O ódio de amar escrita por Jenny Lovegood


Capítulo 12
Coração apertado


Notas iniciais do capítulo

Motivos da demora para postar: escola tirando meu couro hahaha

Bom, aproveitem muito, e o nome do capítulo está mesmo clichê



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– Ginny, quem é lá fora com o Draco? - Narcisa perguntou estupefata quando a porta quase escancarou aos seus olhos. A ruiva entrou apressada, não olhou para a mulher e o homem que agora encaravam-na curiosa.

– Não sei, deve ser amiguinho do Draco. - Sua voz era ríspida. - Aqui tem algum lugar que dá para o fundo da casa?

– Tem sim, fica depois da cozinha, é só seguir adiante pra varanda. Aconteceu alguma coisa? - Indagou Cissa com as sobrancelhas contraídas.

– Não Cissa. - Ginny forçou um sorriso quando virou o rosto levemente para tranquilizar a mulher. Assim que saiu da sala e seguiu rumo a cozinha, os dois garotos, loiro e moreno, adentraram o chalé.

– Harry! - Narcisa se levantou do sofá sorridente ao ver o garoto entrar junto de Draco. Abraçou-o confortantemente e foi correspondida, Harry Potter simplesmente achava Narcisa a melhor tia postiça do mundo.

– Tia, quanto tempo! - Ele sorriu quando se soltaram. Lúcio tambem se levantara do sofá para cumprimentá-lo, ambos apertaram a mão um do outro com empolgação.

– Bom ver você tio. - Disse o garoto moreno soltando a mão do homem, que fez uma reverência de aceno de cabeça em concordância.

– Então, Draquinho está com seu amigo, finalmente!

Draco foi obrigada a revirar os olhos quando ouviu aquele comentário e Harry segurou uma risada. Uma das coisas irritantes em Narcisa para o loiro, era que sua mãe pensava que ele ainda era seu bebê de 5 anos.

~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~

O vento se debatia contra seu corpo, ela sabia que estava ali, naquele momento, naquele lugar, mas sua mente estava distante, anos e anos além.

A primeira coisa que conseguiu pensar depois de sair daquele quarto e conseguir respirar ar livre, fora que cometera novamente uma das maiores burradas que conseguia. Beijou-o, de novo. Aquilo ia absurdamente contra todos os seus princípios.

Era Draco Malfoy, era o cara sem sentimentos. Era o galinha cheio de si que não estava nem aí para a vida. Era o insuportável metidinho a rico que tanto repugnava-a.

Tudo era tão pior antes. Mas era um pior no sentido de bom. Era ódio e só. Provocações daqui, olhares dali. Mas era apenas isso. Tá, nunca fora só isso. Mas não envolvia nada carnal, não envolvia aqueles olhares intensos, não envolvia pernas bambas ou coração disparado.

Agora tudo estava tão pior do que nunca estivera.

Um lado seu queria voltar. Entrar dentro daquela casa e bater em Draco até ele ficar com hematomas.

Outro lado seu queria gritar. Tirar toda aquela confusão de si, se sentir apenas a Luna de sempre.

Mas o lado que Luna mais temia queria chorar. Era tantos anos de "ódio eterno declarado" , era tanta falta de palavras, de conversas, de uma civilizadade que ela sabia que poderia existir, que a magoava. Talvez, se tivessem sido amigos, e não travado guerra desde pequenos, Draco poderia ser diferente. Ser apenas ele. Aquele eu interior que Luna, em certos momentos de insanidade como o de agora, imaginava que ele tivesse.

– Pensando na vida? - Foi quase inaudível o som da porta de madeira desenhada que dava acesso á varanda se abrindo, tanto por Luna estar absorta em pensamentos. Voltou a si apenas quando ouviu a voz meiga da amiga.

