acaso praticamente perdi uma amizade por estar sentindo algo bom por você e você vem me fazer sentir uma idiota agora. - A loira deu meia volta e foi até a porta pisando forte.

– Espera. - Draco respirou fundo, enquanto processava aquelas palavras. - Isso é verdade?

– Não imagina, estou aqui inventando pra você. - A loira apenas girou a cabeça para respondê-lo, enquanto destrancava a porta. O loiro se aproximou dela e a segurou pelo braço, mas Luna se esquivou.

– Luna.. - Draco já se arrependia daquelas palavras.

– Vai se ferrar Draco. - Sem olhá-lo, a loira abriu a porta e tentou sair, mas foi puxada para dentro do quarto de novo e a porta se fechou quando as costas da garota se chocaram contra a madeira dura e o corpo de Draco se colou no dela. Ambos os olhares se fixaram de imediato. Draco segurou Luna pela nuca.

– Eu não tava defendendo Astoria, eu sei que ela é uma puta. Sempre fiquei com ela pra te irritar, sabia que isso causava efeito em você. - Mesmo vendo o olhar irritado de Luna, Draco continuou. - E eu não tô nem aí pra esse amiguinho seu, eu sei que vocês são amigos a tempos, mas não quero saber dele tocando você como já fez. Odeio saber que ele já fez isso. - Explicou Draco,olhando-a fixamente.

– Como acha que me sinto quando lembro de Astoria em cima de você? - Indagou Luna com repugnância.

– Ela é uma idiota. Te garanto que a maioria das vezes te imaginei no lugar dela. - O loiro abriu um sorriso sacana, e como se fosse uma ímã, Luna sorriu junto, enquanto dava um tapa do no braço dele.

– Você que é um idiota. - Retrucou Luna fechando os olhos e sentindo um roçar leve de lábios dele nos seus.

– Você gosta assim. - Draco sussurrou, mordiscando o lábio inferior da garota.

– Cala a boca. - A loira mandou, antes de levar as mãos aos cabelos do loiro e o calar com um beijo. Foi ardente e desesperador, tão bom quanto qualquer outro, talvez melhor. Melhorava a cada beijo. Internamente, ela estava abalada, mas, mesmo odiando admitir para si mesma, a presença de Draco estava fazendo-a bem.

Draco desceu as mãos para a cintura da loira enquanto sentia a pressão dos lábios dela contra os seus. As línguas se encontravam com fervor, dançavam, travavam batalhas e se exploravam mais e mais. O contato dos corpos naquele momento era essencial.

~~ ~~ ~~ ~~ ~~

– Acha que Neville ainda está lá? - Ginny quebrou novamente o silêncio. Estava sentada em uma das pedras de uma cachoeira encontrada por ela e Potter. Eles estavam bem distantes da praia, não faziam ideia que nas redondezas poderia ter mais lugares fantásticos proporcionados pela natureza.

– Não sei, talvez sim. - Harry parecia não estar interessado no assunto, estava encostado em uma das árvores grandes que haviam pela pequena mata.

– Na verdade, acho que depois da conversa que ele tiver com a Luna, nem vai ficar. - Comentou Ginny, suspirando. Seu olhar era vago, mesmo assim observava a cascata que caía com velocidade pelas pedras centrais.

– É, tanto faz. Ela e Draco estão mesmo se gostando. - Harry falou sem entusiasmo.

– É verdade. Não sei se isso é bom. - Explicou a ruiva, encontrando o moreno com o olhar. Ele estava teoricamente do seu lado, as pedras distantes do centro da cachoeira se localizavam ao lado das árvores.

– Claro que é. Já gostou de alguém antes? - Indagou Harry, agora também olhando a ruiva.

– Na verdade não. - Ginny falou contendo o entristecimento. Era deprimente ter aquela idade e nunca ter conhecido o amor.

– Eu já. - Harry suspirou. Ginny arqueou as sobrancelhas.

– Não consigo te imaginar gostando de ninguém. - Comentou ela com sinceridade. - Você faz estilo do Draco.

– É, tanto faz. Só que o Draco nunca amou ninguém. E eu já. E sei como é ruim não ter um amor correspondido. - Disse o moreno pensativo.

– Nossa. - Ginny estava surpresa. - As aparências enganam mesmo.

– É verdade. Uma garota linda que nem você nunca ter gostado de ninguém. - Foi a primeira vez que Harry elogiou Ginny sem maliciar, e a ruiva percebeu isso. Chegou até a ficar grata. Suspirou novamente.

– É, eu já me envolvi com alguns caras antes mas.. sei lá. Acho que isso não é pra mim. Sei lá. - A ruiva baixou o olhar e pegou uma pequena pedrinha que encontrara entre as pernas. Pegou impulso com o braço e jogou-a nas águas da cachoeira.

– Tanto faz. - Harry deu de ombros. - Já sentiu como se uma companhia de alguém te fizesse bem? - O moreno a olhou nos olhos. O reflexo do pequeno raio de sol pela cachoeira faziam ambos os olhares azuis ficarem mais claros e brilhantes.

– Já. - A ruiva sorriu fraco.

– Me sinto assim agora. - Comentou Harry e a ruiva instantaneamente corou. Mesmo assim, gostou de ter ouvido aquilo.

– É, até que você é diferente do que eu pensava. - Ela comentou olhando-o.

– Todas as pessoas tem o seu lado bom. - Respondeu Harry, serenamente, o vento bagunçando seus fios morenos. Era um charme que Ginny devia admitir que ele tinha.

– Fico feliz que você tenha o seu. Você é um garoto legal Harry. - Ginny o elogiou, arrancando um sorriso do garoto.

– Agora chegou a hora que a gente se beija. - Debochou Harry e a ruiva rolou os olhos, não segurando o sorriso por igual.

– É legal e babaca. - Retrucou ela sentindo seus fios ruivos voarem.

– É um dos meus charmes. - Gabou-se o moreno.

– Cala a boca. - A ruiva riu enquanto tacava no garoto uma nova pedrinha encontrada ao lado de seu corpo.

Se aquilo era um começo de amizade, nenhum dos dois sabia. O fato era que, Harry e Ginny tinham certeza de duas coisas:

Podiam se divertir juntos apenas com palavras e estavam cada vez mais interessados um no outro.