– Talvez seria melhor um: "pensando em morrer?" - Brincou a loira, sem a mínima vontade de rir, mas forçando um sorriso que Ginny sabia bem ser falso. A ruiva fechou a porta atrás de si e sentiu a batinha que cobria sua barriga lisa dançar com a ventania daquela noite. Se sentou ao lado de Luna, na escadinha da varandinha bem organizada e construída para aproveitar ainda mais aquele lugar. As cerâmicas do chão era como as de dentro de casa, havia pufes espalhados pelos cantos, uma rede pendurada no centro e a visão era inteiramente para o mar.

– Tá a fim de falar? - Uma das coisas que Ginny sabia, era respeitar o momento certo que Luna tinha vontade de falar. Aprendera isso com o tempo, nunca ultrapassava seus limites de amizade e respeito.

– Ele é um babaca.. - Falou sem olhar a ruiva, os cabelos loiros em suas costas mexiam agitados pelo vento.

– É, ele é sim. - A ruiva deixou de olhar Luna e vislumbrou o mar. - Vocês brigaram? - Quando não obteve resposta, abriu um sorriso forçado de canto. - Brigaram.

– Não sei se considero uma briga. - Luna argumentou vagamente. Vez ou outras recordava em sua memória dos corpos colados, das bocas se provando, das mãos nos cabelos, do momento no quarto dela. Não queria lembrar, mas simplesmente não dava para evitar.

– Sabe que pode desabafar. - Ginny olhou Luna por cima dos ombros, a loira tinha a atenção voltada para as ondas do mar.

– Desabafo é pra maricas. - Luna riu de leve, seguida por Ginny, o som de ambas as risadas se misturaram e mesmo assim fora quase inaudível para elas.

– Está se lembrando de Scooby-Doo? - A ruiva debochou, agora sorrindo.

– Qual é, a gente gostava de assistir. - Luna voltou sua atenção para a amiga segundos depois. A ruiva fingiu ficar pensativa.

– Pra falar verdade, eu ainda gosto. - Agora as risadas foram ouvidas com clareza. Era bom ter um motivo pra demonstrar felicidade á alguem, assim pensava Luna.

– Scooby-Doo, cadê você? - Luna imitou a voz do personagem e Ginny riu ainda mais.

– Eu tô aqui Salsicha! - Completou Ginny entre mais uma última risada entre as duas.

Quando um novo silêncio se formou, vez ou outra aparecia um sorriso de canto em cada um dos lábios.

E por longos minutos fora apenas o som do mar agitado.

– Acho que você não quer falar sobre isso, não é? - Indagou a ruiva, depois de tempos, tão absorta em pensamentos quanto Luna.

– É, eu acho que não. - A loira respondeu avoada. Ginny suspirou. Era tão raro ver Luna distante desse jeito. Não era uma distância corporal, e nem relacionada á amizade das duas, era uma distância pensativa, uma distância confusa, uma distancia de quem apenas precisar aguentar a vida.

– Meninas.. - Uma voz repleta de meiguisse ecoou pela varanda do chalé e as duas garotas se viraram para saber quem era.

– Tia Cissa. - Luna sorriu fraco.

– O jantar vai estar pronto jajá, eu já tinha começado a prepará-lo quando a senhora estava no quarto tentado fazer as pazes com Draco. - Naricsa se dirigiu a Luna e Ginny assentiu, se recordando da mulher voltando da cozinha assim que a ruiva deixou os dois loiros no quarto e retornou para a sala. Luna lançou um olhar de esguelha para a ruivinha, e a amiga o compreendeu como "foi isso que disse á ela?" - Então, se acertaram?

Por alguns segundos Luna ficou apenas vislumbrando a figura da tia á sua frente. Engoliu em seco quando teve de falar.

– Não nascemos para sermos amigos. - Disse a loira praticamente sem mais nenhum argumento. Ginny e Narcisa trocaram um olhar incerto, que Luna quase percebeu se não estivesse dispersa novamente em pensamentos.

– Isso é uma pena. - A mulher argumentou em voz de tristeza. - Mas vamos, aposto que vocês estão com fome.

– É, com certeza. - Ginny foi a primeira a se levantar, dessa vez sorrindo. Quando foi para a porta onde Narcisa as esperava, olhou para trás e viu que Luna tinha uma expressão insegura no rosto, percebeu de cara que a loira estava entre ir jantar ou esperar Draco terminar para depois fazer.

– Luna, vamos.. - Pediu a ruiva em um tom quase suplicante. Luna respirou fundo, olhou pela última vez o mar azul e agitado á frente da casa beira mar e decidiu se levantar. Ela não era assim, tinha que encarar tudo como sempre encarara. Com o ódio de sempre.

Logo todos já estavam na cozinha, provando o jantar delicioso de Narcisa daquela noite. A senhora Malfoy tinha preparado um saboro empanado de camarão, um salpição, tinha uma panela de arroz para quem quisesse, feijão também acompanhava, e de sobremesa um musse de maracujá finalizava. Como não tinha nada para fazer na tarde inteira chuvosa daquele dia, Cissa deixou seus dotes culinários surgirem.

Draco era o mais afastado dali, estava sentando no topo esquerdo da mesa e apenas Harry ficava a alguns centímetros de distância do loiro. Luna, pelo contrário, se sentava na ponta direita da mesa de madeira, ao seu lado vinha Ginny. Narcisa e Lúcio ao lado, separavam o grupo dos garotos das garotas.

O silencio incômodo pairava ali, e os Malfoy's adultos notavam isso, mas pareciam não querer interferir. Lúcio até percebera os olhares insinuantes que Harry lançara á Ginny varias vezes enquanto os talheres batiam nos pratos, mas nada do próprio filho se manifestar. Draco sempre fora comunicativo e agora estava assim, o que é que estava acontecendo?

Tanto Lúcio e Narcisa, quanto o resto dos adolescentes terminaram suas refeições em silêncio. Narcisa até tentou puxar alguma conversa, mas o máximo que conseguiu foi arrancar um sorriso forçado de Lunae um desanimado "é" de Draco quando citou que estava orgulhosa por ele querer cursar faculdade no ano que vinha.

Luna foi a primeira a deixar a mesa. Uma verdade que estava feriando-a por dentro: ter Draco perto de si e não se falarem ou trocarem farpas era, de uma vez por todas, dolorido. Ela não entendia, mas sentia vontade de ouvir a voz dele. Ainda que ele fosse Draco Malfoy.

Não falou com Ginny, não se dirigiu á ninguém, não ligou para a sobremesa, apenas saiu da mesa na intenção de que todas aquelas sensações estranhas passassem para sempre.

Seus passos apressados pela casa rumo ao seu quarto foram interrompidos quase abruptamente, quando sentiu algo envolvendo-a pela cintura e cobrindo sua boca para que não gritasse, pois era iria fazer se logo não percebece a quem aquele perfume pertencia. Só se deu conta de que estava em um quarto totalmente diferente do seu quando ouviu a porta atrás de si praticamente bater. Quando foi solta, avançou sobre o loiro.

– Garoto, você ficou maluco? - Perguntou com o dedo apontado em direção ao peito de Draco.

– Quero saber que papo é aquele que você começou! - Disse o loiro determinado, sem se intimidar em encarar os olhos azuis de Luna, que o fuzilavam.

– Eu não tenho obrigação de falar nada, a culpa não é minha de você ser burro. - Ralhou com os dentes trincados, apesar de estar internamente sentindo descompassos no coração.

– Ah, você tem sim. - O loiro segurou Luna impulsivamente pelos pulsos. A loira tentou se desvencilhar, sabendo ela, óbvio que seria em vão.

– Escuta, eu não to com saco pra falar com você! - Luna parou de tentar se soltar e falou seriamente olhando nos olhos dele. - É sério.

– Vamos por as cartas na mesa agora. - Draco falou com autoritarismo. Os olhares trocados queimavam. - Eu odeio você, você me odeia, tá legal. - A loira assentiu de imediato quando o garoto disse retoricamente. - Mas que merda Luna, qual o seu problema? Eu sei que você gosta de ficar perto de m..

– Até parece. - A loira debochou, interrompendou-o.

– Cala a boca e me escuta. - Ele mandou e viu o olhar de indignação que Luna o lançou. - Eu gosto de ficar perto de você. Não sei, tá legal, não sei explicar, mas você me irrita de um jeito.. - Draco molhou os lábios para continuar a falar em um tom apressado e calmo, misturadamente. Luna acompanhou a língua do loiro umidecer-lhe os lábios. - você é diferente, não é como nenhuma outra, mas não digo isso só porque você é gostosa, mas porque.. caralho, eu não sei explicar.

Quando o silêncio pairou no quarto, sendo quebrado apenas por ambas as respirações que podiam ser tanto ouvidas quanto sentidas, os corações pareceram se acelerar mais. Involuntariamente, mais uma vez, uma das mãos de Draco soltou o pulso esquerdo de Luna e fez um caminho até as madeixas loiras, colocando um punhado delas delicadamente atrás da orelha da loira. Luna conteu um suspiro com aquele ato. Suas pernas bambearam quando percebeu o quão intenso os olhos acizentados de Draco fixavam-a.

– Você é um completo idiota. E eu não queria gostar de ficar perto de você. Eu não posso gostar. Draco você não consegue sentir nada por ninguém.. - Luna falou em um tom baixo e magoado.

– Eu sinto por você, é algo diferente. Não é só ódio. - Replicou Draco prontamente, a mão do loiro envolveu a nuca de Luna.

– Eu já disse uma vez. Não devemos sentir nada mais do que ódio Draco. Você não pode significar nada pra mim. - Luna falou pausadamente, como se tivesse medo de machucar qualquer um dos dois presentes ali.

Houve um momento em que Luna involuntariamente se perdeu no olhar de Draco. Não soube decifrá-lo. Se não soubesse que aquele em sua frente era Malfoy, diria que estava decepcionado. Até magoado passou por sua mente. Mas ele era o doninha, a qual nunca devia ter tido contanto nenhum.

– Certo. - A mão de Draco que ainda segurava o pulso direito de Luna a soltou e a garota viu o loiro contorná-la e ir em direção á saída do quarto. Não ouviu mais nada a não ser um barulho da porta batendo fortemente.

Respirou fundo. Aquela súbita vontade de chorar lhe invadiu mais uma vez. Cerrou os olhos e recuperou a postura de Luna Lovegood. Mesmo assim, não era mais a mesma. Pelo menos naquela noite, estava um tanto acabada. Olhou para os lados e o pôde ver um porta-retrato sobre a cabeceira de uma cama de madeira na cor vintage.

Se aproximou e o cheiro de Draco Malfoy estava impregnado nos tecidos da cama. Suspirou. Pegou o porta-retrato com as mãos e o observou atentamente. Um menino loiro, na faixa dos 10 anos de idade, sorria alegremente ao lado dos pais, Narcisa e Lúcio Malfoy, cuja aparência estava muito mais nova. Luna sorriu tristemente com a imagem. Levou involuntariamente um dedo á cabeleira loira platinada do garoto que na época da foto ainda era uma criança. Alisou o vidro lentamente. Negou com a cabeça quando viu o que estava fazendo, em quem estava pensando.

Tornou a colocar o objeto sob a cabeceira da cama e não viu a hora de sair daquele quarto.

Mais uma vez, sua cabeça rodopiava totalmente confusa.

Só ouviu alguns ruídos apressados de conversa pelo corredor antes de se esbarrar com Ginny e ser arrastada para o próprio quarto onde estavam hospedadas, sem receber perguntas, sem receber questionários, apenas sendo salva do mundo que a perturbava.

Quase se decepcionou quando sua mente conseguiu captar a conversa como um "vou sair e não tenho hora pra voltar, quero me divertir" da voz que ela reconhecia á quilômetros de distância. Não tinha que se decepcionar. Afinal, era Draco Malfoy. Era sempre Draco Malfoy.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Mereço review? Um pedaço de pizza? Ou sei lá, uma melancia na cabeça?